“Nós, porém, não recebemos o espírito
do mundo, mas o espírito que provém de Deus.” Paulo (I Coríntios, 2:12)
Lendo a afirmativa de Paulo, reconhecemos que, em todos os tempos, o discípulo
sincero do Evangelho é defrontado pelo grande conflito entre as sugestões da
região inferior e as inspirações das esferas superiores da vida.
O “espírito do mundo” é o acervo de todas as nossas ações delituosas, em
séculos de experiências incessantes; o “espírito que provém de Deus” é o
constante apelo das Forças do Bem, que nos renovam a oportunidade de
progredir cada dia, a fim de descobrirmos a glória eterna a que a Infinita
Bondade nos destinou.
Deus é o Pai da Criação.
Tudo, fundamentalmente, pertence a Ele.
Todo campo de trabalho é do Senhor, todo serviço que se fizer será entregue
ao Senhor, mas nem todas as ações que se processam na atividade comum provêm
do Senhor.
Coexistem nas oficinas terrestres, quaisquer que sejam, a criação divina
e a colaboração humana. E cooperadores surgem que se valem da mordomia para exercer
a dominação cruel, que se aproveitam da inteligência para intensificar a ignorância
alheia ou que estimam a enxada prestimosa, não para cultivar o campo, mas
para utilizá-la no crime.
O cientista, no conforto do laboratório, e o marinheiro rude, sob a tempestade,
estão trabalhando para o Senhor; entretanto, para a felicidade de cada um, é
importante saber como estão trabalhando.
Lembremo-nos de que há serviço divino dentro de nós e fora de nós. A favor
de nossa própria redenção, é justo indagar se estamos cooperando com o espírito
inferior que nos dominava até ontem ou se já nos afeiçoamos ao espírito renovador
do Eterno Pai.
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sábado, 7 de dezembro de 2019
Como cooperas?
Saudades de Jesus
No tumulto que assola
em toda parte no planeta terrestre, desequilibrando o comportamento humano,
parece não haver espaço para a harmonia, tampouco segurança para a vivência
espiritual que dignifica e tranquiliza o Espírito.
As distrações
confraternizam com as tragédias e os sorrisos misturam-se às lágrimas, numa
paisagem de ilusão e dor, que empurram suas vítimas para o desencanto, a
saturação, empobrecimento moral, o vazio existencial.
Multiplicam-se,
assustadoramente, os agentes da hipnose do consumismo, em fuga espetacular da
realidade, transformando-se em mecanismos impotentes para preencher as
lacunas da alma sedenta de paz.
Ignorando-se como
adquirir a harmonia íntima, a avalanche dos prazeres apresenta-se como a
melhor maneira de desfrutar-se das horas que se vive, não conseguindo, porém,
proporcionar bem-estar, por causa da sua fugacidade.
O número incontável de
pessoas que não possui, porque desconhece, o sentido profundo da reencarnação,
encanta-se com essas fantasias que logo são substituídas por outras, ansiosas
e instáveis, que desaparecem na voragem dos conflitos em que sucumbem, sem
consciência do que lhes acontece.
Os espetáculos de gozo
imediato e fugidio apresentam-se, sempre, multiplicados, atraindo aficionados,
que se tornam vítimas do seu fascínio, logo transformado em solidão e
mentira.
Os deuses da economia
alertam e aprisionam os apaixonados pelo ter e pelo poder nos seus cofres e
máquinas de ações e de títulos, entusiasmando-os a ponto de se escravizarem
aos jogos das bolsas e negócios variáveis que propõem, segundo eles, a
felicidade.
Firmam o conceito de
que aqueles que são aquinhoados com a fortuna desfrutam da plenitude porque
podem adquirir tudo quanto emociona.
Paraísos de
indescritível beleza são lhes oferecidos para os períodos de férias ou as
permanentes férias com a ausência dos sentimentos elevados.
Olvidam que dinheiro
nenhum consegue apagar a culpa no imo, oferecer afeto real e de profundidade.
Somente quando a razão
abraça a emoção, em perfeita identidade de propósitos, é que o ser pode
experimentar plenitude que não tem as aparências das satisfações fisiológicas
e das apresentações exteriores em que o orgulho e a presunção destacam-se na
sociedade.
O homem e a mulher
necessitam de ideais engrandecedores para nutrir-se e crescer interiormente.
As aspirações meramente
materiais, as que promovem o exterior, assim que conseguidas perdem o sentido
e os abandonam sem consideração.
É nesse sentido que o
Evangelho faz falta à sociedade moderna.
Quanta saudade de
Jesus!
A Sua mensagem de
ternura e amor, repassada de misericórdia, possui o condão mágico de alterar
o significado de todas as existências.
A ingenuidade inserta
na sabedoria dos Seus ensinamentos é um poema de atualidade em todos os
tempos, que comove, propicia equilíbrio e restaura a compreensão em torno dos
deveres que a todos cabe desempenhar.
Porque elegeu os
infelizes, ergueu-os do caos em que se encontravam ao planalto da dignidade
libertadora, fez-se o mais desafiador exemplo de bondade que o mundo
conheceu, e tornou-se modelo para incontáveis discípulos fascinados pelo Seu
exemplo, que tentaram repetir a incomparável façanha da compaixão e da
caridade.
Revolucionou as
convicções, nas quais predominavam o ódio e a vingança, e estabeleceu que o
amor e o perdão constituem os elementos, únicos, aliás, para a completude
individual e coletiva.
Utilizou-se de palavras
simples para explicar os dramas complexos, assim como de imagens do cotidiano
para elucidar os enigmas dos comportamentos em desvalor, que predominavam, e
ninguém jamais falou conforme Ele o fez, emoldurando as palavras com as ações
candentes da compreensão do sofrimento humano.
Ninguém valorizou a
pobreza e os testemunhos de dor como instrumentos de elevação moral, como Ele
o fez.
Nestes dias de
complexas angústias, não são diferentes as aflições que necessitam da
presença e do socorro de Jesus.
Pode-se afirmar que são
mais afligentes, em razão das circunstâncias culturais e comportamentos
alienantes, dos desafios e dos impositivos enfrentados, dos interesses em
jogo, sob o domínio do ego.
Todos esses fatores,
porém, têm as suas raízes no cerne do Espírito, resultado do seu atraso moral
dos atos reprocháveis, do descaso pelos valores dignificantes que devem
servir de roteiro seguro para a evolução.
Ante a ausência dos
afetos que lenificam as aflições morais, dos desastres resultantes dos vícios
e prisões emocionais, a figura inolvidável do Rabi faz muita falta aos
deambulantes carnais.
Incontáveis mulheres
equivocadas e criaturas endemoniadas encontram-se necessitadas do Seu amparo,
cuja grandeza enfrentou a hipocrisia vigente em imorredouros testemunhos de
afetividade.
Ricos, como Zaqueu, e
miseráveis como todos aqueles que Lhe buscaram o auxílio enxameiam e
movimentam-se sem norte ante a indiferença dos poderosos, não menos
atormentados.
Quanta saudade de
Jesus!
Refugia-te no Amigo que
não teve amigos e deixa que Ele te conduza.
Nada te perturbe ou
confunda a tua mente, face à corrosão do materialismo dominador.
Medita na Sua vida de
dedicação a todos os infelizes, que somos quase todos nós, e propaga-a
porquanto, jamais, como na atualidade, Jesus necessitou tanto ser conhecido,
para que a existência humana passe a ter sentido na sua imortalidade.
Joanna de Ângelis / Divaldo
Franco - 25.5.2015
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Fonte: www.divaldofranco.com.br
sábado, 30 de novembro de 2019
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
Jesus e você
Nosso Mestre não se serviu de condições excepcionais no mundo
para exaltar a Luz da Verdade e a Bênção do Amor.
Em razão disso, não aguarde renovação exterior na vida diária,
para ajudar.
Comece imediatamente a própria sublimação.
Jesus não tinha uma pedra onde recostar a cabeça.
Se você dispõe de mínimo recurso, já possui mais que Ele.
Jesus, em seu tempo, não desfrutou qualquer expressão social.
Se você detém algum estudo ou título, está em situação
privilegiada.
Jesus esperou até aos trinta nos para servir mais
decisivamente.
Se você é jovem e pode ser útil, usufrui magnífica
oportunidade.
Jesus partiu aos trinta e três anos.
Se você vive na idade amadurecida e dispõe do ensejo de
auxiliar, agradeça ao Alto, dando mais de si mesmo.
Jesus não contou com os familiares nas tarefas a que se
propôs.
Se você convive em paz no recinto doméstico, obtendo alguma
cooperação em favor dos outros, bendiga sempre essa dádiva inestimável.
Jesus não encontrou ninguém que o amparasse na hora difícil.
Se você recebe o apoio de alguém nos momentos críticos, saiba
ser grato.
Jesus nada pôde escrever.
Se você consegue grafar pensamentos na expansão do bem,
colabore sem tardança para a felicidade de todos.
Vemos, assim, que a vida real nasce e evolui no Espírito
eterno e não depende de aparências para projetar-se no rumo da perfeição.
Jesus segue à frente de nós. Se você deseja acertar, basta
apenas segui-lo.
Sigamo-lo pois.
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André Luiz / Chico Xavier – Livro: O Espírito da
Verdade
Paz do mundo e paz do Cristo
“A
paz vos deixo, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.” Jesus
(João, 14:27.)
É indispensável não confundir a paz do
mundo com a paz do Cristo.
A calma do plano inferior pode não
passar de estacionamento.
A serenidade das esferas mais altas
significa trabalho divino, a caminho da Luz Imortal.
O mundo consegue proporcionar muitos
acordos e arranjos nesse terreno, mas somente o Senhor pode outorgar ao
espírito a paz verdadeira.
Nos círculos da carne, a paz das
nações costuma representar o silêncio provisório das baionetas; a dos
abastados inconscientes é a preguiça improdutiva e incapaz; a dos que se
revoltam, no quadro de lutas necessárias, é a manifestação do desespero
doentio; a dos ociosos sistemáticos é a fuga ao trabalho; a dos arbitrários é
a satisfação dos próprios caprichos; a dos vaidosos é o aplauso da
ignorância; a dos vingativos é a destruição dos adversários; a dos maus é a
vitória da crueldade; a dos negociantes sagazes é a exploração inferior; a
dos que se agarram às sensações de baixo teor é a viciação dos sentidos; a
dos comilões é o repasto opulento do estômago, embora haja fome espiritual no
coração.
Há muitos ímpios, caluniadores,
criminosos e indiferentes que desfrutam a paz do mundo. Sentem-se
triunfantes, venturosos e dominadores no século. A ignorância endinheirada, a
vaidade bem vestida e a preguiça inteligente sempre dirão que seguem muito
bem.
Não te esqueças, contudo, de que a paz
do mundo pode ser, muitas vezes, o sono enfermiço da alma. Busca, desse modo,
aquela paz do Senhor, paz que excede o entendimento, por nascida e cultivada,
portas a dentro do espírito, no campo da consciência e no santuário do
coração.
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Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier –
Lição 105
Os mártires do Espiritismo
A respeito da questão dos milagres do Espiritismo, que nos
tinha sido proposta e que foi tratada em nosso último número, também nos
propuseram esta pergunta: “Os mártires selaram com o próprio sangue a verdade
do Cristianismo. Onde estão os mártires do Espiritismo?”
Tendes, pois, muita pressa em ver os espíritas na fogueira e
atirados às feras, o que leva a supor que boa vontade não vos faltaria se
isto ainda pudesse acontecer. Quereis, a todo custo, promover o Espiritismo à
categoria de uma religião! Notai que ele jamais teve essa pretensão; nunca se
colocou como rival do Cristianismo, do qual declara ser filho; que combate
seus mais cruéis inimigos: o ateísmo e o materialismo. Ainda uma vez, é uma
filosofia que repousa sobre as bases fundamentais de toda religião e na moral
do Cristo; se renegasse o Cristianismo, ele se desmentiria e se suicidaria.
São seus inimigos que o apresentam como uma nova seita, que lhe deram
sacerdotes e sumo-sacerdotes.
De tanto gritarem que é uma religião, as pessoas acabarão por
crer.
É preciso ser uma religião para possuir seus mártires? A
Ciência, as artes, o gênio, o trabalho e as ideias novas não tiveram, em
todas as épocas, os seus mártires?
Não ajudam a fazer mártires os que apontam os espíritas como
reprovados, como párias de quem se deve fugir ao contato? Os que sublevam
contra eles a populaça ignorante a ponto de lhes tirar os meios de
subsistência, esperando vencê-los pela fome, em falta de boas razões? Bela
vitória se o conseguissem! Mas a semente está lançada e germina em toda
parte; se for abafada num ponto, crescerá em cem outros. Tentai, pois, ceifar
a terra inteira!
Deixemos, porém, que falem os Espíritos encarregados de
responder à questão.
I
Pedistes milagres e hoje pedis mártires! Já existem os mártires
do Espiritismo: entrai nas casas e os vereis. Exigis perseguidos: abri, pois,
o coração desses fervorosos adeptos da ideia nova, que lutam contra os
preconceitos, com o mundo, muitas vezes até com a família! Como seus corações
sangram e se enchem quando seus braços se estendem para abraçar um pai, uma
mãe, um irmão ou uma esposa e não recebem, como paga de suas carícias e de
seus transportes, senão sarcasmos, sorrisos de desdém e desprezo! Os mártires
do Espiritismo são os que, a cada passo, ouvem estas palavras insultuosas:
louco, insensato, visionário!... E durante muito tempo terão de suportar
essas afrontas da incredulidade e outros sofrimentos ainda mais amargos; mas
a sua recompensa será bela, porque se o Cristo mandou preparar um lugar
soberbo para os mártires do Cristianismo, o que prepara aos mártires do
Espiritismo será ainda mais brilhante. Mártires do Cristianismo na infância,
marchavam para o suplício com coragem e resignação, porque não contavam
sofrer senão dias, horas e segundos do martírio, aspirando depois a morte
como única barreira a transpor para viver a vida celeste. Os mártires do Espiritismo
não devem buscar nem desejar a morte; devem sofrer tanto tempo quanto praza a
Deus deixá-los na Terra, e não ousam julgar-se dignos dos puros gozos
celestes logo que deixam a vida.
Oram e esperam, murmurando palavras de paz, de amor e de perdão
aos que os torturam, enquanto aguardam novas encarnações nas quais poderão
resgatar suas faltas passadas.
O Espiritismo se elevará como um templo soberbo. No começo os
degraus serão difíceis de subir; mas, transpostos os primeiros degraus, os
Espíritos bons ajudarão a vencer os outros até um lugar plano e reto que
conduz a Deus.
Ide, ide, filhos, pregar o Espiritismo! Pedem mártires: vós
sois os primeiros que o Senhor marcou, pois sois apontados a dedo e tratados
como loucos e insensatos, por causa da verdade!
Mas, eu vo-lo digo, em breve vai chegar a hora da luz; então,
não mais haverá perseguidores nem perseguidos: sereis todos irmãos e o mesmo
banquete reunirá opressores e oprimidos!
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Santo Agostinho – Revista Espírita – abril / 1862
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