
A Educação Espírita, como bem frisou Kardec, se inicia
nas famílias espíritas. Exemplos cristãos, reencarnação, compreensão de Deus,
amor, fraternidade, possibilidade de intercâmbio entre encarnados e
desencarnados, fazem parte dos conhecimentos que os pais devem ministrar aos
seus filhos.
Os pais espíritas utilizarão os recursos da prece, do
Evangelho no Lar e do passe. Dedicar-se-ão, ainda, ao auxílio às casas espíritas.
Não farão do filho um tirano doméstico, ou um inadaptado para
o mundo. Mas o encaminharão para as escolas de evangelização espírita. Não
colocarão as crianças em escolas protestantes ou católicas, não por
preconceitos tolos, mas para não confundi-las.
É grande o número de pais espíritas que levam seus filhos
às aulas de evangelização espírita, aos sábados e domingos, e permitem que eles
aprendam religião católica ou protestante, durante a semana. A criança acredita
nos pais, mas também nos professores, e se interroga: afinal, quem está com a
razão? Como conciliar opiniões tão diversas?
Isso é horrível para a criança.
Uma vez por semana, a família espírita se reunirá para
fazer o Evangelho no Lar. Não é um ritual, mas uma disciplina que permitirá a
nossa ligação com o mundo espiritual. Após o Evangelho, a família poderá
analisar, à luz do Espiritismo, os problemas atuais que preocupam sobretudo os
jovens: a guerra, a fome, o desemprego, as injustiças sociais, a falta de amor.
A compreensão da reencarnação e da lei de Ação e Reação facultará o
entendimento do “porquê” das dificuldades do mundo em que vivemos.
Os pais espíritas explicarão aos seus filhos que não
somos robôs.
Que podemos modificar o nosso destino, atenuar as nossas provas
e transformar para melhor o mundo à nossa volta. Esforço de evolução não é
esperar, inerte, pelo auxílio divino, acreditando que tudo lhe será dado. É
modificar-se, através do amor e com energia. Gandhi é o exemplo do indivíduo
que entendeu, como ninguém, a necessidade de agir no mundo que o rodeava. É o exemplo
de não aceitarmos tudo, e “deixar como está, para ver como fica”.
Antes de Gandhi, um homem louro e doce, deu o exemplo de como
lutar contra as injustiças. O Meigo Nazareno soube usar de energia, quando
verberou os fariseus chamando-os de “sepulcros caiados por fora e cheios de
podridão por dentro”, acrescentando, ainda: “sereis lançados nas trevas
exteriores, e aí haverá choro e ranger de dentes”.
Como bem diz Herculano Pires, evoluir não é ficar
indiferente, com falsas atitudes de humildade e amor. Isso é ser igual aos fariseus.
Evoluir é desenvolver a energia amorosa de Jesus, de Paulo de Tarso, de Gandhi,
da Madre Teresa de Calcutá, de Joana d’Arc e de tantos outros que iluminaram o
mundo com seus exemplos edificantes.
Como alguns membros da família espírita se acham, ainda, ligados
às leis cármicas, à luz do Espiritismo se fortalecerão, e irão corrigir suas
imperfeições e colaborar para um mundo melhor.
A função da família espírita é desenvolver, em casa, sob
as claridades do Evangelho, todas as boas qualidades, as quais serão, posteriormente,
colocadas em prática fora dela.
Uma nova Humanidade surgirá, sem barreiras geográficas.
Uma humanidade que praticará, realmente, as Leis de Deus.
Não mais o “meu”, o “teu”. A “minha” família, a “tua” família, mas a compreensão
da família espiritual, resumida num só rebanho, com um só pastor, de que nos
fala o profeta.
Quando o lindo bebê surge em nossa casa e começa a se
desenvolver, o dever de todos os membros da família é auxiliá-lo na sua sociabilidade.
Infelizmente, o que vemos é estimular-lhe o egoísmo. Se ele faz malcriações,
todos acham graça. Se bate, exige, não empresta os brinquedos, a família se
encanta com a sua personalidade forte. Logo se transforma numa criatura
exigente, depois em um adolescente difícil, e finalmente em um adulto insuportável.
De quem a culpa? Dos pais, dos tios, de todos os que incentivaram as tendências
inferiores do reencarnado. A finalidade da educação é, exatamente, desenvolver
as tendências boas e eliminar os defeitos trazidos de outras encarnações.
O mundo cruel de hoje é o produto do egoísmo que ainda
existe nos corações. E se esse egoísmo vem de séculos, é comum encontrar
estímulos na educação pragmática deste século.
A Educação Espírita, trazendo nova visão do mundo,
auxiliará a formação da família espiritual.
A família espírita participará do Evangelho no Lar como
fonte que é, da harmonização de seus membros. Não é um ritual, mas um momento
de sintonia com o plano espiritual superior. É quando os corações, unidos,
agradecerão a Deus todo o auxílio que lhes tem dispensado.
Heloísa Pires – Livro: Educação
Espírita