quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

O Carnaval é momento de festa ou de reflexão?

Sabemos que a Terra é um Mundo de Provas e Expiações, ocupando um segundo lugar na escala evolutiva dos mundos. Aqui encarnam espíritos recém advindos da primitividade, trazendo consigo paixões desenfreadas e sensações aviltantes, que precisam ser extravasadas. Para esses espíritos, festejos como o Carnaval, são oportunidades de colocarem para fora, não necessariamente, o que eles têm de pior, mas as suas emoções mais profundas. Como são espíritos ainda imperfeitos, as suas festas quase sempre extravasam emoções primárias.

 

Muitos de nós espíritas julgamos ainda ser inofensiva a nossa participação nas festividades carnavalescas, e afirmamos que essa participação não traria qualquer prejuízo espiritual. Entretanto, sabemos que estas festividades não se desenvolvem em clima de sadia e fraterna atividade. Temos conhecimento que a influência dos espíritos em nossas vidas é uma realidade inegável, dependendo da nossa sintonia. Se buscamos o equilíbrio espiritual, sintonizaremos com espíritos mais elevados. Se nossos sentimentos e pensamentos são de baixa vibração, atrairemos espíritos na mesma faixa de emoções.

 

Estamos encarnados para dominarmos nossas más tendências e angariar recursos espirituais positivos como o amor, a solidariedade, o respeito ao próximo e as diferenças, isto é, desenvolver as faculdades positivas do espírito. A Doutrina Espírita, que nos conscientiza sobre as necessidades espirituais do ser humano, perfectível, nos revelando as leis morais da vida, essenciais ao desenvolvimento do ser integral, nos direciona para a transformação moral e a maturidade espiritual, necessárias à nossa autoiluminação.

 

Sendo o imperativo maior a Lei do Progresso, um dia, todas essas manifestações que marcam nosso estágio de animalidade, desaparecerão da Terra. Assim, predominarão a alegria pura, a jovialidade, a satisfação, o júbilo real, com o homem despertando para a beleza e a arte, sem agressão nem promiscuidade, dentro de um mundo melhor, pacífico e fraterno. Dessa forma, o Carnaval é uma época de festa, música e celebração, mas para muitas pessoas, essa é também a oportunidade perfeita para se desligar da agitação, buscando o autoconhecimento.

 

Nesse mister, os encontros espiritas de Carnaval, como a COEZMUC aqui em Teófilo Otoni, promovida pelo 12.º Conselho Regional Espírita, e realizada pela Aliança Municipal Espírita, vêm nos oferecer uma alternativa serena e equilibrada para tantos que buscam um período de reconexão com o mais alto, buscando a renovação espiritual.

 

O principal objetivo da COEZMUC (Confraternização Espírita da Zona do Mucuri) é reunir, em ambiente fraterno, espíritas que queiram uma opção de ambiente fraterno, de trabalho e estudo evangélico-doutrinário, nesse período de carnaval, contribuindo para a união, unificação e ampliação do Movimento Espírita, e em consequência, para um mundo melhor e mais cristão! O encontro é uma oportunidade de trabalho com Jesus.

 

“Quando o trabalhador converte o trabalho em alegria, o trabalho se transforma na alegria do trabalhador.” (Sinal Verde – “Dever e trabalho” – André Luiz/Chico Xavier).

 

“Fortalecer a família com base nos ensinamentos da Doutrina Espírita, para que ela se veja como agente de mudança junto aos espíritos que lhe estão vinculados a fim de alcançarem a felicidade na comunhão com Deus”. (ENEFE/CEERJ)

 

Muita Paz!

 

Políbio – Coordenação COEZMUC 2025



terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Você conhece a história de Fabiano de Cristo?

 

Fabiano de Cristo nasceu em 8 de fevereiro de 1676, em Soengas, norte de Portugal. Conforme o costume católico de dar-se às crianças o nome do santo em cujo dia nascem, o menino recebeu, na pia batismal, o nome de João, porque, naquele dia, a Igreja celebrava a festa litúrgica de São João da Mata.

 A infância de João Barbosa foi simples. Família pobre, cinco irmãs. Tomava conta do pequeno rebanho de ovelhas do pai. Trabalhava de sol a sol, dormia muito cedo, acordava com a aurora.

 (...) No final do século XVII, a novidade mais ambiciosa que os marinheiros traziam a Portugal era a descoberta abundante do ouro em Minas Gerais. Conseguiu dois sócios e com eles partiu de Portugal para os sonhos do Brasil.

 Aportou João na cidade do Rio de Janeiro, mas fixou residência na Vila de Parati, porta de entrada para as minas. Tornou-se negociante da carreira das minas. Suas atividades estavam relacionadas ao comércio, importação e exportação, que ele conhecia bem, em função de suas experiências na cidade do Porto. Em poucos anos, João já estava senhor de pequena fortuna.

Com 28 anos de idade, fazia parte da Irmandade do Santíssimo Sacramento, vinculara-se ao pároco da Paroquial Igreja da Vila de Parati. Muito devoto das almas do purgatório, conseguiu erguer a Irmandade da Boa Morte. Longe de cair como miserável cativo da avareza, João Barbosa era conhecido em Parati pela sua generosidade.

(...) Livre de todos os bens terrenos, no dia 8 de novembro de 1704, João Barbosa apresentou-se à portaria do antigo Convento de São Bernardino de Sena, em Angra dos Reis. Foi admitido como noviço. No dia 12 de novembro de 1705, João Barbosa mudou o nome de João para Fabiano e o de Barbosa pelo de Cristo, passando a ser Frei Fabiano de Cristo.

 No final do ano de 1705, foi transferido de Angra dos Reis para o Rio de Janeiro para ser o porteiro do Convento de Santo Antônio. Três ou quatro anos mais tarde, deixou a portaria do convento para desempenhar uma nova função, que consumiria os 38 anos restantes de sua vida - a de enfermeiro.

Embora não tivesse preparação especial para a função de enfermeiro, a caridade e o esforço pessoal substituíam as deficiências. No tratamento aos enfermos, se evidenciava sua caridade. Praticamente levava sua vida junto aos doentes, a tal ponto que nem sequer tinha um quarto próprio.

Por longo tempo, contentava-se em dormir em qualquer lugar da enfermaria, para que, dia e noite, pudesse estar à disposição dos doentes. Assim, pouco dormia.

Andava rezando na enfermaria com os pés descalços, alegando que, com as sandálias, acordaria os enfermos. Afirmava que era necessária a observância do silêncio. Por mais que procurasse ocultar, muitos testemunharam suas virtudes, exemplificadas na humildade, obediência e na dedicação.

Com o correr do tempo, o corpo de Frei Fabiano foi sentindo o peso da idade e dos sacrifícios, na forma de sofrimentos físicos que o crucificaram por mais ou menos 30 anos. A causa inicial desses sofrimentos foi uma erisipela, que causava inchação e cruciantes sofrimentos nas pernas, acentuadamente na esquerda, qualificada como mais que monstruosa. Na perna direita se lhe originou uma grande e horrorosa chaga, que vertia continuamente copioso pus. Ainda nas pernas, sofreu em seguida de outro incômodo não menos doloroso: um quisto.

 Frei Fabiano atingira a casa dos 70 anos de idade. O mês de outubro de 1747 trouxe agravamento em seu estado de saúde. Desde o dia 14, Frei Fabiano já anunciava que partiria em três dias. Nesses três dias, Fabiano, na enfermaria, alenta ânimos desfalecidos. Pensa chagas abertas e sorri, em doce e terna alegria, na despedida aos doentes. Beija crianças. Afaga velhos esbatidos pela dor. Encoraja os que choram. Ampara os desesperançados.

Tal como ele próprio havia previsto, desencarna no dia 17 de outubro de 1747.

 

 

Fonte: Site FEP – Federação Espírita do Paraná



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Dons da Vida

 

Aprende a distribuir os dons de teu espírito, para com os teus irmãos.

Oferta compreensão e carinho àqueles que te cercam, e a alegria se multiplicará em teu coração.

Dissipa a sombra de tristeza que apreendestes no olhar do teu irmão, aproximando-te dele com bondade e carinho, e descobrirás que a paz se faz tua companheira constante.

Doa um sorriso de esperança a alguém que te busca confiante, na solução de um problema e teu sorriso se transformará em bênçãos de luz para ambos.

Bondade, entendimento, carinho, amizade sincera, são preciosos dons que possuís no santuário da alma, para ofertar incessantemente a teu próximo como fagulhas de luz a espargir nos caminhos da vida.

Leva a paz a alguém, com tua palavra esclarecida, leva o consolo ao enfermo abandonado, ama a vida nos sublimes dons do amor que poderás transmitir a todos.

As doações da vida vão e voltam à fonte de origem.

Tudo aquilo que ofertamos de nós volta a nós mesmos.

Ofertemos, pois, os dons excelsos do amor cristão, ajudando e servindo, amando e compreendendo e estaremos assim, multiplicando em nossos corações as bênçãos que nos foram doadas pelo nosso Divino Mestre.

Que Jesus os abençoe e ampare.

 

Irmã Cântia

Mensagem recebida pela médium Déa Gazzinelli.

 


sábado, 22 de fevereiro de 2025

Na senda do Cristo

 

“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.” — Jesus (Mateus, 5:44)

 

O caminho de Jesus é de vitória da luz sobre as trevas e, por isso mesmo, repleto de obstáculos a vencer.

Senda de espinhos gerando flores, calvário e cruz indicando ressurreição…

O próprio Mestre, desde o início do apostolado, desvenda às criaturas o roteiro da elevação pelo sacrifício.

Sofre, renunciando ao divino esplendor do Céu, para acomodar-se à sombra terrestre na estrebaria.

Experimenta a incompreensão de sua época.

Auxilia sem paga.

Serve sem recompensa.

Padece a desconfiança dos mais amados.

Depois de oferecer sublime espetáculo de abnegação e grandeza, é içado ao madeiro por malfeitor comum.

Ainda assim, perdoa aos verdugos, olvida as ofensas e volta do túmulo para ajudar.

Todos os seus companheiros de ministério, restaurados na confiança, testemunharam a Boa Nova, atravessando dificuldade e luta, martírio e flagelação.

Inúteis, desse modo, nos círculos de nossa fé, os petitórios de protecionismo e vantagens inferiores.

Ressurgindo no Espiritismo, o Evangelho faz-nos sentir que tornamos à carne para regenerar e reaprender.

Com o corpo físico, retomamos nossos débitos, nossas deficiências, nossas fraquezas e nossas aversões…

E não superaremos os entraves da própria liberação, providenciando ajuste inadequado com os nossos desejos inconsequentes.

Acusar, reclamar, queixar-se, não são verbos conjugáveis no campo de nossos princípios.

Disse-nos o Senhor — “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.”

Isso não quer dizer que devamos ajoelhar em pranto de penitência ao pé de nossos adversários, mas sim que nos compete viver de tal modo que eles se sintam auxiliados por nossa atitude e por nosso exemplo, renovando-se para o bem, de vez que, enquanto houver crime e sofrimento, ignorância e miséria no mundo, não podemos encontrar sobre a Terra a luz do Reino do Céu.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 16




sábado, 15 de fevereiro de 2025

No roteiro da fé

 

“Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.” — Jesus (Lucas, 9:23)

 

O Aviso do Senhor é insofismável.

“Siga-me” — diz o Mestre.

Entretanto, há muita gente a lamentar-se de fracassos e desilusões, em matéria de fé, nas escolas do Cristianismo, por não Lhe acatarem o conselho.

Buscam Jesus, fazendo a idolatria em derredor de seus intermediários humanos e, como toda criatura terrestre, os intermediários humanos do Evangelho não podem substituir o Cristo, junto à sede das almas.

Aqui, é o padre católico, caridoso e sincero, contudo, incapaz de oferecer a santidade perfeita.

Ali, é o pastor da Igreja Reformada, atento e nobre, mas inabilitado à demonstração de todas as virtudes.

Acolá, é o médium espírita, abnegado e diligente, todavia distante da própria sublimação.

Mais além, surgem doutrinadores e comentaristas, companheiros e parentes, afeiçoados ao estudo e excelentes amigos, mas ainda longe da integração com o Benfeitor Eterno.

E quase sempre aqueles que os acompanham, na suposição de buscarem o Cristo, ante os mínimos erros a que se arrojam, por força da invigilância ou inexperiência, retiram-se, apressados, do serviço espiritual, alegando desapontamento e amargura.

O convite do Senhor, no entanto, não deixa margem à dúvida.

Não desconhecia Jesus que todos nós, os Espíritos encarnados ou desencarnados que suspiramos pela comunhão com Ele, somos portadores de cicatrizes e aflições, dívidas e defeitos muitas vezes escabrosos. Daí o recomendar-nos: — “Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome cada dia a sua cruz e siga-me.”

Se te dispõe, desse modo, a encontrar o Senhor para a edificação da tua felicidade, renuncia com desassombro às bagatelas da estrada, suporta corajosamente as consequências dos teus atos de ontem e de hoje e procura Jesus por Divino Modelo.

Não olvides que há muita diferença entre seguir ao Cristo e seguir aos cristãos.

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 15

 


sábado, 8 de fevereiro de 2025

Benignidade

 

“Sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou.” — Paulo (Efésios, 4:32)

 

Meditemos na Tolerância Divina, para que não venhamos a cair nos precipícios da violência.

Basta refletir na desculpa incessante do Céu às nossas fraquezas e crueldades, à frente do Cristo, para que abracemos a justa necessidade da compaixão infatigável uns para com os outros.

Desce Jesus da Espiritualidade Solar, dissipando-nos a sombra. Negamos-Lhe guarida. O Supremo Senhor, porém, não nos priva de Sua augusta presença.

O Divino Benfeitor exemplifica o amor incondicional, sanando-nos as mazelas do corpo e da alma, a ensinar-nos a bondade e a renúncia como normas de justa felicidade; contudo, recompensamo-lo com a saliva do escárnio e com a cruz da morte. A Infinita Sabedoria, no entanto, não nos recusa a herança do Seu Evangelho renovador.

Em nome do Mestre Sublime, protótipo do amor e da paz, fizemos guerras de ódio, acendendo fogueiras de perseguição e extermínio; todavia, o Altíssimo Pai não nos cassa a oportunidade de prosseguir caminhando no tempo e no espaço, em busca da evolução.

Reflete na magnanimidade de Deus e não coleciones desapontamentos e mágoas, para que o bem te encontre à feição de canal seguro e limpo.

Guardar ressentimento e vingança, melindre e rancor, é o mesmo que transformar o coração num vaso de fel.

Segundo a advertência do apóstolo Paulo, usemos constante benignidade uns para com os outros, porque somente assim viveremos no clima de Jesus, que nos trouxe à vida a ilimitada compaixão e o auxílio incessante da Providência Celestial.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 14


sábado, 1 de fevereiro de 2025

Mais Luz - Edição 687 - 02/02/2025

 

Confira nesta edição:

https://mailchi.mp/b29dab0b8e11/nas-pegadas-do-mestre


  • Editorial: Nas pegadas do Mestre...
  • Caminhar – Mensagem de José Grosso
  •  Aconteceu: Pausa para recarregar as energias
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  •  Personalidades: Biografia de Benedita Fernandes
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Boas obras

 

“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus.” — Jesus (Mateus, 5:16)

 

“Brilhe vossa luz” — disse-nos o Mestre, — e muitas vezes julgamo-nos unicamente no dever de buscar as alturas mentais.

E suspiramos inquietos pela dominação do cérebro.

Contudo, o Cristo foi claro e simples no ensinamento.

“Brilhe também a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos Céus.”

Não apenas pela cultura intelectual.

Não somente pela frase correta.

Nem só pelo verbo flamejante.

Não apenas pela interpretação eficiente das Leis Divinas.

Não somente pela prece labial, apurada e comovedora.

Nem só pelas palavras e pelos votos brilhantes.

É indiscutível que não podemos menosprezar a educação da inteligência, mesmo porque a escola, em todos os Planos, é obra sublime com que nos cabe honrar o Senhor, mas Jesus, com a referência, convidava-nos ao exercício constante das boas obras, seja onde for, pois somente o coração tem o poder de tocar o coração, e, somente aperfeiçoando os nossos sentimentos, conseguiremos nutrir a chama espiritual em nós, consoante o divino apelo.

Com o amor estimularemos o amor…

Com a humildade geraremos a humildade…

Com a paz em nós ajudaremos a construir a paz dos outros…

Com a nossa paciência edificaremos a paciência alheia.

Com a caridade em nosso passo, semearemos a caridade nos passos do próximo.

Com a nossa fé garantiremos a fé ao redor de nós mesmos.

Atendamos, pois, ao nosso próprio burilamento, porquanto apenas contemplando a luz das boas obras em nós é que os outros entrarão no caminho das boas obras, glorificando a Bondade e a Sabedoria de Deus.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 13

 

 


Você conhece a história da "Dama da Caridade"?

 

Benedita Fernandes nasceu em 27 de junho de 1883, em Campos Novos de Cunha, São Paulo, filha de escravos. Teve infância pobre e difícil. Não se tem registros da data exata de quando, em desequilíbrio, abandonou a casa dos pais.

Em 1903, perambulava pelas ruas de Penápolis, São Paulo, causando tantos incômodos à população que, considerada louca, foi recolhida à cadeia pública. Nessa época, não existia nenhum cuidado ou tratamento específico aos loucos das ruas, senão a reclusão.

Portadora de pertinaz obsessão, recebeu os cuidados do carcereiro Padial, que a alimentava e protegia.  E João Marcheze, espírita e fundador do Centro Espírita Discípulos de Jesus, lhe aplicava passes, aliados aos ensinos da Doutrina Espírita.

Com esse tratamento, Benedita recobrou a consciência e partiu para Araçatuba, onde foi acolhida por um casal de amigos, que a ajudou quando completamente desorientada pela mediunidade que aflorava. Depois de uma forte crise psíquica, ela recebeu um chamado libertador, cuja voz dizia: “Benedita, se prometer consagrar-te inteiramente aos enfermos e pobres sairás curada daqui.”

Uniu-se então a outras mulheres simples da comunidade para a fundação do Centro Espírita Paz, Amor e Caridade e, em 1932, foi fundada a Associação das Senhoras Cristãs, tendo Benedita como presidente.

Depois, surgiram a Casa da Criança e o Asilo Dr. Jaime de Oliveira. Em 1933, por exigência dos órgãos governamentais essas instituições foram desativadas e transformadas em Sanatório. Ali havia uma tríade: associações filantrópicas, o movimento espírita, e a psiquiatria.

Benedita exerceu liderança política e social tanto no âmbito das associações filantrópicas quanto no movimento espírita local.

Foi responsável pela implementação das primeiras políticas públicas de saúde mental em Araçatuba e, provavelmente, a pioneira dos Hospitais Psiquiátricos Espíritas.

A mulher simples, filha de escravos e semianalfabeta se transformou em pioneira da assistência social espírita em toda a região Noroeste do Estado de São Paulo e quiçá de todo o Brasil, pois muitas de suas políticas foram usadas mais tarde em outras regiões.

As atividades lideradas por Benedita representaram um marco no movimento espírita de Araçatuba. Sua dedicação tornou-se conhecida e era grande o número de necessitados da região e até de lugares longínquos que a procuravam.

Aos domingos, passeava com as crianças pelas praças e ruas centrais da cidade.

Conta-se que, um dia, Benedita Fernandes viu jogado a um monturo, morto, e quase devorado por urubus, o corpo de um mendigo, seu conhecido. Jurou que jamais alguém ficaria sem o seu amparo. Passou a recolhê-los e abrigá-los, quando em crise. Os dementes avançavam para ela que se sentava, os acalmava com preces, passes, boas palavras. Eles ficavam calmos, pacificados pela força irresistível do amor.

O Prefeito da cidade passou a auxiliá-la com recursos financeiros, mas um dia, o dinheiro parou de chegar. Ela foi falar com ele, que lhe disse não ter mais verba. Benedita voltou para casa e liberou todos os loucos. Em breves horas, o problema estava resolvido, a verba voltou para que pudesse atender aos pobres e necessitados.

Certa feita, as crianças não tinham o que comer. Benedita explicou-lhes que se elas fossem ao portão, Jesus as auxiliaria. Elas se postaram à entrada do Lar. Passou um homem chamado Ricieri. Era um tripeiro, vendedor de vísceras de animais. Ele perguntou o que elas faziam ali: “Estamos esperando Jesus para nos dar de comer.” Ele lhes respondeu: “Digam para a mãezinha de vocês que Jesus chegou!”

Daquele dia em diante, com as sobras do tripeiro, não houve mais fome por lá. Ainda, ele falava aos fregueses daquele pequeno abrigo e muitos passaram a auxiliar.

Mãe Dita, como era conhecida, se dedicou, ainda, à mediunidade e evangelização das crianças.

Tornou-se uma das pioneiras do atual movimento de unificação dos espíritas quando fundou, aos 30 de agosto de 1940, a União Espírita Regional da Noroeste, sendo eleita sua presidente.

Mantinha correspondência com Cairbar Schutel, que publicava notícias sobre o trabalho dela, no jornal O Clarim. Era visitada por lideranças expressivas como João Leão Pitta e Leopoldo Machado.

Sentiu-se mal às 23 horas do dia 8 de outubro de 1947, quando conversava com as crianças, aconselhando-as. Desencarnou à uma hora e trinta minutos do dia 9, vítima de colapso por insuficiência cardíaca.

Retornou da Espiritualidade, através da psicografia de Divaldo Pereira Franco, oferecendo mensagens, que foram enfeixadas no livro Terapêutica de Emergência, editora LEAL.

Uma mulher tida como louca tornou-se a Dama da Caridade, marcou uma época e tornou-se referência histórica dos hospitais psiquiátricos espíritas.

 

Fonte: Jornal Mundo Espírita – setembro/2019


Veja mais aqui:




O programa “Bem na hora” da SBT fez um documentário em 4 capítulos sobre a história desta benfeitora. Confira:



                        





Palestras CEJG - Fevereiro/2025