“Naquele tempo não haverá mais
gritos, nem luto, nem trabalho, porque o que era antes terá passado.”
Esta predição do
Apocalipse foi ditada há dezoito séculos, e ainda se espera que tais palavras
se realizem, porque sempre se encaram os acontecimentos quando se passaram, e
não quando se desdobram aos nossos olhos.
Todavia, esta época
predita chegou. Não há mais dores para aquele que soube colocar-se à margem
da estrada, a fim de deixar passar as mesquinharias da vida, sem as deter
para delas fazer uma arma ofensiva contra a sociedade.
Estais em meio a estes
tempos como a espiga dourada está na colheita; vivei sob o olhar de Deus e
sua irradiação vos ilumina! Por que vos inquietais com a marcha dos acontecimentos,
que foram previstos por Deus, quando não passáveis de crianças da geração de
que falava Jesus, quando dizia: “Antes que esta geração passe acontecerá
grandes coisas?”
O que sois, Deus o
sabia; o que sereis Deus o vê! Cabe a vós bem vos compenetrardes do caminho
que vos é traçado, porque vossa tarefa é de vos submeterdes a tudo o que Deus
decidiu. Vossa resignação, e sobretudo a vossa amenidade, não são senão
testemunhos de vossa inteligência e de vossa fé na eternidade.
Acima de vós, neste Universo
onde se move o vosso mundo, planam os Espíritos mensageiros, que receberam a
missão de vos guiar. Eles sabem quando se realizarão os acontecimentos preditos.
Eis por que vos dizem: “Não haverá mais gritos, nem luto, nem trabalho.”
Sem dúvida não pode
mais haver grito para aquele que se submete às vontades de Deus, e que aceita
as suas provas. Não há mais luto, visto que sabeis que os Espíritos que vos
precederam não estão perdidos para vós, mas estão em viagem. Ora, não se veste
luto quando um amigo se ausenta.
O próprio trabalho se
torna um favor, pois se sabe que é um concurso à obra harmônica que Deus
dirige; então, executa-se a sua parte de trabalho com a solicitude do
escultor que se põe a polir a sua estátua. É uma recompensa infinita que Deus
vos concede.
Entretanto, ainda
encontrareis entraves em vossas tentativas para chegar ao melhoramento
social. É que jamais se chega ao resultado sem que a luta venha firmar os
seus esforços. O artista é obrigado a vencer os obstáculos que se opõem à
irradiação de seu pensamento; não se torna vitorioso senão quando soube elevar-se
acima das privações e dos vapores brumosos que envolvem seu gênio, ao nascer.
A ideia que surge foi
semeada pelos Espíritos quando Deus lhes disse: “Ide e instruí as nações; ide
e espalhai a luz.” Essa ideia, que cresceu com a rapidez de uma inundação,
naturalmente deve ter encontrado contraditores, opositores e incrédulos. Ela
não seria a fonte da vida, se tivesse sucumbido sob as zombarias que a acolheram
em seu começo. Mas o próprio Deus guiava este pensamento através da
imensidade; ele a fecundava na terra e ninguém a destruirá! Seria inútil que
procurassem extirpar suas raízes; trabalhariam em vão para aniquilá-la nos
corações; as crianças trazem-na ao nascer, e dir-se-ia que um sopro de Deus a
incrusta em seu berço, como outrora a Estrela do Oriente iluminava os que
vinham perante Jesus, trazendo ele mesmo a ideia regeneradora do
Cristianismo.
Bem vedes, pois, que
esta geração não passará sem que aconteçam grandes coisas, pois que com a ideia,
a fé se eleva e a esperança irradia... Coragem! O que foi predito pelo Cristo
deve realizar-se. Nestes tempos de aspiração à verdade, a luz que ilumina todo
homem que vem a este mundo brilha de novo sobre vós.
Perseverai na luta,
sede firmes e desconfiai das armadilhas que vos estendem; permanecei ligados
a essa bandeira em que inscrevestes: Fora da caridade não há salvação, e
depois esperai, porque aquele que recebeu a missão de vos regenerar volta, e
ele disse: Bem-aventurados os que conhecerem meu nome de novo!
|
Um Espírito – Revista
Espírita – março/1868
Nenhum comentário:
Postar um comentário