O ato de pensar – o principal atributo qualificador da
inteligência –, apesar de ser uma capacidade inerente a todos os Espíritos,
confere a cada qual uma espécie de identidade particular.
Isto ocorre porque todos, não obstante viverem em uma mesma dimensão,
possuem características psíquicas próprias e, portanto, pensam de forma
distinta.
Essas peculiaridades no ato de pensar têm sua origem nas
variadas experiências vividas pelo indivíduo, considerando suas sequentes encarnações.
Por esse motivo, diz-se que cada um possui sua atmosfera psíquica, à qual
alguns espíritos e autores deram o nome de hálito psíquico ou halo psíquico, psicosfera,
ambiente psíquico, dentre outras denominações.
Em razão da diversidade das experiências vivenciadas e da
forma como o ser humano lida com as mesmas, é que a atmosfera psíquica se
organiza de forma distinta entre nós. Essa diferenciação na organização
psíquica se dá de tal forma que seria impossível encontrar uma atmosfera que
fosse perfeitamente idêntica a qualquer outra, tal como ocorre com as
impressões digitais e com as singularidades da íris do olho humano.
Devido a tais condições não encontramos pessoas, por mais
que tenham compartilhado as mesmas experiências, que pensem de forma absolutamente
idêntica sobre qualquer assunto.
Apesar, porém, de tais características estarem tão bem
delineadas em cada ser, é fundamental considerar que estamos todos
“mergulhados” no mesmo campo de ação, e, por esta razão, interagimos continuamente
uns com outros.
Essa interação pode ser facilmente observada quando ocorre no
campo físico, pois afeta nossos sentidos carnais. Todavia, os Espíritos nos
esclarecem que a influência mútua acontece com muito mais ênfase quando se dá no
campo psíquico, onde as relações ocorrem com mais intensidade, seja entre
encarnados, entre estes e os desencarnados, e nestes entre si.
Em função dessa influência mútua passamos a desfrutar da
companhia uns dos outros, aproximando-nos. Esta proximidade ocorre quando há
similaridade de pensamentos, semelhança de pendores, afinidade de ideias, de
propósitos, enfim, sintonia. É aí que as atmosferas psíquicas interagem.
Algumas dessas interações são desejadas e aspiradas,
resultando em crescimento e progresso moral; isto ocorre quando desfrutamos de
companhias de melhor condição espiritual que a nossa, sejam encarnadas ou não,
que nos assistem, sempre respeitando nosso livre-arbítrio.
Entretanto, é interessante considerar que a natureza dos
relacionamentos mais comuns, que se dão na esfera psíquica, é aquela em que uma
das individualidades, ao identificar a sutileza das imperfeições alheias,
influencia-a, a fim de que prevaleça a sua vontade sobre a outra. A respeito
dessa questão é oportuno lembrar a advertência contida na resposta à pergunta
459, de O Livro dos Espíritos, edição FEB, sobre se nossos pensamentos poderiam
sofrer influências de outros Espíritos: “Muito mais do que imaginais, pois frequentemente
são eles que vos dirigem”.
Diante desse quadro, e considerando a aspiração daqueles que
pretendam alcançar a elevação espiritual, é conveniente relembrar a orientação
de Jesus, para que nos dediquemos continuamente à oração e à vigilância.
Licurgo Soares de Lacerda Filho – Revista Reformador /
Fevereiro / 2011
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