quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Prece por um suicida

 


Sabemos, ó meu Deus, qual a sorte que espera os que violam a tua lei, abreviando voluntariamente seus dias; mas também sabemos que infinita é a tua misericórdia. Digna-te, pois, de estendê-la sobre a alma desse coração... Possam as nossas preces e a tua comiseração abrandar a acerbidade dos sofrimentos que ele está experimentando, por não haver tido a coragem de aguardar o fim de suas provas.

Bons Espíritos, que tendes por missão assistir os desgraçados, tomai-o sob a vossa proteção; inspirai-lhe o pesar da falta que cometeu. Que a vossa assistência lhe dê forças para suportar com mais resignação as novas provas por que haja de passar, a fim de repará-la. Afastai dele os maus Espíritos, capazes de o impelirem novamente para o mal e prolongar-lhe os sofrimentos, fazendo-o perder o fruto de suas futuras provas.

A ti, cuja desgraça motiva as nossas preces, nos dirigimos também, para te exprimir o desejo de que a nossa comiseração te diminua o amargor e te faça nascer no íntimo a esperança de melhor porvir! Nas tuas mãos está ele; confia na bondade de Deus, cujo seio se abre a todos os arrependimentos e só se conserva fechado aos corações endurecidos.

 

Coletânea de preces espíritas – Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XXVIII, item 72.


Palestras CEJG - Setembro/2023

 


quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Assim será

 

“Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus.” — Jesus. (Lucas, 12:21)

 

Guardarás inúmeros títulos de posse sobre as utilidades terrestres, mas se não és senhor de tua própria alma, todo o teu patrimônio não passará de simples introdução à loucura.

Multiplicarás, em torno de teus pés, maravilhosos jardins da alegria juvenil, entretanto, se não adquires o conhecimento superior para o roteiro de amanhã, a tua mocidade será a véspera ruidosa da verdadeira velhice.

Cobrirás com medalhas honoríficas o teu peito, aumentando a série dos admiradores que te aplaudem, mas, se a luz da reta consciência não te banha o coração, assemelhar-te-ás a um cofre de trevas, enfeitado por fora e vazio por dentro.

Amontoarás riquezas e apetrechos de conforto para a tua casa terrena, imprimindo-lhe perfil dominante e revestindo-a de esplendores artísticos, contudo, se não possuis na intimidade do lar a harmonia que sustenta a felicidade de viver, o teu domicílio será tão somente um mausoléu adornado.

Empilharás moedas de ouro e prata, à sombra das quais falarás com autoridade e influência aos ouvidos do próximo, todavia, se os teus haveres não se dilatam, em forma de socorro e trabalho, estímulo e educação, em favor dos semelhantes, és apenas um viajor descuidado, no rumo de pavorosas desilusões.

Crescerás horizontalmente, conquistarás o poder e a fama, reverenciar-te-ão a presença física na Terra, mas, se não trazes contigo os valores do bem, ombrearás com os infelizes, em marcha imprevidente para as ruínas do desencanto.

Assim será “todo aquele que ajunta tesouros para si, sem ser rico para com Deus”.


Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Fonte Viva – Cap. 120


sábado, 26 de agosto de 2023

Mais Luz - Edição 645 - 27/08/2023

 

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Bezerra de Menezes – Humberto de campos

Ante o Evangelho: A nova era

Mensagem da Semana: Eia agora – Fonte Viva 119

Poema: Agora – Auta de Souza

Oração: Orando cada dia - Meimei



sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Bezerra de Menezes

 


(...) As primeiras experiências espiritistas, na pátria do Evangelho, começaram no problema das curas. Em 1818, já o Brasil possuía um grande círculo homeopático, sob a direção do mundo invisível. O próprio José Bonifácio correspondia-se com Frederico Hahnemann. Nos tempos do Segundo Reinado, os mentores invisíveis conseguem localizar na Bahia, no Pará e no Rio de Janeiro, alguns grupos particulares, que projetavam enormes claridades no movimento neoespiritualista do continente, talvez o primeiro da América do Sul.

Antes dessa época, quando prestes a findar o Primeiro Reinado, Ismael reúne no Espaço os seus dedicados companheiros de luta e, organizada a venerável assembleia, o grande mensageiro do Senhor esclarece a todos, sobre os seus elevados objetivos.

— “Irmãos, explicou ele, o século atual, como sabeis, vai assinalar a vinda do Consolador à face da Terra. Nestes cem anos, se efetuarão os grandes movimentos preparatórios dos outros cem anos que hão de vir. As rajadas de morticínio e de dor prenderão a alma da Humanidade, no século próximo, dentro dos imperativos das transições necessárias, que constituem o sinal do fim da civilização precária do Ocidente… Faz-se mister ampararmos o coração atormentado dos homens nessas grandes amarguras, preparando-lhes o caminho da purificação espiritual, através das sendas penosas. É preciso, pois, prepararmos o terreno para a sua estabilidade moral nesses instantes decisivos dos seus destinos. Numerosas fileiras de missionários encontram-se disseminadas, entre as nações da Terra, com o fim de levantar a palavra da Boa Nova do Senhor, esclarecendo os postulados científicos que surgirão neste século, nos círculos da cultura terrestre. Uma verdadeira renascença das filosofias e das ciências se verificará no transcurso destes anos, a fim de que o século XX seja necessariamente esclarecido, como elemento de ligação entre a civilização em vias de desaparecer e a civilização do futuro, que se constituirá da fraternidade e da justiça, porque a morte do mundo, prevista na Lei e nos profetas, não se verificará por enquanto, com referência às expressões físicas do globo, mas quanto às suas expressões morais, sociais e políticas. A civilização armada terá de perecer, para que os homens se amem como irmãos. Concentraremos, agora, os nossos esforços na terra do Evangelho, para que possamos plantar no coração de seus filhos as sementes benditas que, mais tarde, frutificarão no solo abençoado do Cruzeiro. Se as verdades novas deverão surgir primeiramente, segundo os imperativos da lei natural, nos centros culturais do Velho Mundo, é na pátria do Evangelho que lhes vamos dar a vida, aplicando-as na edificação dos monumentos triunfais do Salvador… Alguns dos nossos auxiliares já se encontram na Terra, esperando o toque de reunir de nossas falanges de trabalhadores devotados, sob a direção compassiva e misericordiosa do Divino Mestre.”

Houve na alocução de Ismael um doce “stacato”.

Depois, encaminhando-se para um dos dedicados e fiéis discípulos, falou-lhe brandamente:

— “Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração. Não precisamos encarecer aos teus olhos a delicadeza de tua missão, mas com a plena observância do código de Jesus e com a nossa assistência espiritual, pulverizarás todos os obstáculos, à força de perseverança e de humildade, consolidando os primórdios da nossa obra, que é a de Jesus, no seio da pátria do seu Evangelho… Se a luta vai ser grande, considera que não será menor a compensação do Senhor, dele que é o caminho, a verdade e a vida…”

Havia em toda a assembleia espiritual um divino silêncio. O discípulo escolhido nada pudera responder, com o coração alarmado por doces e esperançosas emoções, mas as lágrimas de reconhecimento caíam-lhe copiosamente dos olhos.

Ismael desfraldara a sua bandeira à luz gloriosa do Infinito, salientando-se a sua inscrição divina, que parecia constituir-se de sóis infinitésimos. Uma vibração de esperança e de fé palpitava em todos os corações, quando uma voz terna e compassiva, exclamou das cúpulas radiosas do Ilimitado:

 — “Glória a Deus nas Alturas e paz na Terra aos trabalhadores de boa vontade!…”

Relâmpagos de uma claridade estranha e misericordiosa clareavam o pensamento de quantos presenciavam o maravilhoso espetáculo, enquanto uma chuva de aromas inundava a atmosfera de perfumes balsâmicos e suavíssimos.

Sob aquela bênção maravilhosa, a grande assembleia dos operários do Bem foi dissolvida.

Daí a algum tempo, no dia 29 de agosto de 1831, no Riacho do Sangue, no Estado do Ceará, nascia Adolfo Bezerra de Menezes, o grande discípulo de Ismael, que vinha cumprir no Brasil uma grande missão.

 

Humberto de Campos — Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho – Trecho do capítulo 22.



quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Eia agora

 

“Eia agora, vós que dizeis… amanhã…” — (Tiago, 4:13)

 

Agora é o momento decisivo para fazer o bem.

Amanhã, provavelmente…

O amigo terá desaparecido.

A dificuldade estará maior.

A moléstia terá ficado mais grave.

A ferida, possivelmente, mostrar-se-á mais crescida de extensão.

O problema talvez surja mais complicado.

A oportunidade de ajudar não se fará repetida.

A boa semente plantada agora é uma garantia da produção valiosa no porvir.

A palavra útil, pronunciada sem detença, será sempre uma luz no quadro em que vives.

Se desejas ser desculpado de alguma falta, aproxima-te agora daqueles a quem feriste e revela o teu propósito de reajustamento.

Se te propões auxiliar o companheiro, ajuda-o sem demora para que a bênção de teu concurso fraterno responda às necessidades de teu irmão, com a desejável eficiência.

Não durmas sobre a possibilidade de fazer o melhor.

Não te mantenhas na expectativa inoperante, quando podes contribuir em favor da alegria e da paz.

A dádiva tardia tem gosto de fel.

“Eia agora.” — Diz-nos o Evangelho, na palavra apostólica.

Adiar o bem que podemos realizar é desaproveitar o tempo e furtar do Senhor.


Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Fonte Viva – Cap. 119


terça-feira, 22 de agosto de 2023

Agora

 

Agora, enquanto é hoje, eis que fulgura

O teu santo momento de ajudar!…

Derrama, em torno, compassivo olhar

Estende as mãos aos filhos da amargura…

 

Repara!… Aqui e além, a desventura

Caminha ao léu, sem pão, sem luz, sem lar,

Acende o próprio amor! Faze brilhar

A tua fé tranquila, doce e pura.

 

Agora! eis o minuto decisivo!…

Abre teu coração ao Cristo Vivo,

Não permitas que o tempo marche em vão.

 

E ajudando e servindo sem cansaço,

Alcançarás, subindo passo a passo,

A glória eterna da Ressurreição.

 

Auta de Souza / Chico Xavier

Livro: Auta de Souza



sábado, 19 de agosto de 2023

Mais Luz - Edição 644 - 20/08/2023

 

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O carneiro revoltado – Neio Lúcio

Ante o Evangelho: Aquele que se eleva será rebaixado

Mensagem da Semana: Em nossas tarefas – Fonte Viva 118

Poema: Anseio – Iveta Ribeiro

Oração – Bezerra de Menezes



sexta-feira, 18 de agosto de 2023

O carneiro revoltado

 

Certo carneiro muito inteligente, mas indisciplinado, reparou os benefícios que a lã espalhava em toda parte, e, desde então, julgou-se melhor que os outros seres da Criação, passando a revoltar-se contra a tosquia.

— Se era tão precioso, — pensava, — por que aceitar a humilhação daquela tesoura enorme? Experimentava intenso frio, de tempos a tempos, e, despreocupado das ricas rações que recebia no redil, detinha-se apenas no exame dos prejuízos que supunha sofrer.

Muito amargurado, dirigiu-se ao Criador, exclamando:

— Meu Pai, não estou satisfeito com a minha pelagem. A tosquia é um tormento… Modifica-me, Senhor!…

O Todo-Poderoso indagou, com bondade:

— Que desejas que eu faça?

Vaidosamente, o carneiro respondeu:

— Quero que a minha lã seja toda de ouro.

A rogativa foi satisfeita. Contudo, assim que o orgulhoso ovino se mostrou cheio de pelos preciosos, várias pessoas ambiciosas atacaram-no sem piedade. Arrancaram-lhe, violentamente, todos os fios, deixando-o em chagas.

O infeliz, a lastimar-se, correu para o Altíssimo e implorou:

— Meu Pai, muda-me novamente! Não posso exibir lã dourada… encontraria sempre salteadores sem compaixão.

O Sábio dos Sábios perguntou:

— Que queres que eu faça?

O animal, tocado pela mania de grandeza, suplicou:

— Quero que a minha lã seja lavrada em porcelana primorosa.

Assim foi feito. Entretanto, logo que tornou ao vale, apareceu no céu enorme ventania, que lhe quebrou todos os fios, dilacerando-lhe a carne.

Regressou, aflito, ao Todo-Misericordioso e queixou-se:

— Pai, renova-me!… A porcelana não resiste ao vento… estou exausto…

Disse-lhe o Senhor:

— Que desejas que eu faça?

— A fim de não provocar os ladrões e nem ferir-me com porcelana quebrada, quero que a minha lã seja feita de mel.

O Criador satisfez o pedido. Todavia, logo que o pobre se achou no redil, bandos de moscas asquerosas cobriram-no em cheio e, por mais corresse campo a fora, não evitou que elas lhe sugassem os fios adocicados.

O mísero voltou ao Altíssimo e implorou:

— Pai, modifica-me… as moscas deixaram-me em sangue!

O Senhor indagou, de novo, com inexaurível paciência:

— Que queres que eu faça?

Dessa vez, o carneiro pensou mais tempo e considerou:

— Suponho que seria mais feliz se tivesse minha lã semelhante às folhas de alface.

O Todo-Bondoso atendeu-lhe mais uma vez a vontade e o carneiro voltou à planície, na caprichosa alegria de parecer diferente. No entanto, quando alguns cavalos lhe puseram os olhos, não conseguiu melhor sorte. Os equinos prenderam-no com os dentes e, depois de lhe comerem a lã, abocanharam-lhe o corpo.

O carneiro correu na direção do Juiz Supremo, gotejando sangue das chagas profundas, e, em lágrimas, gemeu, humilde:

— Meu Pai, não suporto mais!…

Como soluçasse longamente, o Todo-Compassivo, vendo que ele se arrependera com sinceridade, observou:

— Reanima-te, meu filho! Que pedes agora?

O infeliz replicou, em pranto:

— Pai, quero voltar a ser um carneiro comum, como sempre fui. Não pretendo a superioridade sobre meus irmãos. Hoje sei que os meus tosquiadores de outro tempo são meus verdadeiros amigos. Nunca me deixaram em feridas e sempre me deram de comer e beber, carinhosamente… Quero ser simples e útil, qual me fizeste, Senhor!…

O Pai sorriu, bondoso, abençoou-o com ternura e falou:

— Volta e segue teu caminho em paz. Compreendeste, enfim, que meus desígnios são justos. Cada criatura está colocada, por minha Lei, no lugar que lhe compete e, se pretendes receber, aprende a dar.

Então o carneiro, envergonhado, mas satisfeito, voltou para o vale, misturou-se com os outros e daí por diante foi muito feliz.

 

Alvorada Cristã — Neio Lúcio



quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Em nossas tarefas

 

“… Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes.” — Paulo. (Romanos, 12:16)

 

“Não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes.” — Recomenda o apóstolo, sensatamente.

Muitos aprendizes do Evangelho almejam as grandes realizações de um dia para outro…

A coroa da santidade…

O poder da cura…

A glória do conhecimento superior…

As edificações de grande alcance…

Entretanto, aspirar só por si não basta à realização.

Tudo, nos círculos da Natureza, obedece ao espírito de sequência.

A árvore vitoriosa na colheita passou pela condição do arbusto frágil.

A catarata que move poderosas turbinas é um conjunto de fios d’água no nascedouro.

Imponente é o projeto para a construção de uma casa nobre, no entanto, é indispensável o serviço da picareta e da pá, do tijolo e da pedra, para que a arte e o reconforto se exprimam.

Abracemos os deveres humildes com devoção ao nosso ideal de progresso e triunfo.

Por mais árdua e mais simples a nossa obrigação, atendamo-la com amor.

A palavra de Paulo é sábia e justa, porque, escalando com firmeza as faixas inferiores do monte, com facilidade lhe conquistamos o cimo e, aceitando de boa vontade as tarefas pequeninas, as grandes tarefas virão espontaneamente ao nosso encontro.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Fonte Viva – Cap. 118