quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

O poder da fé

 


“Tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste”. — Marcos — Cap. 5 vers. 27.

 

Jamais apareceu alguém, no mundo, que conseguisse colocar limites à fé. O seu poder suplanta quaisquer fronteiras, que o homem, por ignorância, queira lhe impor. Não há criatura que possa viver sem fé. Muitos julgam não a possuírem, mas se enganam completamente. Ela vive dentro de todos os seres, variando sua intensidade numa escala progressiva, e de acordo com a evolução espiritual de cada um. Dessa forma, espírito algum tem o mesmo quilate de fé que seu semelhante, indo sua variação, de parcela mínima, até o infinito. Porém, só Deus possui a totalidade dessa virtude.

Várias dúvidas persistem no meio humano. Pergunta-se se em outros reinos, abaixo do homem, existe a fé. Deus não Se esquece de nada que foi criado e é sustentado por Ele. Porém, a fé, mais pura ou menos pura, só surge no ser quando já dotado de razão. Isso é da lei. Nos outros degraus evolutivos, à retaguarda do homem, há rudimentos da fé que, algum dia, irão brotar com a força da razão. Como se comparássemos o instinto do animal com a razão humana. Ambas as forças procedem da mesma fonte: mas, no ser humano, esse dom já mostra claridades do aperfeiçoamento.

A fé, para o espírito, é tão necessária como o ar o é para o corpo. A ciência do mundo já quis destruir a fé dos homens em um Deus e na vida que continua depois do túmulo. Jamais conseguiu e nem conseguirá, pois, ao invés de combatê-la, está avivando ainda mais, nas almas, essa certeza de que nada morre.

Tudo viveu, vive e continuará a viver sempre.

As leis de Deus não podem ser mudadas. Há que compreendê-las. E sua descoberta requer muita ciência e bastante fé. Que o Senhor abençoe os homens, fazendo com que a ciência procure os olhos da fé, para não perderem muito tempo em vislumbrar Deus por onde passarem. Não existe outro caminho, e o tempo espera esse acontecimento. A ciência material representa a fé humana, enquanto a ciência espiritual, a fé divina. Necessário se faz que as duas se unam, completando-se, para maior felicidade dos homens e do mundo.

------ooO------

Estudemos, com Jesus Cristo, o poder da fé.

Havia uma mulher que, há doze anos, estava desenganada pelos médicos, - narra o Evangelho. Desesperada, ela tem notícias de que Jesus estava operando maravilhas, e vai à procura do Mestre, enfrentando todas as dificuldades, pois outros também O procuravam.

Avança daqui, força dali, varando a multidão, até que conseguiu tocar na orla das vestes do Nazareno. Sentiu, então, um bem-estar estranho penetrar-lhe o corpo e alojar-se, demoradamente, em suas entranhas.

Cristo possuía, em torno de Si, um manancial de forças magnéticas indescritíveis. Era um potencial de luzes nunca visto, nem sentido por seres humanos, porquanto o Mestre procedia de regiões divinas. Mas o poder da fé levanta o padrão vibratório, nivelando-o em quem, pelo menos, tocasse Jesus e que já vivia em estado de perfeição espiritual. E a mulher tinha o mais alto grau de certeza quando os seus dedos, de leve, tocaram as vestes do Cristo; da poderosa aura do Mestre fluiu certa quantidade de magnetismo espiritual que, bafejando todo o seu ser, alojou-se, como por encanto, no lugar enfermo, atendendo a seu pensamento que se fixava na região doentia, e restabelecendo o órgão em desequilíbrio.

Jesus, sentindo o fenômeno, pergunta: “Quem tocou em mim”? Ao que, assustados, responderam os discípulos: — “O povo é que te comprime, Senhor".

Jesus não se dá por satisfeito, olha em torno para reconhecer quem o havia tocado e depara com a mulher que, meio trêmula, de joelhos, Lhe diz: - “Fui eu, Senhor”.

O Mestre, olhando-a compassivo, deixa entreabrir os lábios com um leve sorriso e afirma: - “A tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre de teu mal".

O poder da fé é sem limites e, assim reconhecendo-a, cientes de que ela dormita em nós, despertemo-la. E já que não podemos tocar as resplandecentes vestes de Jesus, toquemos, com os dedos dos sentimentos, sua roupagem evangélica, esperando provar a ventura de ouvir, a exemplo da mulher enferma citada no Evangelho: - “A tua fé te curou'.

"Tendo ouvido a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste”

 

Miramez / João Nunes Maia – Livro: Alguns ângulos dos ensinos do Mestre

Nenhum comentário:

Postar um comentário