sábado, 7 de maio de 2022

No dia das mães, falamos com os filhos

 


As evocações deste mês de maio enaltecem a figura sempre veneranda das mães. No que pese o dia de homenagens a elas ter sido convertido em fins comerciais, nós podemos transcender essa conotação e esse apelo comercial e reconhecermos a importância do dia, pura e simplesmente, como na origem da sua instituição e podemos dar vazão à nossa ternura represada no íntimo, por timidez ou por falta de desatar certos nós conflitantes, que constrangem a nossa expansão de sentimentos nobres, e dizermos a ela de nossa gratidão.

Se ela estiver ao nosso lado, na vida física ainda, a hora é de lhe falarmos, de viva voz, do nosso reconhecimento e do nosso amor.

Se ela já tiver partido para a pátria espiritual, busquemos envolvê-la com nossas melhores vibrações de carinho, levando-lhe os bons e alegres pensamentos, em reconhecimento por quem nos deu o berço, o nome e os braços, sustentando-nos os passos e orientando-nos para a vida.

Se, pelas injunções da existência, porventura não a tenhamos conhecido, nem por isso deixa ela de existir e de guardar no coração os laços que nos unem diante da eternidade. Peçamos a Deus por ela, com unção, e lhe enderecemos nosso bem querer. No entanto, não deixemos de agradecer também, nesse caso, àquela ou àqueles que, por misericórdia divina, cumpriram o papel de mãe, pois que também o são, com todas as letras, sentimentos e significados que a palavra mãe expressa.

Toda a gratidão sequer retribuirá a fortuna da oportunidade fruída através do renascimento carnal.

O carinho e respeito contínuos não representarão oferenda compatível com a amorosa assistência recebida desde antes do berço.

A delicadeza e a afeição não corresponderão à grandeza dos gestos de sacrifício e da abnegação demoradamente recebidos…

Os filhos têm deveres intransferíveis para com os pais, instrumentos de Deus para o trâmite da experiência carnal, mediante a qual o Espírito adquire patrimônios superiores, resgata insucessos e comprometimentos perturbadores.1

Recordemo-nos dos importantes ensinamentos sobre o mandamento “Honrai a vosso pai e a vossa mãe”, que nos são trazidos por Allan Kardec, e que são muito próprios para nossas reflexões do momento, pontuando ângulos que nem sempre nossos olhos veem:

O mandamento: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe” é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo aquele que não ama a seu pai e a sua mãe; mas, o termo honrai encerra um dever a mais para com eles: o da piedade filial. Quis Deus mostrar por essa forma que ao amor se devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência, o que envolve a obrigação de cumprir-se para com eles, de modo ainda mais rigoroso, tudo o que a caridade ordena relativamente ao próximo em geral!

Honrar a seu pai e a sua mãe, não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles fizeram conosco, na infância.

Sobretudo para com os pais sem recursos é que se demonstra a verdadeira piedade filial. Obedecem a esse mandamento os que julgam fazer grande coisa porque dão a seus pais o estritamente necessário para não morrerem de fome, enquanto eles de nada se privam, atirando-os para os cômodos mais ínfimos da casa, apenas por não os deixarem na rua, reservando para si o que há de melhor, de mais confortável?

Não, os filhos não devem a seus pais pobres só o estritamente necessário, devem-lhes também, na medida do que puderem, os pequenos nadas supérfluos, as solicitudes, os cuidados amáveis, que são apenas o juro do que receberam, o pagamento de uma dívida sagrada.

Ai, pois, daquele que olvida o que deve aos que o ampararam em sua fraqueza, que com a vida material lhe deram a vida moral, que muitas vezes se impuseram duras privações para lhe garantir o bem-estar. Ai do ingrato…

A ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os corações honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais odioso.2

Falando aos filhos, nesse dia das mães, também o fazemos com as palavras da veneranda Benfeitora Espiritual, Joanna de Ângelis:

Não adies o momento de dizer à tua Mãe o quanto a amas, como dela dependes, o tanto que a necessitas.

Se deixas para fazê-lo depois, pode suceder que, ao intentares, seja tarde, muito tarde para que o logres.

Fala-lhe hoje sobre a tua imensa ternura e gratidão, envolvendo-a em bênçãos de amor filial.

Ela sorrirá, e, na explosão de júbilo de que se verá possuída, verterá transparente cortina líquida de emoção, falando-te, trêmula e ditosa:

– Meu filho, meu filho, tu me honras em demasia e eu reconheço não o merecer, porquanto sou apenas tua Mãe. 3

 

1FRANCO, Divaldo P. Leis morais da vida. Joanna de Ângelis, cap. 17.

2KARDEC, Allan. O evangelho segundo o Espiritismo. Cap. XIV, itens 3 e 9.

3 FRANCO, Divaldo P. Otimismo. Joanna de Ângelis, cap. 59.

Editorial do Jornal Mundo Espírita – maio/2013

Fonte: mundoespírita.com.br

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