Reunião pública de 3/7/59
Questão nº 957
No suicídio intencional, sem as atenuantes da
moléstia ou da ignorância, há que considerar não somente o problema da infração
ante as Leis Divinas, mas também o ato de violência que a criatura comete
contra si mesma, através da premeditação mais profunda, com remorso mais amplo.
Atormentada de dor, a consciência desperta no
nível de sombra a que se precipitou, suportando compulsoriamente as companhias
que elegeu para si própria, pelo tempo indispensável à justa renovação.
Contudo, os resultados não se circunscrevem aos
fenômenos de sofrimento íntimo, porque surgem os desequilíbrios consequentes
nas sinergias do corpo espiritual, com impositivos de reajuste em existências
próximas.
É assim que após determinado tempo de
reeducação, nos círculos de trabalho fronteiriços da Terra, os suicidas são
habitualmente reinternados no plano carnal, em regime de hospitalização na cela
física, que lhes reflete as penas e angústias na forma de enfermidades e
inibições.
Ser-nos-á fácil, desse modo, identificá-los, no
berço em que repontam, entremostrando a expiação a que se acolhem.
Os que se envenenaram, conforme os tóxicos de
que se valeram, renascem trazendo as afecções valvulares, os achaques do
aparelho digestivo, as doenças do sangue e as disfunções endocrínicas, tanto
quanto outros males de etiologia obscura; os que incendiaram a própria carne
amargam as agruras da ictiose ou do pênfigo; os que se asfixiaram, seja no leito
das águas ou nas correntes de gás, exibem os processos mórbidos das vias
respiratórias, como no caso do enfisema ou dos cistos pulmonares; os que se
enforcaram carreiam consigo os dolorosos distúrbios do sistema nervoso, como
sejam as neoplasias diversas e a paralisia cerebral infantil; os que
estilhaçaram o crânio ou deitaram a própria cabeça sob rodas destruidoras,
experimentam desarmonias da mesma espécie, notadamente as que se relacionam com
o cretinismo, e os que se atiraram de grande altura reaparecem portando os
padecimentos da distrofia muscular progressiva ou da osteíte difusa.
Segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto,
surgem as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas
calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a
cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma.
Junto de semelhantes quadros de provação
regenerativa, funciona a ciência médica por missionária da redenção,
conseguindo ajudar e melhorar os enfermos de conformidade com os créditos
morais que atingiram ou segundo o merecimento de que disponham.
Guarda, pois, a existência como dom inefável,
porque teu corpo é sempre instrumento divino, para que nele aprendas a crescer
para a luz e a viver para o amor, ante a glória de Deus.
Emmanuel
/ Chico Xavier – Livro: Religião dos Espíritos
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