domingo, 2 de novembro de 2025

Oração no dia dos mortos

 


Senhor Jesus!

Enquanto nossos irmãos na Terra se consagram hoje à lembrança dos “mortos-vivos” que se desenfaixaram da carne, oramos também pelos “vivos-mortos” que ainda se ajustam à teia física…

Pelos que jazem sepultados em palácios silenciosos, fugindo ao trabalho, como quem se cadaveriza, pouco a pouco, para o sepulcro;

pelos que se enrijeceram gradativamente na autoridade convencional, adornando a própria inutilidade com títulos preciosos, à feição de belos epitáfios inúteis;

pelos que anestesiaram a consciência no vício, transformando as alegrias desvairadas do mundo em portões escancarados para a longa descida às trevas;

pelos que enterraram a própria mente nos cofres da sovinice, enclausurando a existência numa cova de ouro;

pelos que paralisaram a circulação do próprio sangue, nos excessos da mesa;

pelos que se mumificaram no féretro da preguiça, receando as cruzes redentoras e as calúnias honrosas;

pelos que se imobilizaram no paraíso doméstico, enquistando-se no egoísmo entorpecente, como desmemoriados, descansando no espaço estreito do esquife…

E rogamos-te ainda, Senhor, pelos mortos das penitenciárias que ouviram as sugestões do crime e clamam agora na dor do arrependimento; 

pelos mortos dos hospitais e dos manicômios, que gemem, relegados à solidão, na noite da enfermidade; 

pelos mortos de desânimo, que se renderam, na luta, às punhaladas da ingratidão;

pelos mortos de desespero, que caíram em suicídio moral, por desertores da renúncia e da paciência;

pelos mortos de saudade, que lamentam a falta dos seres pelos quais dariam a própria vida;

e por esses outros mortos, desconhecidos e pequeninos, que são as crianças entregues à via pública, exterminadas na vala do esquecimento…

Por todos esses nossos irmãos, não ignoramos que choras também como choraste sobre Lázaro morto…

E trazendo igualmente hoje a cada um deles a flor da esperança e o lume da oração, sabemos que o teu amor infinito clarear-nos-á o vale da morte, ensinando-nos o caminho da eterna ressurreição. 


Emmanuel/Chico Xavier - Livro: Religião dos Espíritos



sábado, 1 de novembro de 2025

Palavra falada

 

“Porque não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz. Vede, pois, como ouvis.” — Jesus (Lucas, 8:17,18)

 

A palavra é vigoroso fio da sugestão.

É por ela que recolhemos o ensinamento dos grandes orientadores da Humanidade, na tradição oral, mas igualmente com ela recebemos toda espécie de informações no plano evolutivo em que se nos apresenta a luta diária.

Por isso mesmo, se é importante saber como falas, é mais importante saber como ouves, porquanto, segundo ouvimos, nossa frase semeará bálsamo ou veneno, paz ou discórdia, treva ou luz.

No templo doméstico ou fora dele, escutarás os mais variados apontamentos.

Apreciações acerca da Natureza…

Críticas em torno da autoridade constituída…

Notas alusivas à conduta dos outros…

Opiniões diferentes nesse ou naquele assunto…

Cada registro falado traz consigo o impacto da ação. Contudo, a reação mora em ti mesmo, solucionando os problemas ou agravando-lhes a estrutura.

Por tua resposta, converter-se-á o bem na lição ou na alegria dos que te comungam a experiência ou transformar-se-á o mal no açoite ou no sofrimento daqueles que te acompanham.

Saibamos, assim, lubrificar as engrenagens da audição com o óleo do amor puro, a fim de que a nossa língua traduza o idioma da compreensão e da paciência, do otimismo e da caridade, porque nem sempre o nosso julgamento é o julgamento da Lei Divina e, conforme asseverou o Cristo de Deus, não há propósito oculto ou atividade transitoriamente escondida que não hajam de vir à luz.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 52


A Comunicação Social no Movimento Espírita

 


“Uma publicidade em larga escala, feita nos jornais
de maior circulação, levaria ao mundo inteiro, até as
localidades mais distantes, o conhecimento das ideias
espíritas, despertaria o desejo de aprofundá-las e,
multiplicando-lhes os adeptos, imporia silêncio aos
detratores, que logo teriam de ceder, diante do ascendente
da opinião geral.”¹
Allan Kardec

 

A comunicação nos grupos sociais é o processo de troca de mensagens e informações entre seus indivíduos com um propósito comum, sendo crucial para a colaboração, tomada de decisões e alcance de objetivos.

Assim, no movimento espírita, faz-se necessária a criação de uma equipe que deverá especializar-se no estudo e prática de técnicas para a realização do trabalho de divulgação da Doutrina Espírita por meio de todos os veículos de comunicação social compatíveis com os princípios ético-morais espíritas cobrindo as suas funções evangelizadora, integradora e midiática.

Em nossa casa, esta equipe tem tentado desempenhar a tarefa com muito esforço e dedicação com o apoio de toda a diretoria administrativa e executiva, com investimentos financeiros e incentivo pessoal para que tudo seja conforme programamos.
Os objetivos são sempre nobres, voltados ao atendimento do escopo da codificação, conforme vemos no recorte, colocado logo no cabeçalho deste texto, assinado pelo excelente mestre lionês: ...levaria ao mundo inteiro, até as localidades mais distantes, o conhecimento das ideias espíritas…”.

Não desconsiderando as inumeráveis possibilidades de, lançando mão dos recursos das novas tecnologias que se multiplicam em prazos curtíssimos, levar informações por processos cada vez mais rápidos e tão reais a qualquer ponto do planeta, os desafios sempre se fazem presentes para mantermos a fidelidade necessária para o trabalho com o conteúdo que abraçamos ao ingressarmos nas lides do movimento espírita.

Com um público bastante diversificado, que varia entre todas as faixas etárias, grupos sociais que atravessam os vários graus de conhecimento e amadurecimento no trato da interpretação das linguagens utilizadas em cada nicho social, a palavra do Cristo deverá prevalecer em sua pureza para todos e em todos os meios disponíveis.
Feitas estas considerações importantes, chegamos a uma pergunta inevitável: Como abraçar a todos os grupos (nichos) mantendo a pureza doutrinária necessária?

Apesar da aparência de inextricável questão, a resposta já se encontra no riquíssimo conteúdo trazido no trabalho do Espírito Verdade: “Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro mandamento. Instruí-vos, eis o segundo.”² Não há um meio de comunicar direto à mente (dimensões do intelecto e sentimento) do outro, como deve ser, sem a compreensão das Leis que regem a todos em seus variados aspectos cognitivos e a disposição de amar a todas as criaturas do nosso universo! Dediquemo-nos ao estudo sério e disponhamo-nos ao trabalho na Grande Seara!

A comunicação perpassa por todas as nossas atividades inevitavelmente e abre amplas possibilidades de trabalho para todos nós. Diz-nos o Espírito Emmanuel na obra Estude e Viva: “...o Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade da sua própria divulgação.”³ O Cristo permanece nos aguardando para este trabalho inadiável da divulgação da sua doutrina de amor. Não nos convém demorar inertes entre as distrações do mundo. Coloquemos a mão na charrua e não olhemos para trás a fim de termos garantido o salário do trabalho nesta última hora!

Jesus com todos!

Equipe DCSE – CEJG



Referências:
    1 - Allan Kardec - Obras Póstumas, “Projeto 1868”.
    2 - Allan Kardec - O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, item 5.
    3 - Emmanuel - Estude e viva, Cap. 40, FEB.

 


Você conhece a história de Ernesto Bozzano?

 

Ernesto Bozzano nasceu em 9 de janeiro de 1862, em Savona, na Itália, em uma família abastada, sendo o quarto de cinco irmãos. Desde jovem, demonstrou grande interesse por Filosofia, Psicologia, Astronomia, Ciências Naturais e Parapsicologia. Aos 14 anos, interrompeu os estudos por insistência do pai, que o fez trabalhar em uma atividade que não o agradava. Ainda assim, sua paixão pelo conhecimento permaneceu viva, e ele se dedicou intensamente à leitura de obras humanísticas e filosóficas, o que moldou sua formação intelectual.

Antes de se aproximar do Espiritismo, Bozzano foi materialista, cético e positivista, refletindo o pensamento predominante de sua época. Ele mesmo chegou a afirmar que não conseguia conceber como pessoas instruídas pudessem acreditar na sobrevivência da alma. Contudo, seu espírito investigativo o levou, mais tarde, a se aprofundar nas obras de Allan Kardec, Léon Denis, Gabriel Delanne, Paul Gibier, William Crookes e Alexander Aksakof, entre outros, despertando nele o interesse por estudar os fenômenos espirituais com rigor científico.

Professor da Universidade de Turim, Bozzano estruturou seu trabalho de pesquisa de modo sistemático. Organizou um classificador alfabético com os conteúdos das obras que estudava, método que o acompanhou por toda a vida. Fundou, em Gênova, o Círculo Científico Minerva, primeira sociedade de estudos psíquicos da cidade, onde realizou experimentos entre 1891 e 1906, registrando manifestações físicas e mediúnicas variadas. Também trabalhou com a famosa médium Eusápia Palladino, obtendo fenômenos de materialização em plena luz, que fortaleceram suas convicções sobre a realidade espiritual.

Durante mais de cinquenta anos de pesquisa, Bozzano conduziu experiências com dezenas de médiuns e elaborou diversas monografias e estudos detalhados. Suas investigações alcançaram repercussão internacional, contribuindo para o reconhecimento do Espiritismo como campo legítimo de estudo. Entre suas mais de trinta e cinco obras, destacam-se "A Crise da Morte, Animismo ou Espiritismo, A Hipótese Espírita e as Teorias Científicas, Fenômenos de Talestesia e Os Enigmas da Psicometria", que se tornaram referências clássicas na literatura espírita e parapsicológica.

A morte de sua mãe, em 1912, marcou profundamente sua trajetória e consolidou sua fé espírita. Durante uma sessão mediúnica, Bozzano recebeu uma mensagem psicografada com os versos exatos que havia deixado no túmulo dela, fato que o comoveu e o fez reafirmar sua crença na sobrevivência da alma. Fiel à pesquisa e à verdade, dedicou-se ao estudo do Espiritismo até sua desencarnação em 24 de junho de 1943, em Savona. Seu legado foi preservado por Gastone De Boni, que criou a Fondazione Biblioteca Bozzano De Boni, instituição que até hoje conserva seu acervo e mantém viva a memória de um dos mais notáveis pesquisadores espíritas da história. 


Texto baseado na biografia encontrada no site da União Espírita Mineira 


Palestras CEJG - Novembro/2025

 



domingo, 26 de outubro de 2025

No solo do espírito

 

“E outra caiu em boa terra e deu fruto; um a cem, outro a sessenta e outro a trinta.” — Jesus (Mateus, 13:8)

 

Referindo-nos à parábola do semeador, narrada pelo Divino Mestre, lembremo-nos de que o campo da vida é assim como a terra comum.

Nele encontramos criaturas que expressam glebas espirituais de todos os tipos.

Homens-calhaus…

Homens-espinheiros…

Homens-milhafres*…

Homens-parasitas…

Homens-charcos…

Homens-furnas…

Homens-superfícies…

Homens-obstáculos…

Homens-venenos…

Homens-palhas…

Homens-sorvedouros…

Homens-erosões…

Homens-abismos…

Mas surpreendemos também, com alegria, os homens-searas, aqueles que reunindo consigo o solo produtivo do caráter reto, a água pura dos sentimentos nobres, o adubo da abnegação, a charrua do esforço próprio e o suor do trabalho constante, sabem albergar as sementes divinas do conhecimento superior, produzindo as colheitas do bem para os semelhantes.

Reparemos a vasta paisagem que nos rodeia, através da meditação, e, com facilidade, por nossa atitude perante os outros, reconheceremos de pronto que espécie de terreno estamos sendo nós.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 51

 

*Milhafre: Gênero de ave de rapina própria das regiões quentes e temperadas.



sábado, 18 de outubro de 2025

Confiemos alegremente

 

“Regozijai-vos sempre.” — Paulo (I Tessalonicenses, 5:16)

 

Lembra-te das mercês que o Senhor te concede pelos braços do tempo e espalha gratidão e alegria onde estiveres…

Repara as forças da Natureza, a emergirem, serenas, de todos os cataclismos.

Corre a fonte cantando pelo crivo do charco…

Sussurra a brisa melodias de confiança após a ventania destruidora…

A árvore multiplica flores e frutos, além da poda…

Multidões de estrelas rutilam sobre as trevas da noite…

E cada manhã, ainda mesmo que os homens se tenham valido da sombra para enxovalhar a terra com o sangue do crime, volve o Sol, em luminoso silêncio, acalentando homens e vermes, montes e furnas.

Ainda mesmo que o mal te golpeie transitoriamente o coração, recorda os bens que te compõem a riqueza da saúde e da esperança, do trabalho e do amor, e rejubila-te, buscando a frente…

Tédio é deserção.

Pessimismo é veneno.

Encara os obstáculos de ânimo firme e estampa o otimismo em tua alma para que não fujas aos teus próprios compromissos perante a vida.

Serenidade em nós é segurança nos outros.

O sorriso de paz é arco-íris no céu de teu semblante.

“Regozijai-vos sempre” — diz-nos o apóstolo Paulo.

E acrescentamos:

— Rejubilemo-nos em tudo com a Vontade de Deus, porque a Vontade de Deus significa Bondade Eterna.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 50


sábado, 11 de outubro de 2025

Caridade e riqueza

 

“Pois somos a feitura dele, criados em Jesus-Cristo para boas obras.” — Paulo (Efésios, 2:10)

 

Se acreditas que apenas o ouro é base correntia da caridade, lembra-te de Jesus, que enriqueceu a Terra sem possuir uma pedra onde repousar a cabeça.

Descerrando o próprio coração, ei-lo a espalhar os bens imarcescíveis do espírito.

Fez luzir a estrela da humildade à frente dos poderosos.

Acentuou a alegria nas bodas singelas de Caná.

Ensinou aos discípulos a verdade sem afetação.

Deu assistência aos enfermos.

Forneceu coragem aos desalentados.

Ministrou consolação aos aflitos.

Imprimiu visão nova aos olhos de Madalena.

Acendeu súbita claridade no ânimo de Zaqueu.

Envolveu em compassivo entendimento a incompreensão de Judas.

Cercou de bondade o esmorecimento de Simão Pedro.

Endereçou bênçãos de compaixão à turba desenfreada aos pés da cruz.

Brindou o mundo com o esquecimento do mal, retomando-lhe o convívio, depois do túmulo.

Recorda, pois, que também podes distribuir das riquezas que fluem de ti próprio, cuja aquisição é inacessível à moeda comum.

Oferece aprovação e estímulo ao bem, apoio e conforto à dor…

Estende ternura e simpatia, concurso e fraternidade…

Espalha compreensão e esperança entre aqueles com quem convives e recebe com gentileza e bondade aqueles que te procuram…

Não aguardes sobras na bolsa para atender aos planos da caridade.

Lembra-te de que o amor é inesgotável na fonte do coração e de que Jesus, ainda hoje, com Deus e com o amor, vem multiplicando, dia a dia, os eternos tesouros da Humanidade.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 49


sábado, 4 de outubro de 2025

Palestras CEJG - Outubro/2025

 


Dinheiro e atitude

 

“Porque a paixão do dinheiro é a raiz de toda a espécie de males e, nessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.” — Paulo (I Timóteo, 6:10)

 

Não encarceres o dinheiro para que o dinheiro não te encarcere.

Bênção da vida que o Senhor permite circule na organização da comunidade, qual sangue no corpo, converte-se em perigoso tirano de quem o escraviza.

Deforma, por isso mesmo, os corações que o segregam no vício, como se faz verdugo implacável do avarento que o trancafia nos cofres da usura.

Algemado à inteligência perversa, transforma-se em arma destruidora, e extorquido às lágrimas de viúvas e órfãos, vinga-se daqueles que o recolhem, instilando-lhes enfermidades e cegueira de espírito.

Libertado, porém, no campo do progresso e da bondade, converte-se em oculto libertador daqueles que o libertam.

É por essa razão que se faz alegria na colher de leite à criança desamparada ou no leito simples que agasalha o doente sem teto, voltando em forma de paz àqueles que o distribuem.

Orientado na direção dos que sofrem é prece de gratidão em louvor dos braços que o movimentam e conduzido aos círculos de aflição é cântico inarticulado de amor para as almas que o semeiam na gleba castigada do sofrimento.

Não é a moeda que envilece o homem e sim o homem que a envilece, no desvario das paixões que o degradam.

Deixa, pois, que o dinheiro de passagem por tuas mãos se faça bênção de trabalho e educação, caridade e socorro, à feição do ar que respiras sem furtá-lo aos pulmões dos outros, e perceberás que o dinheiro, na origem, é propriedade simples de Deus.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 48