Um dos princípios da Doutrina Espírita é a reencarnação, entendida
pelos orientadores espirituais como necessária à evolução humana, pois “uma só
existência corpórea é claramente insuficiente para que o Espírito possa
adquirir todo o bem que lhe falta e de desfazer de todo o mal que traz em si.”
Para nos auxiliar no processo ascensional, Deus nos concede o livre
arbítrio, uma vez que, se o homem “(…)
tem liberdade de pensar, tem também a de agir. (…).” Podemos, então, afirmar
que o ser humano é o árbitro do seu destino e que cada escolha,
independentemente das suas motivações ou justificativas, acionam a lei de causa
e efeito em qualquer plano de vida que se situe: o físico ou o espiritual.
O uso do livre arbítrio são
ações que provocam reações, no tempo e no espaço. As boas escolhas produzem
progresso evolutivo, enquanto as escolhas infelizes geram provações ou
expiações que se configuram como mecanismos evolutivos, moduladores da lei de
causa e efeito, claramente consubstanciada no planejamento reencarnatório de
cada indivíduo. Daí Emmanuel afirmar: “A lei das provas é uma das maiores
instituições universais para a distribuição dos benefícios divinos.”
Para melhor compreensão do assunto, Emmanuel especifica também a
diferença que há entre prova (ou
provação) e expiação: “A provação é a luta que ensina ao
discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação
espiritual. A expiação é pena imposta ao malfeitor que comete um crime.”
Percebe-se, portanto, que a prova assemelha-se a uma corrida de
obstáculos que tem o poder de impulsionar o progresso humano. As provas sempre
existirão, mesmo para Espíritos superiores, por se tratarem de desafios evolutivos.
A expiação, contudo, representa uma contenção temporária da liberdade
individual, necessária à reeducação do Espírito que, melhor utilizando o livre
arbítrio, reajusta-se às determinações das leis divinas.
As provações podem ser difíceis, não resta dúvida, mas, por seu
intermédio, o Espírito é colocado em situações que o afasta do estado de
inércia em que ora permanece ou se compraz, proporcionando-lhe, ao mesmo tempo,
oportunidades para que ele possa trabalhar a melhoria das suas atuais condições
de vida.
Nas expiações, o Espírito vê-se colocado prisioneiro das más ações
cometidas, pelo uso indevido do livre arbítrio.
Para que não se prejudique mais, renasce sob processos de contenção que,
obviamente, produzem sofrimentos, sobretudo se o ser espiritual ainda não
consegue apreender o valor da dor como instrumento de educação e cura
espirituais.
Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec lança outras luzes a respeito do
tema, quando explica que o arrependimento das faltas cometidas é o elemento
chave para liberar o Espírito das provações dolorosas e das expiações. O
Codificador, assim se expressa:
Arrependimento, expiação e reparação são as três condições
necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O
arrependimento suaviza as dores da expiação, abrindo pela esperança o caminho
da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a
causa. (Grifos no original)
Nesses termos, a libertação
do Espírito, ou reparação, indica ser a etapa final da expiação porque, perante
os códigos divinos, não nos é suficiente expiar uma falta, é preciso anulá-la,
definitivamente, da vida do Espírito imortal, pela prática do bem:
A reparação consiste em
fazer o bem a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros nesta vida
por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa existência posterior em contato com
as mesmas pessoas a quem prejudicou, e em condições voluntariamente escolhidas,
de modo a demonstrar-lhes o seu devotamento,
e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito.
Marta Antunes Moura
Fonte: www.febnet.org.br
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