Lutas do casamento!… Provas do casamento!…
Quem disse, porém, que a concretização do matrimônio é
felicidade estruturada a toques de figurino, não atingiu a realidade.
A união a dois, no culto da afinidade ou na execução
de tarefas mais amplas da família, é um encargo honroso, qual sucede a tantas
obrigações dignas. Nem por isso deixa de ser trabalho por efetuar. E trabalho
tão importante que, não sendo possível a um coração apenas, foi preciso reunir
dois para realizá-lo.
Quando um companheiro delibera empreender certa
pesquisa, ou se outro abraça determinada profissão, não nos aventuramos a
iludi-los com visões de felicidade imaginária. Ao invés disso, reconhecemos que escolheram
laborioso caminho de serviço em que lhes auguramos o êxito desejado.
De igual modo, o casamento não é construção sem bases,
espécie de palácio feito sob medida para os moradores.
Entre os cônjuges é imperioso que um aprenda a
compreender o outro, de maneira a desenvolver as qualidades nobres que o outro
possua, transformando-lhe consequentemente as possíveis tendências menos
felizes em aspirações à Vida Melhor.
Claramente, todos temos vinculações profundas,
idiossincrasias, frustrações e dificuldades. A reencarnação nos informa com
segurança quanto a isso, indicando para que lado gravitamos em família, segundo
os mecanismos da vida que a experiência terrestre nos induz a reajustar.
Em razão disso, todo par e toda organização doméstica
revelam regiões nevrálgicas entretecidas de problemas que é preciso saber
contornar ou penetrar, a fim de que o futuro nos traga as soluções da harmonia
irreversível.
Se te encontras ao lado de alguém, sob regime de
compromisso afetivo, não exijas de imediato a esse alguém a apresentação dos
recursos de que ainda necessite para ser aos teus olhos a companhia perfeita
que esperavas encontrar entre as paredes domésticas. Nem queiras que esse
alguém raciocine com os teus pensamentos, porquanto a ninguém é licito reclamar
de outrem aquilo que ainda não consegue fazer.
Se não desejas receber nos próprios ombros a cabeça de
quem abraçou contigo as responsabilidades da união a dois, é mais que natural
não possas impor a própria cabeça aos ombros da criatura a quem prometeste
carinho e dedicação.
Todos somos filhos de Deus.
O matrimônio é obrigação que os interessados assumem
livremente e de que prestarão justa conta um ao outro. Conquanto isso, o
casamento não funde as pessoas que o integram. Por isto mesmo a união a dois,
além da complementação realizada, recorda a lavoura e a construção: cada
cônjuge colhe o que plantou, tanto quanto dispõe do que fez.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Astronautas do Além