Do ponto de vista moral, há bastante infortúnio escondido em
toda a parte.
Nos ambientes mais diversos, nos momentos em que menos se
espera, com as pessoas fisionomicamente mais seguras de si, a aflição
desponta inesperada e o pranto pode estar surgindo às ocultas.
Desilusão, moléstia, revolta e desalento em muitos casos não
afluem à face das circunstâncias exteriores.
Familiar decepcionado com o noticiário desairoso que vem a
saber com respeito ao parente querido.
Jovem agoniada na frustração de projetos matrimoniais.
Pai fustigado pela doença incurável de um filho.
Mãe ansiosa pela reconciliação impraticável com o pai de sua
prole.
Cavaleiro bem-posto, mas absolutamente inconformado com a
deficiência física de que se sabe portador, sem que os outros percebam.
Viúva atormentada pela falta de garantias no lar.
Cônjuge que não mais confia na companheira de vinte anos.
Homem ferido pela consciência na fase de transição entre um
passado recente de erros e um futuro de maiores acertos.
Chefe enfermo de família numerosa, repentinamente
desempregado.
Criatura robusta e aparentemente normal, envolvida em tramas
de obsessão.
Aprendamos com a Doutrina Espírita que o pretérito se reflete
no presente e que a lei de causa e efeito funciona em qualquer paisagem
social, em qualquer pessoa, em todos os bastidores profissionais e todos os
dias.
Ponderemos nisso, a fim de não faltarmos com o apoio devido à
harmonia que nos cabe manter nos domínios da vida.
Se alguém lhe respondeu asperamente, se um amigo aparece
incompreensivo, se aquele companheiro passou de súbito a dedicar-lhe
antipatia gratuita, se aquele outro lhe abalroa as edificações espirituais, e
se muitos não lhe correspondem, de leve, às esperanças, suponha semelhantes
irmãos presos mentalmente a problemas irrevelados de angústia e coloque-se na
posição deles, com as provas e desvantagens que experimentam, e decerto você
se compadecerá de cada um, dispondo-se a auxiliá-los.
Nem sempre a voz corrente fala tudo o que vai nas almas.
Repitamos para nós que a verdadeira caridade se resume na
compreensão para além das aparências dos espíritos com os quais se convive,
perdoando e ajudando silenciosas e desinteressadamente, de nossa parte, onde
estejamos, como se faça necessário e tanto quanto seja possível.
André Luiz / Chico Xavier -
Livro: Estude e Viva
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quinta-feira, 31 de outubro de 2019
Provas irreveladas
Ouvistes?
“Tenho-vos
dito estas coisas, para que vos não escandalizeis.” Jesus (João, 16:1)
Antes de retornar às Esferas
Resplandecentes, o Mestre Divino não nos deixou ao desamparo, quanto às
advertências no trabalho a fazer.
Quando o espírito amadurecido na
compreensão da obra redentora se entrega ao campo de serviço evangélico, não
prescinde das informações prévias do Senhor.
É indispensável ouvi-las para que se
não escandalize no quadro das obrigações comuns.
Esclareceu-nos a palavra do Mestre
que, enquanto perdurasse a dominação da ignorância no mundo, os legítimos
cultivadores dos princípios da renovação espiritual, por Ele trazidos, não
seriam observados com simpatia. Seriam perseguidos sem tréguas pelas forças
da sombra. Compareceriam a tribunais condenatórios para se inteirarem das
falsas acusações dos que se encontram ainda incapacitados de maior
entendimento. Suportariam remoques de familiares, estranhos à iluminação
interior. Sofreriam a expulsão dos templos organizados pela pragmática das
seitas literalistas. Escutariam libelos gratuitos das inteligências votadas
ao escárnio das verdades divinas. Viveriam ao modo de ovelhas pacíficas entre
lobos famulentos. Sustentariam guerra incessante contra o mal.
Cairiam em ciladas torpes.
Contemplariam o crescimento do joio ao lado do trigo. Identificariam o
progresso efêmero dos ímpios.
Carregariam consigo as marcas da cruz.
Experimentariam a incompreensão de muitos. Sentiriam solidão nas horas
graves. Veriam, de perto, a calúnia, a pedrada, a ingratidão...
O Mestre Divino, pois, não deixou os
companheiros e continuadores desavisados.
Não oferecia a nenhum aprendiz, na
Terra, a coroa de rosas sem espinhos.
Prometeu-lhes luta edificante,
trabalho educativo, situações retificadoras, ensejos de iluminação, através
da grandeza do sacrifício que produz elevação e do espírito de serviço que
estabelece luz e paz.
É importante, desse modo, para quantos
amadureceram os raciocínios na luta terrestre, a viva recordação das advertências
do Cristo, no setor da edificação evangélica, para que se não escandalizem
nos testemunhos difíceis do plano individual.
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Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier –
Lição 101
Imortalidade
Durante o trânsito carnal é possível que não te dês conta da fragilidade na qual assentas as tuas aspirações e trabalhas os teus planos.
Não poucas vezes tens a
impressão que o carro orgânico prosseguirá deslizando pelas estradas
atapetadas da juventude, do prazer, das programações agradáveis. Enfermidade,
sofrimento, desar, envelhecimento e morte, supões, são ocorrências que
atingem apenas as outras pessoas, nunca a ti.
Pensavas que o anjo da
morte somente descesse as suas asas sobre os outros, a fim de arrebatá-los,
não imaginando que isso pudesse ocorrer também contigo...
Lentamente, porém,
despertas para a realidade corporal.
A forma física apolínea
ou venusina, a mocidade risonha e o encantamento feliz cedem lugar às
modificações naturais quão inevitáveis da estrutura física, ao
envelhecimento, à decrepitude, aos dissabores, quando a morte não os precede,
inesperada, implacavelmente.
Os acidentes de
veículos arrebatam vidas humanas com volúpia crescente, e os esportes, violentos
quanto perigosos, carregam homens e mulheres juvenis, demostrando que não há
prazo estabelecido para o encerramento da jornada, nem preferência exclusiva
pelos enfermos, pelos desditosos e pelos envelhecidos...
É necessário que
acordes para os impositivos da imortalidade, conscientizando-te dos elevados
objetivos da existência corporal.
Estás mergulhado no
oceano da imortalidade, queiras ou não.
O corpo, de que o
Espírito se utiliza, é qual escafandro adequado para a experiência da evolução
mediante o processo reencarnatório.
É útil, e resguarda o
mergulhador, mas tem utilidade limitada, efêmera, que cessa, logo esteja concluído
o objetivo para o qual é utilizado.
A vida não sucumbe no
momento da morte.
Se tal ocorresse, ela
mesma seria paradoxal, destituída de sentido real.
Tudo no mundo
experimenta contínuas transformações, incessantes alterações, por que o ser humano
deve sucumbir?
Faze uma análise mais
profunda e perceberás que o milagre da imortalidade se apresenta em todo o
processo da evolução.
Há um incessante
progresso natural e um inestancável desenvolvimento, que se apresentam a cada
momento, sempre mais enriquecedores, intérminos.
A vida, como consequência,
não cessa, pois, prosseguindo, abençoada e alvissareira após o túmulo, dando
curso a esse movimento de sublimação.
Reflexiona a respeito
da transitoriedade carnal, e elabora programas de qualidade superior, a que
possas dar prosseguimento quando encerrares o ciclo orgânico.
Viverás, e serás
caracterizado pelos teus pensamentos, palavras e ações da atualidade, que ressumarão
do inconsciente, tomando-te por inteiro e vitalizando-te.
Pensa, fala e age,
portanto corretamente, a fim de que despertes feliz após a tumba.
O mesmo ocorrerá com
todos a quem amas ou não – eles viverão.
Aqueles que te
anteciparam na viagem de retorno, esperam-te.
Não os pranteies em
desespero, nem duvides da sua existência.
Recorda-os com carinho,
e envia-lhes pensamentos bons, saudáveis, rememorando-os nos momentos felizes
que tiveram, quando estavam na Terra.
Essa evocação
alcançá-los-á com ternura e os despertará se estiverem adormecidos, assim como
os felicitará, caso se encontrem lúcidos.
Mantém com eles os
vínculos de amor que te sustentarão nos fios da esperança em favor do breve
reencontro feliz.
Jesus retornou da
sepultura em exuberante imortalidade, a fim de nos oferecer para sempre a
certeza de que a existência corporal passa com brevidade, mas a vida infinita
e grandiosa jamais se interromperá.
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Joanna de Ângelis - Página
psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 8-9-1997, no Centro Espírita
Caminho da Redenção, em Salvador – BA
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
"Mecanismos da Mediunidade" - Andrezinho e o burilamento espiritual
O avatar da Microcampanha “A Vida no Mundo
Espiritual”, Andrezinho, fala sobre o processo de conquistas espirituais
angariadas pelo ser em sua ascensão na escala evolutiva.
O tema está presente no capítulo 16 do livro
"Mecanismos da Mediunidade", a décima primeira obra trazida por André
Luiz na Série 'A Vida no Mundo Espiritual'.
O livro foi psicografado por Chico Xavier e Waldo
Vieira, e completa 59 anos de lançamento em 2019.
Lei do progresso
Se considerarmos a
Humanidade em seu estado primitivo e em seu estado atual, quando sua primeira
aparição na Terra marcava seu ponto de partida, e agora, que percorreu uma parte
do caminho que leva à perfeição, parece que todo bem, todo progresso, toda
filosofia, enfim, não possa nascer senão do que lhe é contrário.
Com efeito, toda formação
é o produto de uma reação, assim como todo efeito é gerado por uma causa.
Todos os fenômenos morais, todas as formações inteligentes são devidos a uma
perturbação momentânea da própria inteligência. Apenas, na inteligência,
devemos considerar dois princípios: um imutável, essencialmente bom, eterno
como tudo o que é infinito; outro temporário, momentâneo, que não passa de
agente empregado para produzir a reação de onde sai cada vez a progressão dos
homens.
O progresso abrange o
Universo durante a eternidade e jamais se espalha tanto como quando se
concentra num ponto qualquer. Não podeis abarcar, num só golpe de vista, a
imensidade que vive, isto é, que progride; mas olhai em redor de vós: o que vedes?
Em certas épocas, e
podemos dizer em momentos previstos, designados, surge um homem que abre um
caminho novo, que escarpa os rochedos áridos de que se acha semeado o mundo
conhecido da inteligência. Muitas vezes esse homem é o último entre os
humildes, entre os pequenos e, contudo, penetra as altas esferas do
desconhecido. Arma-se de coragem, pois esta lhe é necessária para lutar
corpo a corpo contra os preconceitos, contra os usos que lhe foram
transmitidos; é-lhe necessária para vencer os obstáculos que a má-fé semeia
sob seus passos, porque enquanto restarem preconceitos a derrubar, restarão
abusos e interessados nos abusos; é-lhe necessária porque deve lutar, ao
mesmo tempo, contra as necessidades materiais de sua personalidade e, neste
caso, sua vitória é a melhor prova de sua missão e de sua predestinação.
Chegado a este ponto,
em que a luz escapa bastante forte do círculo do qual é o centro, todos os
olhares se voltam para ele; ele assimila todo o princípio inteligente e bom;
reforma e regenera o princípio contrário, a despeito dos prejuízos, apesar da
má-fé e malgrado as necessidades; chega ao seu objetivo, faz a Humanidade
transpor um grau e conhecer o que não era conhecido.
Este fato já se repetiu
muitas vezes e ainda se repetirá muitas outras, antes que a Terra tenha
atingido o grau de perfeição que convém à sua natureza. Mas, tantas vezes
quantas forem necessárias, Deus fornecerá a semente e o trabalhador. Esse trabalhador
é cada homem em particular, como cada um dos gênios que a ilustram por uma
ciência muitas vezes sobre-humana. Em todos os tempos houve esses centros de
luz, esses pontos de ligação; o dever de todos é aproximar-se, ajudar e
proteger os apóstolos da verdade. É o que o Espiritismo vem dizer ainda.
Apressai-vos, pois, vós
todos que sois irmãos pela caridade. Apressai-vos e a felicidade prometida à
perfeição vos será concedida muito mais cedo.
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Um Espírito Protetor
– Revista Espírita – janeiro/1863
Que fazemos do Mestre?
“Que farei então de Jesus,
chamado o Cristo?” Pilatos (Mateus, 27:22)
Nos círculos do Cristianismo, a pergunta de Pilatos reveste-se de
singular importância.
Que fazem os homens do Mestre Divino, no campo das lições diárias?
Os ociosos tentam convertê-lo em oráculo que lhes satisfaça as
aspirações de menor esforço.
Os vaidosos procuram transformá-lo em galeria de exibição, através da
qual façam mostruário permanente de personalismo inferior.
Os insensatos chamam-no indebitamente à aprovação dos desvarios a que se
entregam, a distância do trabalho digno.
Grandes fileiras seguem-lhe os passos, qual a multidão que o
acompanhava, no monte, apenas interessada na multiplicação de pães para o
estômago.
Outros se acercam d’Ele, buscando atormentá-lo, à maneira dos fariseus arguciosos,
rogando “sinais do céu”.
Numerosas pessoas visitam-no, imitando o gesto de Jairo, suplicando bênçãos,
crendo e descrendo ao mesmo tempo.
Diversos aprendizes ouvem-lhe os ensinamentos, ao modo de Judas, examinando
o melhor caminho de estabelecerem a própria dominação.
Vários corações observam-no, com simpatia, mas, na primeira oportunidade,
indagam, como a esposa de Zebedeu, sobre a distribuição dos lugares celestes.
Outros muitos o acompanham, estrada a fora, iguais a inúmeros admiradores
da Galileia, que lhe estimavam os benefícios e as consolações, detestando-lhe
as verdades cristalinas.
Alguns imitam os beneficiários da Judeia, a levantarem mãos postas no instante
das vantagens e a fugirem, espavoridos, do sacrifício e do testemunho.
Grande maioria procede à moda de Pilatos que pergunta solenemente quanto
ao que fará de Jesus e acaba crucificando-o, com despreocupação do dever e da
responsabilidade.
Poucos imitam Simão Pedro que, após a iluminação no Pentecostes, segue-o
sem condições até à morte.
Raros copiam Paulo de Tarso que se ergue, na estrada do erro, colocando-se
a caminho da redenção, através de impedimentos e pedradas, até ao fim da
luta.
Não basta fazer do Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável
transformá-lo em padrão permanente da vida, por exemplo e modelo de cada dia.
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Livro
Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 100
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