Mostrando postagens com marcador Palavras de Vida Eterna. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Palavras de Vida Eterna. Mostrar todas as postagens

sábado, 13 de setembro de 2025

No sustento da paz

 

“Vivei em paz uns com os outros.” — Paulo (I Tessalonicenses, 5:13)

 

Costumamos referir-nos à guerra, qual se ela fosse um fenômeno de teratologia* política, exclusivamente atribuível aos desmandos de ditadores cruéis, quando todos somos intimados pela vida ao sustento da paz.

Todos agimos uns sobre os outros e, ainda que a nossa influência pessoal se nos figure insignificante, ela não é menos viva na preservação da harmonia geral.

A floresta é um espetáculo imponente da natureza, mas não se agigantou sem o concurso de sementes pequeninas.

Nossa deficiência de análise, quanto à contribuição individual no equilíbrio comum, nasce, via de regra, da aflição doentia com que aguardamos ansiosamente os resultados de nossas ações, sequiosos de destaque pessoal no imediatismo da Terra; isso faz com que procedamos, à maneira de alguém que se decidisse a levantar uma casa com total menosprezo pelas pedras, tijolos, parafusos e vigas, aparentemente sem importância, quando isoladamente considerados, mas indispensáveis à construção.

Habituamo-nos, frequentemente, a maldizer o irmão que se fez delinquente, com absoluta descaridade para com a debilitação de caráter a que chegou, depois de longo processo obsessivo que lhe corroeu a resistência moral, quase sempre após fugirmos da providência fraterna ou da simples conversação esclarecedora, capazes de induzi-lo à vitória sobre as tentações que o levaram à falta consumada.

Lideramos reclamações contra o estridor de buzinas na via pública e não nos pejamos das maneiras violentas com que abalamos os nervos de quem nos ouve.

Todos somos chamados à edificação da paz que, aliás, prescinde de qualquer impulso vinculado às atividades de guerra e que, paradoxalmente, depende de nossa luta por melhorar-nos e educar-nos, de vez que paz não é inércia e sim esforço, devotamento, trabalho e vigilância incessantes a serviço do bem. Nenhum de nós está dispensado de auxiliar-lhe a defesa e a sustentação, porquanto, muitas vezes, a tranquilidade coletiva jaz suspensa de um minuto de tolerância, de um gesto, de uma frase, de um olhar…

Não te digas, pois, inabilitado a contribuir na paz do mundo. Se não admites o poder e o valor dos recursos chamados menores no engrandecimento da vida, faze um palácio diante de vigorosa central elétrica e procura dotá-lo de luz e força sem a tomada.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 45

 

* teratologia: figurado - o conjunto dos monstros; a monstruosidade.

 


quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Ação

 

“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão.” — Paulo (I Coríntios, 15:58)

 

Nas lutas do dia a dia, todos somos impelidos a várias operações para avançar no caminho…

Sentimos.

Desejamos.

Pensamos.

Falamos.

Estudamos.

Aprendemos.

Conhecemos.

Ensinamos.

Analisamos.

Trabalhamos.

Entretanto, é preciso sentir a necessidade do bem de todos para que saibamos desejar com acerto; desejar com acerto para pensar honestamente; pensar honestamente para falar aproveitando; falar aproveitando para estudar com clareza; estudar com clareza para aprender com entendimento; aprender com entendimento para conhecer discernindo; conhecer discernindo para ensinar com bondade;  ensinar com bondade para analisar com justiça e analisar com justiça para trabalhar em louvor do bem, porque, em verdade, todos somos diariamente constrangidos à ação e pelo que fazemos é que cada um de nós decide quanto ao próprio destino, criando para si mesmo a inquietante descida à treva ou a sublime ascensão à luz.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 44



sábado, 30 de agosto de 2025

Na mediunidade

 

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.” — Paulo (II Coríntios, 4:7)

 

Utilizando as faculdades mediúnicas de que foste dotado, não olvides que funcionas à guisa de refletor, cujo material de estrutura nada tem de comum com a luz que retrata.

O espelho, seja de metal ou de vidro, detém os raios solares, sem comungar-lhes a natureza, e o fio simples transmite o remoinho eletrônico, sem partilhar-lhe o poder.

Entretanto, se o espelho jaz limpo consegue reter a bênção da claridade e se o fio obedece à inteligência que o norteia converte-se em portador da energia.

Assim também a mediunidade, pela qual, sem maior obstáculo, te eriges em mensagem de instrução e refazimento, esperança e consolo. Através dela, recolhes o influxo da Esfera Superior sem compartilhar-lhe a grandeza, mas se guardas contigo humildade e correção, converter-te-ás no instrumento ao socorro moral de muitos.

Todavia, assim como, às vezes, o espelho se turva e o fio se rompe, exigindo reajustamentos, também a força mediúnica em tua alma é suscetível de rupturas diversas, reclamando trabalho restaurativo.

Não te afaças*, assim, ao desânimo ou à negação se essa ou aquela dificuldade aparece na obra do intercâmbio.

O erro, no clima da sinceridade, é sempre lição.

Afervora-te no trabalho do bem e recolhe-te à humildade do aprendiz atencioso e vigilante, gastando severidade contigo e benevolência para com os outros, porque qualquer dom da Luz Divina na obscuridade do ser humano, qual se expressa na conceituação apostólica, é um “tesouro em vaso de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.”

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 43

 

* Afaças - terceira pessoa singular do imperativo de afazer.

Afazer – 1. Adquirir um hábito ou costume.

Dicionário Priberam da Língua Portuguesa


sábado, 23 de agosto de 2025

No serviço mediúnico

 

“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.” — Paulo (I Coríntios, 12:4)

 

Examinando os dons espirituais ou, mais propriamente, as faculdades mediúnicas, entre os aprendizes do Evangelho, o apóstolo Paulo afirma categórico no capítulo doze de sua primeira epístola aos coríntios:

— “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo, há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo e há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A manifestação do Espírito, porém, é concedida a cada um para o que for útil, pois que a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria, e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da Ciência; a outro, pelo mesmo Espírito, a fé, e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; a outro, a operação de fenômenos e a outro a profecia; a outro, o dom de discernir os Espíritos e a outro a variedade de línguas, e, ainda a outro, a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como lhe apraz.”

Parece incrível que explicações tão claras ao redor da mediunidade tenham vindo à luz há dezenove séculos, traçando diretrizes e especificando deveres, pela mão firme daquele que se constitui em amigo fiel da gentilidade.

Qual disse outrora Paulo, relembremos hoje que a mediunidade é cedida a cada um para o que for útil.

É por isso que, nos quadros da ação espírita, temos instrumentos mediúnicos para o esclarecimento, para a informação, para o reconforto, para a convicção, para o fenômeno, para o socorro aos enfermos, para as manifestações idiomáticas, para a interpretação e para o discernimento, tanto quanto para numerosas outras peculiaridades de serviço; entretanto, nós todos, tarefeiros encarnados e desencarnados que procuramos a nossa regeneração no Evangelho, devemos saber que o Bem de Todos é a luz do Espírito Glorioso de Jesus Cristo que precisamos refletir, nesse ou naquele setor do trabalho.

Abstenhamo-nos, assim do contato com as forças que operam a perturbação e a desordem, visíveis ou invisíveis, na certeza de que daremos conta dos dotes mediúnicos com que fomos temporariamente felicitados, porque o Espírito do Senhor, por seus Mensageiros, nos aquinhoa com esse ou aquele empréstimo de energias medianímicas, a título precário, para a nossa própria edificação e segundo as nossas necessidades.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 42



domingo, 17 de agosto de 2025

Se andarmos na luz

 

“Se andarmos na luz como Ele está, temos comunhão uns com os outros…” — João (I João, 1:7)

 

 

Tanta vez, dissensões e incompreensões nos separam… Resoluções da vida particular, incompatibilidades, interpretações discordantes, ressentimentos.

E, com isso, consideráveis perdas de tempo e trabalho nos arruínam as tarefas e perturbam a vida.

Retiramo-nos do campo de serviço, prejulgamos erroneamente pessoas e fatos, complicamos os problemas que nos dizem respeito e desertamos da obra a realizar…

Contudo, não nos sobrevirão semelhantes desastres, se andarmos na luz, porque, na claridade irradiante do Mestre, compreenderemos que todos partilhamos as mesmas esperanças e as mesmas necessidades.

Se nos movimentarmos ao Sol do Evangelho, saberemos identificar o infortúnio, onde cremos encontrar simplesmente rebeldia e desespero, e a chaga da ignorância, onde supomos existir apenas maldade e crime… Perceberemos que o erro de muitos se deve à circunstância de não haverem colhido as oportunidades que nos felicitam a existência, e reconheceremos que, situados nas provas que motivaram a dor de nossos irmãos caídos em delinquência, talvez não tivéssemos escapado à dominação da sombra.

É que a luz do Senhor nos fará sentir o entendimento real…

Não bastará, no entanto, que ela fulgure tão somente em nossa razão e pontos de vista. É necessário andarmos nela, assimilando-lhe os sagrados princípios, para que assinalemos em nós a presença da verdadeira caridade, a alavanca divina que, por agora, é a única força capaz de sustentar-nos em abençoada comunhão uns com os outros.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 41



sábado, 9 de agosto de 2025

Enquanto podes

 

“Tu, porém, por que julgas teu irmão? e tu, por que desprezas o teu? pois todos compareceremos perante o Tribunal do Cristo.” — Paulo (Romanos, 14:10)

 

Constrangido a examinar a conduta do companheiro, nessa ou naquela circunstância difícil, não lhe condenes os embaraços morais.

Lembra-te dos dias de cinza e pranto em que o Senhor te susteve a queda a poucos milímetros da derrota.

Não te acredites a cavaleiro dos novos problemas que surgirão no caminho…

Todo serviço incompleto, que deixaste na retaguarda, buscar-te-á, de novo, o convívio para que lhe ofereças acabamento. E o remate legal de todas as nossas lutas pede o fecho do amor puro como selo da Paz Divina.

As pedras que arremessaste ao telhado alheio voltarão com o tempo sobre o teto em que te asilas, e os venenos que destilaste sobre a esperança dos outros tornarão, no hausto da vida, ao clima de tua própria esperança, testando-te a resistência.

Aprende, pois, desde hoje, a ensaiar tolerância e entendimento, para que o remédio por ti mesmo encomendado às mãos do “agora” não te amargue a existência, destruindo-te o coração.

Toda semente produz no solo do tempo e as almas imaculadas não povoam ainda a Terra. Distribui, portanto, a paciência e a bondade com todos aqueles que se enganaram sob a neblina do erro, para que te não faltem a paciência e a bondade do irmão a que te arrimarás no dia em que a sombra te ameace o campo das horas.

Auxilia, enquanto podes.

Ampara, quanto possas.

Socorre, quanto possível.

Alivia, quanto puderes.

Procura o bem, seja onde for.

E, sobretudo, desculpa sempre, porque ninguém fugirá do exato julgamento na Eterna Lei.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 40


sábado, 2 de agosto de 2025

No auxílio a todos

 

“Pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida justa e sossegada em toda a piedade e honestidade.” — Paulo (I Timóteo, 2:2)

 

Comumente, em nossos recintos de conversação e prece, voltamo-nos compassivamente para os nossos companheiros menos felizes no mundo.

Apiedamo-nos sem dificuldade dos enfermos e dos desesperados, dos que se afundaram nas águas lodosas da miséria ou que foram vitimados por flagelos públicos.

Oramos por eles, relacionando-lhes as necessidades que tentamos socorrer na medida de nossos recursos.

Entretanto, o Apóstolo Paulo, em suas recomendações a Timóteo, lembra-nos o amparo espiritual que devemos a quantos suportam na fronte a coroa esfogueante da autoridade, comandando, dirigindo, orientando, esclarecendo e instruindo…

São eles, os nossos irmãos conduzidos à eminência do poder e da fortuna, da administração ou da liderança, que carregam tentações e provas ocultas de toda espécie, padecendo vicissitudes que, muita vez, se retratam de lamentável maneira nas coletividades que influenciam.

À feição de pastores dementados, quando se não compenetram dos deveres que lhes são próprios, sofrem perturbações aflitivas que se projetam sobre as ovelhas que lhes recolhem a atuação, criando calamidades morais e moléstias coletivas de longo curso, que atrasam a evolução e atormentam a vida.

Não nos esqueçamos, pois, da oração pelos que dirigem, auxiliando-os com a bênção da simpatia e da compaixão, não só para que se desincumbam zelosamente dos compromissos que lhes selam a rota, mas também para que vivamos, com o sadio exemplo deles, na verdadeira caridade uns para com os outros, sob a inspiração da honestidade, que é base de segurança em nosso caminho.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 39


sábado, 26 de julho de 2025

Salvar-se

 

“Palavra fiel é esta e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores…” — Paulo (I Timóteo, 1:15)

 

É digna de nota a afirmativa do Apóstolo, asseverando que Jesus veio ao mundo salvar os pecadores, para reconhecermos que salvar não significa arrebatar os filhos de Deus à lama da Terra para que fulgurem, de imediato, entre os anjos do Céu.

Assinalemos que, logo após a passagem do Senhor entre as criaturas, a fisionomia íntima dos homens, de modo geral, era a mesma do tempo que lhe antecedera a vinda gloriosa.

Mantinham-se os romanos no galope de conquista ao poder, os judeus permaneciam algemados a racismo infeliz, os egípcios desciam à decadência, os gregos demoravam-se sorridentes e impassíveis, em sua filosofia recamada de dúvidas e prazeres.

Os senhores continuavam senhores, os escravos prosseguiam escravos… Todavia, o espírito humano sofrera profundas alterações.

As criaturas, ao toque do exemplo e da palavra do Cristo, acordavam para a verdadeira fraternidade, e a redenção, por chama divina, começou a clarear os obscuros caminhos da Terra, renovando o semblante moral dos povos…

Salvar-se, pois, não será subir ao Céu com as alparcas do favoritismo religioso, mas sim converter-se ao trabalho incessante do bem, para que o mal se extinga no mundo.

Salvou-nos o Cristo ensinando-nos como erguer-nos da treva para a luz.

Salvar é, portanto, levantar, iluminar, ajudar e enobrecer, e salvar-se é educar-se alguém para educar os outros.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 38


sábado, 19 de julho de 2025

Reparemos nossas mãos

 

“E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: quero; sê limpo.” — (Mateus, 8:3)

 

Meditemos na grandeza e na sublimidade das mãos que se estendem para o bem…

Mãos que aram a terra, preparando a colheita…

Mãos que constroem lares e escolas, cidades e nações…

Mãos que escrevem, amando em louvor do conhecimento…

Mãos que curam na medicina, que plasmam a riqueza da ciência e da indústria, que asseguram o reconforto e o progresso…

Todas elas se abrem, generosas, na direção do infinito, gerando aperfeiçoamento e tranquilidade, reconhecimento e alegria, conjugando-se, abnegadas, para a extensão das bênçãos de Sabedoria e de Amor na Obra de Deus.

Mas pensemos também nas mãos que se estendem para as sombras do mal…

Mãos que recolhem o ouro devido ao trabalho em favor de todos, transformando-se em garras de usura…

Mãos que acionam apetrechos de morte, convertendo-se em conchas de sangue e lágrimas…

Mãos que se agitam na mímica estudada de quantos abusam da multidão para conduzi-la à indisciplina em proveito próprio…

Mãos que ferem, que coagulam o fel da calúnia em forma de letras, que amaldiçoam, que envenenam e que cultuam a inércia…

Todas elas se cerram sobre si mesmas em círculos de aflição e remorso pelos quais se aprisionam às trevas do sofrimento.

Reparemos, assim, a que forças da vida estendemos as nossas mãos.

Jesus, o Mestre Divino, passou no mundo estendendo-as no auxílio a todos, ensinando e ajudando, curando e afagando, aliviando corpos enfermos e levantando almas caídas, e, para mostrar-nos o supremo valor das mãos consagradas ao bem constante, preferiu morrer na cruz, de mãos estendidas, como que descerrando o coração pleno de amor à Humanidade inteira.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 37


sábado, 12 de julho de 2025

Coração puro

 

“Não se turbe o vosso coração…” — Jesus (João, 14:1)

 

Guarda contigo o coração nobre e puro.

Não afirmou o Senhor: — “não se vos obscureça o ambiente” ou “não se vos ensombre o roteiro”, porque criatura alguma na experiência terrestre poderá marchar constantemente a céu sem nuvens.

Cada berço é início de viagem laboriosa para a alma necessitada de experiência.

Ninguém se forrará aos obstáculos.

O pretérito ominoso para a grande maioria de nós outros, os viandantes da Terra, levantará no território de nosso próprio íntimo os fantasmas que deixamos para trás, vagueantes e insepultos, a se exprimirem naqueles que ferimos e injuriamos nas existências passadas e que hoje se voltam para nós, à feição de credores inflexíveis, solicitando reconsideração e resgate, serviço e pagamento.

Não passarás, assim, no mundo, sem tempestades e nevoeiros, sem o fel de provas ásperas ou sem o assédio de tentações.

Buscando o bem, jornadearás, como é justo, entre pedras e abismos, pantanais e espinheiros.

Todavia, recomendou-nos o Mestre: — “não se turbe o vosso coração”, porque o coração puro e intimorato é garantia da consciência limpa e reta e quem dispõe da consciência limpa e reta vence toda perturbação e toda treva, por trazer em si mesmo a luz irradiante para o caminho.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 36


sábado, 5 de julho de 2025

Observemos amando

 

“Por que vês o argueiro no olho de teu irmão?” — JESUS (Mateus, 7:3)

 

Habitualmente guardamos o vezo de fixar as inibições alheias, com absoluto esquecimento das nossas.

Exageramos as prováveis fraquezas do próximo, prejulgamos com rispidez e severidade o procedimento de nossos irmãos…

A pergunta do Mestre acorda-nos para a necessidade de nossa educação, de vez que, de modo geral, descobrimos nos outros somente aquilo que somos.

A benefício de nossa edificação recordemos a conduta do Cristo na apreciação de quantos lhe defrontavam a marcha.

Para muitos, Maria de Magdala era a mulher obsidiada e inconveniente; mas para ele surgiu como sendo um formoso coração feminino, atribulado por indizíveis angústias, que, compreendido e amparado, lhe espalharia no mundo o sol da ressurreição.

No conceito da maioria, Zaqueu era usurário de mãos azinhavradas e infelizes; para ele, no entanto, era o amigo do trabalho a quem transmitiria alevantadas noções de progresso e riqueza.

Aos olhos de muita gente, Simão Pedro era fraco e inconstante; para ele, contudo, representava o brilhante entranhado nas sombras do preconceito que fulgiria à luz do Pentecostes para veicular-lhe o Evangelho.

Na opinião do seu tempo, Saulo de Tarso era rijo doutor da lei mosaica, de espírito endurecido e tiranizante; para ele, porém, era um companheiro mal conduzido que buscaria, em pessoa, às portas de Damasco para ajudar-lhe a Doutrina.

Observemos amando, porque apenas o amor puro arrancará por fim as escamas de treva dos nossos olhos para que os outros nos apareçam na Bênção de Deus que, invariavelmente, trazem consigo.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 35


sábado, 28 de junho de 2025

Prossigamos

 

“Irmãos, quanto a mim não julgo que o haja alcançado; mas, uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim…” — Paulo (Filipenses, 3:13)

 

Se te imobilizas na estrada, a pretexto de amarguras acumuladas ou de ofensas recebidas, lembra-te de Paulo, o apóstolo intrépido, que, sobrecarregado de problemas, não se resignava a interromper o trabalho que o Mestre lhe conferira.

O amigo providencial da gentilidade não se entretinha a escutar os remorsos que trazia do seu tempo de adversário e perseguidor do Evangelho.

Não lamentava os amigos descrentes da renovação de que fornecia testemunho.

Não se queixava dos parentes que o recebiam, empunhando o azorrague da expulsão.

Não se detinha para lastimar a alteração dos afetos que a incompreensão azedara no vaso do tempo.

Não cultivava a volúpia da solidão porque lhe faltasse a bênção do tálamo doméstico.

Não se fixava nos espinhos que lhe ferreteavam a alma e a carne, não obstante reconhecer-lhes a existência.

Não parava com o objetivo de reclamar contra as pedradas do caminho.

Não se concedia férias de choro inútil, ante as arremetidas do mal.

Não se demorava na rede dos elogios, sob o fascínio da ilusão.

Não se cristalizava nos próprios impedimentos.

Seguia sempre na direção do alvo que lhe cabia atingir.

Assim também nós, endividados ou pecadores, pobres ou doentes, fracos ou inábeis, desiludidos ou torturados, uma coisa façamos… Acima de todos os tropeços e inibições, prossigamos sempre para diante, olvidando o mal e fazendo o bem.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 34



sábado, 21 de junho de 2025

Acalma-te

 

“… A Deus tudo é possível…” — Jesus (Mateus, 19:26)

 

Seja qual for a perturbação reinante, acalma-te e espera, fazendo o melhor que possas.

Lembra-te de que o Senhor Supremo pede serenidade para exprimir-se com segurança.

A terra que te sustenta o lar é uma faixa de forças tranquilas.

O fruto que te nutre representa um ano inteiro de trabalho silencioso da árvore generosa.

Cada dia que se levanta é convite de Deus para que Lhe atendamos à Obra Divina, em nosso próprio favor.

Se te exasperas, não Lhe assimilas o plano.

Se te afeiçoas à gritaria, não Lhe percebes a voz.

Conserva-te, pois, confiante, embora a preço de sacrifício.

Decerto, encontrarás ainda hoje corações envenenados que destilam irritação e desgosto, medo e fel.

Ainda mesmo que te firam e apedrejem, aquieta-te e abençoa-os com a tua paz.

Os desesperados tornarão à harmonia, os doentes voltarão à saúde, os loucos serão curados, os ingratos despertarão…

É da Lei do Senhor que a luz domine a treva, sem ruído e sem violência.

Recorda que toda dor, como toda nuvem, forma-se, ensombra e passa…

Se outros gritam e oprimem, espancam e amaldiçoam, acalma-te e espera…

Não olvides a palavra do Mestre quando nos afirmou que a Deus tudo é possível, e, garantindo o teu próprio descanso, refugia-te em Deus.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 33


sábado, 14 de junho de 2025

O amor tudo sofre

 

“Tudo sofre…” — Paulo (I Coríntios, 13:7)

 

O noticiário terrestre reporta-se diariamente a desvarios cometidos em nome do amor.

Homicídios são perpetrados publicamente.

Suicídios sulcam de pranto e desolação a rota de lares esperançosos.

Furto, contenda, injúria e perversidade aparecem todos os dias invocando a inspiração do sentimento sublime.

Mulheres indefesas, homens dignos, jovens promissores e infelizes crianças, em toda a parte, sofrem abandono e aflição sob a legenda celeste.

Entretanto, só o egoísmo, traduzindo apego da alma ao bem próprio, é que patrocina os golpes da delinquência, os enganos da posse, os erros da impulsividade e os desacertos da pressa… Apenas o egoísmo gera ciúme e despeito, vingança e discórdia, acusação e cegueira.

O amor, longe disso, sabe rejubilar-se com a alegria dos corações amados, esposando-lhes as lições e as dificuldades, as dores e os compromissos.

Não se atropela, nem se desmanda.

Abraça no sacrifício próprio, em favor da felicidade da criatura a quem ama, a razão da própria felicidade.

Por esse motivo, no amor verdadeiro não há sinal de qualquer precipitação conclamando à imoderação ou à loucura.

O apóstolo Paulo afirmou divinamente inspirado: — “O amor tudo sofre…”

E, de nossa parte, acrescentaremos: — O amor genuíno jamais se desregra ou se cansa, porque realmente sabe esperar.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 32



domingo, 8 de junho de 2025

Combatendo a sombra

 

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos…” — Paulo (Romanos, 12:2)

 

O aviso evangélico é demasiado eloquente, todavia é imperioso observar-lhe a expressão profunda.

O apóstolo divinamente inspirado adverte-nos de que em verdade, não nos será possível a tácita conformação com os enganos do mundo, tanta vez abraçados espontaneamente pela maioria dos homens, no entanto, não nos induz a qualquer atitude de violência.

Não nos pede rebelião e gritaria.

Não nos aconselha azedume e discussão.

A palavra da Boa Nova solicita-nos simplesmente a nossa transformação.

Não nos cabe, a pretexto de seguir o Mestre, sair de azorrague em punho, golpeando aqui e ali, na pretensão de estender-lhe a influência.

É imprescindível adotar a conduta dele próprio que, em nos conhecendo as viciações e fraquezas, suportou-nos a rijeza de coração, orientando-nos para o bem, cada dia, com o esforço paciente da caridade que tudo compreende para ajudar.

Não movimentes, desse modo, o impulso da força, constrangendo os semelhantes a determinadas regras de conduta, diante da ilusão em que se comprazem.

Renovemo-nos para o melhor.

Eleva o padrão vibratório das emoções e dos pensamentos.

Cresce para a Vida Superior e revela-te em silêncio, na altura de teus propósitos, convertendo-te em auxiliar precioso da divina iluminação do espírito, na convicção de que a sementeira do exemplo é a mais duradoura plantação no solo da alma.

Não te resignes aos hábitos da treva. Mas clareia-te, por dentro, purificando-te sempre mais, a fim de que a tua presença irradie, em favor do próximo, a mensagem persuasiva do amor, para que se estabeleça entre os homens o domínio da eterna luz.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 31



sábado, 31 de maio de 2025

Para vencer o mal

 

“Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” — Paulo (Romanos, 12:21)

 

Muita gente, quando não se mostre positivamente inclinada à vingança, perante o mal que recebe, demonstra atitudes de hostilidade indireta, como sejam o favor adiado, o fel da reprovação de permeio com o mel do elogio, o deliberado esquecimento quando se trate da honra ao mérito ou a diminuição do entusiasmo na prestação de serviço, em favor da pessoa menos simpática…

Entretanto, para vencer o mal não basta essa “meia-bondade”, peculiar a quantos se devotam à desculpa cortês sem adesão do campo íntimo…

Todas as nossas manifestações que acusem essa ou aquela percentagem de mal, são sempre plantação do mal, gerando insucesso e desgosto contra nós mesmos.

O Evangelho é claro na fórmula apresentada para a extinção do flagelo.

Para que estejamos libertos da baba sinistra do antigo dragão que trava o progresso da Humanidade, é indispensável guardemos paciência contra as suas investidas, procurando esquecê-lo, perdoá-lo e fazer-lhe o bem tanto quanto nos seja possível, porque o bem puro é a única força suscetível de desarmar-lhe as garras inconscientes.

Não nos esqueçamos de que para anular a sombra noturna não basta arremeter os punhos cerrados contra o domínio da noite. É preciso acender uma luz.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 30



sábado, 24 de maio de 2025

No estudo da salvação

 

“E todos os dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se encontravam em salvação.” — (Atos, 2:47)

 

A expressão fraseológica do texto varia por vezes, acentuando que o Senhor acrescentava à comunidade apostólica todos aqueles “que estavam se salvando” ou “que se iam salvar”.

De qualquer modo, porém, a notícia serve de base a importante estudo da salvação.

Muita gente acredita que salvar-se será livrar-se de todos os riscos, na conquista da suprema tranquilidade.

Entretanto, vemos o Cristo apartando as almas em processo de salvação para testemunho incessante no sacrifício.

Muitos daqueles que foram acrescentados, ao serviço da Igreja nascente, conheceram aflição e martírio, lapidação e morte.

Designados por Jesus para a Obra Divina, não se forraram à dor.

Mãos calejadas em duro trabalho, conheceram sarcasmos soezes e vigílias atrozes.

Encontraram no Excelso Amigo não apenas o Benfeitor que lhes garantia a segurança, mas também o Mestre ativo que lhes oferecia a lição em troca do conhecimento e a luta como preço da paz.

É que salvar não será situar alguém na redoma da preguiça, à distância do suor na marcha evolutiva; tanto quanto triunfar não significa deserção do combate.

Consoante o ensinamento do próprio Cristo, que não isentou a si mesmo do selo infamante da cruz, salvar é, sobretudo, regenerar, instruir, educar e aperfeiçoar para a Vida Eterna.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 29