Aqueles
dias eram semelhantes aos atuais. Os valores éticos encontravam-se pervertidos
pelo poder temporal dos dominadores transitórios do mundo.
A
sociedade estorcegava nas aflições decorrentes da prepotência de uns, da
perversidade de outros, da ignorância da grande maioria.
Louvava-se
a força em detrimento da razão.
Cantavam-se
hinos à glória terrestre com desprezo pelos códigos morais propiciadores de
dignidade.
As
criaturas submetiam-se às injunções das circunstâncias, tentando sobreviver à
tirania dos governadores que mudavam de nome e prosseguiam com as mesmas
crueldades.
Saía-se
de um para outro regime de ignomínia e insânia com a mesma naturalidade.
Tudo
era lícito, desde que apoiado na governança arbitrária que se impunha.
O
monstro das guerras contínuas devorava os povos mais fracos, que eram
submetidos à escravidão e à morte.
A
traição e a infâmia davam-se as mãos em festival de hediondez.
Embora
Roma homenageasse os artistas, os poetas, os filósofos que iluminavam o século
de Otaviano, prestigiava com destaque os espetáculos sórdidos a que se atiravam
o patriciado e o povo sedentos de prazer e de loucuras.
Os
seus domínios estendiam-se por quase todo o mundo conhecido, embora temida e
detestada.
As
suas legiões estavam assentadas nas mais diferentes regiões da Terra, esmagando
vidas e destruindo esperanças.
O
Sol nunca brilhara no planeta sem que estivesse iluminando uma possessão do
império invencível.
Havia
grandeza em toda parte e miséria abundante ao seu lado, competindo
vergonhosamente.
* * *
Mas hoje também é assim.
As
glórias da inteligência e do conhecimento, da ciência e da tecnologia
confraternizam com a decadência da moral e dos valores de enobrecimento humano.
O
terrorismo e a guerra encontram-se por toda parte, destruindo vidas e
civilizações.
O
planeta aquecido e desrespeitado agoniza, experimentando a própria destruição
imposta pelos seus habitantes insensatos, embora poderosos...
Os idealistas que amam os apóstolos do bem que trabalham pela renovação da sociedade, quando não desconsiderados, são tidos por dementes e alucinados.
Enquanto
isso, a soberba, a mediocridade, a astúcia, tomam conta das multidões que
desvairam, impondo os seus códigos de valores perversos que logo são aceitos
pelas legiões de criaturas sem norte, destituídas de consciência moral.
Há
também, é certo, almas grandiosas que lutam com acendrado amor e sacrifício, a
fim de modificar as ocorrências danosas, tentando implantar novos significados
psicológicos direcionados à felicidade, mas que são insuficientes para vencer
os múltiplos segmentos da sociedade em desconserto.
Admira-se
o Bem, mas pratica-se o Mal.
Preconiza-se
a saúde e estabelecem-se programas de desequilíbrio emocional, geradores das
doenças de vário porte.
O
futuro glorioso, decantado pelas conquistas invulgares da modernidade, está
sombreado pelo medo, aturdido pela ansiedade e caracterizado pela solidão dos
indivíduos que constituem a mole humana.
Naqueles
dias difíceis, na Palestina sofrida e submetida às paixões de César e aos
caprichos de Herodes, o Grande, nasceu Jesus.
Estrela
de Primeira Grandeza que é, Jesus surgiu na noite das estúpidas e escuras
ambições dos povos, para iluminar as consciências e despertar os sentimentos de
humanidade, como dádiva de Deus respondendo às súplicas dos humilhados e
esquecidos.
Passaram-se
os tempos, foram sucedidos os criminosos de então por outros não menos odientos
e, apesar disso, Sua luminosidade permanece até hoje.
* * *
É certo que outros homens e mulheres, tão infelizes quanto aqueles do Seu tempo, procuraram dominar o mundo utilizando-se da Sua claridade, mas, desequilibrados, produziram mais trevas e aumentaram os volumes de dor.
O
carro inexorável do Tempo continuou a sua marcha, avançando na direção de
outros períodos, enquanto os apaniguados do Mal, que se apresentaram nos
espetáculos de luz, sucumbiram, vencidos pelos tormentos que escondiam nos
tecidos da própria crueldade.
Ainda
reina muita sombra na Terra. Mas amanhece dia novo.
A
grande transição de mundo de provas e de expiações para mundo de regeneração,
embora ainda assinale a presença do sofrimento e da desordem, do desrespeito
pela vida e pela mãe-Terra, caracteriza a chegada de uma nova Era, impossível
de ser detida.
O
Bem triunfará, sem qualquer dúvida, sobre o Mal.
A
verdade vencerá a mentira onde quer que essa se homizie.
A
vida sobrepõe-se à morte, e a espiritualidade, por fim, reinará entre todos.
* * *
Conforme sucedeu naqueles dias, Jesus encontra-se novamente entre as Suas criaturas, repetindo a sinfonia das bem-aventuranças, conclamando as massas ao despertamento, antes que se agravem as circunstâncias e ocorrências não desejadas.
O
Consolador que Ele prometera já veio e vence, com segurança, as barreiras
impostas pela tirania e pelos indivíduos orgulhosos, vazios de sentimentos
nobres, conquistando os corações e oferecendo-lhes esperanças de alegrias
infindas.
Travam-se
lutas acerbas em toda parte.
Os
argonautas do amor nada temem e multiplicam-se sob a inspiração do Mestre,
avançando, estoicos, no cumprimento do dever: renovar a humanidade através da
própria transformação moral, que a todos permite neles ver a mensagem luminosa.
Sem
dúvida, ainda predominam as trevas ameaçadoras que a Estrela de Primeira
Grandeza vem diluindo de maneira compassiva e misericordiosa.
* * *
Faze a tua parte, sem preocupação com o trabalho dos outros.
Desincumbe-te
do teu dever ante a consciência, servindo ao Consolador, mesmo que te encontres
incompreendido e crucificado nas traves invisíveis da perversidade dos áulicos
do egoísmo e dos seus servos.
No
próximo Natal, entoa o teu hino de amor, ajudando o teu próximo, em memória da
Estrela que veio à Terra, para que não mais permaneça a sombra.
Será
ideal que todos os dias da tua vida sejam uma homenagem ao Aniversariante
esquecido, mas triunfante da maldade humana e da morte que Lhe foi imposta,
demonstrando que Ele prossegue contigo edificando o mundo melhor, sem excluídos
nem abandonados à própria sorte, porque estará com eles, por teu intermédio,
amando-os com enternecimento e carinho.
Joanna de Angelis - Página
psicografada por Divaldo Franco, do livro Dádivas do Natal, ed. Leal.
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