Verificamos a
importância da família observando a de Jesus; ele, que era um espírito de
grande evolução, veio num meio familiar de uma moral irrepreensível. Os pais
de Jesus eram pobres, mas honestos e trabalhadores; os familiares da criança
eram especiais, como se o meio fosse auxiliar o ser frágil a se desenvolver, até
poder se apresentar em toda a sua força moral.
O exemplo dos pais
embalou o rebento e a vibração amorosa de Maria suavizou a sua caminhada na
terra.
Na carpintaria do pai,
Jesus aprendeu a trabalhar com as mãos, como que a exemplificar a importância
do trabalho manual. Cercado pelos irmãos, trabalhando na oficina com seu pai,
Jesus teve uma infância feliz.
O problema da profissão
na época era facilmente resolvido, os filhos seguiam a do pai.
A educação judaica
preparava o homem para servir a Deus; Jesus não nasceu entre os gregos, que
educavam o cidadão ou o guerreiro, mas no meio de um povo que amava e
procurava servir a um só Deus; isso mostra a importância do meio nas
primeiras fases de vida do ser.
A instrução de Jesus,
iniciada no lar, foi completada na Sinagoga.
O rabino dava as aulas
numa sala bem iluminada e coberta de esteiras onde se sentavam os meninos. As
aulas eram dadas através de cópias e decorações de textos. Aprendiam através
das escrituras sagradas. Havia 23 letras no alfabeto hebraico e os alunos
deviam escrevê-las e lê-las corretamente.
Jesus foi um excelente
aluno, revelando conhecimento profundo dos textos sagrados.
Graças aos livros, ao
Talmud e ao Mischna, Jesus integrou-se à cultura de seu tempo. O
desenvolvimento foi realizado também na vertical; o povo judeu era
profundamente espiritualizado.
O relacionamento dos
pais com os filhos era considerado muito importante; as crianças e
adolescentes acompanhavam os mais velhos em todas as ocasiões.
Jesus penetrou no
espírito da Educação Judaica, rompendo os condicionamentos que amarram o ser
aos vínculos da matéria, exemplificando um domínio completo sobre a carne.
Educado dentro dos
moldes inflexíveis de uma educação Formalista, rompeu a casca da tradição e
se abriu para o Cosmos.
Com Jesus compreendemos
o homem como habitante do Universo; a solidariedade dos seres e dos mundos
ganha novas cores, as dimensões da vida se abrem no infinito; não mais
limitações, não mais preconceitos estéreis, não mais divisão de classes, nem
barreiras de raças. O Ser Indestrutível se impõe ao mundo...
Não compreendendo o
Mestre, fizemos da Educação Cristã uma repetição do modelo totalitário do
judaísmo, criamos a Idade Média. O Cristianismo sufocou o espírito e
repetimos os erros do passado. A religião novamente impediu a marcha do
homem, que reagiu caindo no materialismo e criando uma educação leiga e pragmática
preocupada em desenvolver o “ter” e não o “ser”. A Educação se converteu em
simples instrução, só se exigindo dos educandos a capacidade de decorar. O
homem virou servo da máquina e a luta pela sobrevivência, num mundo difícil,
aumentou o seu egoísmo. O mundo se tornou cruel; o desemprego, a fome, a
guerra, o materialismo, quase sufocaram as sementes plantadas pelo meigo
Nazareno. Mas o trigo, apesar de sufocado pelo joio, continuou a brotar,
embora com muita dificuldade. Uma nova educação se faz necessária, uma
educação que proporcione estímulos para o desenvolvimento e a libertação do
Ser.
A religião será a
alavanca que conduzirá o indivíduo à transcendência, a integração em harmonia
universal. Não a religião anestesiante, mas uma religião que caminha de mãos
dadas com a ciência e a filosofia, os três caminhos do conhecimento,
conduzindo o Ser para o “desenvolvimento de suas perfectibilidades”, como
queria Kant.
Analisando o nascimento
e a família de Jesus, pensamos nas dificuldades que o ser encontra para o seu
desenvolvimento espiritual ao nascer em meios difíceis, mais primitivos, onde
os indivíduos estão em suas primeiras fases de evolução. Provavelmente, foram
atraídos por lei de afinidade, sintonia espiritual com os encarnados
necessitados ali presentes. Vão necessitar de muita ajuda, de muito estímulo,
para vencerem as dificuldades da nova encarnação; o trabalho de preparação
para que saiam vencedores provavelmente continua no plano espiritual, durante
as horas de sono. Todos vieram para a vitória; ninguém veio destinado ao fracasso.
A importância da Escola e da Educação está exatamente aí: estimular o Ser a
desenvolver as perfectibilidades, vencendo os problemas do meio; despertar no
indivíduo o que há de melhor, dando-lhe as forças necessárias para superar os
condicionamentos inferiores de outras encarnações. Se a família é deficiente,
cabe à Escola suprir essas dificuldades.
Se Jesus, com toda a
sua evolução espiritual, necessitou nas primeiras fases de um povo
espiritualizado e de uma família especial, como os indivíduos menos evoluídos
precisarão de estímulo, de alavancas propiciadas por uma Educação
Espiritualista.
A Educação não só
integrará o Ser no meio social onde vive, mas o auxiliará na superação de sua
animalidade inferior. Essa é a função da Escola Espírita.
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quinta-feira, 17 de outubro de 2019
A educação de Jesus
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