Quanto mais perscrutamos a vida de Allan Kardec,
mais e melhor compreendemos a grandeza desse preclaro Espírito elegido por Deus
para construir a Nova Era da Humanidade.
Membro atuante da equipe de O Consolador,
reencarnou trazendo insculpido na mente e no coração o compromisso grandioso de
que soube desincumbir-se com elegância e inusitado êxito.
Desde muito jovem, atraído pelo conhecimento
intelectual, encontrou no insigne mestre Pestalozzi o amoroso e sábio modelador
do seu caráter de escol e burilador da sua fulgurante inteligência, que o
preparou para o grave cometimento de que se fez notável missionário.
Antes de iniciar o ministério para o qual viera,
mourejou na atividade grandiosa da educação, compreendendo que somente se pode
forjar uma sociedade feliz quando ela se torna educada.
A sua Escola de Primeiro Grau, fundada em Paris,
no ano de 1825 e a Instituição Rivail, também em Paris, criada em 1826, foram o
abençoado terreno onde aplicou o notável método do seu ilustre mestre,
facultando à cultura francesa ampliar os seus horizontes pedagógicos,
considerando a criança e o jovem como a meta prioritária a atender.
A sua contribuição, nesse campo, dele fez credor
do melhor respeito dos seus cômpares na área da educação, inclusive favorecendo-o
com uma distinção, entre muitas outras, que lhe foi outorgada pela Academia de
Arras, ao tempo em que assinalou a cultura com a modernização da metodologia do
ensino, aplicando-a à obra de construção da sociedade esclarecida.
Honrado e sensível ao reto cumprimento dos
deveres, consorciou-se com a nobre desenhista e poetisa Amélie-Gabrielle Boudet,
que lhe foi devotada esposa e cooperadora infatigável no seu abençoado
sacerdócio, antes, durante e depois da sua entrega total à obra de renovação da
Humanidade sob as luzes libertadoras do Evangelho de Jesus.
Espírito incorruptível, não apresentava jaça no
seu caráter diamantino, o que o tornou vítima de familiar desonesto que, por pouco,
não o levou a dolorosa falência, exigindo-lhe esforços hercúleos para manter o
nome ilibado durante e depois da refrega afugente.
Indubitavelmente era-lhe necessária essa rude
prova, a fim de que as paixões e ambições mundanas que por acaso nele remanescessem,
cedessem lugar, no momento próprio, às aspirações e conquistas da
Espiritualidade plenificadora.
Nunca se permitiu repouso desnecessário durante
as ásperas lutas que travou na defesa da sua honra, do seu lar e do ideal que
abraçava.
Quando chamado a tomar conhecimento do lucilar
das estrelas espirituais que desciam à Terra, preparando a Era do Espírito Imortal,
em momento algum abdicou do bom senso ou da razão, investigando com seriedade e
firmeza cada fato, toda e qualquer ocorrência.
Manteve sempre o comportamento de estudioso muito
sério, mas não crédulo, a respeito das informações recebidas do Mundo espiritual,
passando as observações pelo crivo da Ciência e da lógica, de maneira que, ao
codificar a Doutrina dos Espíritos, conseguiu apresentar uma das maiores
sínteses do conhecimento de que se tem notícia em todos os tempos.
Portador de conduta impecável, comedido e
sóbrio, soube selecionar as informações recebidas e os médiuns de que se faziam
portadores, de maneira que, ao serem apresentadas ao mundo científico e
filosófico com a sua moral religiosa de bronze, destituída de dogmatismo e de
superstições, tem podido enfrentar a razão face a face desde então, o mesmo
acontecendo em relação às futuras épocas da Humanidade.
Em pleno Século das Luzes, enfrentou diatribes e
perseguições gratuitas em face da audácia de pensar e de agir fora dos padrões estabelecidos
pela hipocrisia social, desenhando com vigor o programa que deveria viger no
futuro, quando a sociedade esclarecida e liberta de tabus, superstições e
dogmas, contemplasse o Espiritismo como a resposta sábia dos Céus às contínuas
e dolorosas interrogações da Terra.
Mantendo incessante contato com os Espíritos
nobres que conduzem a Terra ao seu fanal de progresso e felicidade, soube apresentar-lhes
as questões mais palpitantes do pensamento, abrangendo os mais diversos
segmentos da cultura, de forma que todos os indivíduos pudessem mergulhar o
pensamento e o coração nas lições recebidas, encontrando orientação e segurança
para a marcha ditosa no processo da reencarnação.
Jamais jactou-se em face do compromisso abraçado
ou desviou-se do roteiro traçado, entregando-se ao trabalho gigantesco com
total regime de abnegação, de forma que, no momento da sua desencarnação a Obra
estivesse, se não concluída, pelo menos estruturada para enfrentar os vendavais
da Ciência e da Tecnologia do futuro.
Simples e cordial, jamais se fez vulgar ou
simplório, mantendo os seus amigos e correligionários no mais alto grau da
amizade e da consideração, sabendo distender mãos generosas, fraternas e caridosas
aos sofredores que lhe solicitassem ou não ajuda.
Com a sensibilidade aguçada, sempre descobria a
dor oculta para socorrê-la, minimizando os sofrimentos de todos quantos se lhe
acercavam com as moedas que adquirem o medicamento, o pão e o agasalho, mas
também com o conhecimento espírita que ilumina para sempre.
Portador de resistência física, moral e
intelectual férrea, trabalhava infatigavelmente, atendendo a correspondência
volumosa procedente de diversos países, a elaboração, correção e edição da
Revue Spirite, ao tempo em que dava continuidade à preparação e publicação das
obras que sucederam ao O Livro dos Espíritos, corrigindo-as, ampliando-as e
comentando-as com lucidez invulgar.
Quando o corpo tombou, vitimado pela desencarnação,
deixou a incomparável tarefa de que se fizera apóstolo, de tal forma consolidada,
que cento e quarenta e sete anos depois, nada se lhe pode acrescentar, corrigir
ou adaptar ante as descobertas dos tempos e da cultura modernos.
Sem nenhum interesse encomiástico, afirmamos que
Allan Kardec insere-se no contexto dos homens e mulheres mais sábios do século
XIX, devendo ser considerado membro da galeria dos notáveis de toda a história
da Humanidade.
Ao serem programadas as festividades
comemorativas do nascimento do ínclito discípulo de Jesus, que veio
à Terra no dia 3 de outubro de 1804, na cidade de Lyon, na França, os espíritas
sinceros e os simpatizantes do Espiritismo mais não fazem que render tributo ao
Espírito missionário que foi Allan Kardec, o Embaixador de Jesus e das hostes
espirituais, encarregado de materializar no mundo físico O Consolador que fora
prometido.
Igualmente, nós, os Espíritos-espíritas,
associamo-nos aos companheiros de lide doutrinária recordando o lutador invencível
do Evangelho, que soube reviver os tempos apostólicos nos padrões do
conhecimento e da cultura dos seus dias, legando-nos a magnificente doutrina
que é o Espiritismo, na sua totalidade de Ciência que investiga, de Filosofia
que responde com sabedoria as interrogações e de Religião que ilumina,
conduzindo o Espírito consciente das suas responsabilidades a Deus.
Glória, pois, a ti, Allan Kardec! Os
beneficiários do teu esforço grandioso, encarnados e desencarnados, saudamos-te
e homenageamos-te, rogando ao Criador que te abençoe sempre e sem cessar!
Vianna de Carvalho / Divaldo Franco – Livro: Espiritismo e Vida
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