sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Manoel Philomeno de Miranda

 


Manoel Philomeno de Baptista de Miranda nasceu no dia 14 de novembro de 1876, em Jangada, Município do Conde, no Estado da Bahia. Foram seus pais Manoel Baptista de Miranda e Umbelina Maria da Conceição.

Mais conhecido como Philomeno de Miranda, diplomou-se pela Escola Municipal da Bahia (hoje Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia), colando grau na turma de 1910, como ‘Bacharel em Comércio e Fazenda’.  Exerceu sua profissão com muita probidade, sendo um exemplo de operosidade no campo profissional. Ajudava sempre aqueles que o procuravam, pudessem ou não retribuir os seus serviços. Foi tão grande em sua conduta, como na modéstia.

Em 1914, foi debilitado por uma enfermidade pertinaz, e tendo recorrido a diversos médicos, sem qualquer resultado positivo, foi curado pelo médium Saturnino Favila, na cidade de Alagoinhas, com passes e água fluidificada, complementando a cura com alguns remédios da Flora Medicinal.

Nessa época, indo a Salvador, conheceu José Petitinga, que o convidou a frequentar a União Espírita Baiana. A partir daí, Philomeno de Miranda interessou-se pelo estudo e prática do Espiritismo, tornando-se um dos mais firmes adeptos de seus ensinamentos. Fiel discípulo de Petitinga, foi autêntico diplomata no trato com o Movimento Espírita da Bahia, com capacidade para resolver todos os assuntos pertinentes às Casas Espíritas. A serviço da causa, visitava periodicamente as Sociedades Espíritas, da Capital e do Interior, procurando soluções para qualquer dificuldade.

Delicado, educado, porém decidido na luta, não dava trégua aos ataques descabidos, arremetidos por religiosos e cientistas que tentavam destruir o trabalho dos espíritas. Na União Espírita Baiana (hoje Federação Espírita do Estado da Bahia), exerceu os cargos de 2º Secretário, de 1921 a 1922, e de 1º Secretário, de 1922 a 1939, juntamente com José Petitinga e uma plêiade de grandes trabalhadores.

Dedicou-se com muito carinho às reuniões mediúnicas, especialmente, às de desobsessão.  Achava imprescindível que as instituições espíritas se preparassem convenientemente para o intercâmbio espiritual, sendo de bom alvitre que os trabalhadores das atividades desobsessivas se resguardassem ao máximo, na oração, na vigilância e no trabalho superior. Salientava a importância do trabalho da caridade, para se precaverem de sofrer ataques das entidades que se sentem frustradas nos planos nefastos de perseguições. É o caso de muitas Casas Espíritas que, a título de falta de preparo, se omitem dos trabalhos mediúnicos.

Mesmo modesto, não pôde impedir que suas atividades sobressaíssem nas diversas frentes de trabalho que empreendeu em favor da Doutrina. Na literatura escreveu Resenha do Espiritismo na Bahia e Excertos que justificam o Espiritismo, que publicou omitindo o próprio nome. Em resposta ao Padre Huberto Rohden, publicou um opúsculo intitulado Por que sou Espírita.

Philomeno de Miranda foi eleito Presidente da União Espírita Baiana, em substituição a José Petitinga, quando este desencarnou, em 25 de março de 1939, em Salvador. Por mais de vinte e quatro anos consecutivos, Miranda vinha trabalhando na Federativa, em especial, na administração, no socorro espiritual como grande doutrinador, e nos serviços da caridade, zelando sempre pelo bom nome da Doutrina, com todo o desvelo de que era possuído. Sofrendo do coração, subia as escadas a fim de não faltar às sessões, sempre animado e sorrindo. Queria extinguir-se no seu cumprimento.

Seu desencarne ocorreu no dia 14 de julho de 1942. Na antevéspera, o devotado trabalhador da Seara do Cristo, impossibilitado de comparecer fisicamente à lide na Federativa Espírita Baiana, assim o disse, segundo relata A. M. Cardoso e Silva: “Agora sim! Não vou porque não posso mais. Estou satisfeito porque cumpri o meu dever. Fiz o que pude... o que me foi possível. Tome conta dos trabalhos, conforme já determinei.”

Querido de quantos o conheceram, até o último instante demonstrou a firmeza da tranquilidade dos justos, proclamando e testemunhando a grandeza imortal da Doutrina Espírita.

 

Fonte: Sítio da UEM (https://www.uemmg.org.br/biografias/manoel-philomeno-de-miranda)

 


quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Na graça do Senhor

 

Há na Graça Divina do Senhor

Mais alegria em dar que em receber.

E há mais bênçãos nas pedras do dever

Que nas rosas do gozo tentador.

 

A sublime renúncia por amor

Vale mais que o domínio do prazer.

Servir ao bem é a glória de viver

E o sacrifício é campo redentor.

 

Desenganos, angústias, chagas mil

São promessas de luz primaveril

Na fé renovadora, bela e sã.

 

Caminhar sob a graça de Jesus,

Aceitar o rigor de nossa cruz,

É iluminar a Terra de amanhã.

 

João de Deus / Chico Xavier

Livro: Nosso livro



Em oração

 


“Senhor,

Ensina-nos a respeitar a força do direito alheio na estrada do nosso dever.

Ante as vicissitudes do caminho, recorda-nos de que no supremo sacrifício da Cruz, entre o escárnio da multidão e o desprezo da Lei, erigiste um monumento à justiça, na grandeza do amor.

Ajuda-nos, assim, a esquecer todo o mal, cultivando a árvore generosa do perdão. Estimula-nos à claridade do bem sem limites, para que o nosso entusiasmo na fé não seja igual a ligeiro meteoro riscando o céu de nossas esperanças, para apagar-se depois…

Concede-nos a felicidade ímpar de caminhar na trilha do auxílio porque, só aí, através do socorro aos nossos irmãos, aprendemos a cultivar a própria felicidade. Tu que nos ensinaste sem palavras no testemunho glorioso da crucificação, ajuda-nos a desculpar incessantemente, trabalhando dentro de nós mesmos pela transformação do nosso espírito, na sucessão do tempo, dia-a-dia, noite-a-noite, a fim de que, lapidado, possamos apresentá-lo a Ti no termo da nossa jornada.

Ensina-nos a enxergar a Tua ressurreição sublime, mas permite também que recordemos o suplício da Tua solidão, a coroa de espinhos, a cruz infamante, o silêncio tumular que a precederam, como lições incomparáveis para nós na hora do sofrimento, quando nos chegue.

Favorece-nos com a segurança da ascensão aos altos cimos, porém, não nos deixes olvidar que após a jornada silenciosa durante quarenta dias e quarenta noites, entre jejum e meditação, experimentaste a perturbação do mundo e dos homens em tentações implacáveis que, naturalmente, atravessaram também nossos caminhos. 

Dá-nos a certeza do Reino dos Céus, todavia não nos deixes esquecer que na Terra, por enquanto, não há lugar para os que te servem tanto quanto não houve para ti mesmo, auxiliando-nos, entretanto, a viver no mundo até a conclusão da nossa tarefa redentora.

Ajuda-nos, Divino Companheiro, a pisar os espinhos sem reclamação, vencendo as dificuldades sem queixas, porque é vivendo nobremente que fazemos jus a uma desencarnação honrada como pórtico de uma ressurreição gloriosa.

Senhor Jesus, ensina-nos a perdoar, ajudando-nos a esquecer todo o mal, para sermos dignos de Ti!”

 

Manoel Philomeno de Miranda / Divaldo Franco



Na esfera íntima

 

“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons dispensadores da multiforme graça de Deus.” — Pedro. (1 Pedro, 4:10)

 

A vida é máquina divina da qual todos os seres são peças importantes, e a cooperação é o fator essencial na produção da harmonia e do bem para todos.

Nada existe sem significação.

Ninguém é inútil.

Cada criatura recebeu determinado talento da Providência Divina para servir no mundo e para receber do mundo o salário da elevação.

Velho ou moço, com saúde do corpo ou sem ela, recorda que é necessário movimentar o dom que recebeste do Senhor, para avançares na direção da Grande Luz.

Ninguém é tão pobre que nada possa dar de si mesmo.

O próprio paralítico, atado ao catre da enfermidade, pode fornecer aos outros a paciência e a calma, em forma de paz e resignação.

Não olvides, pois, o trabalho que o Céu te conferiu e foge à preocupação de interferir na tarefa do próximo, a pretexto de ajudar.

Quem cumpre o dever que lhe é próprio, age naturalmente a benefício do equilíbrio geral.

Muitas vezes, acreditando fazer mais corretamente que os outros o serviço que lhes compete, não somos senão agentes de desarmonia e perturbação.

Onde estivermos, atendamos com diligência e nobreza à missão que a vida nos oferece.

Lembra-te de que as horas são as mesmas para todos e de que o tempo é o nosso silencioso e inflexível julgador.

Ontem, hoje e amanhã são três fases do caminho único.

Todo dia é ocasião de semear e colher.

Observemos, assim, a tarefa que nos cabe e recordemos a palavra do Evangelho: — “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons dispensadores da multiforme graça de Deus”, para que a graça de Deus nos enriqueça de novas graças.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Fonte Viva – Cap. 130



sábado, 4 de novembro de 2023

Mais Luz - Edição 655 - 05/11/2023

 

Confira nesta edição:

https://mailchi.mp/b75621964a0b/o-mais-difcil

 

O mais difícil – Hilário Silva

Ante o Evangelho: Se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe também a outra

Mensagem da Semana: Guarda a paciência – Fonte Viva – 129

Poema: Honra de servir – Maria Dolores

Oração de louvor – Augusto Cezar

 


Projeto Lendo e Relendo André Luiz


 

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

O mais difícil

 

Diante das águas calmas, Jesus refletia.

Afastara-se da multidão, momentos antes.

Ouvira remoques e sarcasmos.

Vira chagas e aflições.

O Mestre pensava…

 

Tadeu e Tiago, o moço, João e Bartolomeu aproximaram-se. Não era aquele um momento raro? E ensaiaram perguntas.

— Senhor, — disse João, — qual é o mais importante aviso da Lei na vida dos homens?

E o Divino Amigo passou a responder:

— Amemos a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a nós mesmos.

— E qual é a virtude mais preciosa? — Indagou Tadeu.

— A humildade.

— Qual o talento mais nobre, Senhor? — Falou Tiago.

— O trabalho.

— E a norma de triunfo mais elevada? — Interrogou Bartolomeu.

— A persistência no bem.

— Mestre, e qual é, para nós todos, o mais alto dever? — Aventurou Tadeu novamente.

— Amar a todos, a todos servindo sem distinção.

— Oh! isso é quase impossível, — gemeu o aprendiz.

— A maldade é atributo de todos, — clamou Tiago; — faço o bem quanto posso, mas apenas recolho espinhos de ingratidão.

— Vejo homens bons sofrendo calúnias por toda parte, — acentuou outro discípulo.

— Tenho encontrado mãos criminosas toda vez que estendo as mãos para auxiliar, — disse outro.

E as mágoas desfilaram diante do Mestre silencioso.

João, contudo, voltou a interrogá-lo:

— Senhor, que é mais difícil? Qual a aquisição mais difícil?

Jesus sorriu e declarou:

— A resposta está aqui mesmo em vossas lamentações. O mais difícil é ajudar em silêncio, amar sem crítica, dar sem pedir, entender sem reclamar… A aquisição mais difícil para nós todos chama-se paciência.

 

Hilário Silva /  Waldo Vieira – Livro: A Vida Escreve



Oração de Louvor

 


Senhor Jesus!

Mestre e Amigo.

Agradeço a renovação em que me transformas, através dos sinais de tua bondade, a cada dia.

Estou reconhecido pelos amigos que me deste, nos quais encontro alavancas espirituais de que me utilizo para seguir à frente.

Admiro, Senhor, a paciência com que me tomaste sob teus cuidados, ensinando-me nos contatos de cada companheiro que nada conseguirei fazer sozinho. Os diversos irmãos, que me proporcionaste, me fornecem esperança e coragem, apoio e lição que me compete incorporar ao arquivo de minhas próprias experiências.

Graças a ti, reconheço hoje que somos os braços uns dos outros e que muito me cabe compreender de trabalho e de ideal para ser igualmente compreendido.

Com infinita bondade, colocaste em meu coração o ideal da simplicidade, em cuja luz tenho aprendido a recolher-te a inspiração na flor anônima do campo, no rosto iluminado de paz que surpreendo nos doentes que se deixam conduzir pela fé, na proteção da árvore que me fala sem palavras da generosidade sem recompensa ou no sorriso de uma criança.

Sem qualquer exigência me induzes a calar para que outros falem e me revelas quanto devo servir e obedecer.

Agradecendo-te os dons com que me fortaleces o entendimento, peço ainda para que continues a burilar-me o coração de aprendiz para que me faça útil a quantos me cruzem os passos.

Quando não me seja possível obter o que desejo, auxilia-me a receber o que devo aceitar em meu benefício próprio.

Não me consintas agir na suposição de que o teu poder me pertence e ampara-me, a fim de que eu possa trabalhar com a tua bênção de paz, esteja onde estiver e seja com quem for.

Acolhe os meus agradecimentos pelo pai que me concedeste, pelas irmãs abençoadas de que me cercaste e pelos companheiros de que me enriqueces os dias, com os quais anseio agora esquecer-me para ser humilde e inicie o aprendizado de serviço aos semelhantes, a fim de ser feliz.

Sobretudo, Senhor, agradeço-te o coração de mãe ao qual me entregaste, porque unicamente através das realizações e dos ensinos de minha mãe é que começo a entender a importância de viver, de modo a seguir-te os passos na minha condição de filho de Deus.


Augusto Cezar / Chico Xavier – Livro: Augusto vive



quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Honra de servir

 

Às vezes, alma irmã, dizes que a vida

É um tecido de lutas colossais,

Que não tens paciência de sofrê-las,

Que não suportas mais.

 

Acalma-te, no entanto, pensa e nota:

Sem que os problemas surjam tais quais são,

Tudo seria o caos no campo da existência,

Deserto sem degraus de elevação.

 

— “Paciência, — explicou-nos sábio amigo, —

É o respeito ideal que se mantém,

Entre os seres e as vidas que se entrosam

Para a realização do Eterno Bem.”

 

Para que não se faça barro e lodo,

Pântano incomodando o próprio ar,

Deve a fonte servir no curso a que se prende,

No anseio de atingir a grandeza do mar.

 

Se o trigo recusasse a mó que o pulveriza,

Faria nobre prato com certeza

Ou talvez fosse adorno para o mundo,

Mas não seria pão brilhando à mesa.

 

Sem controle da usina que a governa,

Depois de acumulada onde se ativa,

Seria a força da eletricidade

Unicamente força destrutiva.

 

Se quisesse fugir da órbita a que atende,

Seria o próprio sol, nos espaços profundos,

Um monstro luminoso sem destino,

Perturbando a mecânica dos mundos.

 

Paciência, alma irmã, é o dom do entendimento,

A honra de servir que temos ao dispor,

Para erguer, ante os Céus, nos distritos da Terra,

O caminho da Paz e a presença do Amor.

 

Maria Dolores/Chico Xavier

Livro: A Vida Conta – Maria Dolores