quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Quando há luz

 “O amor do Cristo nos constrange”. Paulo (2 Coríntios, 5:14)

Quando Jesus encontra santuário no coração de um homem, modifica-se-lhe a marcha inteiramente.

Não há mais lugar dentro dele para a adoração improdutiva, para a crença sem obras, para a fé inoperante.

Algo de indefinível na terrestre linguagem transtorna-lhe o espírito.

Categoriza-o a massa comum por desajustado, entretanto, o aprendiz do Evangelho, chegando a essa condição, sabe que o Trabalhador Divino como que lhe ocupa as profundidades do ser.

Renova-se-lhe toda a conceituação da existência.

O que ontem era prazer, hoje é ídolo quebrado.

O que representava meta a atingir, é roteiro errado que ele deixa ao abandono.

Torna-se criatura fácil de contentar, mas muito difícil de agradar.

A voz do Mestre, persuasiva e doce, exorta-o a servir sem descanso.

Converte-se-lhe a alma num estuário maravilhoso, onde os padecimentos vão ter, buscando arrimo, e por isso sofre a constante pressão das dores alheias.

A própria vida física afigura-se-lhe um madeiro, em que o Mestre se aflige. É-lhe o corpo a cruz viva em que o Senhor se agita crucificado.

O único refúgio em que repousa é o trabalho perseverante no bem geral.

Insatisfeito, embora resignado, firme na fé, não obstante angustiado servindo a todos, mas sozinho em si mesmo, segue, estrada afora, impelido por ocultos e indescritíveis aguilhões...

Esse é o tipo de aprendiz que o amor do Cristo constrange, na feliz expressão de Paulo.

Vergasta-o a luz celeste por dentro até que abandone as zonas inferiores em definitivo.

Para o mundo, será inadaptado e louco.

Para Jesus, é o vaso das bênçãos.

A flor é uma linda promessa, onde se encontre.

O fruto maduro, porém, é alimento para hoje.

Felizes daqueles que espalham a esperança, mas bem-aventurados sejam os seguidores do Cristo que suam e padecem, dia a dia, para que seus irmãos se reconfortem e se alimentem no Senhor!

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 074

sábado, 8 de outubro de 2022

Mais Luz - Edição 599 - 09/10/2022

 

Leia conosco em mais uma edição de nosso semanário:

https://mailchi.mp/b31abddbab3b/jesus-o-mestre


  • Jesus, o Mestre
  • Ante o Evangelho: Candeia sob o alqueire. Por que fala Jesus por parábolas
  • Poema: A escola de Jesus convida - Casimiro Cunha
  • Estímulo fraternal – Fonte Viva 73
  • Prece do educador - Dora Incontri


sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Jesus, o Mestre

 

Jesus curou cegos de nascença, surdos-mudos, epilépticos, hidrópicos, doidos e lunáticos, paralíticos, reumáticos e leprosos; sarou, finalmente, enfermos de toda casta que a ele recorreram em busca do maior bem temporal — a saúde. No entanto, jamais o Senhor pretendeu que o dissessem médico, ou clínico.

Jesus frequentava o templo e as sinagogas onde atendia aos sofredores e ensinava ao povo as verdades eternas, mas nunca se inculcou levita ou sacerdote.

Jesus predisse com pormenores e particularidades o cerco, a queda e a ruína de Jerusalém; como essa, fez várias outras profecias de alta relevância. Penetrava o íntimo dos homens, devassando-lhes os arcanos mais secretos, porém não consta que pretendesse as prerrogativas de vidente ou de profeta.

Jesus realizou maravilhas, tais como: alimentar mais de cinco mil pessoas com três pães e dois peixes; acalmar tempestade, impondo inconcebível autoridade às ondas revoltas do oceano. Ressuscitou a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e, também, Lázaro, sendo que este último já estava sepultado havia quatro dias. Transformou água em vinho nas bodas de Caná da Galileia, e muitos outros prodígios operou não pretendendo, apesar disso, que o considerassem milagreiro ou taumaturgo.

Jesus aclarava as páginas escriturísticas, fazendo realçar da letra que mata o espírito que vivifica, mas não se apresentou como exegeta ou, ministro da palavra.

O único título que Jesus reclamou para si, fizesse jus às mais excelentes denominações honoríficas que possamos imaginar, foi o de “mestre”. Esse o título por ele reivindicado, porque realmente Jesus é o Mestre excelso, o Educador incomparável.

Sua fé na obra da redenção humana, mediante o poder incoercível da educação, acordando as energias espirituais, é inabalável, é absoluta. Tão firme é a crença na regeneração dos pecadores, na renovação de nossa vida, que por esse ideal se ofereceu em holocausto.

Educar é remir. O Filho de Deus deu-se em sacrifício pela causa da liberdade humana. A cruz plantada no cimo do Calvário não representa somente a sublime tragédia do amor divino: representa também o símbolo, o atestado da fé viva que Jesus tem na transformação dos corações, na conversão de nossas almas. "Quando eu for levantado no madeiro, atrairei todos a mim..." asseverou ele. Todos, notemos bem; não uma parcela, mas a totalidade. Vemos por aí como é radical a sua confiança, a sua crença na reabilitação dos culpados, através da educação.

Sim da educação, dizemos bem, porque só um título Jesus reclamou, chamando-o a si, e o fez sem rodeios sem rebuços, nem perífrases, antes com a máxima franqueza e toda a ênfase: o título de mestre. Dirigindo-se aos seus discípulos, advertiu-os desta maneira: "Um só é o vosso mestre, a saber — o Cristo.  Portanto, a ninguém mais chameis mestre senão a mim". (Mateus, 23:8.)

Jesus rejeitou o cetro, o trono, a realeza, alegando que o seu reino não é deste mundo. Dispensando igualmente, a glória e as honras terrenas; um só brasão fez questão de ostentar: ser mestre, ser educador. É significativo!

"Eu sou a luz do mundo, sou a verdade, sou o pão que desceu do céu" — proclamou o Senhor. Esparzir Luzes revelar a verdade, distribuir o pão do Espírito — tal a obra da educação, tal a missão do Redentor da Humanidade.

Que dúvida poderá restar a nós outros, neocristãos, sobre o rumo que deve tomar a nossa atividade, uma vez que o advento do Espiritismo é o do Consolador prometido? Que outra forma poderemos dar ao nosso trabalho, que seja tão eficaz, tão profícua e benéfica à renovação social, como aquela que se prende à educação, no seu sentido lato e amplo?

Trabalhemos, pois, com ardor e entusiasmo pela causa da educação da Humanidade, começando pela infância e pela juventude desta terra de Santa Cruz.

Vinicius – Livro: Em torno do Mestre

Estímulo fraternal

 “O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus”. Paulo (Filipenses, 4:19)

Não te julgues sozinho na luta purificadora, porque o Senhor suprirá todas as nossas necessidades.

Ergue teus olhos para o Alto e, de quando em quando, contempla a retaguarda.

Se te encontras em posição de servir, ajuda e segue.

Recorda o irmão que se demora sem recursos, no leito da indigência.

Pensa no companheiro que ouve o soluço dos filhinhos, sem possibilidades de enxugar-lhes o pranto.

Detém-te para ver o enfermo que as circunstâncias enxotaram do lar.

Para um momento, endereçando um olhar de simpatia à criancinha sem teto.

Medita na angústia dos desequilibrados mentais, confundidos no eclipse da razão.

Reflete nos aleijados que se algemam na imobilidade dolorosa.

Pensa nos corações maternos, torturados pela escassez de pão e harmonia no santuário doméstico.

Interrompe, de vez em quando, o passo apressado, a fim de auxiliares o cego que tateia nas sombras.

É possível, então, que a tua própria dor desapareça aos teus olhos.

Se tens braços para ajudar e cabeça habilitada a refletir no bem dos semelhantes, és realmente superior a um rei que possuísse um mundo de moedas preciosas, sem coragem de amparar a ninguém.

Quando conseguires superar as tuas aflições para criares a alegria dos outros, a felicidade alheia te buscará, onde estiveres, a fim de improvisar a tua ventura.

Que a enfermidade e a tristeza nunca te impeçam a jornada.

É preferível que a morte nos surpreenda em serviço, a esperarmos por ela numa poltrona de luxo.

Acende, meu irmão, nova chama de estímulo, no centro da tua alma, e segue além. Sê o anjo da fraternidade para os que te seguem dominados de aflição, ignorância e padecimento.

Quando plantares a alegria de viver nos corações que te cercam, em breve as flores e os frutos de tua sementeira te enriquecerão o caminho.

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 073

Prece do educador

 

Senhor,

Que eu possa me debruçar sobre cada criança, e sobre cada jovem, com a reverência que deve animar minha alma diante de toda criatura tua!

Que eu respeite em cada ser humano de que me aproximar, o sagrado direito de ele próprio construir seu ser e escolher seu pensar!

Que eu não deseje me apoderar do espírito de ninguém, imprimindo-lhe meus caprichos e meus desejos pessoais, nem exigindo qualquer recompensa por aquilo que devo lhe dar de alma para alma!

Que eu saiba acender o impulso do progresso, encontrando o fio condutor de desenvolvimento de cada um, dando-lhes o que eles já possuem e não sabem, fazendo-os surpreenderem-se consigo mesmos!

Que eu me impregne de infinita paciência, de inquebrantável perseverança e de suprema força interior para me manter sempre sob o meu próprio domínio, sem deixar flutuar meu espírito ao sabor das circunstâncias! Mas que minha segurança não seja dogmatismo e inflexibilidade e que minha serenidade não seja mormaço espiritual!

Que eu passe por todos, sem nenhuma arrogância e sem pretensão à verdade absoluta, mas que deixe em cada um, uma marca inesquecível, por ter transmitido alguma centelha de verdade e todo o meu amor!

Dora Incontri - Livro: A educação segundo o Espiritismo

sábado, 1 de outubro de 2022

Mais Luz - Edição 598 - 02/10/2022

 

Venha ler com a gente em mais uma edição do nosso Semanário:

https://mailchi.mp/0e781ee8962c/allan-kardec-o-homem-e-o-missionrio

 

Allan Kardec: O homem e o missionário – Vianna de Carvalho

Ante o Evangelho: O Espiritismo

Poema: Em homenagem a Kardec – Amaral Ornellas

Incompreensão – Fonte Viva 72

Prece do servidor - Emmanuel



quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Allan Kardec: O homem e o missionário

 


Quanto mais perscrutamos a vida de Allan Kardec, mais e melhor compreendemos a grandeza desse preclaro Espírito elegido por Deus para construir a Nova Era da Humanidade.

Membro atuante da equipe de O Consolador, reencarnou trazendo insculpido na mente e no coração o compromisso grandioso de que soube desincumbir-se com elegância e inusitado êxito.

Desde muito jovem, atraído pelo conhecimento intelectual, encontrou no insigne mestre Pestalozzi o amoroso e sábio modelador do seu caráter de escol e burilador da sua fulgurante inteligência, que o preparou para o grave cometimento de que se fez notável missionário.

Antes de iniciar o ministério para o qual viera, mourejou na atividade grandiosa da educação, compreendendo que somente se pode forjar uma sociedade feliz quando ela se torna educada.

A sua Escola de Primeiro Grau, fundada em Paris, no ano de 1825 e a Instituição Rivail, também em Paris, criada em 1826, foram o abençoado terreno onde aplicou o notável método do seu ilustre mestre, facultando à cultura francesa ampliar os seus horizontes pedagógicos, considerando a criança e o jovem como a meta prioritária a atender.

A sua contribuição, nesse campo, dele fez credor do melhor respeito dos seus cômpares na área da educação, inclusive favorecendo-o com uma distinção, entre muitas outras, que lhe foi outorgada pela Academia de Arras, ao tempo em que assinalou a cultura com a modernização da metodologia do ensino, aplicando-a à obra de construção da sociedade esclarecida.

Honrado e sensível ao reto cumprimento dos deveres, consorciou-se com a nobre desenhista e poetisa Amélie-Gabrielle Boudet, que lhe foi devotada esposa e cooperadora infatigável no seu abençoado sacerdócio, antes, durante e depois da sua entrega total à obra de renovação da Humanidade sob as luzes libertadoras do Evangelho de Jesus.

Espírito incorruptível, não apresentava jaça no seu caráter diamantino, o que o tornou vítima de familiar desonesto que, por pouco, não o levou a dolorosa falência, exigindo-lhe esforços hercúleos para manter o nome ilibado durante e depois da refrega afugente.

Indubitavelmente era-lhe necessária essa rude prova, a fim de que as paixões e ambições mundanas que por acaso nele remanescessem, cedessem lugar, no momento próprio, às aspirações e conquistas da Espiritualidade plenificadora.

Nunca se permitiu repouso desnecessário durante as ásperas lutas que travou na defesa da sua honra, do seu lar e do ideal que abraçava.

Quando chamado a tomar conhecimento do lucilar das estrelas espirituais que desciam à Terra, preparando a Era do Espírito Imortal, em momento algum abdicou do bom senso ou da razão, investigando com seriedade e firmeza cada fato, toda e qualquer ocorrência.

Manteve sempre o comportamento de estudioso muito sério, mas não crédulo, a respeito das informações recebidas do Mundo espiritual, passando as observações pelo crivo da Ciência e da lógica, de maneira que, ao codificar a Doutrina dos Espíritos, conseguiu apresentar uma das maiores sínteses do conhecimento de que se tem notícia em todos os tempos.

Portador de conduta impecável, comedido e sóbrio, soube selecionar as informações recebidas e os médiuns de que se faziam portadores, de maneira que, ao serem apresentadas ao mundo científico e filosófico com a sua moral religiosa de bronze, destituída de dogmatismo e de superstições, tem podido enfrentar a razão face a face desde então, o mesmo acontecendo em relação às futuras épocas da Humanidade.

Em pleno Século das Luzes, enfrentou diatribes e perseguições gratuitas em face da audácia de pensar e de agir fora dos padrões estabelecidos pela hipocrisia social, desenhando com vigor o programa que deveria viger no futuro, quando a sociedade esclarecida e liberta de tabus, superstições e dogmas, contemplasse o Espiritismo como a resposta sábia dos Céus às contínuas e dolorosas interrogações da Terra.

Mantendo incessante contato com os Espíritos nobres que conduzem a Terra ao seu fanal de progresso e felicidade, soube apresentar-lhes as questões mais palpitantes do pensamento, abrangendo os mais diversos segmentos da cultura, de forma que todos os indivíduos pudessem mergulhar o pensamento e o coração nas lições recebidas, encontrando orientação e segurança para a marcha ditosa no processo da reencarnação.

Jamais jactou-se em face do compromisso abraçado ou desviou-se do roteiro traçado, entregando-se ao trabalho gigantesco com total regime de abnegação, de forma que, no momento da sua desencarnação a Obra estivesse, se não concluída, pelo menos estruturada para enfrentar os vendavais da Ciência e da Tecnologia do futuro.

Simples e cordial, jamais se fez vulgar ou simplório, mantendo os seus amigos e correligionários no mais alto grau da amizade e da consideração, sabendo distender mãos generosas, fraternas e caridosas aos sofredores que lhe solicitassem ou não ajuda.

Com a sensibilidade aguçada, sempre descobria a dor oculta para socorrê-la, minimizando os sofrimentos de todos quantos se lhe acercavam com as moedas que adquirem o medicamento, o pão e o agasalho, mas também com o conhecimento espírita que ilumina para sempre.

Portador de resistência física, moral e intelectual férrea, trabalhava infatigavelmente, atendendo a correspondência volumosa procedente de diversos países, a elaboração, correção e edição da Revue Spirite, ao tempo em que dava continuidade à preparação e publicação das obras que sucederam ao O Livro dos Espíritos, corrigindo-as, ampliando-as e comentando-as com lucidez invulgar.

Quando o corpo tombou, vitimado pela desencarnação, deixou a incomparável tarefa de que se fizera apóstolo, de tal forma consolidada, que cento e quarenta e sete anos depois, nada se lhe pode acrescentar, corrigir ou adaptar ante as descobertas dos tempos e da cultura modernos.

Sem nenhum interesse encomiástico, afirmamos que Allan Kardec insere-se no contexto dos homens e mulheres mais sábios do século XIX, devendo ser considerado membro da galeria dos notáveis de toda a história da Humanidade.

Ao serem programadas as festividades comemorativas do nascimento do ínclito discípulo de Jesus, que veio à Terra no dia 3 de outubro de 1804, na cidade de Lyon, na França, os espíritas sinceros e os simpatizantes do Espiritismo mais não fazem que render tributo ao Espírito missionário que foi Allan Kardec, o Embaixador de Jesus e das hostes espirituais, encarregado de materializar no mundo físico O Consolador que fora prometido.

Igualmente, nós, os Espíritos-espíritas, associamo-nos aos companheiros de lide doutrinária recordando o lutador invencível do Evangelho, que soube reviver os tempos apostólicos nos padrões do conhecimento e da cultura dos seus dias, legando-nos a magnificente doutrina que é o Espiritismo, na sua totalidade de Ciência que investiga, de Filosofia que responde com sabedoria as interrogações e de Religião que ilumina, conduzindo o Espírito consciente das suas responsabilidades a Deus.

Glória, pois, a ti, Allan Kardec! Os beneficiários do teu esforço grandioso, encarnados e desencarnados, saudamos-te e homenageamos-te, rogando ao Criador que te abençoe sempre e sem cessar!

Vianna de Carvalho / Divaldo Franco – Livro: Espiritismo e Vida

Incompreensão

 “Fiz-me fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos para, por todos os meios, chegar a salvar alguns”. Paulo (1 Coríntios, 9:22)

A incompreensão, indiscutivelmente, é assim como a treva perante a luz, entretanto, se a vocação da claridade te assinala o íntimo, prossegue combatendo as sombras, nos menores recantos de teu caminho.

Não te esqueças, porém, da lei do auxílio e observa-lhe os princípios, antes da ação.

Descer para ajudar é a arte divina de quantos alcançaram conscienciosamente a vida mais alta.

A luz ofuscante produz a cegueira.

Se as estrelas da sabedoria e do amor te povoam o coração, não humilhes quem passa sob o nevoeiro da ignorância e da maldade.

Gradua as manifestações de ti mesmo para que o teu socorro não se faça destrutivo.

Se a chuva alagasse indefinidamente o deserto, a pretexto de saciar-lhe a sede, e se o Sol queimasse o lago, sem medida, com a desculpa de subtrair-lhe o barro úmido, nunca teríamos clima adequado à produção de utilidades para a vida.

Não te faças demasiado superior diante dos inferiores ou excessivamente forte perante os fracos.

Das escolas não se ausentam todos os aprendizes, habilitados em massa, e sim alguns poucos cada ano.

Toda mordomia reclama noção de responsabilidade, mas exige também o senso das proporções.

Conserva a energia construtiva do exemplo respeitável, mas não olvides que a ciência de ensinar só triunfa integralmente no orientador que sabe amparar, esperar e repetir.

Não clames, pois, contra a incompreensão, usando inquietude e desencanto, vinagre e fel.

Há méritos celestiais naquele que desce ao pântano sem contaminar-se, na tarefa de salvação e reajustamento.

O bolo de matéria densa reveste-se de Iodo, quando arremessado ao poço lamacento, todavia, o raio de luz visita as entranhas do abismo e dele se retira sem alterar-se.

Que seria de nós se Jesus não houvesse apagado a própria claridade fazendo-se à semelhança de nossa fraqueza, para que lhe testemunhássemos a missão redentora? Aprendamos com ele a descer, auxiliando sem prejuízo de nós mesmos.

E, nesse sentido, não podemos esquecer a expressiva declaração de Paulo de Tarso quando afirma que, para a vitória do bem, se fez fraco para os fracos, fazendo-se tudo para todos, a fim de, por todos os meios, chegar a erguer alguns.

Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 072