domingo, 18 de abril de 2021
sábado, 17 de abril de 2021
Banquete
Oferecido pelos espíritas lioneses ao Sr. Allan Kardec
19 de setembro de 1860
Nesta reunião íntima e familiar, um
dos membros, Sr. Guillaume, houve por bem expor os sentimentos dos espíritas
lioneses na alocução que segue. Lendo-a, compreenderão que devemos ter hesitado
em publicá-la na Revista, malgrado o desejo que nos foi expresso. Assim, não
foi senão cedendo a instâncias que concordamos, temendo, por outro lado, que a
recusa pudesse ser interpretada como falta de reconhecimento aos testemunhos de
simpatia que recebemos. Rogamos, pois, aos leitores, que façam abstração da
pessoa, vendo, nessas palavras, apenas uma homenagem prestada à doutrina.
“Ao Sr. Allan Kardec; ao zeloso propagador da Doutrina Espírita!
“É graças à sua coragem, às suas luzes e à sua dedicada perseverança que devemos a felicidade de estar hoje reunidos neste banquete simpático e fraterno.
“Que todos os espíritas lioneses jamais esqueçam que, se têm a felicidade de sentir-se melhorados, apesar de todas as influências perniciosas que muitas vezes desviam o homem da senda do bem, devem-no ao O Livro dos Espíritos.
“Se sua existência se suavizou, se seu coração está mais depurado e mais afetuoso; se dele expulsaram a cólera e a vingança, devem-no ao O Livro dos Espíritos.
“Se, na vida privada, suportam com coragem os revezes da fortuna; se repelem todos os meios baseados na astúcia e na mentira para adquirir os bens terrenos, devem-no ao O Livro dos Espíritos, que os fez compreender a prova e acendeu-lhes a luz que dissipa as trevas.
“Se um dia, que talvez não esteja longe, os homens se tornarem humanos, fraternos e dedicados a uma mesma fé; se, para eles, a caridade não mais for uma palavra vã, isso ainda deverão ao O Livro dos Espíritos, ditado pelos melhores dentre eles ao Sr. Allan Kardec, escolhido para espalhar a luz.
“À união sincera dos espíritas lioneses! À Sociedade Espírita
Parisiense, cuja irradiação a todos esclareceu, verdadeira sentinela avançada,
incumbida de desbravar a estrada difícil do progresso! Paris é o cérebro do
Espiritismo, como Lyon merece, por sua união, seu trabalho, suas luzes e seu
amor, ser o seu coração.
“Quando o coração e o espírito estiverem unidos na mesma fé, para alcançar o mesmo objetivo, logo só haverá na França irmãos amorosos e dedicados. Cresçamos, pois, pela união no amor, e em breve os nossos sentimentos, os nossos princípios cobrirão o mundo inteiro. O Espiritismo, senhoras e senhores, é o único meio para chegarmos prontamente ao Reino de Deus.
“Honra à Sociedade Espírita Parisiense! Honra ao Sr. Allan Kardec, o fundador e o primeiro elo da grande corrente espírita!”
Guillaume
Resposta do Sr. Allan Kardec
[…] Seus adversários [do Espiritismo]
só o combatem porque não o compreendem. Cabe a nós, aos verdadeiros espíritas,
aos que veem no Espiritismo algo além de experiências mais ou menos curiosas,
fazê-lo compreendido e espalhado, tanto pregado pelo exemplo quanto pela
palavra.
O Livro dos Espíritos teve como
resultado fazer ver o seu alcance filosófico. Se esse livro tem algum mérito,
seria presunção minha orgulhar-me disso, porquanto a Doutrina que encerra não é
criação minha. Toda honra do bem que ele fez pertence aos sábios Espíritos que
o ditaram e quiseram servir-se de mim. Posso, pois, ouvir o elogio, sem que
seja ferida a minha modéstia, e sem que o meu amor-próprio por isso fique
exaltado. Se eu quisesse prevalecer-me disto, por certo teria reivindicado a
sua concepção, em vez de atribuí-la aos Espíritos; e se pudesse duvidar da superioridade
daqueles que cooperaram, bastaria considerar a influência que ele exerceu em
tão pouco tempo, só pelo poder da lógica, sem contar com nenhum dos meios
materiais próprios para superexcitar a curiosidade.
Revista Espírita – outubro/1860
Salve O Livro dos Espíritos
Edificação do Reino
“O Reino de Deus está no meio de vós.” Jesus (Lucas, 17:21)
Nem na tristeza demasiada que deprime.
Nem na ternura incondicional que
prejudica.
Nem na severidade indiscriminada que
destrói.
Nem na cegueira afetiva que jamais
corrige.
Nem no rigor que resseca.
Nem no absurdo afirmativo que é dogma.
Nem no absurdo negativo que é vaidade.
Nem nas obras sem fé que se reduzem a
pedra e pó.
Nem na fé sem obras que é estagnação
da alma.
Nem no movimento sem ideal de elevação
que é cansaço vazio.
Nem no ideal de elevação sem movimento
que é ociosidade brilhante.
Nem cabeça excessivamente voltada para
o firmamento com inteira despreocupação do valioso trabalho na Terra.
Nem pés definitivamente chumbados ao
chão do Planeta com integral esquecimento dos apelos do Céu.
Nem exigência a todo instante.
Nem desculpa sem fim.
O Reino Divino não será concretizado
na Terra, através de atitudes extremistas.
O próprio Mestre asseverou-nos que a
sublime realização está no meio de nós.
A edificação do Reino Divino é obra de
aprimoramento, de ordem, esforço e aplicação aos desígnios do Mestre, com bases
no trabalho metódico e na harmonia necessária.
Não te prendas excessivamente às
dificuldades do dia de ontem, nem te inquietes demasiado pelos prováveis
obstáculos de amanhã.
Vive e age bem no dia de hoje,
equilibra-te e vencerás.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 177
Oração
Senhor!
Os homens reúnem-se no mundo para
pedir, reclamar, maldizer; legiões humanas devotadas à fé entregam-se para que
as comandes; multidões sintonizam Contigo buscando servir-Te.
Permite-nos agora um espaço para a
gratidão por estes dias de entendimento fraternal que vivemos na Casa que nos
emprestastes para o planejamento das atividades evangélicas do futuro. Como não
estamos habituados a agradecer e louvar sem apresentar o rol das nossas súplicas,
permite-nos fazê-lo de forma diferente.
Quando quase todos pedem pelos
infelizes, nós nos atreveremos a suplicar pelos infelicitadores; quando os
corações suplicam em favor dos caídos, dos delinquentes, dos que se agridem,
nós nos propomos a interferir em benefício dos que fomentam as quedas, os
delitos e a violência; quando os pensamentos se voltam para interceder pelos
esfaimados, os carentes, os desiludidos, nós nos encorajamos a formular nossas
rogativas por aqueles que respondem por todos os erros que assolam a Terra,
estabelecendo a miséria social, a falência moral e a derrocada nas rampas
éticas do comportamento.
Não Te queremos pedir pelas vítimas de
todos os matizes, senão, pelos seus algozes, os que entenebreceram os
sentimentos, a consciência e a conduta, comprazendo-se, quais chacais sobre os
cadáveres dos vencidos.
Tu que és o nosso Pastor e prometeste
apoio a todas as ovelhas, tem misericórdia deles, os irmãos que se cegaram a si
mesmos e, ensandecidos, ateiam as labaredas do ódio na Terra e fomentam as
desgraças que dominam no Mundo.
Tu podes fazê-lo, Senhor, e é por isto
que, em Te agradecendo todas as dádivas da paz que fruímos, não nos podemos
esquecer desses que ardem nas labaredas cruéis da ignorância, alucinados pelos
desequilíbrios que os tornam profundamente desditosos.
Retira dos nossos sentimentos de amor
a cota melhor e canaliza-a para os irmãos enlouquecidos na volúpia do prazer,
que enregelaram o coração longe dos sentimentos de humanidade e que terão que
despertar, um dia, sob o látego da consciência que a ninguém poupa. Porque já
passamos, em épocas remotas, por estes caminhos, é que Te suplicamos por eles,
os irmãos mais infelizes que desconhecem a própria desdita.
Quanto a nós, ensina-nos a não fruir
de felicidade enquanto haja na Terra e na Pátria do Cruzeiro os que choram, os
que se debatem nos desvãos da perturbação, e, consciente ou inconscientemente,
Te negam a sabedoria, o amor e a condução de ternura como Pastor de nossas
vidas.
Quando os Teus discípulos, aqui
reunidos, encerramos esta etapa, damo-nos as mãos, e, emocionados, repetimos
como os mártires do passado: Ave Cristo! Em Tuas mãos depositamos nossas vidas,
para que delas faças o que Te aprouver, sem nos consultar o que queremos,
porque só Tu sabes o que é de melhor para nós.
Filhos da alma: que vos abençoe o Pai
de Misericórdia e que Jesus permaneça conosco são os votos do servidor humílimo
e paternal de sempre.
Bezerra de Menezes
Psicofonia de Divaldo Franco em 18.11.1990
Fonte: www.divaldofranco.com.br
quinta-feira, 8 de abril de 2021
Imitação do Evangelho
Ségur,
9 de agosto de 1863 (Médium Sr. d’A...)
Nota
– Eu a ninguém dera ciência do assunto do livro em que estava trabalhando.
Conservara-lhe
de tal modo em segredo o título, que o editor, Sr. Didier, só o conheceu quando
da impressão. Esse título foi, a princípio: Imitação
do evangelho.
Mais
tarde, por efeito de reiteradas observações do mesmo Sr. Didier e de algumas
outras pessoas, mudei-o para o de O
evangelho segundo o espiritismo. Assim, as reflexões contidas nas
comunicações seguintes não podem ser tidas como fruto de ideias preconcebidas
do médium.
Pergunta – Que pensais da
nova obra em que trabalho neste momento?
Resposta – Esse livro de doutrina terá considerável influência, pois que explanas questões capitais, e não só o mundo religioso encontrará nele as máximas que lhe são necessárias, como também a vida prática das nações haurirá dele instruções excelentes. Fizeste bem enfrentando as questões de alta moral prática, do ponto de vista dos interesses gerais, dos interesses sociais e dos interesses religiosos. A dúvida tem que ser destruída; a terra e suas populações civilizadas estão prontas; já de há muito os teus amigos de além-túmulo as arrotearam; lança, pois, a semente que te confiamos, porque é tempo de que a Terra gravite na ordem irradiante das esferas e que saia, afinal, da penumbra e dos nevoeiros intelectuais. Acaba a tua obra e conta com a proteção do teu guia, guia de todos nós, e com o auxílio devotado dos Espíritos que te são mais fiéis e em cujo número digna-te de me incluir sempre.
P. – Que dirá o clero?
R. – O clero gritará — heresia —, porque verá que atacas decisivamente as penas eternas e outros pontos sobre os quais ele baseia a sua influência e o seu crédito. Gritará tanto mais, quanto se sentirá muito mais ferido do que com a publicação de O livro dos espíritos, cujos dados principais, a rigor, poderia aceitar. Agora, porém, tu entraste por um novo caminho, no qual não poderá ele acompanhar-te. O anátema secreto se tornará oficial e os espíritas serão repelidos, como o foram os judeus e os pagãos, pela Igreja Romana. Em compensação, os espíritas verão aumentar-se-lhes o número, em virtude dessa espécie de perseguição, sobretudo com o qualificarem, os padres, de demoníaca uma Doutrina cuja moralidade esplenderá como um raio de sol pela publicação mesma do teu novo livro e dos que se seguirão.
Aproxima-se a hora em que te será necessário
apresentar o Espiritismo qual ele é, mostrando a todos onde se encontra a
verdadeira doutrina ensinada pelo Cristo. Aproxima-se a hora em que, à face do
céu e da Terra, terás de proclamar que o Espiritismo é a única tradição
verdadeiramente cristã e a única instituição verdadeiramente divina e humana.
Ao te escolherem, os Espíritos conheciam a solidez das tuas convicções e sabiam
que a tua fé, qual muro de aço, resistiria a todos os ataques.
Entretanto, amigo, se a tua coragem ainda
não desfaleceu sob a tarefa tão pesada que aceitaste, fica sabendo que foste
feliz até o presente, mas que é chegada a hora das dificuldades. Sim, caro
mestre, prepara-se a grande batalha; o fanatismo e a intolerância, exacerbados
pelo bom êxito da tua propaganda, vão atacar-te e aos teus com armas
envenenadas. Prepara-te para a luta. Tenho, porém, fé em ti, como tu tens fé em
nós, e sei que a tua fé é das que transportam montanhas e fazem caminhar por
sobre as águas. Coragem, pois, e que a tua obra se complete. Conta conosco e conta
sobretudo com a grande alma do Mestre de todos nós, que te protege de modo muito
particular.
Paris, 14 de setembro de 1863
Nota
– Eu solicitara para mim uma comunicação sobre um assunto qualquer e pedira que
ela me fosse enviada para o meu retiro de Sainte-Adresse.
“Quero falar-te de Paris, embora isso não me pareça de manifesta utilidade, uma vez que as minhas vozes íntimas se fazem ouvir em torno de ti e que teu cérebro percebe as nossas inspirações, com uma facilidade de que nem tu mesmo suspeitas. Nossa ação, principalmente a do Espírito Verdade, é constante ao teu derredor e tal que não a podes negar. Assim sendo, não entrarei em detalhes ociosos a respeito do plano de tua obra, plano que, segundo meus conselhos ocultos, modificaste tão ampla e completamente.
Compreendes agora por que precisávamos
ter-te sob as mãos, livre de toda preocupação outra, que não a da Doutrina. Uma
obra como a que elaboramos de comum acordo necessita de recolhimento e de
insulamento sagrado. Tenho vivo interesse pelo teu trabalho, que é um passo considerável
para a frente e abre, afinal, ao Espiritismo a estrada larga das aplicações
proveitosas, a bem da sociedade. Com esta obra, o edifício começa a libertar-se
dos andaimes e já se lhe pode ver a cúpula a desenhar-se no horizonte.
Continua, pois, sem impaciência e sem fadiga; o monumento estará pronto na hora
determinada.
Já tratamos contigo das questões incidentes
do momento, isto é, das questões religiosas. O Espírito Verdade te falou das
rebeliões que já se levantam na hora, presente. São necessárias essas
hostilidades para manter desperta a atenção dos homens, que tão facilmente se
deixam desviar de um assunto sério. Aos soldados que combatem pela causa,
incessantemente se juntarão combatentes novos, cujas palavras e escritos hão de
causar sensação e levarão a perturbação e a confusão às fileiras dos
adversários.
Adeus, caro companheiro de antanho,
discípulo fiel da verdade, que continua através da vida a obra a que outrora,
diante do Espírito que te ama e a quem venero, juramos consagrar as nossas
forças e as nossas existências, até que ela se achasse concluída. Saúdo-te.”
Observação – O plano da obra fora, de fato, completamente modificado, o que sem dúvida o médium não podia saber, pois que ele estava em Paris e eu em Sainte-Adresse. Tampouco podia saber que o Espírito Verdade me falara da atitude de revolta do bispo de Argélia e outros. Todas essas circunstâncias eram bem urdidas para me comprovar que os Espíritos tomavam parte em meus trabalhos.
Livro: Obras Póstumas
15 de abril de 2021 – 157 anos de O Evangelho segundo o Espiritismo
O caminho
“Eu sou o caminho...”
Jesus (João, 14:6)
Há
muita gente acreditando, ainda, na Terra, que o Cristianismo seja uma panaceia
como tantas para a salvação das almas.
Para
essa casta de crentes, a vida humana é um processo de gozar o possível no corpo
de carne, reservando-se a luz da fé para as ocasiões de sofrimento irremediável.
Há
decadência na carne? Procura-se o aconchego dos templos.
Veio
a morte de pessoas amadas? Ouve-se uma ou outra pregação que auxilie a descida
de lágrimas momentâneas.
Há
desastres? Dobram-se os joelhos, por alguns minutos, e aguarda-se a intervenção
celeste.
Usa-se
a oração, em momentos excepcionais, à maneira de pomada miraculosa, somente
aconselhável à pele, em ocasiões de ferimento grave.
A
maioria dos estudantes do Evangelho parecem esquecer que o Senhor se nos
revelou como sendo o caminho...
Não
se compreende estrada sem proveito.
Abraçar
o Cristianismo é avançar para a vida melhor.
Aceitar
a tutela de Jesus e marchar, em companhia d’Ele, é aprender sempre e servir
diariamente, com renovação incessante para o bem infinito, porque o trabalho
construtivo, em todos os momentos da vida, é a jornada sublime da alma, no rumo
do conhecimento e da virtude, da experiência e da elevação.
Zonas
sem estradas que lhes intensifiquem o serviço e o transporte são regiões de
economia paralítica.
Cristãos
que não aproveitam o caminho do Senhor para alcançarem a legítima prosperidade
espiritual são criaturas voluntariamente condenadas à estagnação.
Emmanuel / Chico Xavier – Vinha de Luz – FEB – cap. 176
Oração por humildade
Deus de Misericórdia!...
Auxilia-me
a conservar o anseio de encontrar-te.
Quando
haja tumulto, ao redor de mim, guarda-me o silêncio interior em que procure
ouvir-te a voz.
Se
algum êxito me busca, deixa-me perceber a tua bondade sobre a fraqueza que
ainda sou.
Diante
dos outros, consente, oh! Pai, que te assinale o infinito amor, valorizando-me
a insignificância, através daqueles que me concedam afeto.
Se
aparecerem adversários em meu caminho, faze-me vê-los como sendo instrumentos
de trabalho, dentre aqueles com que me aperfeiçoas.
Na
alegria, induze-me a descobrir-te a proteção paternal, estimulando-me a seguir
para a frente.
Na
dor, fortalece-me os ouvidos para que te escutem os chamamentos de paz.
E,
quanto mais possa conhecer, em minha desvalia, os recursos iluminados do oceano
de mundos e de seres que construístes no Universo, concede-me, oh! Deus de Misericórdia,
que eu tenha a simplicidade da gota d'água que, embora unicamente anônima gota
d'água, se sente tranquila e feliz porque se vê capaz de refletir-te a luz no brilho
eterno da Criação.
Meimei / Chico Xavier – Livro: Amizade