sexta-feira, 25 de outubro de 2019
"Mecanismos da Mediunidade" - Andrezinho e o burilamento espiritual
O avatar da Microcampanha “A Vida no Mundo
Espiritual”, Andrezinho, fala sobre o processo de conquistas espirituais
angariadas pelo ser em sua ascensão na escala evolutiva.
O tema está presente no capítulo 16 do livro
"Mecanismos da Mediunidade", a décima primeira obra trazida por André
Luiz na Série 'A Vida no Mundo Espiritual'.
O livro foi psicografado por Chico Xavier e Waldo
Vieira, e completa 59 anos de lançamento em 2019.
Lei do progresso
Se considerarmos a
Humanidade em seu estado primitivo e em seu estado atual, quando sua primeira
aparição na Terra marcava seu ponto de partida, e agora, que percorreu uma parte
do caminho que leva à perfeição, parece que todo bem, todo progresso, toda
filosofia, enfim, não possa nascer senão do que lhe é contrário.
Com efeito, toda formação
é o produto de uma reação, assim como todo efeito é gerado por uma causa.
Todos os fenômenos morais, todas as formações inteligentes são devidos a uma
perturbação momentânea da própria inteligência. Apenas, na inteligência,
devemos considerar dois princípios: um imutável, essencialmente bom, eterno
como tudo o que é infinito; outro temporário, momentâneo, que não passa de
agente empregado para produzir a reação de onde sai cada vez a progressão dos
homens.
O progresso abrange o
Universo durante a eternidade e jamais se espalha tanto como quando se
concentra num ponto qualquer. Não podeis abarcar, num só golpe de vista, a
imensidade que vive, isto é, que progride; mas olhai em redor de vós: o que vedes?
Em certas épocas, e
podemos dizer em momentos previstos, designados, surge um homem que abre um
caminho novo, que escarpa os rochedos áridos de que se acha semeado o mundo
conhecido da inteligência. Muitas vezes esse homem é o último entre os
humildes, entre os pequenos e, contudo, penetra as altas esferas do
desconhecido. Arma-se de coragem, pois esta lhe é necessária para lutar
corpo a corpo contra os preconceitos, contra os usos que lhe foram
transmitidos; é-lhe necessária para vencer os obstáculos que a má-fé semeia
sob seus passos, porque enquanto restarem preconceitos a derrubar, restarão
abusos e interessados nos abusos; é-lhe necessária porque deve lutar, ao
mesmo tempo, contra as necessidades materiais de sua personalidade e, neste
caso, sua vitória é a melhor prova de sua missão e de sua predestinação.
Chegado a este ponto,
em que a luz escapa bastante forte do círculo do qual é o centro, todos os
olhares se voltam para ele; ele assimila todo o princípio inteligente e bom;
reforma e regenera o princípio contrário, a despeito dos prejuízos, apesar da
má-fé e malgrado as necessidades; chega ao seu objetivo, faz a Humanidade
transpor um grau e conhecer o que não era conhecido.
Este fato já se repetiu
muitas vezes e ainda se repetirá muitas outras, antes que a Terra tenha
atingido o grau de perfeição que convém à sua natureza. Mas, tantas vezes
quantas forem necessárias, Deus fornecerá a semente e o trabalhador. Esse trabalhador
é cada homem em particular, como cada um dos gênios que a ilustram por uma
ciência muitas vezes sobre-humana. Em todos os tempos houve esses centros de
luz, esses pontos de ligação; o dever de todos é aproximar-se, ajudar e
proteger os apóstolos da verdade. É o que o Espiritismo vem dizer ainda.
Apressai-vos, pois, vós
todos que sois irmãos pela caridade. Apressai-vos e a felicidade prometida à
perfeição vos será concedida muito mais cedo.
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Um Espírito Protetor
– Revista Espírita – janeiro/1863
Que fazemos do Mestre?
“Que farei então de Jesus,
chamado o Cristo?” Pilatos (Mateus, 27:22)
Nos círculos do Cristianismo, a pergunta de Pilatos reveste-se de
singular importância.
Que fazem os homens do Mestre Divino, no campo das lições diárias?
Os ociosos tentam convertê-lo em oráculo que lhes satisfaça as
aspirações de menor esforço.
Os vaidosos procuram transformá-lo em galeria de exibição, através da
qual façam mostruário permanente de personalismo inferior.
Os insensatos chamam-no indebitamente à aprovação dos desvarios a que se
entregam, a distância do trabalho digno.
Grandes fileiras seguem-lhe os passos, qual a multidão que o
acompanhava, no monte, apenas interessada na multiplicação de pães para o
estômago.
Outros se acercam d’Ele, buscando atormentá-lo, à maneira dos fariseus arguciosos,
rogando “sinais do céu”.
Numerosas pessoas visitam-no, imitando o gesto de Jairo, suplicando bênçãos,
crendo e descrendo ao mesmo tempo.
Diversos aprendizes ouvem-lhe os ensinamentos, ao modo de Judas, examinando
o melhor caminho de estabelecerem a própria dominação.
Vários corações observam-no, com simpatia, mas, na primeira oportunidade,
indagam, como a esposa de Zebedeu, sobre a distribuição dos lugares celestes.
Outros muitos o acompanham, estrada a fora, iguais a inúmeros admiradores
da Galileia, que lhe estimavam os benefícios e as consolações, detestando-lhe
as verdades cristalinas.
Alguns imitam os beneficiários da Judeia, a levantarem mãos postas no instante
das vantagens e a fugirem, espavoridos, do sacrifício e do testemunho.
Grande maioria procede à moda de Pilatos que pergunta solenemente quanto
ao que fará de Jesus e acaba crucificando-o, com despreocupação do dever e da
responsabilidade.
Poucos imitam Simão Pedro que, após a iluminação no Pentecostes, segue-o
sem condições até à morte.
Raros copiam Paulo de Tarso que se ergue, na estrada do erro, colocando-se
a caminho da redenção, através de impedimentos e pedradas, até ao fim da
luta.
Não basta fazer do Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável
transformá-lo em padrão permanente da vida, por exemplo e modelo de cada dia.
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Livro
Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 100
Página de gratidão
Agradeço, alma querida
e boa,
A presença e o carinho
Com que vens partilhar
a festa da amizade,
Espargindo esperança ao
longo do caminho.
Sei que deixastes
obrigações ao longe
Para colaborar
No alívio aos
companheiros que carregam
Solidão, abandono,
infortúnio, pesar...
Trocaste as horas de
refazimento,
De alegria e lazer,
Para aceitar conosco o
amparo aos semelhantes
Por sublime dever.
A ternura fraterna que
nos trazes
Lembra clarão de
renascente aurora,
Dissipando, de chofre,
a sombra que domina,
A dor que se tresmalha
e a penúria que chora.
Por mais rebusque o
mundo das palavras,
Não consigo compor
A frase que enalteça ou
que defina
O teu gesto de amor.
Por isso, digo apenas,
Ante a luz da oração
que nos bendiz:
- Deus te guarde, alma
irmã, Deus te compense,
Deus te faça feliz!...
Maria Dolores
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Conquistando a serenidade
Você já conhecia a
prece da serenidade? É uma das orações mais difundidas pelo mundo, cuja
autoria é atribuída ao teólogo americano Reinold Niebuhr, produzindo muitos
benefícios àqueles que assimilaram o seu elevado significado moral e
psicológico. É claro que essa prece não tem nenhuma conotação mágica; nada de
palavras cabalísticas portadoras de uma suposta força mística. A forma não é
nada, o pensamento é tudo. No entanto, pode-se assimilar o elevado propósito
moral de uma oração e, neste particular, a prece da serenidade nos convida a
preciosas reflexões. Vamos a elas. Em primeiro lugar, o autor da rogativa
propõe o seguinte:
“Deus, conceda-me
coragem para mudar o que eu posso mudar...”
Inicialmente, a prece
nos convida a pedir coragem. Para quê? Para que possamos mudar aquilo que nos
cabe mudar. Muitas vezes, a solução para as nossas dificuldades está em
nossas mãos, não nas mãos de Deus, nem nas do padre, do pastor, do médium,
dos espíritos, etc. Deus nunca fará a parte que nos cabe. Um professor não
fará a prova no lugar do aluno; nem o médico tomará o remédio no lugar do
paciente.
Nas situações em que já
sabemos o que fazer, Deus não põe a mão.
Eu conheço uma pessoa
que reza, há pelos menos trinta anos, pedindo a Deus que lhe tire o vício do
tabaco. E por que Deus não tira?
Porque essa tarefa compete à pessoa.
Deus não vai tirar o
cigarro da boca do fumante; tampouco o copo de bebida da boca do alcoólatra.
São tarefas intransferíveis. Ninguém poderá alegar ignorância quanto aos
prejudiciais efeitos do tabaco e do álcool. Então, como já sabemos o que
fazer, Deus deixa que nós tomemos a atitude, respeitando o nosso livre
arbítrio.
Isso não quer dizer que
Deus abandonou os viciados, nem tampouco que nos abandona nos momentos de
dificuldades. O Pai, por intermédio dos Espíritos do Bem, sempre estará
oferecendo a ajuda necessária através, por exemplo, de sugestões de amigos
encarnados e desencarnados a respeito das mudanças que devemos fazer. É um
amigo que dá um conselho, a mulher que insistentemente lhe pede para parar de
fumar, um livro que lhe chega às mãos, um sonho de advertência; enfim,
inúmeras dicas que a Vida está lhe dando para que você realize as mudanças
necessárias. E quando tomamos a atitude de renovação, somos apoiados pela
Vida, a fim de que as mudanças sejam duradouras.
Quando você toma a
atitude para o bem, o universo todo conspira a seu favor.
Já pensou nas mudanças
que está precisando realizar? Examine com calma. Verifique quais as decisões
que você talvez esteja adiando, esperando que Deus ou alguém faça a parte que
é de sua responsabilidade. É preciso tomar atitudes necessárias para que as
mudanças ocorram, seja no plano profissional, familiar ou pessoal. Adiar
essas decisões acarretará ainda mais ansiedade e sofrimento.
A segunda parte da
prece diz o seguinte:
“Conceda-me serenidade
para aceitar o que eu não posso mudar...”
Quanta sabedoria há
neste pensamento. De fato, se por um lado muitas soluções estão em nossas mãos,
outras tantas independem da nossa vontade ou de nossa atuação concreta. Em
algumas situações, só Deus poderá alterar o curso dos acontecimentos.
Lembro-me de um caso narrado pelo Dr. Norman Vicente Peale, uma das maiores
autoridades religiosas dos Estados Unidos. Ele conta que certa noite foi
procurado por um casal de médicos, cuja filha estava gravemente enferma,
vítima de crupe, uma doença que atinge a laringe e pode causar asfixia e
morte. A medicina já havia retirado as esperanças de cura. Esperava-se a
morte da criança, e seus pais, ateus, procuraram o Dr. Norman, como último
recurso. Dirigindo-se à residência do casal, o famoso pregador encontra a
menina ardendo de febre, prostrada. Mas, confiante nos desígnios superiores,
o Dr. Norman pronuncia sentida oração. Ele narra que entrou num clima de
profundo êxtase espiritual e não sabe dizer por quanto tempo ficou mergulhado
na prece. Só se deu conta que, ao despertar, o dia amanhecia e que a menina
já estava sem febre, dando sinais evidentes de recuperação. Os pais estavam
maravilhados, pois como médicos viram a filha sair das sombras da morte e
recuperar a vida, ficando completamente curada em poucos dias. Ficou a
sublime lição:
Quando nada podemos
fazer, Deus pode.
E Deus sempre fará o
melhor por nós. Ele sempre atua quando não sabemos o que fazer ou quando já
fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. Victor Hugo teve o ensejo de
escrever:
“Quando tiver feito
tudo o que for possível, deite-se e vá dormir. Deus está acordado.”
E você, prezado amigo,
tem entregue a Deus os seus insolúveis problemas? Tem confiado na Divina
Providência, naquele Poder Infinito que tudo pode? Neste instante, proponho a
você que abra seu coração, solte o nó da gravata, ponha-se diante de Deus e
sinta que Ele o ama. Proponho que você escreva numa folha de papel os
insolúveis problemas que o atormentam, colocando-os nas mãos do Criador para
a solução mais adequada. Depois, pare de se preocupar com essas questões,
pois Deus está cuidando do assunto.
Isso proporcionará
muita paz ao seu coração.
Será que o amigo
percebeu por que essa oração foi denominada de prece da serenidade? A razão é
simples. Nós só conquistaremos a paz quando estivermos fazendo aquilo que nos
compete fazer. Enquanto adiarmos, não teremos paz, pois o problema continua
conosco. E se nada nos é possível fazer, a nossa parte vem da atitude de
entrega ao Criador, que tudo sabe e tudo pode. Em regra, ficamos nervosos
preocupados e ansiosos porque fazemos exatamente o contrário.
Naquilo que podemos
fazer, esperamos que Deus ou as pessoas façam por nós. E naquilo que só Deus
pode fazer, queremos agir por nossa própria conta, caindo em verdadeiro
desespero em vista da inutilidade de nossas condutas.
É por isso que a prece
termina com um pedido significativo:
Senhor, dai-me
sabedoria para distinguir uma situação da outra.
“Saber a nossa parte e
fazer. Saber a parte de Deus e esperar. Eis a expressão da serenidade.”
Vamos tentar?
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José Carlos de Lucca
– Fonte: Associação de Divulgação da Doutrina Espírita – www.adde.com.br
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
Futuro do Espiritismo
Depois de suas
primeiras etapas, o Espiritismo, aguerrido, desembaraçando-se cada vez mais
das obscuridades que lhe serviram de fraldas, em breve fará sua aparição na
grande cena do mundo.
Os acontecimentos
marcham com tal rapidez que não se pode ignorar a poderosa intervenção dos
Espíritos que presidem aos destinos da Terra. Há como que um estremecimento
íntimo nos flancos do vosso globo, em trabalho de gestação; novas raças saídas
das altas esferas vêm rodopiar em torno de vós, esperando a hora de sua
encarnação messiânica, e para isto se preparando pelo estudo das vastas
questões que hoje agitam a Terra.
De todos os lados veem-se
sinais de decrepitude nos usos e legislações, que não mais estão de acordo
com as ideias modernas. As velhas crenças adormecidas há séculos parecem despertar
de seu torpor secular e se admiram de se verem em luta com novas crenças,
emanadas dos filósofos e dos pensadores deste e do século passado. O sistema
degenerado de um mundo que não passava de um simulacro, se esboroa ante a
aurora do mundo real, do mundo novo. A lei de solidariedade, da família
passou aos habitantes dos Estados, para em seguida conquistar a Terra
inteira; mas esta lei tão sábia, tão progressiva, essa lei divina, numa
palavra, não se limitou a esse resultado único; infiltrando-se no coração dos
grandes homens, ensinou-lhes não só que ela era necessária ao grande
melhoramento da vossa habitação, mas que se estendia a todos os mundos do
vosso sistema solar, para de lá se estender a todos os mundos da imensidade!
É bela essa lei de
solidariedade universal, porque nela se encontra essa máxima sublime: Todos
por um e um por todos.
Eis, meus filhos, a
verdadeira lei do Espiritismo, a verdadeira conquista de um futuro próximo.
Marchai, pois, imperturbavelmente em vossa estrada, sem vos preocupar com as zombarias
de uns e o amor próprio ferido de outros. Estamos e ficaremos convosco, sob a
égide do Espírito de Verdade, meu e vosso mestre.
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Erasto – Revista
Espírita – Fevereiro/1868
Nos diversos caminhos
“Examinai-vos a vós mesmos, se
permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos.” Paulo (II Coríntios, 13:5)
Diversas atitudes caracterizam os estudantes da Revelação Nova.
Os que permanecem na periferia dos ensinamentos exigem novas demonstrações
fenomenológicas, sem qualquer propósito de renovação interior.
Aqueles que se demoram na região da letra estimam as longas discussões sem
proveito real.
Quantos preferem a zona do sectarismo, lançam-se às lutas de separatividade,
lamentáveis e cruéis. Todos os que se cristalizam no “eu” dormitam nos
petitórios infindáveis, a reclamarem proteção indébita, adiando a solução dos
seus problemas espirituais.
Os que se retardam nos desvarios passionais rogam alimento para as emoções,
mantendo-se distantes do legítimo entendimento.
Os que se atiram às correntes da tristeza negativa gastam o tempo em lamentações
estéreis.
Aqueles que se consagram ao culto da dúvida perdem a oportunidade da edificação
divina em si mesmos, convertendo-se em críticos gratuitos, ferindo companheiros
e estraçalhando reputações.
Quantos se prendem à curiosidade crônica, borboleteiam aqui e ali,
longe do trabalho sério e necessário.
Aqueles que se regozijam na presunção, passam o dia zurzindo o próximo,
quais se fossem inquisidores permanentes do mundo.
Os que vivem na fé, contudo, acompanham o Cristo, examinam a si próprios
e experimentam a si mesmos, convertendo-se em refletores da Vontade Divina,
cumprindo-a, fielmente, no caminho da redenção.
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Livro
Vinha de Luz – Emmanuel por Chico Xavier – Lição 99
A educação de Jesus
Verificamos a
importância da família observando a de Jesus; ele, que era um espírito de
grande evolução, veio num meio familiar de uma moral irrepreensível. Os pais
de Jesus eram pobres, mas honestos e trabalhadores; os familiares da criança
eram especiais, como se o meio fosse auxiliar o ser frágil a se desenvolver, até
poder se apresentar em toda a sua força moral.
O exemplo dos pais
embalou o rebento e a vibração amorosa de Maria suavizou a sua caminhada na
terra.
Na carpintaria do pai,
Jesus aprendeu a trabalhar com as mãos, como que a exemplificar a importância
do trabalho manual. Cercado pelos irmãos, trabalhando na oficina com seu pai,
Jesus teve uma infância feliz.
O problema da profissão
na época era facilmente resolvido, os filhos seguiam a do pai.
A educação judaica
preparava o homem para servir a Deus; Jesus não nasceu entre os gregos, que
educavam o cidadão ou o guerreiro, mas no meio de um povo que amava e
procurava servir a um só Deus; isso mostra a importância do meio nas
primeiras fases de vida do ser.
A instrução de Jesus,
iniciada no lar, foi completada na Sinagoga.
O rabino dava as aulas
numa sala bem iluminada e coberta de esteiras onde se sentavam os meninos. As
aulas eram dadas através de cópias e decorações de textos. Aprendiam através
das escrituras sagradas. Havia 23 letras no alfabeto hebraico e os alunos
deviam escrevê-las e lê-las corretamente.
Jesus foi um excelente
aluno, revelando conhecimento profundo dos textos sagrados.
Graças aos livros, ao
Talmud e ao Mischna, Jesus integrou-se à cultura de seu tempo. O
desenvolvimento foi realizado também na vertical; o povo judeu era
profundamente espiritualizado.
O relacionamento dos
pais com os filhos era considerado muito importante; as crianças e
adolescentes acompanhavam os mais velhos em todas as ocasiões.
Jesus penetrou no
espírito da Educação Judaica, rompendo os condicionamentos que amarram o ser
aos vínculos da matéria, exemplificando um domínio completo sobre a carne.
Educado dentro dos
moldes inflexíveis de uma educação Formalista, rompeu a casca da tradição e
se abriu para o Cosmos.
Com Jesus compreendemos
o homem como habitante do Universo; a solidariedade dos seres e dos mundos
ganha novas cores, as dimensões da vida se abrem no infinito; não mais
limitações, não mais preconceitos estéreis, não mais divisão de classes, nem
barreiras de raças. O Ser Indestrutível se impõe ao mundo...
Não compreendendo o
Mestre, fizemos da Educação Cristã uma repetição do modelo totalitário do
judaísmo, criamos a Idade Média. O Cristianismo sufocou o espírito e
repetimos os erros do passado. A religião novamente impediu a marcha do
homem, que reagiu caindo no materialismo e criando uma educação leiga e pragmática
preocupada em desenvolver o “ter” e não o “ser”. A Educação se converteu em
simples instrução, só se exigindo dos educandos a capacidade de decorar. O
homem virou servo da máquina e a luta pela sobrevivência, num mundo difícil,
aumentou o seu egoísmo. O mundo se tornou cruel; o desemprego, a fome, a
guerra, o materialismo, quase sufocaram as sementes plantadas pelo meigo
Nazareno. Mas o trigo, apesar de sufocado pelo joio, continuou a brotar,
embora com muita dificuldade. Uma nova educação se faz necessária, uma
educação que proporcione estímulos para o desenvolvimento e a libertação do
Ser.
A religião será a
alavanca que conduzirá o indivíduo à transcendência, a integração em harmonia
universal. Não a religião anestesiante, mas uma religião que caminha de mãos
dadas com a ciência e a filosofia, os três caminhos do conhecimento,
conduzindo o Ser para o “desenvolvimento de suas perfectibilidades”, como
queria Kant.
Analisando o nascimento
e a família de Jesus, pensamos nas dificuldades que o ser encontra para o seu
desenvolvimento espiritual ao nascer em meios difíceis, mais primitivos, onde
os indivíduos estão em suas primeiras fases de evolução. Provavelmente, foram
atraídos por lei de afinidade, sintonia espiritual com os encarnados
necessitados ali presentes. Vão necessitar de muita ajuda, de muito estímulo,
para vencerem as dificuldades da nova encarnação; o trabalho de preparação
para que saiam vencedores provavelmente continua no plano espiritual, durante
as horas de sono. Todos vieram para a vitória; ninguém veio destinado ao fracasso.
A importância da Escola e da Educação está exatamente aí: estimular o Ser a
desenvolver as perfectibilidades, vencendo os problemas do meio; despertar no
indivíduo o que há de melhor, dando-lhe as forças necessárias para superar os
condicionamentos inferiores de outras encarnações. Se a família é deficiente,
cabe à Escola suprir essas dificuldades.
Se Jesus, com toda a
sua evolução espiritual, necessitou nas primeiras fases de um povo
espiritualizado e de uma família especial, como os indivíduos menos evoluídos
precisarão de estímulo, de alavancas propiciadas por uma Educação
Espiritualista.
A Educação não só
integrará o Ser no meio social onde vive, mas o auxiliará na superação de sua
animalidade inferior. Essa é a função da Escola Espírita.
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quinta-feira, 10 de outubro de 2019
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