A genialidade de Allan
Kardec possibilitou a materialização da Doutrina Espírita na Terra.
Originário da sabedoria dos Espíritos Superiores, o Espiritismo foi
codificado pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail. Para assinar
as obras básicas que revelariam a mensagem de renovação social da Humanidade,
preferiu humildemente adotar o pseudônimo Allan Kardec. Este nome se deve a
uma encarnação sua como druida na época de Jesus.
A nova doutrina atesta
o caráter de revelação espiritual pelo registro em cinco livros. Como ocorreu
com a primeira revelação da Justiça personificada em Moisés (Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio) e a segunda revelação do Amor personificada
em Jesus (Evangelho segundo Mateus, Marcos, Lucas, João e Atos dos
Apóstolos), assim também se deu com a terceira revelação da Verdade, de
origem espiritual coletiva (O livro dos espíritos, O livro dos médiuns, O
evangelho segundo o espiritismo, O céu e o inferno e A gênese). Todas
registradas para a história em cinco livros principais, conhecidas como Torá,
Pentateuco ou Obras Básicas.
A didática estruturação
kardequiana da principal e primeira obra espírita, O livro dos espíritos (1.
ed. 1857 e edição definitiva, a 2. ed., em 1860) deu origem aos outros quatro
livros do Pentateuco kardequiano. Da segunda parte do LE surgiu O livro dos
médiuns (1. ed. 1861 e edição definitiva, a 2. ed., em 1861). Da terceira
parte, O evangelho segundo o espiritismo (1. ed. 1864 e edição definitiva, a
3. ed., em 1866). Da quarta, O céu e o inferno (1. ed. 1865 e edição
definitiva, a 4. ed., em 1869). E a primeira parte deu origem ao livro A
gênese (1. ed. 1868 e edição definitiva, a 5. ed., em 1872).
Todas as cinco obras
são importantes. Entretanto, para destacar especificamente O céu e o inferno,
podemos resumir assim:
É uma das cinco obras
básicas da Codificação do Espiritismo. Seu principal escopo é explicar a
Justiça de Deus à luz da Doutrina Espírita. Objetiva demonstrar a imortalidade
do Espírito e a condição que ele usufruirá no Mundo Espiritual, como
consequência de seus próprios atos. Divide-se em duas partes: A primeira
estabelece um exame comparado das doutrinas religiosas sobre a vida após a
morte. Mostra fatos como a morte de crianças, acidentes coletivos e uma gama
de problemas que só a imortalidade da alma e a reencarnação explicam
satisfatoriamente. Kardec procura elucidar temas como: anjos, céu, demônios,
inferno, penas eternas, purgatório, temor da morte, a proibição mosaica sobre
a evocação dos mortos, dentre outros. Apresenta, também, a explicação
espírita contrária à doutrina das penas eternas. A segunda parte, resultante
de um trabalho prático, reúne exemplos acerca da situação da alma durante e
após a desencarnação. São depoimentos de criminosos arrependidos, de
Espíritos endurecidos, de Espíritos felizes, medianos, sofredores, suicidas e
em expiação terrestre.
Da primeira parte,
destacamos o capítulo 7, que apresenta o Código Penal da Vida Futura, em 33
artigos. Ali, aprendemos que o sofrimento do Espírito é inerente a sua
imperfeição. O uso inadequado do livre-arbítrio nos faz sofrer, mas o seu
correto uso conduz-nos à felicidade como resultante de nossas escolhas
acertadas. Kardec conclui o citado código com a assertiva de Jesus: “a cada
um segundo as suas obras”, como prerrogativa da Justiça de Deus.
Com a palavra o
Codificador no 33º artigo:
Em que pese à
diversidade de gêneros e graus de sofrimentos dos Espíritos imperfeitos, o
código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios: 1. O
sofrimento é inerente à imperfeição. 2. Toda imperfeição, assim como toda
falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas consequências
naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade
nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta
ou indivíduo. 3. Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito
da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura
felicidade. A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra - tal é a
lei da Justiça Divina.
A abertura da segunda
parte traz um tratado sobre o passamento. Allan Kardec inicia com sua
peculiar arguição, sensata e provocativa:
A certeza da vida
futura não exclui as apreensões quanto à passagem desta para a outra vida. Há
muita gente que teme não a morte, em si, mas o momento da transição. Sofremos
ou não nessa passagem? Por isso se inquietam, e com razão, visto que ninguém
foge à lei fatal dessa transição. Podemos dispensar-nos de uma viagem neste
mundo, menos essa. Ricos e pobres, devem todos fazê-la, e, por dolorosa que
seja a franquia, nem posição nem fortuna poderiam suavizá-la.
O estudo das obras de
Allan Kardec nos dão segurança para o conhecimento da Doutrina Espírita em
seus fundamentos. A leitura de O céu e o inferno possibilita-nos conhecer
qual será a nossa situação no Mundo Espiritual após a desencarnação, e como
nos preparar para a transição do fenômeno natural e inevitável da morte, que
é o passaporte para a verdadeira Vida.
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Geraldo Campetti
Sobrinho - vice-presidente da Federação Espírita Brasileira
Fonte: www.febnet.org.br
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