sábado, 9 de abril de 2022

Na cultura da paz

 


Em Mateus (5:9) consta a seguinte afirmativa de Jesus, parte integrante do Sermão da Montanha (Mt 5:1-12):  Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. É importante penetrarmos na essência dos ensinamentos do Cristo, pois, nem sempre os que promovem a paz conseguem, efetivamente, semear a paz. Os primeiros restringem-se ao discurso, à simples intenção, os segundos põem em prática ações que conduzem à paz, individual e coletiva. Falar sobre a paz já é um passo, mas o melhor é vivenciá-la. Assim, os pacificadores não são “[…] somente os dotados de natureza pacífica, nem os que aceitam a paz sem protesto ou que preferem a paz ao desacordo, nem os que têm paz na alma, com Deus, como explicou Agostinho, e nem os que amam a paz […], mas aqueles que promovem ativamente a paz e procuram estabelecer a harmonia entre inimigos. […]. ¹

A vivência da paz é processo de aprendizagem gradual, em que se procura unir a teoria à prática. Somente assim, pelo exercício cotidiano da cultura da paz,  a alma humana aprende a se desprender das ilusões geradas pelo sentimento de posse (bens materiais e/ou pessoas), tão estimulados pela sociedade hedonista, que considera apenas “o aqui e o agora”, como pondera o Espírito  Amélia Rodrigues: “Os tortuosos caminhos da existência humana, do ponto de vista social e tradicional, caracterizam-se pela ambição em favor do poder temporal, do destaque no grupo, da glória rápida, da disputa incessante pelos bens que fascinam e não preenchem  os abismos das necessidades emocionais, nem as aspirações de paz interior e de saúde integral. […]. ²

A mensagem do Cristo, consubstanciada em seu Evangelho, tem o poder de despertar o homem da hipnose que ele se encontra mergulhado há milênios, geradora de choques e entrechoques de entendimentos, alguns de grande magnitude, como as guerras. A benfeitora espiritual continua em suas ponderações:

Numa sociedade imediatista, assinalada pela hipocrisia e pela audácia do poder temporal, seria temeridade inverter a ordem conceitual a respeito de quem merece amor e é digno de ser considerado como bem-aventurado.

As multidões que O ouviram permaneceram inebriadas, porque, além de Ele haver exalçado a humildade, a pobreza em espírito, a fidelidade, o apoio à Justiça e à Verdade, também propusera o novo código que deveria viger no porvir da Humanidade.

O amor deveria ocupar lugar de destaque nos códigos do futuro, mas não o amor interesseiro e servil, ou o direcionado àqueles que o merecem e retribuem com afeição correspondente, mas sim, quando oferecido aos que se fizeram difíceis de ser amados, aos ingratos, aos egoístas, porque esses são realmente os necessitados do sentimento libertador, embora não se deem conta disso. ­3

Os pacificadores são assim denominados porque pregam e cultivam a paz entre os homens como norma de vida. Somente assim serão chamados filhos de Deus, consoante a declaração do Mestre Nazareno (Mt 5:9). Os pacificadores são filhos de Deus porque cumprem naturalmente os desígnios divinos, sem desânimos, revoltas ou sentimentos negativos. Esforçam-se para pôr em prática a Lei de Amor expressa na vivência da caridade, cujo verdadeiro sentido, tal como Jesus entendia, é assim ensinada pelos Espíritos orientadores: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão às ofensas”.4

Emmanuel sugere como podemos desenvolver a cultura da paz, transformando-nos em pessoas pacificadoras e bem-aventuradas:

 

Na cultura da paz5

 

“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus”. — Jesus (Mateus, 5:9)

 

Na cultura da paz, saibamos sempre:

Respeitar as opiniões alheias como desejamos seja mantido o respeito dos outros para com as nossas;

Colocar-nos na posição dos companheiros em dificuldades, a fim de que lhes saibamos ser úteis;

Calar referências impróprias ou destrutivas;

Reconhecer que as nossas dores e provações não são diferentes daquelas que visitam o coração do próximo;

Consagrar-nos ao cumprimento das próprias obrigações;

Fazer de cada ocasião a melhor oportunidade de cooperar em benefício dos semelhantes;

Melhorar-nos, através do trabalho e do estudo, seja onde for;

Cultivar o prazer de servir;

Semear o amor, por toda parte, entre amigos e inimigos;

Jamais duvidar da vitória do bem.

Buscando a consideração de pacificadores, guardemos a certeza de que a paz verdadeira não surge, espontânea, uma vez que é e será sempre fruto do esforço de cada um.

 

REFERÊNCIAS:

1. CHAMPLIN, Russel Norman. O novo testamento interpretado versículo por versículo. Vol. 1. (Mateus/Marcos). Nova ed. Rev. São Paulo: Hagnos, 2015, v. 1, it. 5:9 – Os pacificadores -, p. 305.

2. FRANCO, Divaldo Pereira. A mensagem do amor imortal. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 2 ed. Salvador: LEAL, 2015 Cap. 16, p. 114.

3. ________. Cap. 6, p.41-42.

4. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Evandro Noleto Bezerra. 4. ed. 10. imp. Brasília: FEB, 2021. Questão 886, p. 379.

5. XAVIER, Francisco Cândido. Ceifa de luz. Pelo Espírito Emmanuel. ed. 10. imp. Brasília: FEB, 2019. Cap. 54, p.175-176.

Colunista Marta Antunes de Moura

Fonte: febnet.org.br

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