sábado, 23 de agosto de 2025

No serviço mediúnico

 

“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.” — Paulo (I Coríntios, 12:4)

 

Examinando os dons espirituais ou, mais propriamente, as faculdades mediúnicas, entre os aprendizes do Evangelho, o apóstolo Paulo afirma categórico no capítulo doze de sua primeira epístola aos coríntios:

— “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo, há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo e há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A manifestação do Espírito, porém, é concedida a cada um para o que for útil, pois que a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria, e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da Ciência; a outro, pelo mesmo Espírito, a fé, e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; a outro, a operação de fenômenos e a outro a profecia; a outro, o dom de discernir os Espíritos e a outro a variedade de línguas, e, ainda a outro, a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como lhe apraz.”

Parece incrível que explicações tão claras ao redor da mediunidade tenham vindo à luz há dezenove séculos, traçando diretrizes e especificando deveres, pela mão firme daquele que se constitui em amigo fiel da gentilidade.

Qual disse outrora Paulo, relembremos hoje que a mediunidade é cedida a cada um para o que for útil.

É por isso que, nos quadros da ação espírita, temos instrumentos mediúnicos para o esclarecimento, para a informação, para o reconforto, para a convicção, para o fenômeno, para o socorro aos enfermos, para as manifestações idiomáticas, para a interpretação e para o discernimento, tanto quanto para numerosas outras peculiaridades de serviço; entretanto, nós todos, tarefeiros encarnados e desencarnados que procuramos a nossa regeneração no Evangelho, devemos saber que o Bem de Todos é a luz do Espírito Glorioso de Jesus Cristo que precisamos refletir, nesse ou naquele setor do trabalho.

Abstenhamo-nos, assim do contato com as forças que operam a perturbação e a desordem, visíveis ou invisíveis, na certeza de que daremos conta dos dotes mediúnicos com que fomos temporariamente felicitados, porque o Espírito do Senhor, por seus Mensageiros, nos aquinhoa com esse ou aquele empréstimo de energias medianímicas, a título precário, para a nossa própria edificação e segundo as nossas necessidades.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 42



domingo, 17 de agosto de 2025

Se andarmos na luz

 

“Se andarmos na luz como Ele está, temos comunhão uns com os outros…” — João (I João, 1:7)

 

 

Tanta vez, dissensões e incompreensões nos separam… Resoluções da vida particular, incompatibilidades, interpretações discordantes, ressentimentos.

E, com isso, consideráveis perdas de tempo e trabalho nos arruínam as tarefas e perturbam a vida.

Retiramo-nos do campo de serviço, prejulgamos erroneamente pessoas e fatos, complicamos os problemas que nos dizem respeito e desertamos da obra a realizar…

Contudo, não nos sobrevirão semelhantes desastres, se andarmos na luz, porque, na claridade irradiante do Mestre, compreenderemos que todos partilhamos as mesmas esperanças e as mesmas necessidades.

Se nos movimentarmos ao Sol do Evangelho, saberemos identificar o infortúnio, onde cremos encontrar simplesmente rebeldia e desespero, e a chaga da ignorância, onde supomos existir apenas maldade e crime… Perceberemos que o erro de muitos se deve à circunstância de não haverem colhido as oportunidades que nos felicitam a existência, e reconheceremos que, situados nas provas que motivaram a dor de nossos irmãos caídos em delinquência, talvez não tivéssemos escapado à dominação da sombra.

É que a luz do Senhor nos fará sentir o entendimento real…

Não bastará, no entanto, que ela fulgure tão somente em nossa razão e pontos de vista. É necessário andarmos nela, assimilando-lhe os sagrados princípios, para que assinalemos em nós a presença da verdadeira caridade, a alavanca divina que, por agora, é a única força capaz de sustentar-nos em abençoada comunhão uns com os outros.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 41



sábado, 9 de agosto de 2025

Missão Paterna: Luz no lar, semente para o mundo

 


No mês em que convencionamos homenagear os pais, recordemos o que nos esclarece O Livro dos Espíritos, na questão 582, quando Allan Kardec pergunta aos Guias da Humanidade se poderia considerar como missão a paternidade, obtendo como resposta, logo em seu início, uma afirmativa categórica: “É, sem contestação possível, uma verdadeira missão.”

Se é assim, uma missão incontestável, cabe a todos nós, que assumimos a incumbência de desempenhar essa tarefa, refletir sobre como temos agido para alcançar bons resultados em cada capítulo da história que escrevemos, dia após dia, em nossa existência.

Diz-nos ainda o Espírito da Verdade, na mesma questão mencionada: “Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem,  e lhes facilitou a tarefa dando àquele uma organização física débil e delicada, que o torna propício a todas as impressões. [...]”

Eis, portanto, nossa grave responsabilidade, assumida perante Aquele que tudo sabe. Comprometemo-nos a receber sob nossa guarda outras criaturas do Seu imenso Amor e Bondade, para, como ourives da beleza interior, trabalharmos com esmero e equilíbrio as joias preciosas que recebemos como nossos filhos.

Passamos pela experiência como filhos, aprendendo a honrar nossos pais, conforme nos recomenda a Escritura. Agora, ocupando a outra posição, tornamo-nos instrumentos da Providência Divina para contribuir com nosso quinhão no tão esperado melhoramento moral da sociedade humana terrena.

Estamos reunidos, entre as paredes dos nossos lares, como Espíritos ainda em processo de aperfeiçoamento, incompletos, muitas vezes sem nos reconhecermos como credores e devedores uns dos outros. Mas, confiando na Misericórdia Divina, é preciso seguir adiante, trilhando as veredas do progresso, valendo-nos de todos os recursos possíveis para cumprir esses compromissos — dentro da simplicidade que a vida nos permite, longe da busca pela evidência, que pode envenenar nossos melhores esforços rumo ao cumprimento dessa missão.

Lembremos de José da Galileia: “...houve tempo em que Maria e o Cristo foram confiados pelas Forças Divinas a um homem [...]. [...] Embora honrado pela solicitação de um anjo, nunca se vangloriou de dádiva tão alta.”¹ Honrou seu compromisso no “divino silêncio de Deus”¹, oferecendo-lhes tudo o que pôde, mantendo assim a porta aberta para o florescimento do Cristianismo.

Não nos permitamos o desvio nem a queda espetacular, relegando a segundo plano essa tarefa que deve estar sempre em primeiro. Afinal, participamos, como cocriadores em plano menor, da formação da grande humanidade.

Aprendamos a lidar, dentro da nossa microssociedade, com respeito, apoio e afeto — semeando, assim, para a grande colheita que advirá no cumprimento da promessa da Vida Abundante.

 

Lembrando o Dia dos Pais,
Do mais rico aos mais plebeus,
Festejemos nesta data,
O Grande Dia de Deus.

(Auta de Souza)

 

1 –   José da Galileia - Levantar e seguir – Cap. 6 – Emmanuel / F. C. Xavier 

Gilson Pereira – DCSE/CEJG


Enquanto podes

 

“Tu, porém, por que julgas teu irmão? e tu, por que desprezas o teu? pois todos compareceremos perante o Tribunal do Cristo.” — Paulo (Romanos, 14:10)

 

Constrangido a examinar a conduta do companheiro, nessa ou naquela circunstância difícil, não lhe condenes os embaraços morais.

Lembra-te dos dias de cinza e pranto em que o Senhor te susteve a queda a poucos milímetros da derrota.

Não te acredites a cavaleiro dos novos problemas que surgirão no caminho…

Todo serviço incompleto, que deixaste na retaguarda, buscar-te-á, de novo, o convívio para que lhe ofereças acabamento. E o remate legal de todas as nossas lutas pede o fecho do amor puro como selo da Paz Divina.

As pedras que arremessaste ao telhado alheio voltarão com o tempo sobre o teto em que te asilas, e os venenos que destilaste sobre a esperança dos outros tornarão, no hausto da vida, ao clima de tua própria esperança, testando-te a resistência.

Aprende, pois, desde hoje, a ensaiar tolerância e entendimento, para que o remédio por ti mesmo encomendado às mãos do “agora” não te amargue a existência, destruindo-te o coração.

Toda semente produz no solo do tempo e as almas imaculadas não povoam ainda a Terra. Distribui, portanto, a paciência e a bondade com todos aqueles que se enganaram sob a neblina do erro, para que te não faltem a paciência e a bondade do irmão a que te arrimarás no dia em que a sombra te ameace o campo das horas.

Auxilia, enquanto podes.

Ampara, quanto possas.

Socorre, quanto possível.

Alivia, quanto puderes.

Procura o bem, seja onde for.

E, sobretudo, desculpa sempre, porque ninguém fugirá do exato julgamento na Eterna Lei.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 40


sábado, 2 de agosto de 2025

No auxílio a todos

 

“Pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida justa e sossegada em toda a piedade e honestidade.” — Paulo (I Timóteo, 2:2)

 

Comumente, em nossos recintos de conversação e prece, voltamo-nos compassivamente para os nossos companheiros menos felizes no mundo.

Apiedamo-nos sem dificuldade dos enfermos e dos desesperados, dos que se afundaram nas águas lodosas da miséria ou que foram vitimados por flagelos públicos.

Oramos por eles, relacionando-lhes as necessidades que tentamos socorrer na medida de nossos recursos.

Entretanto, o Apóstolo Paulo, em suas recomendações a Timóteo, lembra-nos o amparo espiritual que devemos a quantos suportam na fronte a coroa esfogueante da autoridade, comandando, dirigindo, orientando, esclarecendo e instruindo…

São eles, os nossos irmãos conduzidos à eminência do poder e da fortuna, da administração ou da liderança, que carregam tentações e provas ocultas de toda espécie, padecendo vicissitudes que, muita vez, se retratam de lamentável maneira nas coletividades que influenciam.

À feição de pastores dementados, quando se não compenetram dos deveres que lhes são próprios, sofrem perturbações aflitivas que se projetam sobre as ovelhas que lhes recolhem a atuação, criando calamidades morais e moléstias coletivas de longo curso, que atrasam a evolução e atormentam a vida.

Não nos esqueçamos, pois, da oração pelos que dirigem, auxiliando-os com a bênção da simpatia e da compaixão, não só para que se desincumbam zelosamente dos compromissos que lhes selam a rota, mas também para que vivamos, com o sadio exemplo deles, na verdadeira caridade uns para com os outros, sob a inspiração da honestidade, que é base de segurança em nosso caminho.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 39


sábado, 26 de julho de 2025

Salvar-se

 

“Palavra fiel é esta e digna de toda a aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores…” — Paulo (I Timóteo, 1:15)

 

É digna de nota a afirmativa do Apóstolo, asseverando que Jesus veio ao mundo salvar os pecadores, para reconhecermos que salvar não significa arrebatar os filhos de Deus à lama da Terra para que fulgurem, de imediato, entre os anjos do Céu.

Assinalemos que, logo após a passagem do Senhor entre as criaturas, a fisionomia íntima dos homens, de modo geral, era a mesma do tempo que lhe antecedera a vinda gloriosa.

Mantinham-se os romanos no galope de conquista ao poder, os judeus permaneciam algemados a racismo infeliz, os egípcios desciam à decadência, os gregos demoravam-se sorridentes e impassíveis, em sua filosofia recamada de dúvidas e prazeres.

Os senhores continuavam senhores, os escravos prosseguiam escravos… Todavia, o espírito humano sofrera profundas alterações.

As criaturas, ao toque do exemplo e da palavra do Cristo, acordavam para a verdadeira fraternidade, e a redenção, por chama divina, começou a clarear os obscuros caminhos da Terra, renovando o semblante moral dos povos…

Salvar-se, pois, não será subir ao Céu com as alparcas do favoritismo religioso, mas sim converter-se ao trabalho incessante do bem, para que o mal se extinga no mundo.

Salvou-nos o Cristo ensinando-nos como erguer-nos da treva para a luz.

Salvar é, portanto, levantar, iluminar, ajudar e enobrecer, e salvar-se é educar-se alguém para educar os outros.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 38


Caminhos do Infinito

 


O sol desponta no infinito clareando a Terra, aquecendo os ninhos, iluminando a vida.

O Pai de sabedoria eterna, permanece atento aos seus filhos, que no labor diário da vida, cultivam os dons do aprimoramento de si mesmo.

Deixai seu coração permanecer morno nas suaves bênçãos do Senhor para que as energias do cosmo divino clareiem teu roteiro.

Testes e provas são lições de aperfeiçoamento e estímulo no progresso da alma iluminada, muito embora te sintas desolado e triste como se permanecesses só, mesmo cercado de muitos amigos.

Os espinhos das roseiras são como os espinhos da vida. Muitas vezes, para possuirmos a beleza e o perfume da rosa nos ferimos nos seus espinhos, o amor do Eterno, porém permanece contigo, e com todos os seus filhos.

O sol continua a aquecer e iluminar a Terra após a borrasca.

Abre tua alma ao sol celeste das bênçãos divinas e caminha de coração tranquilo, porque a paz em breve atingirá os momentos de tua vida.

A tarefa do Mestre é escrínio abençoado onde conquistas no labor constante, bênçãos de paz e alegria para cobrir os teus dias vindouros.

Jesus te ilumine e fortaleça.

 

Bezerra de Menezes

Psicografia de Déa Gazzinelli


Você conhece a história de Anália Franco?

 

Anália Franco nasceu em 1853, no Rio de Janeiro, e desde jovem se destacou como educadora. Formou-se normalista em São Paulo e iniciou sua carreira como professora primária. Aprovada em concurso aos 16 anos, começou ajudando sua mãe na docência. Sua sensibilidade social aflorou com a promulgação da Lei do Ventre Livre, quando passou a se preocupar com os filhos das mulheres escravizadas, muitos dos quais eram abandonados. Com isso, iniciou um trabalho voltado à acolhida e educação dessas crianças.

Anália enfrentou o preconceito racial de sua época, recusando ajuda condicionada à segregação entre crianças brancas e negras. Com recursos próprios, fundou sua primeira Casa Maternal e, mesmo com pouco dinheiro, ia às ruas pedir ajuda para manter os pequenos. Seu trabalho incomodava setores conservadores, mas recebeu apoio de abolicionistas e republicanos. Sua dedicação fez com que ganhasse respeito e notoriedade como educadora e ativista.

Com o passar dos anos, fundou dezenas de escolas e instituições beneficentes. Criou revistas, como "Álbum das Meninas" e "A Voz Maternal", com conteúdos voltados à formação moral e intelectual das crianças e educadores. Em 1901, fundou a Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, onde também criou cursos de formação docente. Seu método educativo priorizava o desenvolvimento moral, afetivo e intelectual das crianças.

Anália era espírita convicta e enxergava na doutrina um impulso para sua missão de amparo e educação dos mais necessitados. Fundou a Colônia Regeneradora D. Romualdo, voltada à reintegração social de jovens em situação de risco. Visionária, criou uma estrutura autossustentável para suas instituições, com tipografias, oficinas e programas de profissionalização. Sua atuação chegou a dezenas de cidades, com escolas, asilos, grupos culturais e centros educativos.

Faleceu em 1919, vitimada pela gripe espanhola, pouco antes de fundar mais uma obra beneficente. Sua trajetória foi revolucionária para a mulher de sua época, atuando como educadora, filantropa, feminista, espírita e empreendedora. É reconhecida como a “Grande Dama da Educação Brasileira”, com uma obra imensa que beneficiou milhares e marcou profundamente a história da educação e do Espiritismo no Brasil.

 
Extraído do site da União Espírita Mineira - UEM




sábado, 19 de julho de 2025

Reparemos nossas mãos

 

“E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: quero; sê limpo.” — (Mateus, 8:3)

 

Meditemos na grandeza e na sublimidade das mãos que se estendem para o bem…

Mãos que aram a terra, preparando a colheita…

Mãos que constroem lares e escolas, cidades e nações…

Mãos que escrevem, amando em louvor do conhecimento…

Mãos que curam na medicina, que plasmam a riqueza da ciência e da indústria, que asseguram o reconforto e o progresso…

Todas elas se abrem, generosas, na direção do infinito, gerando aperfeiçoamento e tranquilidade, reconhecimento e alegria, conjugando-se, abnegadas, para a extensão das bênçãos de Sabedoria e de Amor na Obra de Deus.

Mas pensemos também nas mãos que se estendem para as sombras do mal…

Mãos que recolhem o ouro devido ao trabalho em favor de todos, transformando-se em garras de usura…

Mãos que acionam apetrechos de morte, convertendo-se em conchas de sangue e lágrimas…

Mãos que se agitam na mímica estudada de quantos abusam da multidão para conduzi-la à indisciplina em proveito próprio…

Mãos que ferem, que coagulam o fel da calúnia em forma de letras, que amaldiçoam, que envenenam e que cultuam a inércia…

Todas elas se cerram sobre si mesmas em círculos de aflição e remorso pelos quais se aprisionam às trevas do sofrimento.

Reparemos, assim, a que forças da vida estendemos as nossas mãos.

Jesus, o Mestre Divino, passou no mundo estendendo-as no auxílio a todos, ensinando e ajudando, curando e afagando, aliviando corpos enfermos e levantando almas caídas, e, para mostrar-nos o supremo valor das mãos consagradas ao bem constante, preferiu morrer na cruz, de mãos estendidas, como que descerrando o coração pleno de amor à Humanidade inteira.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 37


sábado, 12 de julho de 2025

Coração puro

 

“Não se turbe o vosso coração…” — Jesus (João, 14:1)

 

Guarda contigo o coração nobre e puro.

Não afirmou o Senhor: — “não se vos obscureça o ambiente” ou “não se vos ensombre o roteiro”, porque criatura alguma na experiência terrestre poderá marchar constantemente a céu sem nuvens.

Cada berço é início de viagem laboriosa para a alma necessitada de experiência.

Ninguém se forrará aos obstáculos.

O pretérito ominoso para a grande maioria de nós outros, os viandantes da Terra, levantará no território de nosso próprio íntimo os fantasmas que deixamos para trás, vagueantes e insepultos, a se exprimirem naqueles que ferimos e injuriamos nas existências passadas e que hoje se voltam para nós, à feição de credores inflexíveis, solicitando reconsideração e resgate, serviço e pagamento.

Não passarás, assim, no mundo, sem tempestades e nevoeiros, sem o fel de provas ásperas ou sem o assédio de tentações.

Buscando o bem, jornadearás, como é justo, entre pedras e abismos, pantanais e espinheiros.

Todavia, recomendou-nos o Mestre: — “não se turbe o vosso coração”, porque o coração puro e intimorato é garantia da consciência limpa e reta e quem dispõe da consciência limpa e reta vence toda perturbação e toda treva, por trazer em si mesmo a luz irradiante para o caminho.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 36


sábado, 5 de julho de 2025

Cultura de paz no mundo

 

No mês em que a comunidade esperantista comemora os 138 anos de lançamento do "Unua Libro" (Primeiro Livro), que marcou oficialmente o início deste projeto para os encarnados na Terra, faremos uma breve reflexão sobre a tríade “Evangelho, Espiritismo e Esperanto”, bem como o papel desta língua como instrumento para uma cultura de paz no mundo.

O Esperanto é uma língua planejada com o propósito de facilitar a comunicação entre os povos de diferentes nacionalidades, possuindo para isso uma estrutura simples, lógica e neutra, de forma a permitir que pessoas de diversas origens culturais possam dialogar em igualdade de condições. Essa proposta, oriunda do mundo espiritual (Livro: O Esperanto como revelação, psicografia de Chico Xavier), vai muito além de uma ferramenta linguística — ela é, essencialmente, um projeto humanitário.

Em um mundo marcado por intolerância e incompreensão, onde as barreiras linguísticas muitas vezes contribuem para o distanciamento e a desarmonia entre as nações, o Esperanto se apresenta como instrumento de união e promoção de paz, refletindo ideais evangélicos de fraternidade e bem comum, encontrando dessa forma, eco na doutrina espírita, que compartilha os mesmos princípios.

Assim, a tríade "Evangelho, Espiritismo e Esperanto" forma uma síntese harmoniosa que busca preparar a humanidade para uma nova era de paz e solidariedade. O Evangelho fornece os princípios morais, o Espiritismo explica e amplia esses princípios à luz da reencarnação e da lei de causa e efeito, e o Esperanto oferece uma ferramenta concreta para promover o entendimento entre os povos.

Não se trata apenas de aprender uma língua, mas de participar de um movimento que se alinha com os ensinamentos de Jesus e com a missão do Espiritismo na Terra. Vários espíritas, como Chico Xavier e Divaldo Franco, além de benfeitores como Emmanuel e Bezerra de Menezes, se manifestaram sobre o Esperanto, apontando nele um instrumento do futuro, associado ao mundo de regeneração, capaz de promover não apenas o entendimento linguístico, mas também o despertar de uma consciência mais solidária, justa e fraternal.

Diante disso, é essencial que os espíritas se engajem no aprendizado e na divulgação do Esperanto (livro “A tragédia de Santa Maria”, psicografado por Yvone Pereira). Além de contribuir para a difusão de uma cultura de paz, essa atitude está em sintonia com os princípios evangélicos de fraternidade e respeito ao próximo.

Que cada espírita veja, no estudo do Esperanto, uma forma concreta de vivenciar o Evangelho no mundo. 

Ana Paula Pose

Área de Esperanto - UEM


Observemos amando

 

“Por que vês o argueiro no olho de teu irmão?” — JESUS (Mateus, 7:3)

 

Habitualmente guardamos o vezo de fixar as inibições alheias, com absoluto esquecimento das nossas.

Exageramos as prováveis fraquezas do próximo, prejulgamos com rispidez e severidade o procedimento de nossos irmãos…

A pergunta do Mestre acorda-nos para a necessidade de nossa educação, de vez que, de modo geral, descobrimos nos outros somente aquilo que somos.

A benefício de nossa edificação recordemos a conduta do Cristo na apreciação de quantos lhe defrontavam a marcha.

Para muitos, Maria de Magdala era a mulher obsidiada e inconveniente; mas para ele surgiu como sendo um formoso coração feminino, atribulado por indizíveis angústias, que, compreendido e amparado, lhe espalharia no mundo o sol da ressurreição.

No conceito da maioria, Zaqueu era usurário de mãos azinhavradas e infelizes; para ele, no entanto, era o amigo do trabalho a quem transmitiria alevantadas noções de progresso e riqueza.

Aos olhos de muita gente, Simão Pedro era fraco e inconstante; para ele, contudo, representava o brilhante entranhado nas sombras do preconceito que fulgiria à luz do Pentecostes para veicular-lhe o Evangelho.

Na opinião do seu tempo, Saulo de Tarso era rijo doutor da lei mosaica, de espírito endurecido e tiranizante; para ele, porém, era um companheiro mal conduzido que buscaria, em pessoa, às portas de Damasco para ajudar-lhe a Doutrina.

Observemos amando, porque apenas o amor puro arrancará por fim as escamas de treva dos nossos olhos para que os outros nos apareçam na Bênção de Deus que, invariavelmente, trazem consigo.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 35


Formação do Expositor

 

“Numa orientação espiritual, foi-me revelado que tenho condições para ser um expositor. Sabendo que essa posição exige grandes responsabilidades, quais as principais que o senhor assinalaria?

(Neuton Suguilhara – Taguatinga – DF)

“Em nossa despretensiosa opinião, a maior responsabilidade do expositor é a de ser fiel ao chefe da Seara. Todo pregador dos princípios morais e, em especial, o expositor espírita, nunca deve esquecer que seu trabalho é o de evangelizar com o Cristo, o que significa não perder de vista o verdadeiro caráter do trabalho cristão, assinalado pelas qualidades fundamentais: humildade, sinceridade, coragem, independência, amor, verdadeiro desejo de servir, estudo e meditação.

“Para que isso ocorra, outra condição se destaca: a eficiência! O orador espírita deve, pois, mobilizar todos os recursos ao seu alcance para ser um bom expositor e conseguir comunicar as grandes verdades de que todos precisamos. Para tanto, precisa estar convicto de que o êxito do seu trabalho terá a medida de seu esforço. E de que esse esforço terá muito de exercício, experimentação de métodos, técnicas, modos, etc., até mesmo para que o próprio expositor se descubra, isto é, identifique o estilo e a natureza peculiar do trabalho a que mais se ajusta. A chave do êxito está em fazer-se o que se gosta, aquilo para o que se revela pendor, vocação, gosto. A pregação pública, como qualquer outro setor, é um campo multifacetado, onde cada qual definirá sua preferência e aptidão.

“Há, por exemplo, o orador didático, o solto, o metódico, o filosófico, o bem-humorado, o altiloquente, o evangélico, o emotivo, o tertulial, o verberador, o tímido e o impetuoso. Há o que adota preparação prévia meticulosa e não foge ao esquema traçado; o contrário, que não consegue preparar antecipadamente, mas fala ao sabor da emoção do momento. Há o monotônico, que só aborda uma temática invariável, ou trata todos os assuntos pelo mesmo prisma. O oposto é o polimorfo, que desenvolve capacidade para ver a problemática humana sob vários ângulos e adquire a capacidade de apreciar assuntos diferentes entre si.

“Vemos os que imitam outros pregadores conhecidos e os mais autênticos. Existe o estacionado, que nunca passa de um mesmo diapasão, e o que evolui, aprende com os próprios erros, para não incorrer neles de futuro. Aparece o sem autocrítica, cujos graves defeitos todos notam, só o próprio é que não vê e o melindroso, a quem a menor crítica ‘desmonta’ por muitas semanas. “Mas, em qualquer caso, uma qualidade é fundamental: a modéstia e a humildade. “No mais, vá em frente, e nunca creia que você, agora jovem, iniciando-se no trabalho ativo da seara, virá a ser um pregador espírita destacado simplesmente porque terá reencarnado com essa missão. Lembre-se do conselho de Thomas Edson, o grande inventor. ‘O gênio é feito de 1% de inspiração e 99% de transpiração.’

“Aliás, a orientação que você recebeu de um espírito amigo veio mesmo em forma sábia, porque disse que você ‘tem condições para ser um expositor’. Não disse que será um expositor! E isso é certo porque por mais que uma missão tenha sido preparada na Espiritualidade, o fato apenas confere condições mais ou menos favoráveis para sua efetivação, que será consumada ou não, segundo a maior ou menor aceitação do interessado e seus esforços nesse sentido.”

(Texto extraído da “Revista Espírita Allan Kardec” – Ano III, nº 11).


Você conhece a história de Abel Gomes?

 

Nascido no dia 30 de dezembro de 1877, na antiga cidade de Conceição do Turvo, hoje cidade de Senador Firmino, e desencarnado em Astolfo Dutra, também no Estado de Minas Gerais, no dia 16 de agosto de 1934.

Descendente de colonizadores portugueses, Abel Gomes se tornou um nome benquisto por todos e aureolado de grande respeito e admiração, projetando-se por todos os Estados brasileiros e mesmo ultrapassando fronteiras, para atingir países vizinhos. Apesar de ser um homem simples, pobre e doente, impôs-se ao preito dos seus contemporâneos, pois não apenas ensinava, mas dava sempre o exemplo. Como sociólogo e evangelizador, soube viver os Evangelhos, propiciando o exemplo vivo daquele que, no dizer judicioso de Jesus Cristo, toma do arado e não olha mais para trás.

Abel Gomes tornou-se representativa figura do Espiritismo, divulgando os seus preceitos no seio das massas e conseguindo atingir pessoas de todos os níveis sociais. Dentre os livros espíritas que contribuíram para a sua conversão, situa-se Depois da Morte, de Léon Denis, entretanto, os profundos estudos por ele encetados fizeram com que adquirisse a fé raciocinada, preconizada por Allan Kardec e, portando essa fé inabalável, dedicou-se de corpo e alma ao serviço das novas ideias que passara a esposar.

Embora fosse pregador, esquivava-se sempre que podia da tribuna, preferindo espargir os seus ensinamentos pela palavra escrita, através de suas próprias produções literárias e poéticas, todas elas aureoladas de grande profundidade moral e espiritual.

Ficou impossibilitado de andar quando tinha apenas vinte e cinco anos de idade, pois foi acometido de pertinaz e progressiva paralisia que lhe imobilizou as pernas. Quase cego, nunca se deixou vencer pelas expiações e pelos duros golpes da adversidade. Em sua cadeira de rodas continuou a produzir como poucos. Jamais esmoreceu. Seu dinamismo era inquebrantável.

Pobre de bens materiais, jamais alimentou desejos de enriquecer-se com o ouro da Terra, pois não desconhecia que a fortuna material é um bem transitório que Deus coloca nas mãos de Suas criaturas.

Exerceu a profissão de contabilista em várias firmas comerciais. Devido à paralisia e dificuldades de locomoção começou a trabalhar em sua própria residência, como alfaiate e fotógrafo. As poucas horas de lazer que lhe restavam, dedicava-as à composição de músicas admiráveis, passando a ensinar as maravilhas do som a um pugilo de artistas amadores. Também demonstrou nítidas qualidades de teatrólogo.

Embora não se tenha casado, foi pai adotivo de dois rapazes que se tornaram cidadãos prestativos e respeitáveis.

Abel Gomes fez parte de um pugilo de pioneiros do Espiritismo em Minas Gerais, entre os quais podemos citar João Ernesto, em Ubá; João Marcelino, na cidade de Pombas; Eurípedes Barsanulfo, em Sacramento; José Justiniano de Godoy e Jota Lacerda, em Cataguazes; José Alves Ferreira, Antônio Correntino e Franklin Teodoro dos Santos, em Araguari, entre outros.

No ano de 1928, em companhia de outros denodados seareiros, fundou o Grupo Espírita Luz e Trabalho, no antigo Porto de Santo Antônio, instituição que teve vida efêmera. No dia 2 de julho de 1933, coadjuvado por outros doze espíritas, fundou novo Centro Espírita, dando-lhe o nome do primeiro. Após a sua desencarnação essa instituição passou a chamar-se Cabana Espírita Abel Gomes. Posteriormente, os seus continuadores lançaram à publicidade o jornal Arauto da Fé e implantaram a Fundação Espírita Abel Gomes, que passou a amparar trinta crianças.

Exegeta de grandes recursos, Abel Gomes esmerava-se na interpretação de textos bíblicos, impregnando, com os lampejos do espírito que vivifica, vários ensinamentos contidos no Velho e no Novo Testamentos. Frequentemente, apelava para os acontecimentos da vida prática, explicando-os à luz da Doutrina Espírita, o mesmo fazendo com as parábolas e ensinos de Jesus Cristo. A sua maneira preferida de ensinar era através do exemplo dignificante.

Na qualidade de professor, exerceu o magistério nas cidades de Cataguazes e Viçosa, lecionando português e matemática. Foi um autêntico autodidata, não tendo cursado nenhuma Faculdade e nunca se matriculou num ginásio. A primeira vez em que entrou num desses estabelecimentos, foi para ensinar aquilo que já havia aprendido. Foi um homem dotado de sólida cultura e de incomparável senso humanístico.

Poliglota, dominava bem o português, o francês, o castelhano, o italiano e conhecia razoavelmente o grego e o latim. Foi também um dos pioneiros do Esperanto em nosso país, e consta que foi o primeiro a lançar uma gramática para o ensino desse idioma internacional.

Abel Gomes foi um homem de letras, tendo deixado numerosas obras ocultas no anonimato ou encobertas por pseudônimo (entre os quais o de Jota Ubirajara). Escreveu obras notáveis, como Braz Pires, A Felicidade e Pérolas Ocultas. Prestou inestimável colaboração a publicações brasileiras e portuguesas.

Foi um poeta de grandes recursos. O seu gênero era o lírico, deixando extravasar a sua alma em cânticos maravilhosos, abordando problemas humanos, patrióticos e religiosos, esses últimos com fundamento nos sadios ensinamentos da Codificação Kardequiana. No seu magistral poema A Dor, traduziu a sua conformação aos ditames do Alto, compenetrado que era das razões dos sofrimentos que o assolavam.

Abel Gomes foi, portanto, um dos mais autênticos espíritas dos últimos tempos e o Espiritismo muito lhe deve pelo seu inestimável trabalho em favor da sua divulgação, principalmente no Estado de Minas Gerais.

 

LUCENA, Antônio de Souza e GODOY, Paulo Alves. Personagens do Espiritismo. Ed. FEESP, SP, 1982.

Extraído do site FEP – Federação Espírita do Paraná



sábado, 28 de junho de 2025

Prossigamos

 

“Irmãos, quanto a mim não julgo que o haja alcançado; mas, uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim…” — Paulo (Filipenses, 3:13)

 

Se te imobilizas na estrada, a pretexto de amarguras acumuladas ou de ofensas recebidas, lembra-te de Paulo, o apóstolo intrépido, que, sobrecarregado de problemas, não se resignava a interromper o trabalho que o Mestre lhe conferira.

O amigo providencial da gentilidade não se entretinha a escutar os remorsos que trazia do seu tempo de adversário e perseguidor do Evangelho.

Não lamentava os amigos descrentes da renovação de que fornecia testemunho.

Não se queixava dos parentes que o recebiam, empunhando o azorrague da expulsão.

Não se detinha para lastimar a alteração dos afetos que a incompreensão azedara no vaso do tempo.

Não cultivava a volúpia da solidão porque lhe faltasse a bênção do tálamo doméstico.

Não se fixava nos espinhos que lhe ferreteavam a alma e a carne, não obstante reconhecer-lhes a existência.

Não parava com o objetivo de reclamar contra as pedradas do caminho.

Não se concedia férias de choro inútil, ante as arremetidas do mal.

Não se demorava na rede dos elogios, sob o fascínio da ilusão.

Não se cristalizava nos próprios impedimentos.

Seguia sempre na direção do alvo que lhe cabia atingir.

Assim também nós, endividados ou pecadores, pobres ou doentes, fracos ou inábeis, desiludidos ou torturados, uma coisa façamos… Acima de todos os tropeços e inibições, prossigamos sempre para diante, olvidando o mal e fazendo o bem.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 34



sábado, 21 de junho de 2025

Acalma-te

 

“… A Deus tudo é possível…” — Jesus (Mateus, 19:26)

 

Seja qual for a perturbação reinante, acalma-te e espera, fazendo o melhor que possas.

Lembra-te de que o Senhor Supremo pede serenidade para exprimir-se com segurança.

A terra que te sustenta o lar é uma faixa de forças tranquilas.

O fruto que te nutre representa um ano inteiro de trabalho silencioso da árvore generosa.

Cada dia que se levanta é convite de Deus para que Lhe atendamos à Obra Divina, em nosso próprio favor.

Se te exasperas, não Lhe assimilas o plano.

Se te afeiçoas à gritaria, não Lhe percebes a voz.

Conserva-te, pois, confiante, embora a preço de sacrifício.

Decerto, encontrarás ainda hoje corações envenenados que destilam irritação e desgosto, medo e fel.

Ainda mesmo que te firam e apedrejem, aquieta-te e abençoa-os com a tua paz.

Os desesperados tornarão à harmonia, os doentes voltarão à saúde, os loucos serão curados, os ingratos despertarão…

É da Lei do Senhor que a luz domine a treva, sem ruído e sem violência.

Recorda que toda dor, como toda nuvem, forma-se, ensombra e passa…

Se outros gritam e oprimem, espancam e amaldiçoam, acalma-te e espera…

Não olvides a palavra do Mestre quando nos afirmou que a Deus tudo é possível, e, garantindo o teu próprio descanso, refugia-te em Deus.

 

Emmanuel / Chico Xavier

Livro: Palavras de Vida Eterna – Lição 33