Senhor, reconhecendo as
próprias necessidades em que me debato e por sabê-las graves, venho rogar-Te:
pelos que malbaratam os
preciosos dons da saúde na ociosidade e nas dissipações;
pelos que aplicam,
indevidamente, os tesouros e moedas, de que dispõem, na condição de mordomos
transitórios, vencidos pela avareza ou pelas loucuras da enganosa situação;
pelos que, dispondo do
poder temporal, engendram problemas e aflições para o próximo, perdendo
abençoadas oportunidades de serviço;
pelos que se utilizam
das forças do corpo jovem para o mercado da licenciosidade e do sexo
irresponsável, em campeonatos de alucinação;
pelos que desfrutam de
inteligência e a usam para o festival da corrupção e do crime;
pelos que são
aquinhoados com a palavra falada e escrita, derrapando nas vinculações mentais viciosas
para o banquete demorado do ultraje, da acrimônia, da insensatez;
pelos que se encontram
aquinhoados com os recursos preciosos da arte, colocando-os a serviço da
malversação dos valores morais;
pelos que gozam das
relevantes oportunidades de redenção, atirando-as fora por leviandade e
precipitação;
pelos que são convidados
ao exercício do amor e não obstante exploram a alheia afetividade;
pelos que são dotados do
élan da simpatia e aproveitam-no para arrastar incautos aos compromissos
negativos;
pelos que, acenados pela
fé religiosa que lhes pode lenir as dores íntimas, apegam-se ao materialismo
numa atitude teimosa e pertinaz;
pelos que conhecem o
dever e seguem a estrada do erro...
São muitos aqueles que,
enriquecidos de bênçãos, desperdiçam-nas, preferindo a turbulência, a desídia,
a enfermidade.
Os que ora experimentam
limitação e escassez, os que sofrem e vivem sob suores e penas já resgatam os
infelizes cometimentos de ontem, avançando no rumo do porto da paz.
Os outros não. Malversam
os recursos com que foram aquinhoados para impulsionarem o progresso, para
redimir-se, para ampararem a vida, fazendo jus, em razão da usança inditosa, às
expiações dolorosas e lamentáveis do futuro.
... E recordando-Te a
figura sublime crucificada entre dois bandidos, aureolado por espinhos, sob
chuvas de escárnios e de doestos, perdoando-nos a todos, peço-Te permissão para
repetir com unção e sentimento de solidariedade para com eles, os equivocados e
orgulhosos: — “Perdoa-os, meu Pai, porque eles não sabem o que fazem!"
Marcelo Ribeiro / Divaldo Franco - Livro: Terapêutica de emergência
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