sábado, 5 de julho de 2025

Formação do Expositor

 

“Numa orientação espiritual, foi-me revelado que tenho condições para ser um expositor. Sabendo que essa posição exige grandes responsabilidades, quais as principais que o senhor assinalaria?

(Neuton Suguilhara – Taguatinga – DF)

“Em nossa despretensiosa opinião, a maior responsabilidade do expositor é a de ser fiel ao chefe da Seara. Todo pregador dos princípios morais e, em especial, o expositor espírita, nunca deve esquecer que seu trabalho é o de evangelizar com o Cristo, o que significa não perder de vista o verdadeiro caráter do trabalho cristão, assinalado pelas qualidades fundamentais: humildade, sinceridade, coragem, independência, amor, verdadeiro desejo de servir, estudo e meditação.

“Para que isso ocorra, outra condição se destaca: a eficiência! O orador espírita deve, pois, mobilizar todos os recursos ao seu alcance para ser um bom expositor e conseguir comunicar as grandes verdades de que todos precisamos. Para tanto, precisa estar convicto de que o êxito do seu trabalho terá a medida de seu esforço. E de que esse esforço terá muito de exercício, experimentação de métodos, técnicas, modos, etc., até mesmo para que o próprio expositor se descubra, isto é, identifique o estilo e a natureza peculiar do trabalho a que mais se ajusta. A chave do êxito está em fazer-se o que se gosta, aquilo para o que se revela pendor, vocação, gosto. A pregação pública, como qualquer outro setor, é um campo multifacetado, onde cada qual definirá sua preferência e aptidão.

“Há, por exemplo, o orador didático, o solto, o metódico, o filosófico, o bem-humorado, o altiloquente, o evangélico, o emotivo, o tertulial, o verberador, o tímido e o impetuoso. Há o que adota preparação prévia meticulosa e não foge ao esquema traçado; o contrário, que não consegue preparar antecipadamente, mas fala ao sabor da emoção do momento. Há o monotônico, que só aborda uma temática invariável, ou trata todos os assuntos pelo mesmo prisma. O oposto é o polimorfo, que desenvolve capacidade para ver a problemática humana sob vários ângulos e adquire a capacidade de apreciar assuntos diferentes entre si.

“Vemos os que imitam outros pregadores conhecidos e os mais autênticos. Existe o estacionado, que nunca passa de um mesmo diapasão, e o que evolui, aprende com os próprios erros, para não incorrer neles de futuro. Aparece o sem autocrítica, cujos graves defeitos todos notam, só o próprio é que não vê e o melindroso, a quem a menor crítica ‘desmonta’ por muitas semanas. “Mas, em qualquer caso, uma qualidade é fundamental: a modéstia e a humildade. “No mais, vá em frente, e nunca creia que você, agora jovem, iniciando-se no trabalho ativo da seara, virá a ser um pregador espírita destacado simplesmente porque terá reencarnado com essa missão. Lembre-se do conselho de Thomas Edson, o grande inventor. ‘O gênio é feito de 1% de inspiração e 99% de transpiração.’

“Aliás, a orientação que você recebeu de um espírito amigo veio mesmo em forma sábia, porque disse que você ‘tem condições para ser um expositor’. Não disse que será um expositor! E isso é certo porque por mais que uma missão tenha sido preparada na Espiritualidade, o fato apenas confere condições mais ou menos favoráveis para sua efetivação, que será consumada ou não, segundo a maior ou menor aceitação do interessado e seus esforços nesse sentido.”

(Texto extraído da “Revista Espírita Allan Kardec” – Ano III, nº 11).


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