sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Sobre a dúvida


A verdade integral constitui a divina sabedoria, que é alcançada etapa a etapa no carreiro longo das reencarnações.
Experiências bem e malsucedidas contribuem de maneira eficaz para o aprendizado, na incessante busca do aperfeiçoamento intelecto-moral.
Muitas conquistas que aparentam ser legítimas, depois de vivenciadas demonstram a sua fragilidade, abrindo espaços mental e emocional para retificações e mais amplo desenvolvimento de conteúdo.
Por isso, ninguém pode detê-la ou absorvê-la de um para outro instante.
A sua própria constituição é feita de profundas reflexões que devem ser digeridas psiquicamente, à medida que se incorporam à existência, tornando-se fenômeno natural de comportamento.
Jamais se apresenta total, completa, em razão da sua grandiosidade, que ultrapassa o que a imaginação pode conceber.
Alcançá-la é a meta que se encontra destinada ao Espírito, esse viajor da imortalidade.
Em cada oportunidade existencial desenvolve-se determinada aptidão, penetrando-se o cerne no qual se origina, a fim de abranger outras áreas que formam a sabedoria.
Fosse absorvida de uma vez e alucinaria o seu portador em razão da impossibilidade de dosá-la de forma ideal.
Pequenas quotas, à semelhança de raios de luz, terminam por fazer o espectro perfeito da totalidade.
Em razão da indumentária carnal, bloqueia o claro discernimento a princípio, faculta a percepção do conhecimento e amplia os horizontes da mente para mais amplas aquisições.
É natural que, em face da ignorância, cada informação nova conduz a dúvidas, ao receio de enganar-se, nem sempre se comprometendo com a sua absorção.
Duvidar, portanto, é fenômeno intelecto-moral de alto significado na aprendizagem.
No primeiro caso, o desconhecimento dos mecanismos de algo novo produz suspeita quanto à sua legitimidade. Em segundo lugar, a revelação do ignorado impõe inevitáveis mudanças na conduta a que o indivíduo se vê impelido a aceitar ou negar, para adaptar-se ao novo hábito.
A dúvida que não se deriva da má-fé é recurso mental para consolidar qualquer crença ou informação que surge no desenvolvimento do ser humano. É atitude saudável, porque conduz o raciocínio a perquirir, a comparar, a estudar.
Quando o entusiasmo antecipa a razão e a lógica, após algum tempo perde o impulso por constatar a fragilidade do que se abraçou sem a necessária reflexão.
As ideias variam de mente para mente, mesmo quando são idênticas. Isto, porque o foco está na base do interesse daquele que a concebe ou a quem é transmitida.
Jesus foi portador de lógica incomparável, ao enunciar: “Se não credes naquilo que vedes como acreditareis no Pai, a quem ninguém nunca viu?”.
Os fenômenos por Ele realizados demonstravam a sua superioridade de taumaturgo, e, apesar disso, a dúvida mesquinha e cômoda tomava conta dos seus beneficiários, tão logo passava o momento de exaltação.
A realidade contemporânea por meio do avanço das doutrinas modernas, quais a Física Quântica, a Biologia Molecular, exara que “é primeiro crer para depois ver”.
Equivale à afirmação de que o pensamento parte do abstrato para o concreto, isto é, da concepção, da possibilidade, para a sua realidade física.
No que diz respeito à crença religiosa, a dúvida tem sido uma nuvem densa a cobrir a imortalidade da alma, buscando sempre negar-lhe a legitimidade. Criam-se hipóteses absurdas para explicar-se a fenomenologia mediúnica, por exemplo, e, por efeito, os seus conceitos morais.
Quando se investiga uma comunicação provinda do Além-Túmulo, não raro se recorre a teorias ultrapassadas para negar-lhe a autenticidade, com certo prazer de continuar-se bem vivente.
O resultado das comunicações espirituais sérias é de preparar-se o Espírito encarnado para o enfrentamento do futuro, equipado de valores éticos propiciadores de paz e de plenitude.
Não se desintegrando a consciência, ei-la que ressurge com toda a potencialidade de que se constitui, com toda lucidez, facultando análise rigorosa do comportamento, a fim de prosseguir-se na vida da qual ninguém se evade.
Pesquisadores honestos, no entanto, ao se convencerem da fatalidade imortalista, de imediato adotam comportamento compatível com a continuação do existir e transformam-se em verdadeiros apóstolos da verdade que neles é luz abençoada.
Dúvida não representa, necessariamente, descrença ou suspeita, mas cuidado e respeito pelo conhecimento novo, de modo que possa ser adotado com tranquilidade e segurança.
Toda vez quando a dúvida te visitar, analisa com naturalidade a informação, a fim de tomares a decisão correspondente.
Desarma-te da dúvida sistemática e perversa que te afasta da ética de Jesus e te arroja no labirinto da insensatez e da indiferença.
A crença bem fundamentada é elemento base para uma existência equilibrada e uma caminhada compensadora.
A dúvida-medo de Pedro levou-o a negar o Amigo.
A dúvida-ambição de Judas conduziu-o a trair o Benfeitor.
E as tuas dúvidas, quais os resultados que te facultaram?
Duvida para investigar e, ao definir-te pela crença, ama, serve e ilumina o caminho para a multidão que seguirá após ti.

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia, na noite de 6 de setembro de 2017.)





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