“Ora, Tomé, um dos doze, não estava com eles quando
Jesus veio.” — (João, 20:24)
Tomé,
descontente, reclamando provas, por não haver testemunhado a primeira visita de
Jesus, depois da morte, criou um símbolo para todos os aprendizes despreocupados
das suas obrigações.
Ocorreu ao
discípulo ausente o que acontece a qualquer trabalhador distante do dever que
lhe cabe.
A edificação
espiritual, com as suas bênçãos de luz, é igualmente um curso educativo.
O aluno
matriculado na escola, sem assiduidade às lições, apenas abusa do
estabelecimento de ensino que o acolheu, porquanto a simples ficha de entrada
não soluciona o problema do aproveitamento. Sem o domínio do alfabeto, não
alcançará a silabação. Sem a posse das palavras, jamais chegará à ciência da
frase.
Prevalece
idêntico processo no aprimoramento do Espírito.
Longe dos
pequeninos deveres para com os irmãos mais próximos, como habilitar-se o homem
para a recepção da graça divina? Se evita o contato com as obrigações humildes
de cada dia, como dilatar os sentimentos para ajustar-se às glórias eternas?
Tomé não
estava com os amigos quando o Mestre veio. Em seguida, formulou reclamações,
criando o tipo do aprendiz suspeitoso e exigente.
Nos trabalhos
espirituais de aperfeiçoamento, a questão é análoga.
Matricula-se o
companheiro, na escola de vida superior, entretanto, ao invés de consagrar-se
ao serviço das lições de cada dia, revela-se apenas mero candidato a vantagens
imediatas.
Em geral,
nunca se encontra ao lado dos demais servidores, quando Jesus vem; logo após,
reclama e desespera.
A lógica, no
entanto, jamais abandona o caminho reto.
Quem desejar a
bênção divina, trabalhe pela merecer.
O aprendiz
ausente da aula não pode reclamar benefícios decorrentes da lição.
(...) “uma
grande celebração cujas raízes repousam no judaísmo, mas que foram absorvidas
pelo mundo cristão, pelo Cristianismo e depois de certo modo, deturpadas e se
transformaram na celebração atual da páscoa, com seus coelhinhos, com seus ovos
da páscoa, e com uma festa que quase não guarda nenhuma relação com a páscoa
genuína.
O que é então
a páscoa?
A páscoa é uma
celebração judaica do momento em que o povo foi libertado da escravidão no
Egito.
É importante
salientar que quando nós falamos de páscoa, nós estamos num universo que é o da
religiosidade. Nós estamos no mundo religioso. E no universo da religiosidade
nós lidamos com símbolos, com metáforas. Por que isso? Porque religiosidade tem
a ver com o sentimento, e religiosidade tem a ver com a experiência pessoal,
com a experiência que a criatura faz de Deus, como ela experimenta Deus, como
ela experimenta a vida, como ela experimenta a si mesma diante da vida e diante
de Deus.
É óbvio que é
impossível traduzir uma experiência tão subjetiva, tão espiritualmente rica com
a linguagem da ciência, que é uma linguagem matemática, uma linguagem analítica;
ou com a linguagem da filosofia, que é uma linguagem especulativa, cheia de um
vocabulário complexo e às vezes até prolixo. Por essa razão, a religiosidade
opta pela linguagem da metáfora, que é quase uma linguagem dos sonhos. Uma
linguagem onírica e, portanto, a páscoa tem muito dessa simbologia onírica do
sonho.
O que diz a
páscoa?
Que o povo
hebreu estava escravo há 400 anos no Egito. O Egito foi invadido então por um
anjo da morte. Mas naquelas casas que tivessem uma marca de sangue de um
cordeiro, o anjo pularia aquela casa. Como o verbo pular em hebraico é pesah,
daí vem páscoa. A páscoa então é o pulo do anjo, o pulo que ele dá nas casas
que tem a marca do cordeiro, e que, portanto, foram poupados da tragédia de
perderem o filho mais velho da casa. Essa é a simbologia.
Por que o
cordeiro? E é interessante: na celebração da páscoa judaica o cordeiro ficava
uma semana com a família. Eles pegavam um cordeirinho e ele ficava dentro de
casa. Ali as crianças brincavam com o bichinho, criavam uma relação de afeto
com ele. Daí uma semana o animalzinho era quase que um membro da família,
então, ao entardecer da sexta-feira toda a família se reunia e o animal era
sacrificado. E tinha que ser assim, porque se alimentar do cordeiro da páscoa
precisava ser uma experiência de dor. É a experiência da perda de alguém amado,
então a páscoa tem a ver com essa experiência espiritual. A experiência da
libertação espiritual, mas que é uma experiência de desilusão, e você não se
desilude sem perder. Por isso esse choque do cordeirinho sendo imolado.
Com a vinda de
Jesus, o que ele faz? Ele convive três anos com seus discípulos; cura cegos;
cura paralíticos; janta todo dia na casinha de Simão Pedro; cura até mesmo a
sogra de Simão Pedro que morava com ele; trabalha com eles; acorda cedinho e
vai pescar com eles até o entardecer; convive com eles diariamente; participa
das suas dores; sofre as imperfeições de cada um deles; e no momento final dos
três anos, reúne os 12 e diz assim para eles: vocês vão me perder. Eu estou
agora me despedindo de vocês porque eu vou deixar o mundo corpóreo para voltar
ao mundo incorpóreo, e vocês vão experimentar uma tremenda tristeza, uma
profunda dor porque vocês criaram uma conexão emocional comigo. Eu não chamo
vocês mais de servos, eu chamo vocês de amigos porque tudo o que eu aprendi eu
compartilhei com vocês. Eu amei vocês da maneira maior que eu poderia amar; eu
amei tanto, que você Pedro, vai me negar, vai me trair, mas eu continuo te
amando e nada vai alterar o meu amor por você. Eu amo tanto você Judas, e mesmo
sabendo que você vai me trair, eu não estou te expulsando. Eu estou comendo com
você, e eu te perdoo, mas eu irei embora e vocês vão viver a maior experiência
de solidão, e de ascensão espiritual das suas vidas.
Mas o que eu
posso prometer? Que do mundo espiritual eu estarei junto com vocês. Vou
ampará-los em todas as suas atividades. Estarei eu mesmo do mundo espiritual
comandando a expansão do Cristianismo, portanto, essa crise da morte é apenas
um portal para a imortalidade porque a vida não cessa no túmulo, e toda vez que
vocês se sentirem solitários, toda vez que vocês sentirem falta da minha
amizade, do meu amor, da minha dedicação, da minha presença, vocês vão se
reunir, vão celebrar a páscoa em minha memória, em memória da minha amizade, em
memória do meu amor, e sobretudo, em memória da libertação de que eu sou o
mensageiro, porque Jesus veio libertar o homem da escravidão da matéria, da
escravidão dos sentidos.
Egito em
hebraico chama-se Mitsraim e Mitsraim em hebraico é estreiteza,
prisão. A matéria é opressora, os sentidos físicos são estreitos. A mensagem de
Jesus é libertadora porque ela vem trazer um amor incondicional, um amor que
ama independente de... Portanto, é um amor que liberta, então ele recomenda:
reúnam-se para celebrarem a páscoa, para celebrar o amor, para celebrar a minha
dedicação, e para celebrar a imortalidade da alma, a vida espiritual.
Mas
infelizmente os séculos passaram, e nós transformamos a páscoa em coelhos e
ovinhos coloridos de chocolate, apagando completamente a dimensão espiritual e
a experiência religiosa que a páscoa propõe, que é uma experiência de Deus, é
uma experiência de solidão, é uma experiência de amar e de se sentir amado, não
importam as circunstâncias.
Essa é a
páscoa!”
Haroldo Dutra
Transcrição da
fala de Haroldo Dutra Dias sobre a páscoa no vídeo abaixo.
Auxilia-nos,
perante os companheiros impelidos à desencarnação violenta, por força das
provas redentoras.
Sabemos que
nós mesmos, antes do berço terrestre, suplicamos das Leis Divinas as medidas
que nos atendam às exigências do refazimento espiritual. Entretanto, Senhor,
tão encharcados de lágrimas se nos revelam, por vezes, os caminhos do mundo,
que nada mais conseguimos realizar, nesses instantes, senão pedir-te socorro
para atravessá-los de ânimo firme.
Resguarda em
tua assistência compassiva todos os nossos irmãos surpreendidos pela morte, em
plena floração de trabalho e de esperança e acende-lhes nos corações, aturdidos
de espanto e retalhados de sofrimento, a luz divina da imortalidade oculta
neles próprios, a fim de que a mente se lhes distancie do quadro de agonia ou
desespero, transferindo-se para a visão da vida imperecível.
Não ignoramos
que colocas o lenitivo da misericórdia sobre todos os processos da justiça, mas
tocados pela dor dos corações que ficam na Terra — tantos deles tateando a
lousa ou investigando o silêncio, entre o pranto e o vazio — aqui estamos a
rogar-te alívio e proteção para cada um!… Dá-lhes a saber, em qualquer recanto
de fé ou pensamento a que se acolham, que é preciso nos levantemos de nossas
próprias inquietações e perplexidades, a cada dia, para continuar e recomeçar,
sustentar e valorizar as lutas de nossa evolução e aperfeiçoamento, no rumo da
Vida Maior que a todos nos aguarda, nos planos da União Sem Adeus.
E, enquanto o
buril da provação esculpe na pedra de nossas dificuldades, conquanto as nossas
lágrimas, novas formas de equilíbrio e rearmonização, embelezamento e
progresso, engrandece em teu amor aqueles que entrelaçam providências no amparo
aos companheiros ilhados na angústia.
Agradecemos,
ainda, a compreensão e a bondade que nos concedes em todos os irmãos nossos que
estendem os braços, cooperando na extinção das chamas da morte; que oferecem o
próprio sangue aos que desfalecem de exaustão; que umedecem com o bálsamo do
leite e da água pura os lábios e as gargantas ressequidas que emergem do
tumulto de cinza e sombra; que socorrem os feridos e mutilados para que se
restaurem; e os que pronunciam palavras de entendimento e paz, amor e esperança,
extinguindo a violência no nascedouro!…
Senhor Jesus!…
Confiamos em
ti e, ao entregarmo-nos em Tuas mãos, ensina-nos a reconhecer que fazes o
melhor ou permites se faça constantemente o melhor em nós e por nós, hoje e
sempre.
Emmanuel – Livro Diálogo dos vivos
Esta prece foi ditada por Emmanuel na ocasião do incêndio
do Edifício Joelma, em São Paulo, em fevereiro de 1972, e nós a transcrevemos aqui,
neste momento, por ocasião da desencarnação das quatro crianças na creche em
Blumenau (SC). Que o Senhor nos ampare a todos!
“Fazei aos
homens tudo o que queirais que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei
e os profetas.” — Jesus — Mateus, 7:12.
“Amar ao
próximo como a si mesmo, fazer pelos outros o que quereríamos que os outros
fizessem por nós”, é a expressão mais completa da caridade porque resume todos
os deveres do homem para com o próximo.” — Cap. XI, 4.
Provavelmente, não existe em nenhum tópico da literatura
mundial figura mais expressiva que a do samaritano generoso, apresentada
por Jesus para definir a psicologia da caridade.
Esbarrando com
a vítima de malfeitores anônimos, semimorta na estrada, passaram dois
religiosos, pessoas das mais indicadas para o trato da beneficência, mas
seguiram de largo, receando complicações.
Entretanto, o
samaritano que viajava, vê o infeliz e sente-se tocado de compaixão. Não sabe
quem é. Ignora-lhe a procedência. Não se restringe, porém, à emotividade. Para
e atende.
Balsamiza-lhe
as feridas que sangram, coloca-o sobre o cavalo e condu-lo à uma hospedaria,
sem os cálculos que o comodismo costuma traçar em nome da prudência.
Não se limita,
no entanto, a despejar o necessitado em porta alheia. Entra com ele na vivenda
e dispensa-lhe cuidados especiais.
No dia
imediato, ao partir, não se mostra indiferente. Paga-lhe as contas, abona-o
qual se lhe fora um familiar e compromete-se a resgatar-lhe os compromissos
posteriores, sem exigir-lhe o menor sinal de identidade e sem fixar-lhe
tributos de gratidão.
Ao
despedir-se, não prende o beneficiado em nenhuma recomendação e, no abrigo de
que se afasta, não estadeia demagogia de palavras ou atitudes, para atrair
influência pessoal.
No exercício
do bem, ofereceu o coração e as mãos, o tempo e o trabalho, o dinheiro e a
responsabilidade. Deu de si o que podia por si, sem nada pedir ou perguntar.
Sentiu e agiu,
auxiliou e passou.
Sempre que interessados em aprender a praticar a
misericórdia e a caridade, rememoremos o ensinamento do Cristo e façamos nós o mesmo.
Emmanuel / Chico Xavier – Livro da Esperança – cap. 28
“Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os
joelhos desconjuntados.” — Paulo. (Hebreus, 12:12)
O lavrador
desatento quase sempre escuta as sugestões do cansaço. Interrompe o serviço, em
razão da tempestade, e a inundação lhe rouba a obra começada e lhe aniquila a
coragem incipiente. Descansa, em virtude dos calos que a enxada lhe ofereceu, e
os vermes se incumbem de anular-lhe o serviço.
Levanta as
mãos, no princípio, mas não sabe “tornar a levantá-las”, na continuidade da
tarefa, e perde a colheita.
O viajor, por
sua vez, quando invigilante, não sabe chegar convenientemente ao termo da
jornada. Queixa-se da canícula e adormece na penumbra de ilusórios abrigos,
onde inesperados perigos o surpreendem. De outras vezes, salienta a importância
dos pés ensanguentados e deita-se às margens da senda, transformando-se em
mendigo comum.
Usa os joelhos
sadios, não se dispondo, todavia, a mobilizá-los quando desconjuntados e
feridos, e perde a alegria de alcançar a meta na ocasião prevista.
Assim acontece
conosco na jornada espiritual.
A luta é o
meio.
O
aprimoramento é o fim.
A desilusão
amarga.
A dificuldade
complica.
A ingratidão
dói.
A maldade
fere.
Todavia, se
abandonarmos o campo do coração por não sabermos levantar as mãos, de novo, no
esforço persistente, os vermes do desânimo proliferarão, precípites, no centro
de nossas mais caras esperanças, e se não quisermos marchar, de joelhos
desconjuntados, é possível sejamos retidos pela sombra de falsos refúgios,
durante séculos consecutivos.