Confira nesta edição:
- A lenda da guerra
- Ante o Evangelho: A afabilidade e a doçura
- Poema: Em paz
- Linguagem – Fonte Viva
- Prece de paz – Emmanuel
“Através da linguagem, o homem ajuda-se ou se
desajuda.”
Confira nesta edição:
“Através da linguagem, o homem ajuda-se ou se
desajuda.”
Tudo era esperança e júbilo no paraíso; no entanto, o pastor,
que fora também no Planeta Terrestre o primeiro homem bom, trazia consigo
dolorosa expressão de amargura. Os cabelos brancos caíam-lhe em desalinho, seus
pés e mãos tinham marcas sangrentas e de seus olhos fluíam lágrimas abundantes.
O Todo-Poderoso recebeu-o, surpreendido.
O ancião inclinou-se, reverente; saudou-o, respeitoso, e
manteve-se em profundo silêncio.
As interrogações paternais, todavia, explodiram afetuosas.
Como seguia o rebanho da Terra? Observa-se o regulamento da
Natureza? Atendia-se ao caminho traçado? Havia suficiente respeito na vida de
todos? Bastante compreensão no serviço individual?
– Conforme o desdobramento dos negócios terrestres, abriria
novos horizontes ao progresso dos homens. O dever bem vivido conferiria mais
extenso direito às criaturas.
O velhinho, contudo, ouvia e chorava.
Mais austeramente inquirido, respondeu, soluçando:
- Ai de mim, Senhor! As ovelhas que me confiastes, segundo me
parece, trazem corações de animais cruéis. A maioria tem gestos de lobos,
algumas revelam a dureza do tigre e outros a peçonha de víboras ingratas...
- Oh!... Oh!...
Gritos de admiração partiam de todos os lados.
De fisionomia severa, embora serena, o Senhor perguntou:
- Não têm as ovelhas a dádiva do corpo para o sublime
aprendizado na escola terrestre?
- Sim – suspirou o ancião -, mas desprezam-no e insultam-no,
todos os dias, através do relaxamento e da viciação.
- Não possuem a casa, o ninho doce que lhes dei?
- Mas fazem do campo doméstico verdadeiro reduto de hostilidades
cordiais, no qual se combatem mutuamente, a distância do entendimento e do
perdão.
- Não guardam a bênção do parentesco entre si?
- Transformam os elos consanguíneos em telas grossas de egoísmo,
dentro das quais se escarneceram.
- E os filhinhos? Não conservam o sorriso das crianças?
- Convertem as ovelhinhas em pequenos demônios de vaidade, que perturbam
todo o rebanho no curso do tempo.
- A pátria? Não lhes concedi o grande lar para a expansão
coletiva?
- Cristalizam a ideia de pátria em absurdo propósito de
dominação, espalhando em seu nome a miséria e a morte.
- E o amor? Determinei que o amor lhes constituísse sagrada
lâmpada no caminho da vida...
- Perfeitamente – prosseguiu o pastor, desalentado -;
entretanto, o amor para eles representa máquina de gozar na esfera física;
quando levemente contrariados em seus jogos de ilusão, odeiam e ferem...
- A verdade? – Tornou o Senhor, compassivo.
- Somente acreditam nela e aceitam-na, se os seus interesses
imediatos, mesmo quando criminosos, não são prejudicados.
- E não te ouvem os ensinos, inspirados por meu coração?
O velhinho sorriu pela primeira vez, em meio da infinita
amargura a lhe transparecer do rosto, e acentuou:
- De modo algum. Recebem-me com indisfarçável sarcasmo. Preferem
aprender em queda espetacular no despenhadeiro, que ouvir minha voz.
- Mas, não combinam entre si, quanto aos interesses de todos?
- Não. Muita vez se mordem uns aos outros.
- Não estabelecem acordos pacíficos com os vizinhos?
- Intensificam as discórdias, atiram pedras ao próximo e o crime
costuma ser o juiz de suas disputas.
- Todavia – continuou o Misericordioso -, e a Natureza que os
cerca? Porventura, não lhes falam ao coração a claridade do Sol, a bênção do
ar, a bondade da água, a carícia do vento, a cooperação dos animais, a proteção
do arvoredo, o perfume das flores, a sabedoria da semente e a dádiva dos
frutos?!...
- Infelizmente – esclareceu o ancião -, vagueiam como cegos e
surdos, ante o concerto harmonioso de vossas graças, e oprimem a Natureza
simbolizando gênios do mal, destruidores e despóticos.
- E a morte? – Indagou o Altíssimo – não temem a justiça do fim?
- Parecem ignorá-la; peregrinam na Crosta do Planeta como
duendes loucos, embriagados de ilusão, indiferentes ao vosso amor, endurecidos
para com vossa orientação, despreocupados de vossa justiça...
Nesse momento, o Senhor Todo-Poderoso mostrou-se igualmente
entristecido. Após meditar alguns minutos, falou ao pastor em pranto:
- Não chores, nem te desespere. Volta à Terra e retoma o teu
trabalho. Outros companheiros contribuirão em teu ministério, encaminhando,
corrigindo, refazendo e amando em meu nome...
Alguém, contudo, estará presente no mundo, colaborando contigo e
com os demais para que as minhas ovelhas infelizes compreendam a estrada do
aprisco pela dor.
Em seguida, cumprindo ordens divinas, alguns anjos desceram aos
infernos e libertaram perigoso monstro sem olhos e sem ouvidos, mas com milhões
de garras e bocas.
Foi então que, desde esse dia, o monstro cego e surdo da guerra
acompanha os pastores do bem, a fim de exterminar, em tormentas de suor e
lágrimas, tudo o que, na Terra, constitua obra de vaidade e orgulho, egoísmo e
tirania dos homens, contrários aos sublimes desígnios de Deus.
Irmão X / Chico Xavier – Livro Estante da Vida
“Linguagem sã e irrepreensível para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós”. Paulo (Tito, 2:8)
Através da linguagem, o
homem ajuda-se ou se desajuda.
Ainda mesmo que o nosso
íntimo permaneça nevoado de problemas, não é aconselhável que a nossa palavra
se faça turva ou desequilibrada para os outros.
Cada qual tem o seu
enigma, a sua necessidade e a sua dor e não é justo aumentar as aflições do
vizinho com a carga de nossas inquietações.
A exteriorização da
queixa desencoraja, o verbo da aspereza vergasta, a observação do maldizente
confunde...
Pela nossa manifestação
mal conduzida para com os erros dos outros, afastamos a verdade de nós.
Pela nossa expressão
verbalista menos enobrecida, repelimos a bênção do amor que nos encheria do
contentamento de viver.
Tenhamos a precisa
coragem de eliminar, por nós mesmos, os raios de nossos sentimentos e desejos
descontrolados.
A palavra é canal do
"eu".
Pela válvula da língua,
nossas paixões explodem ou nossas virtudes se estendem.
Cada vez que arrojamos
para fora de nós o vocabulário que nos é próprio, emitimos forças que destroem
ou edificam, que solapam ou restauram, que ferem ou balsamizam.
Linguagem, a nosso
entender, se constitui de três elementos essenciais: expressão, maneira e voz.
Se não aclaramos a
frase, se não apuramos o modo e se não educamos a voz, de acordo com as
situações, somos suscetíveis de perder as nossas melhores oportunidades de
melhoria, entendimento e elevação.
Paulo de Tarso fornece a
receita adequada aos aprendizes do Evangelho.
Nem linguagem doce
demais, nem amarga em excesso. Nem branda em demasia, afugentando a confiança,
nem áspera ou contundente, quebrando a simpatia, mas sim "linguagem sã e
irrepreensível para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que
dizer de nós".
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 043
Confira nesta edição:
A sua vida foi uma trajetória de
formidáveis realizações, constelada de belezas, capazes de deixar para o mundo
o que há de mais sazonado, em termos de exemplo de enfibratura moral e talento
intelectual, tudo isto, associado a uma sensibilidade expressiva.
Nascida num lar de poucos recursos, na
cidade de Varsóvia, em 1867, na velha Polônia, abrigava na alma o anseio de
estudar, de avançar e de ser útil à ciência e às criaturas humanas, suas irmãs
da lida comum.
Após as oportunidades de estudar, que
concedeu às irmãs mais jovens do que ela, que era a primogênita, seguiu para
Paris, a fim de formar-se em ciências físicas, químicas e em matemática, o que
logrou em pouco tempo, exitosamente.
Consorciada com o celebrado professor
Pierre Curie, Marya Klodowska passará à história como a excelente Marie Curie,
ou, simplesmente, Madame Curie.
Não obstante as condições de vida nada
fáceis, desenvolveu-se como mulher, esposa, mãe e cientista, sem relegar
nenhuma tarefa, sem abastardar-se, sem encharcar-se de materialismo, apaixonada
pela vida, entusiasmada por tudo o que realizava.
Estudou, pesquisou, amou e converteu-se no
único cientista a receber por duas vezes o prêmio Nobel, o que jamais ocorrera,
até então.
Tendo sido a primeira mulher a tornar-se
professora na Sorbonne, após a morte do marido, permaneceu vibrante e simples,
compreendendo que a missão que Deus delega à mulher é sempre de caráter
especial e sublime, para que ela se perca nos vales de ilusões e sombras do
mundo.
Após anos de ingentes lutas por alcançar os
seus objetivos, após ser alvo das homenagens de inumeráveis instituições
universitárias e científicas pelo mundo, conclui seus dias na reencarnação,
assinalada pela grave enfermidade que o excesso de radiações, oriundas dos
minérios que examinava, sem os necessários cuidados, hoje existentes, lhe
impusera.
Do hospital suíço de Sancellemoz, Marie
Curie pode contemplar, ainda no corpo físico, os resultados maravilhosos do seu
labor em prol do crescimento da Humanidade inteira.
Para que a mulher estude, não precisa
negligenciar o lar.
Para que se desenvolva intelectualmente,
não necessita rechaçar os filhos.
Para que seja independente e se faça
grandiosa, não carecerá de abrir mão do seu valor moral, estribado na ética do
bem e do amor.
Se se levantarem, em toda parte, valores
femininos com essa inquebrantável fibra de Madame Curie, e de outras mulheres
excelentíssimas, com certeza a ciência será tocada pela sensibilidade da alma,
os filhos não serão relegados para a realização profissional de suas
progenitoras, e, com a mente mais voltada para a sua função mais alta, a mulher
não se deixará explorar tanto, pela indústria da prostituição e da loucura, que
toma conta da Terra, nesses tempos definidores dos verdadeiros valores da alma.
Francisco
de Paula Vitor / José Raul Teixeira – Livro: Vida e Mensagem
Nota da Equipe de Divulgação:
À guisa de informação, foi Madame Curie quem desenvolveu a teoria da "radioatividade" (um termo que ela cunhou), técnicas para isolar isótopos radioativos.
Marie e Pierre Curie apresentam ao mundo científico a descoberta de dois novos elementos químicos, o polônio e o rádio. Com essas pesquisas, Pierre, em particular, verificou que a radiação podia matar células de tecido doente, ou seja, iniciou o estudo da radioterapia. Sob a direção de Madame Curie, foram conduzidos os primeiros estudos para o tratamento de neoplasias usando isótopos radioativos. (Fonte: Google)
“Escolhendo antes ser maltratado com o povo de
Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado”. Paulo (Hebreus, 11:25)
Nesta passagem refere-se
Paulo à atitude de Moisés, abstendo-se de gozar por um pouco de tempo das
suntuosidades da casa do Faraó, a fim de consagrar-se à libertação dos
companheiros cativos, criando imagem sublime para definir a posição do espírito
encarnado na Terra.
"Por um pouco",
o administrador dirige os interesses do povo.
"Por um
pouco", o servidor obedece na subalternidade.
"Por um
pouco", o usurário retém o dinheiro.
"Por um
pouco", o infeliz padece privações.
Ah! Se o homem reparasse
a brevidade dos dias de que dispõe na Terra! Se visse a exiguidade dos recursos
com que pode contar no vaso de carne em que se movimenta...
Certamente, semelhante
percepção, diante da eternidade, dar-lhe-ia novo conceito da bendita
oportunidade, preciosa e rápida, que lhe foi concedida no mundo.
Tudo favorece ou aflige
a criatura terrestre, simplesmente por um pouco de tempo.
Muita gente, contudo,
vale-se dessa pequenina fração de horas para complicar-se por muitos anos.
É indispensável fixar o
cérebro e o coração no exemplo de quantos souberam glorificar a romagem
apressada no caminho comum.
Moisés não se deteve a
gozar, "por um pouco", no clima faraônico, a fim de deixar-nos a
legislação justiceira.
Jesus não se abalançou a
disputar, nem mesmo "por um pouco", em face da crueldade de quantos o
perseguiam, de modo a ensinar-nos o segredo divino da Cruz com Ressurreição
Eterna.
Paulo não se animou a
descansar "por um pouco", depois de encontrar o Mestre às portas de
Damasco, de maneira a legar-nos seu exemplo de trabalho e fé viva.
Meu amigo, onde
estiveres, lembra-te de que aí permaneces "por um pouco" de tempo.
Modera-te na alegria e conforma-te na tristeza, trabalhando sem cessar, na
extensão do bem, porque é na demonstração do "pouco" que caminharás para
o "muito" de felicidade ou de sofrimento.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 042