“Tendo ouvido a
fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste”. —
Marcos — Cap. 5 vers. 27.
Jamais apareceu alguém, no mundo, que
conseguisse colocar limites à fé. O seu poder suplanta quaisquer fronteiras,
que o homem, por ignorância, queira lhe impor. Não há criatura que possa viver
sem fé. Muitos julgam não a possuírem, mas se enganam completamente. Ela vive
dentro de todos os seres, variando sua intensidade numa escala progressiva, e
de acordo com a evolução espiritual de cada um. Dessa forma, espírito algum tem
o mesmo quilate de fé que seu semelhante, indo sua variação, de parcela mínima,
até o infinito. Porém, só Deus possui a totalidade dessa virtude.
Várias dúvidas persistem no meio humano.
Pergunta-se se em outros reinos, abaixo do homem, existe a fé. Deus não Se
esquece de nada que foi criado e é sustentado por Ele. Porém, a fé, mais pura
ou menos pura, só surge no ser quando já dotado de razão. Isso é da lei. Nos
outros degraus evolutivos, à retaguarda do homem, há rudimentos da fé que,
algum dia, irão brotar com a força da razão. Como se comparássemos o instinto
do animal com a razão humana. Ambas as forças procedem da mesma fonte: mas, no
ser humano, esse dom já mostra claridades do aperfeiçoamento.
A fé, para o espírito, é tão necessária
como o ar o é para o corpo. A ciência do mundo já quis destruir a fé dos homens
em um Deus e na vida que continua depois do túmulo. Jamais conseguiu e nem
conseguirá, pois, ao invés de combatê-la, está avivando ainda mais, nas almas,
essa certeza de que nada morre.
Tudo viveu, vive e continuará a viver
sempre.
As leis de Deus não podem ser mudadas. Há
que compreendê-las. E sua descoberta requer muita ciência e bastante fé. Que o
Senhor abençoe os homens, fazendo com que a ciência procure os olhos da fé,
para não perderem muito tempo em vislumbrar Deus por onde passarem. Não existe
outro caminho, e o tempo espera esse acontecimento. A ciência material
representa a fé humana, enquanto a ciência espiritual, a fé divina. Necessário
se faz que as duas se unam, completando-se, para maior felicidade dos homens e
do mundo.
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Estudemos, com Jesus Cristo, o poder da fé.
Havia uma mulher que, há doze anos, estava
desenganada pelos médicos, - narra o Evangelho. Desesperada, ela tem notícias
de que Jesus estava operando maravilhas, e vai à procura do Mestre, enfrentando
todas as dificuldades, pois outros também O procuravam.
Avança daqui, força dali, varando a
multidão, até que conseguiu tocar na orla das vestes do Nazareno. Sentiu,
então, um bem-estar estranho penetrar-lhe o corpo e alojar-se, demoradamente,
em suas entranhas.
Cristo possuía, em torno de Si, um
manancial de forças magnéticas indescritíveis. Era um potencial de luzes nunca
visto, nem sentido por seres humanos, porquanto o Mestre procedia de regiões
divinas. Mas o poder da fé levanta o padrão vibratório, nivelando-o em quem,
pelo menos, tocasse Jesus e que já vivia em estado de perfeição espiritual. E a
mulher tinha o mais alto grau de certeza quando os seus dedos, de leve, tocaram
as vestes do Cristo; da poderosa aura do Mestre fluiu certa quantidade de
magnetismo espiritual que, bafejando todo o seu ser, alojou-se, como por
encanto, no lugar enfermo, atendendo a seu pensamento que se fixava na região
doentia, e restabelecendo o órgão em desequilíbrio.
Jesus, sentindo o fenômeno, pergunta: “Quem
tocou em mim”? Ao que, assustados, responderam os discípulos: — “O povo é que
te comprime, Senhor".
Jesus não se dá por satisfeito, olha em
torno para reconhecer quem o havia tocado e depara com a mulher que, meio trêmula,
de joelhos, Lhe diz: - “Fui eu, Senhor”.
O Mestre, olhando-a compassivo, deixa
entreabrir os lábios com um leve sorriso e afirma: - “A tua fé te salvou. Vai em
paz e fica livre de teu mal".
O poder da fé é sem limites e, assim
reconhecendo-a, cientes de que ela dormita em nós, despertemo-la. E já que não
podemos tocar as resplandecentes vestes de Jesus, toquemos, com os dedos dos
sentimentos, sua roupagem evangélica, esperando provar a ventura de ouvir, a
exemplo da mulher enferma citada no Evangelho: - “A tua fé te curou'.
"Tendo ouvido
a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste”
Miramez / João Nunes Maia – Livro: Alguns ângulos dos ensinos do Mestre