Confira nesta edição:
- Chamamento à luta
- Ante o Evangelho: A caridade material e a caridade moral
- Poema: Mais além
- Ante o objetivo – Fonte Viva
- Concessão – Oração de Bezerra de Menezes
"Na aduana da vida, o passaporte libertador é a conduta íntima."
Confira nesta edição:
"Na aduana da vida, o passaporte libertador
é a conduta íntima."
Vivendo os tempos anunciados, não vos
surpreendais com os testemunhos.
Chegam as horas que foram preditas pelo
Senhor, e todos vos encontrais convocados para a demonstração da fé interior
nos arraiais da vossa própria conduta.
Nenhum juiz ou julgamento algum externo.
Vida interior acima de convenções. Atitudes
além de aparências.
Na razão direta em que a dor estruge e as
aflições assomam desesperadoras, cabe-vos o dever inalienável de porfiar, estampando
no semblante o otimismo da paz, e, na vivência, colocando o selo da retidão.
Não mais engodos nem superficialidades como
vernizes de comportamento.
Mais do que nunca se fazem imperiosas a
atitude de justiça, a ação de enobrecimento e a definição de fé.
Já vos oferecestes para o banquete da luz
da Era Nova. Traçastes a rota libertadora; portanto, não postergueis a vossa
marcha.
Muitas vezes renteastes com o dever e
malograstes.
Encarecestes o ensejo de reparação e
fugistes.
Convocastes lidadores valiosos para vos
representarem no Além, que intercederam pelo vosso retorno, e, agora que estais
engajados na luta, não vos justifiqueis as fugas.
A fraqueza se transforma em força sob o
valor da fé.
A fragilidade se robustece com os
combustíveis da dignidade.
A ação impõe, inevitavelmente, o contributo
da realização pessoal pela vivência íntima da prece e das ideias enobrecidas.
Vigiai as fontes do pensamento, por onde se
adentram a perturbação e a desordem.
Coibi, para vosso uso, as licenças morais
permissivas, não vos comprometendo com ninguém nem a ninguém deixando
comprometer-se convosco.
Tendes a luz excelente para clarear-vos o
roteiro.
Momento final, este, de avaliação de
resultados.
Recebestes do Senhor as dádivas que nem
sempre merecemos, todos nós, mas que a misericórdia divina nos faz chegar com
robustecimento de força, para que nos não venhamos a entorpecer, alegando
escassez de recursos.
Duas forças em antagonismo vigem em nós,
duas naturezas no homem, que podem ser sintetizadas numa só: a paixão, que se
bifurca em paixão do corpo, da ambição e paixão da alma, da libertação.
Esse conflito deve terminar na paixão pelo
Cristo, que não apenas se imolou numa cruz, mas permanece imolado em nossos
sentimentos, aguardando por nós.
Não adieis mais!
Que esperais da vida, nesse limite que a
porta do túmulo determina?
Preferis a ilusão de um momento, seguida
pela marcha penumbrosa dos remorsos e das dores, ou optareis pela superação de
alguns instantes de ansiedade, para a plenitude de todos os momentos depois?
Participais do banquete da vida. É justo
que pagueis o seu tributo.
Fruís das alegrias da fé. É compreensível
que vos seja cobrado o ingresso da satisfação.
Na aduana da vida, o passaporte libertador
é a conduta íntima.
Ninguém se poupe ao esforço de sublimar-se.
Pessoa nenhuma permita arrastar o próximo
ao desequilíbrio de que se procura evadir.
Eia, agora, este é o momento da libertação;
soa o instante azado da vossa devoção à causa espírita, que faz mártires na
abnegação, heróis na luta e santos na renúncia.
Cristo, ontem imolado. Cristo, hoje
libertador. Cristo, amanhã em que, com Ele, estaremos na plenitude do Reino dos
Céus.
Vianna de Carvalho / Divaldo Franco – Livro: Reflexões espíritas
“Para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição”. Paulo (Filipenses, 3 :11)
Alcançaremos o alvo que
mantemos em mira:
O avarento sonha com tesouros
amoedados e chega ao cofre forte.
O malfeitor comumente
ocupa largo tempo, planificando a ação perturbadora, e comete o delito.
O político hábil anseia
por autoridade e atinge alto posto no domínio terrestre.
A mulher desprevenida,
que concentra as ideias no desperdício das emoções, penetra o campo das
aventuras inquietantes.
E cada meta a que nos
propomos tem o preço respectivo.
O usurário, para
amealhar o dinheiro, quase sempre perde a paz.
O delinquente, para
efetuar a falta que delineia, avilta o nome.
O oportunista, para
conseguir o lugar de mando, muitas vezes desfigura o caráter.
A mulher desajuizada,
para alcançar fantasiosos prazeres, abdica, habitualmente, o direito de ser
feliz.
Se impostos tão pesados
são exigidos na Terra aos que perseguem resultados puramente inferiores, que
tributos pagará o espírito que se candidata à glória na vida eterna?
O Mestre na cruz é a
resposta para todos os que procuram a sublimidade da ressurreição.
Contemplando esse alvo,
soube Paulo buscá-lo, através de incompreensões, açoites, aflições e pedradas,
servindo constantemente, em nome do Senhor.
Se desejas, por tua vez,
chegar ao mesmo destino, centraliza as aspirações no objetivo santificante e
segue, com valoroso esforço, na conquista do eterno prêmio.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 040
“Divino Benfeitor!
“A terra agradecida ao
arado se reverdece, abrindo-se em flores e frutos;
“A nuvem abençoa o solo
com chuva fertilizante, agradecendo às nascentes donde proveio;
“A ave, cantando,
agradece o novo dia que surge;
“O grão triturado, em
louvor à mó que o despedaça, agradece à vida, transformado em pão;
“A semente esmagada,
agradece ao solo gentil, repetindo a matriz que se estiola...
“A vida canta louvores
nas mil vozes da Natureza, agradecendo a Nosso Pai todas as sublimes concessões
do Seu amor.
“Teus discípulos
incipientes e temerosos que sabemos ser, tocados pelo amor que de Ti dimana,
agradecemos, também, a honra imerecida de servir-Te na pessoa do nosso próximo
do caminho redentor.
“Concede-nos o favor de
prosseguirmos, incessantemente, contigo, porque se não Te tivermos para onde ou
para quem nos dirigiremos, pois somente em Ti encontramos o caminho, a verdade
e a vida!...
“Esperança nossa, recebe
nossa gratidão e apiada-te de nós”!
Bezerra de Menezes
Manoel Philomeno de Miranda / Divaldo Franco – Livro: Grilhões Partidos
Confira nesta edição:
·
O poder da fé
·
Ante o Evangelho: A fé
religiosa. Condição da fé inabalável
·
Poema: Ao viajante da fé
·
Fé inoperante – Fonte Viva
·
Oração: Socorro Maior
"O poder da fé é sem limites e, assim reconhecendo-a, cientes de que ela dormita em nós, despertemo-la."
“Tendo ouvido a
fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste”. —
Marcos — Cap. 5 vers. 27.
Jamais apareceu alguém, no mundo, que
conseguisse colocar limites à fé. O seu poder suplanta quaisquer fronteiras,
que o homem, por ignorância, queira lhe impor. Não há criatura que possa viver
sem fé. Muitos julgam não a possuírem, mas se enganam completamente. Ela vive
dentro de todos os seres, variando sua intensidade numa escala progressiva, e
de acordo com a evolução espiritual de cada um. Dessa forma, espírito algum tem
o mesmo quilate de fé que seu semelhante, indo sua variação, de parcela mínima,
até o infinito. Porém, só Deus possui a totalidade dessa virtude.
Várias dúvidas persistem no meio humano.
Pergunta-se se em outros reinos, abaixo do homem, existe a fé. Deus não Se
esquece de nada que foi criado e é sustentado por Ele. Porém, a fé, mais pura
ou menos pura, só surge no ser quando já dotado de razão. Isso é da lei. Nos
outros degraus evolutivos, à retaguarda do homem, há rudimentos da fé que,
algum dia, irão brotar com a força da razão. Como se comparássemos o instinto
do animal com a razão humana. Ambas as forças procedem da mesma fonte: mas, no
ser humano, esse dom já mostra claridades do aperfeiçoamento.
A fé, para o espírito, é tão necessária
como o ar o é para o corpo. A ciência do mundo já quis destruir a fé dos homens
em um Deus e na vida que continua depois do túmulo. Jamais conseguiu e nem
conseguirá, pois, ao invés de combatê-la, está avivando ainda mais, nas almas,
essa certeza de que nada morre.
Tudo viveu, vive e continuará a viver
sempre.
As leis de Deus não podem ser mudadas. Há
que compreendê-las. E sua descoberta requer muita ciência e bastante fé. Que o
Senhor abençoe os homens, fazendo com que a ciência procure os olhos da fé,
para não perderem muito tempo em vislumbrar Deus por onde passarem. Não existe
outro caminho, e o tempo espera esse acontecimento. A ciência material
representa a fé humana, enquanto a ciência espiritual, a fé divina. Necessário
se faz que as duas se unam, completando-se, para maior felicidade dos homens e
do mundo.
------ooO------
Estudemos, com Jesus Cristo, o poder da fé.
Havia uma mulher que, há doze anos, estava
desenganada pelos médicos, - narra o Evangelho. Desesperada, ela tem notícias
de que Jesus estava operando maravilhas, e vai à procura do Mestre, enfrentando
todas as dificuldades, pois outros também O procuravam.
Avança daqui, força dali, varando a
multidão, até que conseguiu tocar na orla das vestes do Nazareno. Sentiu,
então, um bem-estar estranho penetrar-lhe o corpo e alojar-se, demoradamente,
em suas entranhas.
Cristo possuía, em torno de Si, um
manancial de forças magnéticas indescritíveis. Era um potencial de luzes nunca
visto, nem sentido por seres humanos, porquanto o Mestre procedia de regiões
divinas. Mas o poder da fé levanta o padrão vibratório, nivelando-o em quem,
pelo menos, tocasse Jesus e que já vivia em estado de perfeição espiritual. E a
mulher tinha o mais alto grau de certeza quando os seus dedos, de leve, tocaram
as vestes do Cristo; da poderosa aura do Mestre fluiu certa quantidade de
magnetismo espiritual que, bafejando todo o seu ser, alojou-se, como por
encanto, no lugar enfermo, atendendo a seu pensamento que se fixava na região
doentia, e restabelecendo o órgão em desequilíbrio.
Jesus, sentindo o fenômeno, pergunta: “Quem
tocou em mim”? Ao que, assustados, responderam os discípulos: — “O povo é que
te comprime, Senhor".
Jesus não se dá por satisfeito, olha em
torno para reconhecer quem o havia tocado e depara com a mulher que, meio trêmula,
de joelhos, Lhe diz: - “Fui eu, Senhor”.
O Mestre, olhando-a compassivo, deixa
entreabrir os lábios com um leve sorriso e afirma: - “A tua fé te salvou. Vai em
paz e fica livre de teu mal".
O poder da fé é sem limites e, assim
reconhecendo-a, cientes de que ela dormita em nós, despertemo-la. E já que não
podemos tocar as resplandecentes vestes de Jesus, toquemos, com os dedos dos
sentimentos, sua roupagem evangélica, esperando provar a ventura de ouvir, a
exemplo da mulher enferma citada no Evangelho: - “A tua fé te curou'.
"Tendo ouvido
a fama de Jesus, vindo por trás dele, por entre a multidão, tocou-lhe a veste”
Miramez / João Nunes Maia – Livro: Alguns ângulos dos ensinos do Mestre
“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma”. (Tiago, 2:17)
A fé inoperante é
problema credor da melhor atenção, em todos os tempos, a fim de que os
discípulos do Evangelho compreendam, com clareza, que o ideal mais nobre, sem
trabalho que o materialize, a benefício de todos, será sempre uma soberba
paisagem improdutiva.
Que diremos de um motor
precioso do qual ninguém se utiliza? De uma fonte que não se movimente para
fertilizar o campo? De uma luz que não se irradie?
Confiaremos com
segurança em determinada semente, todavia, se não a plantamos, em que redundará
nossa expectativa, senão em simples inutilidade? Sustentaremos absoluta
esperança nas obras que a tora de madeira nos fornecerá, mas se não nos
dispomos a usar o serrote e a plaina, certo a matéria-prima repousará,
indefinidamente, a caminho da desintegração.
A crença religiosa é o
meio.
O apostolado é o fim.
A celeste confiança
ilumina a inteligência para que a ação benéfica se estenda, improvisando, por
toda parte, bênçãos de paz e alegria, engrandecimento e sublimação.
Quem puder receber uma
gota de revelação espiritual, no imo do ser, demonstrando o amadurecimento
preciso para a vida superior, procure, de imediato, o posto de serviço que lhe
compete, em favor do progresso comum.
A fé, na essência, é
aquele embrião de mostarda do ensinamento de Jesus que, em pleno crescimento,
através da elevação pelo trabalho incessante, se converte no Reino Divino, onde
a alma do crente passa a viver.
Guardar, pois, o êxtase
religioso no coração, sem qualquer atividade nas obras de desenvolvimento da
sabedoria e do amor, consubstanciados no serviço da caridade e da educação,
será conservar na terra viva do sentimento um ídolo morto, sepultado entre as
flores inúteis das promessas brilhantes.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 039