Confira nesta edição:
- Inquebrantável fibra
- Ante o Evangelho: Os infortúnios ocultos
- Poema: A mulher brasileira
- Por um pouco – Fonte Viva
- Oração da mulher – Meimei
Confira nesta edição:
A sua vida foi uma trajetória de
formidáveis realizações, constelada de belezas, capazes de deixar para o mundo
o que há de mais sazonado, em termos de exemplo de enfibratura moral e talento
intelectual, tudo isto, associado a uma sensibilidade expressiva.
Nascida num lar de poucos recursos, na
cidade de Varsóvia, em 1867, na velha Polônia, abrigava na alma o anseio de
estudar, de avançar e de ser útil à ciência e às criaturas humanas, suas irmãs
da lida comum.
Após as oportunidades de estudar, que
concedeu às irmãs mais jovens do que ela, que era a primogênita, seguiu para
Paris, a fim de formar-se em ciências físicas, químicas e em matemática, o que
logrou em pouco tempo, exitosamente.
Consorciada com o celebrado professor
Pierre Curie, Marya Klodowska passará à história como a excelente Marie Curie,
ou, simplesmente, Madame Curie.
Não obstante as condições de vida nada
fáceis, desenvolveu-se como mulher, esposa, mãe e cientista, sem relegar
nenhuma tarefa, sem abastardar-se, sem encharcar-se de materialismo, apaixonada
pela vida, entusiasmada por tudo o que realizava.
Estudou, pesquisou, amou e converteu-se no
único cientista a receber por duas vezes o prêmio Nobel, o que jamais ocorrera,
até então.
Tendo sido a primeira mulher a tornar-se
professora na Sorbonne, após a morte do marido, permaneceu vibrante e simples,
compreendendo que a missão que Deus delega à mulher é sempre de caráter
especial e sublime, para que ela se perca nos vales de ilusões e sombras do
mundo.
Após anos de ingentes lutas por alcançar os
seus objetivos, após ser alvo das homenagens de inumeráveis instituições
universitárias e científicas pelo mundo, conclui seus dias na reencarnação,
assinalada pela grave enfermidade que o excesso de radiações, oriundas dos
minérios que examinava, sem os necessários cuidados, hoje existentes, lhe
impusera.
Do hospital suíço de Sancellemoz, Marie
Curie pode contemplar, ainda no corpo físico, os resultados maravilhosos do seu
labor em prol do crescimento da Humanidade inteira.
Para que a mulher estude, não precisa
negligenciar o lar.
Para que se desenvolva intelectualmente,
não necessita rechaçar os filhos.
Para que seja independente e se faça
grandiosa, não carecerá de abrir mão do seu valor moral, estribado na ética do
bem e do amor.
Se se levantarem, em toda parte, valores
femininos com essa inquebrantável fibra de Madame Curie, e de outras mulheres
excelentíssimas, com certeza a ciência será tocada pela sensibilidade da alma,
os filhos não serão relegados para a realização profissional de suas
progenitoras, e, com a mente mais voltada para a sua função mais alta, a mulher
não se deixará explorar tanto, pela indústria da prostituição e da loucura, que
toma conta da Terra, nesses tempos definidores dos verdadeiros valores da alma.
Francisco
de Paula Vitor / José Raul Teixeira – Livro: Vida e Mensagem
Nota da Equipe de Divulgação:
À guisa de informação, foi Madame Curie quem desenvolveu a teoria da "radioatividade" (um termo que ela cunhou), técnicas para isolar isótopos radioativos.
Marie e Pierre Curie apresentam ao mundo científico a descoberta de dois novos elementos químicos, o polônio e o rádio. Com essas pesquisas, Pierre, em particular, verificou que a radiação podia matar células de tecido doente, ou seja, iniciou o estudo da radioterapia. Sob a direção de Madame Curie, foram conduzidos os primeiros estudos para o tratamento de neoplasias usando isótopos radioativos. (Fonte: Google)
“Escolhendo antes ser maltratado com o povo de
Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado”. Paulo (Hebreus, 11:25)
Nesta passagem refere-se
Paulo à atitude de Moisés, abstendo-se de gozar por um pouco de tempo das
suntuosidades da casa do Faraó, a fim de consagrar-se à libertação dos
companheiros cativos, criando imagem sublime para definir a posição do espírito
encarnado na Terra.
"Por um pouco",
o administrador dirige os interesses do povo.
"Por um
pouco", o servidor obedece na subalternidade.
"Por um
pouco", o usurário retém o dinheiro.
"Por um
pouco", o infeliz padece privações.
Ah! Se o homem reparasse
a brevidade dos dias de que dispõe na Terra! Se visse a exiguidade dos recursos
com que pode contar no vaso de carne em que se movimenta...
Certamente, semelhante
percepção, diante da eternidade, dar-lhe-ia novo conceito da bendita
oportunidade, preciosa e rápida, que lhe foi concedida no mundo.
Tudo favorece ou aflige
a criatura terrestre, simplesmente por um pouco de tempo.
Muita gente, contudo,
vale-se dessa pequenina fração de horas para complicar-se por muitos anos.
É indispensável fixar o
cérebro e o coração no exemplo de quantos souberam glorificar a romagem
apressada no caminho comum.
Moisés não se deteve a
gozar, "por um pouco", no clima faraônico, a fim de deixar-nos a
legislação justiceira.
Jesus não se abalançou a
disputar, nem mesmo "por um pouco", em face da crueldade de quantos o
perseguiam, de modo a ensinar-nos o segredo divino da Cruz com Ressurreição
Eterna.
Paulo não se animou a
descansar "por um pouco", depois de encontrar o Mestre às portas de
Damasco, de maneira a legar-nos seu exemplo de trabalho e fé viva.
Meu amigo, onde
estiveres, lembra-te de que aí permaneces "por um pouco" de tempo.
Modera-te na alegria e conforma-te na tristeza, trabalhando sem cessar, na
extensão do bem, porque é na demonstração do "pouco" que caminharás para
o "muito" de felicidade ou de sofrimento.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 042
Missionária da vida!
Ampara o homem para que o
homem te ampare!
Não te corrompas no prazer e nem te
mergulhes no vício.
A felicidade da Terra
depende de ti, como o fruto depende da árvore.
Mãe – sê o anjo do lar.
Esposa – auxilia sempre.
Companheira – acende o
lume da esperança.
Irmã – sacrifica-te e
ajuda.
Mestra – ilumina o
caminho.
Enfermeira –
compadece-te.
Fonte sublime, se as
feras do mal te poluírem as águas, imita a corrente cristalina que, no serviço
infatigável a todos, expulsa do próprio seio a lama que lhe atiram.
Por mais que te aflijam
as dificuldades, não te entregues à tristeza ou ao desânimo.
Lembra os órfãos, os
doentes, os velhos e os desvalidos da estrada, que esperam por teus braços; e
sorri com serenidade para a luta.
Deixa que o trabalho
tanja as cordas celestes do teu sentimento para que não falte a música da
harmonia aos pedregosos trilhos da existência terrestre.
Teu coração é uma
estrela encarcerada.
Não lhe apague a luz,
para que o amor resplandeça sobre as trevas.
- Eleva-te,
elevando-nos...
Não te esqueças de que
trazes nas mãos a chave da vida, porque a chave da vida é a glória de Deus!
Nesta edição:
· O progresso na imortalidade
· Ante o Evangelho: Caracteres da perfeição
· Poema: Espera coração
· Na senda escabrosa – Fonte Viva
· Prece de amor - Scheilla
Clique:
Embora a humanidade avance pouco a pouco na
estrada do progresso, pode-se dizer que a imensa maioria de seus membros marcha
através da vida como em meio de uma noite obscura, ignorando de onde vem, não
sabendo para onde vai, não tendo jamais sonhado com o objetivo real da
existência.
Espessas trevas dominam a razão humana; os
raios destes poderosos focos, que são a justiça e a verdade, só chegam a ela
pálidos, enfraquecidos e insuficientes para aclarar os caminhos sinuosos por
onde as inúmeras legiões seguem em marcha, para fazer brilhar a seus olhos o
objetivo ideal e distante.
Ignorante de seus destinos, indeciso entre
o preconceito e o erro, o homem maldiz, por vezes, a vida. Desfalecendo ao peso
do seu fardo, lança sobre seus semelhantes a causa das provas que ele engendra
e sofre, muitas vezes por sua imprevidência.
Revoltado contra Deus, que ele acusa de
injusto, em sua loucura e seu desespero chega mesmo, algumas vezes, a desertar
do combate salutar, da luta que só pode fortificar sua alma, aclarar seu
julgamento, prepará-lo para trabalhos de ordem mais elevada.
Por que é assim? Por que o homem desce
frágil e desarmado na grande arena onde se trava, sem tréguas e sem descanso, a
eterna e gigantesca batalha? É que esse globo terrestre é simplesmente um dos
degraus inferiores da escala dos mundos e nele moram apenas espíritos novos,
isto é, almas nascidas recentemente com a razão.
A matéria reina soberana em nosso mundo e
curva sob seu jugo até os melhores dentre nós; limita nossas faculdades,
paralisa nossos anseios para o bem e nossas aspirações para o ideal.
Assim, para discernir o porquê da vida,
para conhecer sua razão de ser, para entrever a lei suprema que rege as almas e
os mundos é preciso saber libertar-se dessas pesadas influências, liberar-se
das preocupações de ordem material, de todas essas coisas passageiras e
volúveis que acobertam nosso espírito, dificultando nossos julgamentos. Somente
nos elevando algumas vezes pelo pensamento, acima dos próprios horizontes da
vida, fazendo abstração do tempo e do espaço e planando, de certa forma, acima
dos pormenores da existência, é que perceberemos a verdade.
Com um esforço de vontade, abandonemos por
um instante a Terra e subamos essas encostas sublimes. Do alto dos cumes
intelectuais se desenrolará, para nós, o imenso panorama dos tempos sem fim e
dos espaços sem limite. Do mesmo modo que o soldado perdido na luta só vê
confusão em seu derredor, enquanto que o general, cujo olhar alcança todas as
peripécias da batalha, calcula e prevê seus resultados; da mesma forma que o
viajante, perdido nas dobras do terreno, subindo a montanha, pode vê-las se
fundir numa planície grandiosa, assim a alma humana, dos cumes onde ela plana,
longe dos ruídos da Terra, longe dos recantos obscuros, descobre a harmonia
universal. O que embaixo lhe parecia confuso, inexplicável e injusto, visto do
alto se liga e se aclara.
As sinuosidades da existência se
endireitam. Tudo se une, tudo se encadeia. Ao espírito deslumbrado aparece a
ordem majestosa que regula o curso das existências e a marcha dos universos.
Dessas alturas iluminadas, a vida não é
mais, aos nossos olhos, como aos da multidão, a busca vã de satisfações
efêmeras, porém um meio de aperfeiçoamento intelectual, de elevação moral, uma
escola onde se aprende a doçura, a paciência e o dever.
Esta vida, para ser eficaz, não pode ser
isolada. Fora de seus limites, além do nascimento e da morte, vemos, numa
espécie de penumbra, desenrolar-se uma multidão de existências através das
quais, à custa do trabalho e do sofrimento, conquistamos, peça por peça, pedaço
por pedaço, o pouco de saber e de qualidades que possuímos e pelos quais também
conquistaremos o que nos falta: uma razão perfeita, uma ciência sem limites e
um amor infinito por tudo quanto vive.
A imortalidade, semelhante a uma cadeia sem
fim, se desenrola para cada um de nós na imensidade dos tempos. Cada existência
é um elo que se liga, para trás e para frente, em uma cadeia distinta, a uma
vida diferente, porém solidária com as outras.
O futuro é a consequência do passado e, de
degrau em degrau, o ser se eleva e cresce. Artífice de seus próprios destinos,
o homem, livre e responsável, escolhe seu caminho e se essa rota é difícil, as
quedas que terá, os calhaus e os espinhos que irão dilacerá-lo terão como
efeito desenvolver sua experiência e fortificar sua razão nascente.
A lei suprema do mundo é, portanto, o
progresso incessante, a ascensão dos seres para Deus, fonte das perfeições. Das
profundezas do abismo, das mais rudimentares formas da vida, por uma rota
infinita e com o auxílio de transformações sem conta, nós nos aproximamos dele.
No fundo de cada alma o Eterno colocou o germe de todas as faculdades e de
todas as potências; cabe-nos fazê-las eclodir por nossos esforços e por nossas
lutas!
Encarado por esses aspectos novos, nosso
progresso, nossa vindoura felicidade é obra nossa e a graça não tem mais razão
de ser, pois a justiça brilha afinal sobre o mundo, porque se todos lutamos e
sofremos, todos seremos salvos.
Igualmente se revela aqui, em toda a sua
grandeza, o papel da dor e sua utilidade para o progresso dos seres. Cada globo
que rola no espaço é uma vasta oficina onde a substância das almas é incessantemente
trabalhada.
Assim como o grosseiro mineral, sob a ação
do fogo e das águas, se transforma, pouco a pouco, em um puro metal, também a
alma humana, sob os pesados martelos da dor, se transforma e se fortifica. É no
meio das provas que se forjam os grandes caracteres. A dor é a suprema purificação,
é a fornalha onde se fundem todas as escórias impuras que corrompem a alma: o orgulho,
o egoísmo e a indiferença.
É a única escola onde se afinam as
sensações delicadas, onde se aprendem a piedade e a resignação estoicas. Os
gozos sensuais, ligando-nos à matéria, retardam nossa elevação, enquanto que o
sacrifício e a abnegação nos desligam, por antecipação, dessa espessa ganga e
nos preparam para novas etapas e para uma ascensão mais alta. Assim a alma se
eleva na escalada magnífica dos mundos e percorre o campo sem limites dos
espaços e dos tempos.
A cada conquista sobre as paixões, a cada
passo à frente, engrandecida e purificada, ela vê seus horizontes se alargarem
e percebe, cada vez mais distintamente, a grande harmonia das leis e das coisas
e nela participa de uma forma bem estreita e mais efetiva.
Então para ela o tempo se apaga e os
séculos se escoam como segundos. Unida a suas irmãs, companheiras da
erraticidade, ela prossegue sua marcha eterna no seio de uma luz cada vez
maior.
De nossas buscas e de nossas meditações se
destaca assim uma grande lei: a pluralidade das existências da alma. Nós vivemos
antes do nascimento e viveremos depois da morte e esta lei nos dá a chave de
problemas até agora insolúveis, pois somente ela explica a desigualdade das
condições e a infinita variedade dos caracteres e das aptidões. Conhecemos ou conheceremos,
sucessivamente, todas as fases da vida terrestre e percorreremos todos os
meios. No passado, nós éramos como esses selvagens que povoam os continentes atrasados;
no futuro, nós nos poderemos elevar à grandeza desses gênios imortais, desses
espíritos gigantes que, semelhantes a faróis luminosos, iluminam a marcha da
humanidade.
O tempo e o trabalho são os dois elementos
de nosso progresso e a lei da reencarnação mostra, de uma forma brilhante, a
soberana justiça que reina sobre todos os seres. Passo a passo, nos forjamos e
quebramos, nós próprios, nossos grilhões. As provas terríveis, que alguns
dentre nós sofrem, são a consequência de uma conduta do passado.
O déspota renasce escravo; a mulher altiva
e vaidosa por sua beleza tomará um corpo enfermo e sofredor; o preguiçoso
voltará como servo, curvado sob uma tarefa ingrata, e aquele que fez sofrer,
por seu turno, sofrerá. É inútil procurar o inferno nas regiões desconhecidas e
distantes. O inferno está em torno de nós e se oculta nas dobras ignoradas da
alma culpada, na qual só a expiação pode fazer cessar as dores.
Entretanto, dirão, se outras vidas
precederam o nascimento, por que perdemos sua lembrança e como poderemos
resgatar com sucesso faltas esquecidas?
A lembrança! Ela não seria mais que um
terrível grilhão atado aos nossos pés! Mal saída das idades da fúria,
escapando, ontem, da bestialidade feroz, qual deve ser esse passado de cada um
de nós? Pelas etapas vencidas, quantas lágrimas temos feito correr e quanto
sangue temos derramado! Conhecemos o ódio e praticamos a injustiça. Que fardo
moral essa longa perspectiva de faltas para um pobre espírito já débil e
cambaleante! Depois, a lembrança de nosso próprio passado estaria ligada, de
uma forma íntima, à lembrança do passado de outras pessoas. Que desagradável
situação para o culpado, marcado assim com o ferro em brasa pela eternidade!
E os ódios, os erros se perpetuariam pela
mesma razão, criando divisões profundas e eternas no seio dessa humanidade já
tão sacrificada. Sim, Deus fez bem em apagar de nossos frágeis cérebros a
lembrança de um passado perigoso. Após termos bebido as águas do Léthé,
renascemos numa nova vida.
Uma educação diferente, uma civilização
mais ampla faz espantar os fantasmas que perturbaram outrora nosso espírito.
Aliviados dessa bagagem pesada, avançamos
com passo mais rápido pelas sendas que nos são abertas.
Entretanto esse passado não está tão
extinto que não lhe possamos entrever alguns vestígios. Se, livres das
influências exteriores, descermos ao fundo de nosso ser, se analisarmos, com cuidado
nossas preferências e nossas aspirações, descobriremos coisas que nada em nossa
atual existência e na educação recebida pode explicar.
Partindo daí, chegaremos a reconstituir
esse passado, senão em seus pormenores, pelo menos em suas grandes linhas.
Quanto às faltas, ocasionando, nesta vida, uma expiação consentida, ainda que
apagadas momentaneamente aos nossos olhos, sua causa primária não permanece
menos visível para sempre, isto é, nossas paixões, nosso caráter ardente que
novas encarnações terão como meta curvar e domar.
Assim, pois, se deixamos sob o esquecimento
as mais perigosas lembranças, carregamos, pelo menos, conosco o fruto e as
consequências dos trabalhos recentemente conquistados, isto é, uma consciência,
um julgamento e um caráter talhados por nós próprios. O que chamamos
desigualdade não é outra coisa senão a herança intelectual e moral que as vidas
passadas nos legam.
Cada vez que se abrem, para nós, as portas
da morte, quando, separada do jugo material, nossa alma escapa de sua prisão de
carne para entrar novamente no império dos espíritos, então o passado reaparece
inteiramente diante dela. Uma após outra, na rota percorrida, ela revê suas
existências: as quedas, as conquistas e as marchas rápidas. Ela se julga a si
mesma, medindo o caminho percorrido, e no espetáculo de seus sucessos ou de
suas vergonhas, colocados diante dela, encontra seu castigo ou sua recompensa.
Sendo o aperfeiçoamento intelectual e moral
da alma o objetivo da vida, qual condição e qual meio nos convém melhor para
conseguir esse objetivo? O homem pode trabalhar para essa perfeição em todas as
condições e em todos os meios sociais, porém trabalhará mais vitoriosamente em
determinadas condições.
A riqueza proporciona ao homem poderosos
meios de estudo e lhe permite dar a seu espírito uma cultura mais desenvolvida
e mais perfeita; ela põe em suas mãos facilidades maiores para aliviar seus
irmãos infelizes e participar de tarefas úteis para lhes melhorar a sorte.
Todavia são raros os que consideram como um dever trabalhar para aliviar a
miséria ou pela instrução e melhoria de seus semelhantes.
A riqueza esteriliza, muitas vezes, o
coração humano; extingue essa chama interior, esse amor ao progresso e às melhorias
sociais, que aquece todas as almas generosas; coloca uma barreira entre os
poderosos e os humildes e isola, numa esfera, os deserdados desse mundo, onde,
por consequência, suas necessidades e seus males são ignorados e desconhecidos.
A miséria também tem seus horrorosos
perigos: a degradação dos caracteres, o desespero e o suicídio, mas enquanto a
riqueza nos torna indiferentes e egoístas, a pobreza, aproximando-nos dos
humildes, nos faz compartilhar de suas dores. É preciso ter sofrido para
avaliar o sofrimento dos outros. É então que os poderosos, no meio das honras,
se invejam entre si e procuram rivalizar, em ostentação, os pequenos,
aproximados pela necessidade e que vivem, por vezes, em uma tocante confraternização.
Olhai os pássaros de nosso país durante os
meses de inverno, quando o céu está sombrio, quando a terra está coberta com um
branco manto de neve; agarrados uns aos outros, na borda de um telhado, eles se
aquecem mutuamente, em silêncio. A necessidade os une. Contudo, nos belos dias,
com o Sol resplandecendo e a provisão abundante, eles piam quanto podem, perseguem-se,
batem-se e se machucam. Assim é o homem.
Dócil, afetuoso para com seus semelhantes
nos dias de tristeza, a posse dos bens materiais muitas vezes o torna esquecido
e insensível.
Uma condição modesta faz mais bem ao
espírito desejoso de progredir, de adquirir as virtudes necessárias para seu
progresso moral. Longe do turbilhão dos prazeres fugazes, ele julgará melhor a
vida, dará à matéria o que é necessário para a conservação de seus órgãos,
porém evitará cair em hábitos perniciosos, tornar-se presa das inúmeras
necessidades factícias que são o flagelo da humanidade. Ele será sóbrio e
laborioso, contentando-se com pouco, apegando-se aos prazeres da inteligência e
às alegrias do coração.
Fortificado assim contra os assaltos da
matéria, o sábio, sob a pura luz da razão, verá resplandecer seu destino.
Esclarecido quanto ao objetivo da vida e ao porquê das coisas, ficará firme e resignado
diante da dor, que ele aproveitará para sua depuração e seu progresso.
Enfrentará a provação com coragem, sabendo
que ela é salutar, que ela é o choque que rasga nossas almas e que só por este
rasgão derrama tudo quanto de fel e de amargura há em nós.
E se os homens se riem dele, se ele é
vítima da intriga e da injustiça, aprenderá a suportar, pacientemente, seus
males, lançando seus olhares para vós, oh! Nossos irmãos mais velhos, para
Sócrates bebendo a cicuta, para Jesus crucificado e para Joana na fogueira.
Haverá consolação na lembrança de que os maiores, os mais virtuosos e os mais
dignos sofreram e morreram pela humanidade.
Após uma existência bem preenchida, chegará
a hora solene e é com calma, sem desgostos, que virá a morte. A morte que os homens
cercam com um sinistro aparato, a morte, espantalho dos poderosos e dos
sensuais e que para o pensador austero é a libertação, a hora da transformação,
a porta que se abre para o império luminoso dos espíritos.
Esse pórtico das regiões extraterrestres
será penetrado com serenidade, se a consciência, separada da sombra da matéria,
erguer-se como um juiz, representante de Deus, perguntando?
“Que fizeste da vida”? E ele responder:
“Lutei, sofri, amei!
Ensinei o bem, a verdade e a justiça; dei a
meus irmãos o exemplo do correto e da doçura; aliviei as dores dos que sofrem e
consolei os que choram. Agora, que o Eterno me julgue, pois estou em suas mãos”!
Homem, meu irmão, tem fé em teu destino,
porque ele é grande. Confia nas amplas perspectivas, porque ele põe em teu pensamento
a energia necessária para enfrentar os ventos e as tempestades do mundo.
Caminha, valente lutador, sobe a encosta que conduz a esses cimos que se chamam
virtude, dever e sacrifício. Não pares no caminho para colher as florzinhas do campo,
para brincar com os calhaus dourados. Para frente, sempre adiante.
Olha nos esplêndidos céus esses astros
brilhantes, esses sóis incontáveis que carregam, em suas evoluções prodigiosas,
brilhantes cortejos de planetas. Quantos séculos acumulados foram precisos para
formá-los e quantos séculos serão precisos para dissolvê-los.
Pois bem, chegará um dia em que todos esses
sóis serão extintos, ou esses mundos gigantescos desaparecerão para dar lugar a
novos globos e a outras famílias de astros emergindo das profundezas. Nada do
que vês hoje existirá. O vento dos espaços terá varrido para sempre a poeira
desses mundos, porém tu viverás sempre, prosseguindo tua marcha eterna no seio
de uma criação renovada incessantemente. Que serão então, para tua alma depurada
e engrandecida, as sombras e os cuidados do presente? Acidentes fugazes de
nossa caminhada, que só deixarão, no fundo de nossa memória, lembranças tristes
e doces.
Diante dos horizontes infinitos da
imortalidade, os males do passado e as provas sofridas serão qual uma nuvem
fugidia no meio de um céu sereno.
Considera, portanto, no seu justo valor, as
coisas da Terra.
Não as desdenhes porque, sem dúvida, elas
são necessárias ao teu progresso e tua obra é contribuir para o seu
aperfeiçoamento, melhorando a ti mesmo, mas que tua alma não se agarre exclusivamente
a elas e que busque, antes de tudo, os ensinamentos nela contidos.
Graças a eles compreenderás que o objetivo
da vida não é o gozo, nem a felicidade, porém o desenvolvimento por meio do trabalho,
do estudo e do cumprimento do dever, dessa alma, dessa personalidade que
encontrarás além do túmulo, tal como a tenhas feito, tu mesmo, no curso desta
existência terrestre.
Leon Denis – Livro: O Progresso
“Nunca te deixarei, nem te desampararei”. Paulo (Hebreus, 13:5)
A palavra do Senhor não
se reporta somente à sustentação da vida física, na subida pedregosa da
ascensão.
Muito mais que de pão do
corpo, necessitamos de pão do espírito.
Se as células do campo
fisiológico sofrem fome e reclamam a sopa comum, as necessidades e desejos,
impulsos e emoções da alma provocam, por vezes, aflições desmedidas, exigindo
mais ampla alimentação espiritual.
Há momentos de profunda
exaustão, em nossas reservas mais íntimas.
As energias parecem
esgotadas e as esperanças se retraem apáticas.
Instala-se a sombra,
dentro de nós, como se espessa noite nos envolvesse.
E qual acontece à
Natureza, sob o manto noturno, embora guardemos fontes de entendimento e flores
de boa vontade, na vasta extensão do nosso país interior, tudo permanece velado
pelo nevoeiro de nossas inquietações.
O Todo Misericordioso, contudo,
ainda aí, não nos deixa completamente relegados à treva de nossas indecisões e
desapontamentos. Assim como faz brilhar as estrelas fulgurantes no alto,
desvelando os caminhos constelados do firmamento ao viajor perdido no mundo,
acende, no céu de nossos ideais, convicções novas e aspirações mais elevadas, a
fim de que nosso espírito não se perca na viagem para a vida superior.
"Nunca te deixarei,
nem te desampararei" – promete a Divina Bondade.
Nem solidão, nem
abandono.
A Providência Celestial
prossegue velando.
Mantenhamos, pois, a
confortadora certeza de que toda tempestade é seguida pela atmosfera tranquila
e de que não existe noite sem alvorecer.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 041
Amado Jesus!
Suplicando abençoes a
nossa casa de fraternidade, esperamos por teu amparo, a fim de que saibamos
colocar em ação o amor que nos deste.
Auxilia-nos a exercer a
compaixão e o entendimento, ensinando-nos a esquecer o mal e a cultivar o bem,
na paciência e na tolerância uns para com os outros.
Ajuda-nos a compreender
e servir, para que a nossa fé não seja inútil.
Faze-nos aceitar na
caridade o esquema de cada dia e induze-nos os braços ao trabalho edificante
para que o nosso tempo não se torne vazio.
Sobretudo, Senhor,
dá-nos humildade, a fim de que a humildade nos faça dóceis instrumentos nas
tuas mãos.
E, agradecendo-te o
privilégio do trabalho, em nosso templo de oração, louvamos a tua Infinita
Bondade hoje e sempre.
Scheilla / Chico Xavier – Livro: Visão nova
Confira nesta edição:
"Na aduana da vida, o passaporte libertador
é a conduta íntima."