sábado, 11 de setembro de 2021
Cristo e nós
“E disse-lhe o Senhor em visão: — Ananias! E ele respondeu: —
Eis-me aqui, Senhor!” (Atos dos
Apóstolos, 9:10)
Os homens esperam por Jesus e Jesus
espera igualmente pelos homens.
Ninguém acredite que o mundo se redima
sem almas redimidas.
O Mestre, para estender a sublimidade
do seu programa salvador, pede braços humanos que o realizem e intensifiquem.
Começou o apostolado, buscando o concurso de Pedro e André, formando, em
seguida; uma assembleia de doze companheiros para atacar o serviço da
regeneração planetária.
E, desde o primeiro dia da Boa Nova,
convida, insiste e apela junto das almas, para que se convertam em instrumentos
de sua Divina Vontade, dando-nos a perceber que a redenção procede do Alto, mas
não se concretizará entre as criaturas sem a colaboração ativa dos corações de
boa vontade.
Ainda mesmo quando surge,
pessoalmente, buscando alguém para a sua lavoura de luz, qual aconteceu na conversão
de Paulo, o Mestre não dispensa a cooperação dos servidores encarnados. Depois de
visitar o doutor de Tarso, diretamente, procura Ananias, enviando-o a socorrer
o novo discípulo.
Por que razão Jesus se preocupou em
acompanhar o recém convertido, assistindo-o em pessoa? É que, se a Humanidade
não pode iluminar-se e progredir sem o Cristo, o Cristo não dispensa os homens
na obra de soerguimento e sublimação do mundo.
"Ide e pregai".
"Eis que vos mando".
"Resplandeça a vossa luz diante
dos homens".
"A Seara é realmente grande, mas
poucos são os ceifeiros".
Semelhantes afirmativas do Senhor
provam a importância por ele atribuída à contribuição humana.
Amemos e trabalhemos, purificando e
servindo sempre.
Onde estiver um seguidor do Evangelho
aí se encontra um mensageiro do Amigo Celestial para a obra incessante do bem.
Cristianismo significa Cristo e nós.
Emmanuel / Chico Xavier – Fonte Viva – FEB – cap. 017
Prece por um suicida
Sabemos, ó meu Deus, qual a sorte que
espera os que violam a tua lei, abreviando voluntariamente seus dias; mas
também sabemos que infinita é a tua misericórdia. Digna-te, pois, de estendê-la
sobre a alma de N... Possam as nossas preces e a tua comiseração abrandar a
acerbidade dos sofrimentos que ele está experimentando, por não haver tido a
coragem de aguardar o fim de suas provas.
Bons Espíritos, que tendes por missão
assistir os desgraçados, tomai-o sob a vossa proteção; inspirai-lhe o pesar da
falta que cometeu.
Que a vossa assistência lhe dê forças
para suportar com mais resignação as novas provas por que haja de passar, a fim
de repará-la. Afastai dele os maus Espíritos, capazes de o impelirem novamente
para o mal e prolongar-lhe os sofrimentos, fazendo-o perder o fruto de suas
futuras provas.
A ti, cuja desgraça motiva as nossas
preces, nos dirigimos também, para te exprimir o desejo de que a nossa comiseração
te diminua o amargor e te faça nascer no íntimo a esperança de melhor porvir!
Nas tuas mãos está ele; confia na bondade de Deus, cujo seio se abre a todos os
arrependimentos e só se conserva fechado aos corações endurecidos.
Allan Kardec – Livro: O Evangelho segundo o Espiritismo - capítulo XXVIII - item 72
sábado, 4 de setembro de 2021
Mais Luz - Edição 542
Kardec e o trabalho em equipe
Aprender a trabalhar em equipe é um requisito fundamental para a nossa socialização. Saiba mais no Boletim Eletrônico Semanal do CEJG:
Kardec e o trabalho em equipe
Se um grupo quiser estar em
condições de ordem, de tranquilidade, de estabilidade, é preciso que nele reine
um sentimento fraterno. Todo grupo ou sociedade que se formar sem ter por base
a caridade efetiva não terá vitalidade; enquanto que os que se formarem segundo
o verdadeiro espírito da doutrina olhar-se-ão como membros de uma mesma família
que, não podendo viver todos sob o mesmo teto, moram em lugares diversos.
Allan Kardec Revista Espírita de
1862
Aprender a trabalhar em equipe é um requisito fundamental
para a nossa socialização, pois na vida de relação, de modo geral, somos
chamados a conviver com pessoas diferentes, das quais dependemos e com as quais
precisamos colaborar.
É um grande erro acreditar que podemos fazer tudo
sozinho, sem o auxílio dos demais. É também um equívoco acreditar que o
trabalho só sairá bom se formos nós os executores. A autossuficiência é uma das
grandes ilusões contra a qual precisamos lutar. Nenhum de nós sabe e pode tudo.
Nosso saber e poder são relativos. Todos estamos na condição de aprendizes, em
regime de interdependência, destinados a aprender uns com os outros o que
ignoramos.
Em torno desta questão, Allan Kardec faz uma advertência
que poderíamos considerar como uma constatação de sua parte, tendo em vista que
não deixamos de ser imperfeitos pelo simples fato de abraçarmos os princípios
espíritas:
Um equívoco muito frequente entre os novos adeptos é o de
se julgarem mestres após alguns meses de estudo. Essa pretensão de não mais
necessitar de conselhos, e de se julgar acima de todos, é uma prova de
insuficiência, pois foge a um dos primeiros preceitos da doutrina: a modéstia e
a humildade.
Apenas ousaríamos acrescentar que não são apenas os novos
adeptos, muitas vezes, os mais antigos, infelizmente, também pensam assim.
Quando não se isolam, fazendo um “Espiritismo a sua maneira” e agregando
pessoas em torno do seu carisma, permanecem no movimento fiscalizando os outros
e discordando sistematicamente de ideias que não sejam as suas. Creditam-se a
condição de “crivos” das iniciativas que se dão no meio espírita.
Diferentemente dessa postura, quando procuramos atuar em
equipe, muitas vezes somos chamados a colaborar de maneira anônima, aceitando a
liderança de companheiros que estão investidos dessa responsabilidade. Em
outras ocasiões, também somos chamados a assumir o comando dos esforços e de
uma forma ou de outra, sempre deveremos acatar as decisões que decorram do
consenso. Mesmo porque, nenhum de nós é indispensável, embora todos sejamos
chamados a colaborar nesse ou naquele setor. Nem mesmo Allan Kardec era
indispensável, do contrário o Espírito de Verdade não teria lhe dito:
Não te
esqueças de que podes triunfar, como podes falir; neste último caso, um outro
te substituirá, pois, os desígnios de Deus não se repousam sobre a cabeça de um
homem.
Apesar desta possibilidade, era ele quem reunia as
melhores condições para empreender a tarefa de codificar o Espiritismo, embora
se encontrassem também reencarnados espíritos prontos a levar adiante os
desígnios de Jesus. Essas mesmas almas, como Léon Denis, Gabriel Delanne e
outros se encarregaram de desenvolver e difundir as ideias espíritas. Não
estavam interessados no comando de nada, queriam antes somar esforços e fazer o
melhor que pudessem.
Allan Kardec não apenas valorizava o trabalho em equipe,
como também fazia parte de uma, a equipe do Espírito de Verdade, que atuava em
conjunto, desdobrando-se na esfera espiritual e material.
O próprio Jesus, quando encarnado entre nós, enfatizou a
importância do trabalho em equipe, convocando doze discípulos para o trabalho
de evangelização das criaturas.
As obras de André Luiz, em particular, narram a
organização, a disciplina, os princípios que regem Nosso Lar e algumas outras
colônias espirituais, demonstrando que ninguém, em lugar algum, opera sozinho
na obra do bem ou do mal. Mesmo os espíritos inclinados ao mal atuam em
conjunto, com tarefas previamente planejadas e posteriormente avaliadas.
Na obra Paulo e Estêvão, os relatos do Espírito Emmanuel
informam que na constituição da Casa do Caminho e nos primeiros núcleos do
Cristianismo primitivo, havia sempre mais de um companheiro se revezando com
outro na execução das tarefas. O sentido da ação em equipe, proclamado de forma
silenciosa por Jesus, tomou-se uma importante diretriz na organização e
sobrevivência destes primeiros núcleos.
Hoje em dia, para que os centros espíritas possam
continuar fieis a Jesus e a Kardec, faz-se necessário que as equipes estejam
abertas para se renovarem. Renovarem-se com novas ideias e novos companheiros,
sem que ninguém retenha, indefinidamente, o comando de nada. Mas que essa
renovação se processe com critérios e não estouvadamente. Que ocorra sem apegos
e melindres.
Sabemos que a principal renovação de que temos
necessidade é a do nosso mundo interior, pois sem essa, todas as outras ficarão
comprometidas. Mas podemos atualizar as técnicas, estudar e implantar novos
modelos de gestão, rever a metodologia dos estudos, convidar expositores de
outras casas, promover encontros, criarmos grupos para estudar determinada
obra, participarmos de encontros de preparação, realizados pelos órgãos de
unificação ou aqueles que se dão em determinados centros, analisarmos outras
experiências, a fim de que a nossa equipe cresça e o trabalho prossiga com
qualidade.
As diretrizes gerais, para esse empreendimento, estão
sinalizadas e ao mesmo tempo justificadas na codificação, particularmente em
Obras Póstumas; de Allan Kardec:
(...) a direção, de individual que precisou ser no
início, deve tornar-se coletiva; primeiro, porque chega um momento em que seu
peso excede as forças de um homem, e, em segundo lugar, porque há mais garantia
de estabilidade numa reunião de indivíduos, na qual cada um representa sua
própria voz, e que nada podem sem o concurso uns dos outros, do que um único,
que pode abusar de sua autoridade e querer fazer que predominem suas ideias
pessoais.
Para o público dos adeptos, a aprovação ou a
desaprovação, o consentimento ou a recusa, as decisões, numa palavra, de um
corpo constituído, representando uma opinião coletiva, terão, forçosamente, uma
autoridade que jamais teriam, se emanassem de um único indivíduo, que apenas
representa uma opinião pessoal. Com frequência rejeita-se a opinião de uma
única pessoa, acredita-se que se humilharia por ter que se submeter, enquanto
que a de vários é aceita sem dificuldade. (Constituição do Espiritismo:
‘Comissão Central’.)
(...) a ninguém é dado possuir a luz universal, nem nada
fazer com perfeição; como pode um homem iludir-se acerca de suas próprias
ideias; enquanto outros podem ver o que ele não pode; (Constituição do
Espiritismo: ‘Os Estatutos Constitutivos*.)
Há, igualmente, num ser coletivo, uma garantia de
estabilidade que não existe quando tudo repousa sobre uma única cabeça: se o
indivíduo for impedido por uma causa qualquer, tudo pode ficar entravado. Um
ser coletivo, ao contrário, perpetua-se incessantemente; se perder um ou vários
de seus membros, nada periclita. (Constituição do Espiritismo: ‘Comissão
Central’).
Essas colocações valem para a direção de um órgão de
unificação, de um centro espírita, de um departamento existente no centro ou
mesmo para uma equipe transitória, que se constitua apenas para a realização de
um evento.
Precisamos deixar de reclamar da ausência de
colaboradores e começar a nos perguntar:
1. Como a nossa equipe atua?
2. Nela predomina a sinceridade e todos aprendem uns com
os outros?
3. Como lidamos com as ideias que são contrárias às
nossas?
4. Procuramos conhecer a maneira como as outras
instituições espíritas se organizam?
5. Temos nos capacitado para melhor execução da tarefa
que abraçamos?
6. Nossa equipe tem se renovado ao longo dos anos com
novos irmãos?
7. Nossa equipe planeja, avalia e se avalia?
Mais do que apenas fazer a nossa parte, precisamos
analisar se colaboramos para que os outros façam a parte que lhes compete. Não
com intromissões que comprometam a autonomia dos companheiros e impeçam que os
erros lhes ensinem o que precisam saber, mas com estímulos, sugestões,
colocando-nos à disposição para auxiliá-los, tanto quanto esperamos o concurso
alheio em nosso próprio auxílio.
Uma equipe formada por espíritas deve ser mais que uma
equipe, deve ser uma verdadeira família, onde o fracasso de um atinge a todos e
onde o êxito de alguém é o sucesso de todos.
Cezar Braga Said – Livro: Centro Espírita – Uma visão construtiva
Não te perturbes
“E o mandamento que era para a vida, achei eu que me era para
a morte”. Paulo (Romanos, 7:10)
Se perguntássemos ao grão de trigo que
opinião alimenta acerca do moinho, naturalmente responderia que dentro dele
encontra a casa de tortura em que se aflige e sofre; no entanto, é de lá que
ele se ausenta aprimorado para a glória do pão na subsistência do mundo.
Se indagássemos da madeira, com
respeito ao serrote, informaria que nele identifica o algoz de todos os
momentos, a dilacerar-lhe as entranhas; todavia, sob o patrocínio do suposto
verdugo, faz-se delicada e útil para servir em atividades sempre mais nobres.
Se consultarmos a pedra, com alusão ao
buril, certo esclarecerá que descobriu nele o detestável, perseguidor de sua
tranquilidade, a feri-Ia, desapiedado, dia e noite; entretanto, é dos golpes
dele que se eleva aos tesouros terrestres, aperfeiçoada e brilhante.
Assim, a alma. Assim, a luta.
Peçamos o parecer do homem, quanto à
carne, e pronunciará talvez impropriedades mil. Ouçamo-lo sobre a dor e registraremos
velhos disparates verbais. Solicitemos-lhe que se externe com referência à
dificuldade, e derramará fel e pranto.
Contudo, é imperioso reconhecer que do
corpo disciplinado, do sofrimento purificador e do obstáculo asfixiante, o
espírito ressurge sempre mais aformoseado, mais robusto e mais esclarecido para
a imortalidade.
Não te perturbes, pois, diante da
luta, e observa.
O que te parece derrota, muita vez é
vitória. E o que se te afigura em favor de tua morte, é contribuição para o teu
engrandecimento na vida eterna.
Emmanuel / Chico Xavier - Fonte Viva – FEB – cap. 016
Oração do dinheiro
Senhor!
No concerto das forças que te desejam
honrar, eu também sou teu servo.
Por me atribuíres o dever de premiar o
suor e sustentar o bem, como recurso neutro de aquisição, ando, entre as criaturas,
frequentemente, em regime de cativeiro.
Muitas delas me escravizam para que eu
lhes compre ilusões e mentiras, prazeres e consciências.
Noto com mais nitidez minha própria
tarefa, cada vez que escuto alguém chorar no caminho, entretanto, quase sempre,
estou preso...
Que fiz eu Senhor, para viver
encarcerado no sombrio recinto do cofre, como se eu fora um cadáver importante
no esquife trancado da inércia?
Ensina aos que me guardam sem proveito
que sou o sangue do trabalho e do progresso, da caridade e da cultura e
ajuda-os para que me liberte.
Quase todos eles procuram estar
comigo, através da oração, nos templos que abraçam.
Dize-lhes na prece que sou a esperança
do lar sem lume.
Fala-lhes que posso ser o conforto das
mães esquecidas, o arrimo dos companheiros caídos em provação, o leite devido
aos pequeninos de estômago atormentado, o remédio ao enfermo e o lençol
generoso e limpo dos que avizinham do túmulo.
Um dia, alguém te apresentou moeda
humilde, empenhada ao imposto público para que algo dissesses e recomendastes
fosse dado a César o que é de César.
Muitos, porém, não perceberam que te
reportavas ao tributo e não a mim e, julgando que a tua palavra me condenasse,
lançaram-me ao desprezo...
Não ignoras, contudo, que nasci para
fazer o melhor e esteja eu vestido de ouro ou de simples papel, sabes, Senhor,
que eu também sou de Deus.
Meimei / Chico Xavier – Livro: À luz
da oração