quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Ouvistes?

“Tenho-vos dito estas coisas, para que vos não escandalizeis.” Jesus (João, 16:1)

Antes de retornar às Esferas Resplandecentes, o Mestre Divino não nos deixou ao desamparo, quanto às advertências no trabalho a fazer.
Quando o espírito amadurecido na compreensão da obra redentora se entrega ao campo de serviço evangélico, não prescinde das informações prévias do Senhor.
É indispensável ouvi-las para que se não escandalize no quadro das obrigações comuns.
Esclareceu-nos a palavra do Mestre que, enquanto perdurasse a dominação da ignorância no mundo, os legítimos cultivadores dos princípios da renovação espiritual, por Ele trazidos, não seriam observados com simpatia. Seriam perseguidos sem tréguas pelas forças da sombra. Compareceriam a tribunais condenatórios para se inteirarem das falsas acusações dos que se encontram ainda incapacitados de maior entendimento. Suportariam remoques de familiares, estranhos à iluminação interior. Sofreriam a expulsão dos templos organizados pela pragmática das seitas literalistas. Escutariam libelos gratuitos das inteligências votadas ao escárnio das verdades divinas. Viveriam ao modo de ovelhas pacíficas entre lobos famulentos. Sustentariam guerra incessante contra o mal.
Cairiam em ciladas torpes. Contemplariam o crescimento do joio ao lado do trigo. Identificariam o progresso efêmero dos ímpios.
Carregariam consigo as marcas da cruz. Experimentariam a incompreensão de muitos. Sentiriam solidão nas horas graves. Veriam, de perto, a calúnia, a pedrada, a ingratidão...
O Mestre Divino, pois, não deixou os companheiros e continuadores desavisados.
Não oferecia a nenhum aprendiz, na Terra, a coroa de rosas sem espinhos.
Prometeu-lhes luta edificante, trabalho educativo, situações retificadoras, ensejos de iluminação, através da grandeza do sacrifício que produz elevação e do espírito de serviço que estabelece luz e paz.
É importante, desse modo, para quantos amadureceram os raciocínios na luta terrestre, a viva recordação das advertências do Cristo, no setor da edificação evangélica, para que se não escandalizem nos testemunhos difíceis do plano individual.

Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 101

Imortalidade


Durante o trânsito carnal é possível que não te dês conta da fragilidade na qual assentas as tuas aspirações e trabalhas os teus planos.
Não poucas vezes tens a impressão que o carro orgânico prosseguirá deslizando pelas estradas atapetadas da juventude, do prazer, das programações agradáveis. Enfermidade, sofrimento, desar, envelhecimento e morte, supões, são ocorrências que atingem apenas as outras pessoas, nunca a ti.
Pensavas que o anjo da morte somente descesse as suas asas sobre os outros, a fim de arrebatá-los, não imaginando que isso pudesse ocorrer também contigo...
Lentamente, porém, despertas para a realidade corporal.
A forma física apolínea ou venusina, a mocidade risonha e o encantamento feliz cedem lugar às modificações naturais quão inevitáveis da estrutura física, ao envelhecimento, à decrepitude, aos dissabores, quando a morte não os precede, inesperada, implacavelmente.
Os acidentes de veículos arrebatam vidas humanas com volúpia crescente, e os esportes, violentos quanto perigosos, carregam homens e mulheres juvenis, demostrando que não há prazo estabelecido para o encerramento da jornada, nem preferência exclusiva pelos enfermos, pelos desditosos e pelos envelhecidos...
É necessário que acordes para os impositivos da imortalidade, conscientizando-te dos elevados objetivos da existência corporal.
Estás mergulhado no oceano da imortalidade, queiras ou não.
O corpo, de que o Espírito se utiliza, é qual escafandro adequado para a experiência da evolução mediante o processo reencarnatório.
É útil, e resguarda o mergulhador, mas tem utilidade limitada, efêmera, que cessa, logo esteja concluído o objetivo para o qual é utilizado.
A vida não sucumbe no momento da morte.
Se tal ocorresse, ela mesma seria paradoxal, destituída de sentido real.
Tudo no mundo experimenta contínuas transformações, incessantes alterações, por que o ser humano deve sucumbir?
Faze uma análise mais profunda e perceberás que o milagre da imortalidade se apresenta em todo o processo da evolução.
Há um incessante progresso natural e um inestancável desenvolvimento, que se apresentam a cada momento, sempre mais enriquecedores, intérminos.
A vida, como consequência, não cessa, pois, prosseguindo, abençoada e alvissareira após o túmulo, dando curso a esse movimento de sublimação.
Reflexiona a respeito da transitoriedade carnal, e elabora programas de qualidade superior, a que possas dar prosseguimento quando encerrares o ciclo orgânico.
Viverás, e serás caracterizado pelos teus pensamentos, palavras e ações da atualidade, que ressumarão do inconsciente, tomando-te por inteiro e vitalizando-te.
Pensa, fala e age, portanto corretamente, a fim de que despertes feliz após a tumba.
O mesmo ocorrerá com todos a quem amas ou não – eles viverão.
Aqueles que te anteciparam na viagem de retorno, esperam-te.
Não os pranteies em desespero, nem duvides da sua existência.
Recorda-os com carinho, e envia-lhes pensamentos bons, saudáveis, rememorando-os nos momentos felizes que tiveram, quando estavam na Terra.
Essa evocação alcançá-los-á com ternura e os despertará se estiverem adormecidos, assim como os felicitará, caso se encontrem lúcidos.
Mantém com eles os vínculos de amor que te sustentarão nos fios da esperança em favor do breve reencontro feliz.
Jesus retornou da sepultura em exuberante imortalidade, a fim de nos oferecer para sempre a certeza de que a existência corporal passa com brevidade, mas a vida infinita e grandiosa jamais se interromperá.

Joanna de Ângelis - Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 8-9-1997, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador – BA

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Palestras CEJG - 11/2019


"Mecanismos da Mediunidade" - Andrezinho e o burilamento espiritual


O avatar da Microcampanha “A Vida no Mundo Espiritual”, Andrezinho, fala sobre o processo de conquistas espirituais angariadas pelo ser em sua ascensão na escala evolutiva.
O tema está presente no capítulo 16 do livro "Mecanismos da Mediunidade", a décima primeira obra trazida por André Luiz na Série 'A Vida no Mundo Espiritual'.
O livro foi psicografado por Chico Xavier e Waldo Vieira, e completa 59 anos de lançamento em 2019.

Lei do progresso


Se considerarmos a Humanidade em seu estado primitivo e em seu estado atual, quando sua primeira aparição na Terra marcava seu ponto de partida, e agora, que percorreu uma parte do caminho que leva à perfeição, parece que todo bem, todo progresso, toda filosofia, enfim, não possa nascer senão do que lhe é contrário.
Com efeito, toda formação é o produto de uma reação, assim como todo efeito é gerado por uma causa. Todos os fenômenos morais, todas as formações inteligentes são devidos a uma perturbação momentânea da própria inteligência. Apenas, na inteligência, devemos considerar dois princípios: um imutável, essencialmente bom, eterno como tudo o que é infinito; outro temporário, momentâneo, que não passa de agente empregado para produzir a reação de onde sai cada vez a progressão dos homens.
O progresso abrange o Universo durante a eternidade e jamais se espalha tanto como quando se concentra num ponto qualquer. Não podeis abarcar, num só golpe de vista, a imensidade que vive, isto é, que progride; mas olhai em redor de vós: o que vedes?
Em certas épocas, e podemos dizer em momentos previstos, designados, surge um homem que abre um caminho novo, que escarpa os rochedos áridos de que se acha semeado o mundo conhecido da inteligência. Muitas vezes esse homem é o último entre os humildes, entre os pequenos e, contudo, penetra as altas esferas do desconhecido. Arma-se de coragem, pois esta lhe é necessária para lutar corpo a corpo contra os preconceitos, contra os usos que lhe foram transmitidos; é-lhe necessária para vencer os obstáculos que a má-fé semeia sob seus passos, porque enquanto restarem preconceitos a derrubar, restarão abusos e interessados nos abusos; é-lhe necessária porque deve lutar, ao mesmo tempo, contra as necessidades materiais de sua personalidade e, neste caso, sua vitória é a melhor prova de sua missão e de sua predestinação.
Chegado a este ponto, em que a luz escapa bastante forte do círculo do qual é o centro, todos os olhares se voltam para ele; ele assimila todo o princípio inteligente e bom; reforma e regenera o princípio contrário, a despeito dos prejuízos, apesar da má-fé e malgrado as necessidades; chega ao seu objetivo, faz a Humanidade transpor um grau e conhecer o que não era conhecido.
Este fato já se repetiu muitas vezes e ainda se repetirá muitas outras, antes que a Terra tenha atingido o grau de perfeição que convém à sua natureza. Mas, tantas vezes quantas forem necessárias, Deus fornecerá a semente e o trabalhador. Esse trabalhador é cada homem em particular, como cada um dos gênios que a ilustram por uma ciência muitas vezes sobre-humana. Em todos os tempos houve esses centros de luz, esses pontos de ligação; o dever de todos é aproximar-se, ajudar e proteger os apóstolos da verdade. É o que o Espiritismo vem dizer ainda.
Apressai-vos, pois, vós todos que sois irmãos pela caridade. Apressai-vos e a felicidade prometida à perfeição vos será concedida muito mais cedo.

Um Espírito Protetor – Revista Espírita – janeiro/1863

Que fazemos do Mestre?

“Que farei então de Jesus, chamado o Cristo?” Pilatos (Mateus, 27:22)

Nos círculos do Cristianismo, a pergunta de Pilatos reveste-se de singular importância.
Que fazem os homens do Mestre Divino, no campo das lições diárias?
Os ociosos tentam convertê-lo em oráculo que lhes satisfaça as aspirações de menor esforço.
Os vaidosos procuram transformá-lo em galeria de exibição, através da qual façam mostruário permanente de personalismo inferior.
Os insensatos chamam-no indebitamente à aprovação dos desvarios a que se entregam, a distância do trabalho digno.
Grandes fileiras seguem-lhe os passos, qual a multidão que o acompanhava, no monte, apenas interessada na multiplicação de pães para o estômago.
Outros se acercam d’Ele, buscando atormentá-lo, à maneira dos fariseus arguciosos, rogando “sinais do céu”.
Numerosas pessoas visitam-no, imitando o gesto de Jairo, suplicando bênçãos, crendo e descrendo ao mesmo tempo.
Diversos aprendizes ouvem-lhe os ensinamentos, ao modo de Judas, examinando o melhor caminho de estabelecerem a própria dominação.
Vários corações observam-no, com simpatia, mas, na primeira oportunidade, indagam, como a esposa de Zebedeu, sobre a distribuição dos lugares celestes.
Outros muitos o acompanham, estrada a fora, iguais a inúmeros admiradores da Galileia, que lhe estimavam os benefícios e as consolações, detestando-lhe as verdades cristalinas.
Alguns imitam os beneficiários da Judeia, a levantarem mãos postas no instante das vantagens e a fugirem, espavoridos, do sacrifício e do testemunho.
Grande maioria procede à moda de Pilatos que pergunta solenemente quanto ao que fará de Jesus e acaba crucificando-o, com despreocupação do dever e da responsabilidade.
Poucos imitam Simão Pedro que, após a iluminação no Pentecostes, segue-o sem condições até à morte.
Raros copiam Paulo de Tarso que se ergue, na estrada do erro, colocando-se a caminho da redenção, através de impedimentos e pedradas, até ao fim da luta.
Não basta fazer do Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável transformá-lo em padrão permanente da vida, por exemplo e modelo de cada dia.

Livro Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 100

Página de gratidão

Agradeço, alma querida e boa,
A presença e o carinho
Com que vens partilhar a festa da amizade,
Espargindo esperança ao longo do caminho.

Sei que deixastes obrigações ao longe
Para colaborar
No alívio aos companheiros que carregam
Solidão, abandono, infortúnio, pesar...

Trocaste as horas de refazimento,
De alegria e lazer,
Para aceitar conosco o amparo aos semelhantes
Por sublime dever.

A ternura fraterna que nos trazes
Lembra clarão de renascente aurora,
Dissipando, de chofre, a sombra que domina,
A dor que se tresmalha e a penúria que chora.

Por mais rebusque o mundo das palavras,
Não consigo compor
A frase que enalteça ou que defina
O teu gesto de amor.

Por isso, digo apenas,
Ante a luz da oração que nos bendiz:
- Deus te guarde, alma irmã, Deus te compense,
Deus te faça feliz!...

Maria Dolores