As evocações deste mês de maio enaltecem a
figura sempre veneranda das mães. No que pese o dia de homenagens a elas ter
sido convertido em fins comerciais, nós podemos transcender essa conotação e
esse apelo comercial e reconhecermos a importância do dia, pura e simplesmente,
como na origem da sua instituição e podemos dar vazão à nossa ternura represada
no íntimo, por timidez ou por falta de desatar certos nós conflitantes, que
constrangem a nossa expansão de sentimentos nobres, e dizermos a ela de nossa
gratidão.
Se ela estiver ao nosso lado, na vida física
ainda, a hora é de lhe falarmos, de viva voz, do nosso reconhecimento e do
nosso amor.
Se ela já tiver partido para a pátria
espiritual, busquemos envolvê-la com nossas melhores vibrações de carinho,
levando-lhe os bons e alegres pensamentos, em reconhecimento por quem nos deu o
berço, o nome e os braços, sustentando-nos os passos e orientando-nos para a
vida.
Se, pelas injunções da existência, porventura
não a tenhamos conhecido, nem por isso deixa ela de existir e de guardar no
coração os laços que nos unem diante da eternidade. Peçamos a Deus por ela, com
unção, e lhe enderecemos nosso bem querer. No entanto, não deixemos de
agradecer também, nesse caso, àquela ou àqueles que, por misericórdia divina,
cumpriram o papel de mãe, pois que também o são, com todas as letras,
sentimentos e significados que a palavra mãe expressa.
Toda a gratidão sequer retribuirá a fortuna da
oportunidade fruída através do renascimento carnal.
O carinho e respeito contínuos não representarão
oferenda compatível com a amorosa assistência recebida desde antes do berço.
A delicadeza e a afeição não corresponderão à
grandeza dos gestos de sacrifício e da abnegação demoradamente recebidos…
Os
filhos têm deveres intransferíveis para com os pais, instrumentos de Deus para
o trâmite da experiência carnal, mediante a qual o Espírito adquire patrimônios
superiores, resgata insucessos e comprometimentos perturbadores.1
Recordemo-nos dos importantes ensinamentos sobre
o mandamento “Honrai a vosso pai e a vossa mãe”, que nos são trazidos por Allan
Kardec, e que são muito próprios para nossas reflexões do momento, pontuando
ângulos que nem sempre nossos olhos veem:
O
mandamento: “Honrai a vosso pai e a vossa mãe” é um corolário da lei geral de
caridade e de amor ao próximo, visto que não pode amar o seu próximo aquele que
não ama a seu pai e a sua mãe; mas, o termo honrai encerra um dever a mais para
com eles: o da piedade filial. Quis Deus mostrar por essa forma que ao amor se
devem juntar o respeito, as atenções, a submissão e a condescendência, o que
envolve a obrigação de cumprir-se para com eles, de modo ainda mais rigoroso,
tudo o que a caridade ordena relativamente ao próximo em geral!
Honrar
a seu pai e a sua mãe, não consiste apenas em respeitá-los; é também
assisti-los na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los
de cuidados como eles fizeram conosco, na infância.
Sobretudo
para com os pais sem recursos é que se demonstra a verdadeira piedade filial.
Obedecem a esse mandamento os que julgam fazer grande coisa porque dão a seus
pais o estritamente necessário para não morrerem de fome, enquanto eles de nada
se privam, atirando-os para os cômodos mais ínfimos da casa, apenas por não os
deixarem na rua, reservando para si o que há de melhor, de mais confortável?
Não,
os filhos não devem a seus pais pobres só o estritamente necessário, devem-lhes
também, na medida do que puderem, os pequenos nadas supérfluos, as solicitudes,
os cuidados amáveis, que são apenas o juro do que receberam, o pagamento de uma
dívida sagrada.
Ai,
pois, daquele que olvida o que deve aos que o ampararam em sua fraqueza, que
com a vida material lhe deram a vida moral, que muitas vezes se impuseram duras
privações para lhe garantir o bem-estar. Ai do ingrato…
A
ingratidão é um dos frutos mais diretos do egoísmo. Revolta sempre os corações
honestos. Mas, a dos filhos para com os pais apresenta caráter ainda mais
odioso.2
Falando aos filhos, nesse dia das mães, também o
fazemos com as palavras da veneranda Benfeitora Espiritual, Joanna de Ângelis:
Não
adies o momento de dizer à tua Mãe o quanto a amas, como dela dependes, o tanto
que a necessitas.
Se
deixas para fazê-lo depois, pode suceder que, ao intentares, seja tarde, muito
tarde para que o logres.
Fala-lhe
hoje sobre a tua imensa ternura e gratidão, envolvendo-a em bênçãos de amor
filial.
Ela
sorrirá, e, na explosão de júbilo de que se verá possuída, verterá transparente
cortina líquida de emoção, falando-te, trêmula e ditosa:
–
Meu filho, meu filho, tu me honras em demasia e eu reconheço não o merecer,
porquanto sou apenas tua Mãe. 3
1FRANCO, Divaldo P. Leis
morais da vida. Joanna de Ângelis, cap. 17.
2KARDEC, Allan. O
evangelho segundo o Espiritismo. Cap. XIV, itens 3 e 9.
3 FRANCO, Divaldo P.
Otimismo. Joanna de Ângelis, cap. 59.
Editorial do Jornal
Mundo Espírita – maio/2013
Fonte: mundoespírita.com.br
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