Fabiano
de Cristo nasceu em 8 de fevereiro de 1676, em Soengas, norte de Portugal.
Conforme o costume católico de dar-se às crianças o nome do santo em cujo dia
nascem, o menino recebeu, na pia batismal, o nome de João, porque, naquele dia,
a Igreja celebrava a festa litúrgica de São João da Mata.
A infância de João Barbosa foi simples.
Família pobre, cinco irmãs. Tomava conta do pequeno rebanho de ovelhas do pai.
Trabalhava de sol a sol, dormia muito cedo, acordava com a aurora.
(...)
No final do século XVII, a novidade mais ambiciosa que os marinheiros traziam a
Portugal era a descoberta abundante do ouro em Minas Gerais. Conseguiu dois
sócios e com eles partiu de Portugal para os sonhos do Brasil.
Aportou
João na cidade do Rio de Janeiro, mas fixou residência na Vila de Parati, porta
de entrada para as minas. Tornou-se negociante da carreira das minas. Suas
atividades estavam relacionadas ao comércio, importação e exportação, que ele
conhecia bem, em função de suas experiências na cidade do Porto. Em poucos
anos, João já estava senhor de pequena fortuna.
Com
28 anos de idade, fazia parte da Irmandade do Santíssimo Sacramento, vinculara-se
ao pároco da Paroquial Igreja da Vila de Parati. Muito devoto das almas do
purgatório, conseguiu erguer a Irmandade da Boa Morte. Longe de cair como
miserável cativo da avareza, João Barbosa era conhecido em Parati pela sua
generosidade.
(...)
Livre de todos os bens terrenos, no dia 8 de novembro de 1704, João Barbosa
apresentou-se à portaria do antigo Convento de São Bernardino de Sena, em Angra
dos Reis. Foi admitido como noviço. No dia 12 de novembro de 1705, João Barbosa
mudou o nome de João para Fabiano e o de Barbosa pelo de Cristo, passando a ser
Frei Fabiano de Cristo.
No final do ano de 1705, foi transferido de
Angra dos Reis para o Rio de Janeiro para ser o porteiro do Convento de Santo
Antônio. Três ou quatro anos mais tarde, deixou a portaria do convento para
desempenhar uma nova função, que consumiria os 38 anos restantes de sua vida -
a de enfermeiro.
Embora
não tivesse preparação especial para a função de enfermeiro, a caridade e o
esforço pessoal substituíam as deficiências. No tratamento aos enfermos, se
evidenciava sua caridade. Praticamente levava sua vida junto aos doentes, a tal
ponto que nem sequer tinha um quarto próprio.
Por
longo tempo, contentava-se em dormir em qualquer lugar da enfermaria, para que,
dia e noite, pudesse estar à disposição dos doentes. Assim, pouco dormia.
Andava
rezando na enfermaria com os pés descalços, alegando que, com as sandálias,
acordaria os enfermos. Afirmava que era necessária a observância do silêncio.
Por mais que procurasse ocultar, muitos testemunharam suas virtudes,
exemplificadas na humildade, obediência e na dedicação.
Com o correr do tempo, o corpo de Frei Fabiano
foi sentindo o peso da idade e dos sacrifícios, na forma de sofrimentos físicos
que o crucificaram por mais ou menos 30 anos. A causa inicial desses
sofrimentos foi uma erisipela, que causava inchação e cruciantes sofrimentos
nas pernas, acentuadamente na esquerda, qualificada como mais que monstruosa.
Na perna direita se lhe originou uma grande e horrorosa chaga, que vertia
continuamente copioso pus. Ainda nas pernas, sofreu em seguida de outro
incômodo não menos doloroso: um quisto.
Frei Fabiano atingira a casa dos 70 anos de
idade. O mês de outubro de 1747 trouxe agravamento em seu estado de saúde.
Desde o dia 14, Frei Fabiano já anunciava que partiria em três dias. Nesses
três dias, Fabiano, na enfermaria, alenta ânimos desfalecidos. Pensa chagas
abertas e sorri, em doce e terna alegria, na despedida aos doentes. Beija
crianças. Afaga velhos esbatidos pela dor. Encoraja os que choram. Ampara os
desesperançados.
Tal
como ele próprio havia previsto, desencarna no dia 17 de outubro de 1747.
Fonte: Site FEP – Federação Espírita do Paraná