sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Jesus, o Mestre

 

Jesus curou cegos de nascença, surdos-mudos, epilépticos, hidrópicos, doidos e lunáticos, paralíticos, reumáticos e leprosos; sarou, finalmente, enfermos de toda casta que a ele recorreram em busca do maior bem temporal — a saúde. No entanto, jamais o Senhor pretendeu que o dissessem médico, ou clínico.

Jesus frequentava o templo e as sinagogas onde atendia aos sofredores e ensinava ao povo as verdades eternas, mas nunca se inculcou levita ou sacerdote.

Jesus predisse com pormenores e particularidades o cerco, a queda e a ruína de Jerusalém; como essa, fez várias outras profecias de alta relevância. Penetrava o íntimo dos homens, devassando-lhes os arcanos mais secretos, porém não consta que pretendesse as prerrogativas de vidente ou de profeta.

Jesus realizou maravilhas, tais como: alimentar mais de cinco mil pessoas com três pães e dois peixes; acalmar tempestade, impondo inconcebível autoridade às ondas revoltas do oceano. Ressuscitou a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim e, também, Lázaro, sendo que este último já estava sepultado havia quatro dias. Transformou água em vinho nas bodas de Caná da Galileia, e muitos outros prodígios operou não pretendendo, apesar disso, que o considerassem milagreiro ou taumaturgo.

Jesus aclarava as páginas escriturísticas, fazendo realçar da letra que mata o espírito que vivifica, mas não se apresentou como exegeta ou, ministro da palavra.

O único título que Jesus reclamou para si, fizesse jus às mais excelentes denominações honoríficas que possamos imaginar, foi o de “mestre”. Esse o título por ele reivindicado, porque realmente Jesus é o Mestre excelso, o Educador incomparável.

Sua fé na obra da redenção humana, mediante o poder incoercível da educação, acordando as energias espirituais, é inabalável, é absoluta. Tão firme é a crença na regeneração dos pecadores, na renovação de nossa vida, que por esse ideal se ofereceu em holocausto.

Educar é remir. O Filho de Deus deu-se em sacrifício pela causa da liberdade humana. A cruz plantada no cimo do Calvário não representa somente a sublime tragédia do amor divino: representa também o símbolo, o atestado da fé viva que Jesus tem na transformação dos corações, na conversão de nossas almas. "Quando eu for levantado no madeiro, atrairei todos a mim..." asseverou ele. Todos, notemos bem; não uma parcela, mas a totalidade. Vemos por aí como é radical a sua confiança, a sua crença na reabilitação dos culpados, através da educação.

Sim da educação, dizemos bem, porque só um título Jesus reclamou, chamando-o a si, e o fez sem rodeios sem rebuços, nem perífrases, antes com a máxima franqueza e toda a ênfase: o título de mestre. Dirigindo-se aos seus discípulos, advertiu-os desta maneira: "Um só é o vosso mestre, a saber — o Cristo.  Portanto, a ninguém mais chameis mestre senão a mim". (Mateus, 23:8.)

Jesus rejeitou o cetro, o trono, a realeza, alegando que o seu reino não é deste mundo. Dispensando igualmente, a glória e as honras terrenas; um só brasão fez questão de ostentar: ser mestre, ser educador. É significativo!

"Eu sou a luz do mundo, sou a verdade, sou o pão que desceu do céu" — proclamou o Senhor. Esparzir Luzes revelar a verdade, distribuir o pão do Espírito — tal a obra da educação, tal a missão do Redentor da Humanidade.

Que dúvida poderá restar a nós outros, neocristãos, sobre o rumo que deve tomar a nossa atividade, uma vez que o advento do Espiritismo é o do Consolador prometido? Que outra forma poderemos dar ao nosso trabalho, que seja tão eficaz, tão profícua e benéfica à renovação social, como aquela que se prende à educação, no seu sentido lato e amplo?

Trabalhemos, pois, com ardor e entusiasmo pela causa da educação da Humanidade, começando pela infância e pela juventude desta terra de Santa Cruz.

Vinicius – Livro: Em torno do Mestre

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