Há pessoas,
cujo corpo permanece em decúbito dorsal, agasalhadas, contra o frio da
dificuldade, por excelentes cobertores da facilidade econômica, mas torturadas
mentalmente por indefiníveis aflições.
Viver
calmamente, pois, não é dormir na estagnação.
A paz decorre
da quitação de nossa consciência para com a vida, e o trabalho reside na base
de semelhante equilíbrio.
Se desejamos
saúde, é necessário lutar pela harmonia do corpo.
Se esperamos
colheita farta, é indispensável plantar com esforço e defender a lavoura com
perseverança e carinho.
Para garantir
a fortaleza do nosso coração, contra o assédio do mal, é imprescindível
saibamos viver dentro da serenidade do trabalho, fiel aos compromissos
assumidos com a ordem e com o bem.
O progresso
dos ímpios e o descanso dos delinquentes são paradas de introdução à porta do
inferno criado por eles mesmos.
Não queiras,
assim, estar sossegado, sem esforço, sem luta, sem trabalho, sem problemas…
Todavia,
consoante a advertência do apóstolo, vivamos calmamente, cumprindo com valor,
boa vontade e espírito de sacrifício, as obrigações edificantes que o mundo nos
impõe cada dia, em favor de nós mesmos.
Às seis horas
da manhã do dia 24 de dezembro de 1900, na pequena Vila de Santa Tereza de
Valença (hoje Rio das Flores), Estado do Rio de Janeiro, renascia em lar
espírita Yvonne do Amaral Pereira, primogênita do casal Manoel José Pereira
Filho e Elisabeth do Amaral Pereira. Yvonne teve cinco irmãos, além de outro
mais velho, filho do primeiro casamento de sua mãe.
Seu pai,
pequeno comerciante, homem generoso de coração e desprendido dos bens
materiais, faliu por três vezes por favorecer a clientela em prejuízo próprio.
Tornou-se, pouco depois, funcionário público, de cujos modestos proventos viveu
até sua desencarnação, em 1935.
Yvonne viveu
em lar pobre e modesto. Aprendeu com os pais a servir os mais necessitados,
pois em sua casa eram acolhidos com carinho pobres criaturas sem recursos,
inclusive mendigos.
Contam seus
biógrafos que, com 29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio
uma sufocação que a deixou como morta, em estado de catalepsia. Permaneceu
nesse estado durante seis horas. O médico e o farmacêutico atestaram morte por
sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda
e vestido branco e azul, e o caixão encomendado. A mãe, que não acreditava que
a filha estivesse morta, retirou-se para um aposento, onde orou fervorosamente
a Maria de Nazaré, pedindo que a situação fosse definida. Instantes depois, a
criança acordou aos prantos.
A infância de
Yvonne foi povoada por fenômenos espíritas, muitos deles narrados no
livro 'Recordações da Mediunidade'. Aos quatro anos, ela já se
comunicava com os Espíritos, que considerava pessoas normais, encarnadas. Duas
entidades lhe eram particularmente caras. O espírito Charles, que fora seu pai
carnal e a quem considerava como tal - devido a lembranças vivas de uma
encarnação passada -, foi seu orientador durante toda a sua vida, inclusive nas
atividades mediúnicas. E o espírito Roberto de Canalejas, que fora médico
espanhol em meados do século XIX, outra entidade pela qual a médium nutria
profundo afeto e com quem tinha ligações espirituais de longa data.
Mais tarde, na
vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades
evoluídas, como o Dr. Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco e Frédéric
Chopin. (...)
(...) A sua
mediunidade, porém, foi diversificada. Foi médium psicógrafa e receitista,
assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Charles,
Roberto de Canalejas e Bittencourt Sampaio. Possuía mediunidade de efeitos
físicos, chegando a realizar algumas sessões de materialização, mas nunca
sentiu atração por esta modalidade mediúnica. Os trabalhos que mais gostava de
fazer, no campo da mediunidade, eram os de desdobramento, incorporação e
receituário homeopático. Nessa última atividade trabalhou em diversos centros
espíritas de várias cidades em que morou durante seus 54 anos de labor
mediúnico.
Como médium
psicofônica, pode entrar em contato com obsessores, obsidiados e suicidas, aos
quais devotava um carinho especial, sendo que muitos deles tornaram-se
espíritos amigos. Costumava ler nos periódicos e jornais nomes de suicidas e
orava por eles constantemente, catalogando-os num livro de preces criado por
ela. Era o que fazia como forma de reparação ao seu suicídio pretérito por
afogamento. Passado algum tempo, muitos deles vinham agradecer-lhe as orações e
davam-lhe fortes abraços passeando com ela de braços dados pelo casarão em que
morava, sem que ela, confusa, soubesse distinguir se o visitante era encarnado
ou desencarnado.
Pelo
desdobramento noturno Yvonne Pereira visitava o mundo espiritual, amparada por
seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances com os quais hoje
nos deleitamos.
Deixou 20
obras de sua lavra mediúnica, entre as quais Memórias de um Suicida,
considerada por Chico Xavier a que melhor retrata a profundeza do Umbral. Este
livro, ditado pelo espírito Camilo Castelo Branco, que usou o pseudônimo Camilo
Cândido Botelho, foi recebido em 1926, mas editado somente 30 anos depois, em
1956, pela Federação Espírita Brasileira (FEB). (...)
(...) Foi
esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão,
através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no
Brasil quanto no exterior.
Yvonne Pereira
serviu como médium de 1926 a 1980, quando um acidente vascular cerebral
impossibilitou-a para a atividade mediúnica. Sempre humilde, terna e vivaz,
morava num casarão em Piedade, subúrbio do Rio de Janeiro, em companhia de sua
irmã casada, Amália Pereira Lourenço, também espírita.
Na noite de 9
de março de 1984, vitimada por trombose, desencarnou durante uma cirurgia a que
se submetera no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro. Seu corpo foi sepultado
no Cemitério de Inhaúma. Tinha 83 anos e mantivera-se solteira, cumprindo
dignamente o mandato mediúnico exercido com amor e total devotamento ao
semelhante.
Trechos
extraídos do site da União Espírita Mineira – Leia na íntegra
Ensina-nos a
perdoar, conforme nos perdoaste e nos perdoas, a cada passo da vida.
Auxilia-nos a compreender
que o perdão é o poder capaz de extinguir o mal.
Induze-nos a
reconhecer nos irmãos que a treva infelicita filhos de Deus, tanto quanto nós,
e que nos cabe a obrigação de interpretá-los na condição de doentes,
necessitados de assistência e de amor.
Senhor Jesus,
sempre que nos sintamos vítimas das atitudes de alguém, faze-nos entender que
também somos suscetíveis de erros e que, por isso mesmo, as faltas alheias
poderiam ser nossas.
Senhor,
sabemos o que seja o perdão das ofensas, mas compadece-te de nós e ensina-nos a
praticá-lo.
Emmanuel /
Chico Xavier – Livro: Tesouro de alegria
“Se perdoardes
aos homens as suas ofensas, também vosso Pai Celestial vos perdoará.” — Jesus. (Mateus,
6:14)
Por mais
graves te pareçam as faltas do próximo, não te detenhas na reprovação.
Condenar é
cristalizar as trevas, opondo barreiras ao serviço da luz.
Procura nas
vítimas da maldade algum bem com que possas soerguê-las, assim como a vida
opera o milagre do reverdecimento nas árvores aparentemente mortas.
Antes de tudo,
lembra quão difícil é julgar as decisões de criaturas em experiências que
divergem da nossa!
Como refletir,
apropriando-nos da consciência alheia, e como sentir a realidade, usando um
coração que não nos pertence?
Se o mundo,
hoje, grita alarmado, em derredor de teus passos, faze silêncio e espera…
A observação
justa é impraticável quando a neblina nos cerca.
Amanhã, quando
o equilíbrio for restaurado, conseguirás suficiente clareza para que a sombra
te não altere o entendimento.
Além disso,
nos problemas de crítica, não te suponhas isento dela.
Através da
nociva complacência para contigo mesmo, não percebes quantas vezes te mostras
menos simpático aos semelhantes?
Se há quem nos
ame as qualidades louváveis, há quem nos destaque as cicatrizes e os defeitos.
Se há quem
ajude, exaltando-nos o porvir luminoso, há quem nos perturbe, constrangendo-nos
à revisão do passado escuro.
Usa, pois, a
bondade, e desculpa incessantemente.
Ensina-nos a
Boa Nova que o Amor cobre a multidão dos pecados.
Quem perdoa, esquecendo
o mal e avivando o bem, recebe do Pai Celestial, na simpatia e na cooperação do
próximo, o alvará da libertação de si mesmo, habilitando-se a sublimes
renovações.
Francisco
Valdomiro Lorenz, admirável linguista e poliglota, espírita e esperantista,
após o seu desencarne, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, trouxe-nos
importantes informações sobre o ascendente espiritual do Esperanto, em
mensagens contidas no livro Esperanto como Revelação – Esperanto kiel
Revelacio, editado pela IDE.
Em suas
mensagens Lorenz revela os preparativos e o trabalho de uma equipe de elevados
Espíritos, ligados aos cinco continentes e coordenados por um Espírito que ele
denomina um gênio da fraternidade humana, indicado por Jesus.
Concluído o
projeto, na espiritualidade, esse elevado Espírito reencarna na cidade de
Bialistoque, província de Grodno, na Polônia, em 15 de dezembro de 1859 e
recebe o nome de Lázaro Luís Zamenhof.
Pela própria
intuição e, naturalmente, com o auxílio dos amigos espirituais, ele reconstitui
o idioma da fraternidade e, como idioma internacional, publica-o em 26 de julho
de 1887, com o pseudônimo de Dr. Esperanto.
O trabalho
mais visível da Espiritualidade não para por aí.
No Brasil, o
Esperanto recebe grande apoio da Federação Espírita Brasileira, e um dos seus
diretores, Ismael Gomes Braga, torna-se vigoroso pilar na consolidação e
divulgação do Esperanto em terras brasileiras. Como gramático, escritor,
tradutor, produz obras reconhecidas pelos esperantistas de todos os
continentes.
Em periódicos
contatos com o admirável e inesquecível médium Francisco Cândido Xavier, ele
tem oportunidade de receber mensagens de diferentes Espíritos esperantistas,
animando-o a prosseguir na implantação desse projeto de Jesus para a fraterna
comunicação entre as pessoas e as nações. Transcrevemos algumas.
Emmanuel: “...
Em tuas lutas, meu irmão, não te sinta abandonado. Devotados samideanos
(co-idealistas) do Além colaboram contigo em teus esforços.
A missão do
Esperanto é grandiosa e profunda junto à coletividade humana.” (Revista
Reformador de 1939.)
A seguir, em
19-01-1940, novamente Emmanuel vem animar e informar Ismael: “... o Esperanto é
uma força que atua para união e harmonia, com o facilitar que se estabeleça a
permuta de valores do pensamento, em forma universalista.
... o
Esperanto é lição de fraternidade. Aprendamo-la..., com muita propriedade digo,
“aprendamo-la”, porque somos companheiros vossos que, havendo conquistado a
expressão universal do pensamento, vos desejamos o mesmo bem espiritual, de
modo a organizarmos na Terra os melhores movimentos de unificação”. (Reformador
de fevereiro de 1940.)
Novamente,
pela mediunidade ímpar de F. C. Xavier, o Espírito João Ernesto traz o
estímulo: “... Nós, os companheiros esperantistas e espíritas, prosseguimos na
mesma luta abençoada, incentivando a fraternidade humana e a redenção da
humanidade.
Quanto estiver
em tuas mãos e possibilidades, distribui o entusiasmo, a esperança e a alegria
no grande campo do Esperanto e do Espiritismo no Brasil”. (Reformador de julho
de 1946.)
O dedicado
espírita e esperantista José Machado Tosta, pela psicografia de F. C. Xavier,
assinala: “... Muitas vezes, embora não me surpreendas a colaboração indireta,
demoro-me contigo, trabalhando na Causa que nos identifica.
...
Espiritismo e Esperanto, nossos dois grandes movimentos, são forças vivas e
atuantes da elevação e da confraternização. Continuemos a prestar-lhes nosso
concurso fiel”. (Reformador de janeiro de 1947.)
Sentimos,
assim, o irretorquível aval que a Espiritualidade Superior dá para a divulgação
do Esperanto e do Espiritismo.
Louvado sejas, Senhor,
Na glória do Lar Celeste,
Pelos bens que nos trouxeste,
No Evangelho redentor.
Na tarefa renovada
Que o teu olhar nos consente,
De espírito reverente,
Clamamos por teu amor.
Pobres cegos que fugimos
Da luz a que nos elevas,
Nossa oração rompe as trevas,
Escuta-nos, Mestre, e vem…
Retifica-nos o passo
Para a estrada corrigida,
Sustentando-nos a vida,
Na força do Eterno Bem.
Dá-nos, Jesus, tua bênção,
Que nos consola e levanta…
Que a tua doutrina santa
Vibre pura e viva em nós!
Faze, Senhor, que nós todos,
Na caminhada incessante,
Cada dia, cada instante,
Possamos ouvir-te a voz.
Ampara-nos a esperança,
Socorre-nos a pobreza,
Liberta nossa alma presa
Do erro e da imperfeição!…
Mestre excelso da verdade,
Hoje e sempre, em toda parte,
Ensina-nos a guardar-te,
No templo do coração.
“Aquele que
diz permanecer nele, deve também andar como ele andou.” — João. (1 João, 2:6)
Embora devas
caminhar sem medo, não te cases à imprudência, a pretexto de cultivar
desassombro.
Se nos
devotamos ao Evangelho, procuremos agir segundo os padrões do Divino Mestre,
que nunca apresentam lugar à temeridade.
Jesus salienta
o imperativo da edificação do Reino de Deus, mas não sacrifica os interesses
dos outros em obras precipitadas.
Aconselha a
sinceridade do “sim, sim, — não, não”; entretanto, não se confia à rudeza
contundente.
Destaca as
ruínas morais do farisaísmo dogmático, todavia, rende culto à Lei de Moisés.
Reergue Lázaro
do sepulcro, contudo, não alimenta a pretensão de furtá-lo, em definitivo, à
morte do corpo.
Consciente do
poder de que se acha investido, não menospreza a autoridade política que deve
reger as necessidades do povo e ensina que se deve dar “a César o que é de
César e a Deus o que é de Deus”.
Preso e
sentenciado ao suplício, não se perde em bravatas labiais, não obstante
reconhecer o devotamento com que é seguido pelas entidades angélicas.
Atendamos ao
Modelo Divino que não devemos esquecer, desempenhando a nossa tarefa, com
lealdade e coragem, mas evitemos o arrojo desnecessário, que vale por
leviandade perigosa.
Um coração
medroso congela o trabalho.
Um coração
temerário incendeia qualquer serviço, arrasando-o.
Busquemos,
pois, o equilíbrio com Jesus e fugiremos, naturalmente, ao extremismo, que é
sempre o escuro sinal da desarmonia ou da violência, da perturbação ou da
morte.