Todo o poder da alma resume-se em três palavras:
querer, saber, amar!
Querer, isto é, fazer convergir toda a atividade, toda
a energia, para o alvo que se tem de atingir, desenvolver a vontade e aprender
a dirigi-la.
Saber, porque sem o estudo profundo, sem o
conhecimento das coisas e das leis, o pensamento e a vontade podem transviar-se
no meio das forças que procuram conquistar e dos elementos a quem aspiram
governar.
Acima de tudo, porém, é preciso amar, porque sem o
amor, a vontade e a ciência seriam incompletas e muitas vezes estéreis. O amor
ilumina-as, fecunda-as, centuplica-lhes os recursos. Não se trata aqui do amor
que contempla sem agir, mas do que se aplica a espalhar o bem e a verdade pelo
mundo. A vida terrestre é um conflito entre as forças do mal e as do bem. O
dever de toda alma viril é tomar parte no combate, trazer-lhe todos os seus impulsos,
todos os seus meios de ação, lutar pelos outros, por todos aqueles que se
agitam ainda na via escura.
O uso mais nobre que se pode fazer das faculdades é
trabalhar por engrandecer, desenvolver, no sentido do belo e do bem, a civilização,
a sociedade humana, que tem as suas chagas e fealdades, sem dúvida, mas que é
rica de esperanças e magníficas promessas; essas promessas transformar-se-ão em
realidade vivaz no dia em que a humanidade tiver aprendido a comungar, pelo
pensamento e pelo coração, com o foco de amor, que é o esplendor de Deus.
Amemos, pois, com todo o poder do nosso coração;
amemos até ao sacrifício, como Joana d'Arc amou a França, como o Cristo amou a
humanidade, e todos aqueles que nos rodeiam receberão nossa influência,
sentir-se-ão nascer para nova vida.
Ó homem, procura em volta de ti as chagas a pensar, os
males a curar, as aflições a consolar. Alarga as inteligências, guia os corações
transviados, associa as forças e as almas, trabalha para ser edificada a alta
cidade de paz e de harmonia que será a cidade de amor, a cidade de Deus!
Ilumina, levanta, purifica! Que importa que se riam de ti! Que importa que a
ingratidão e a maldade se levantem na tua frente! Aquele que ama não recua por
tão pouca coisa; ainda que colha espinhos e silvas, continua sua obra, porque
esse é seu dever, sabe que a abnegação o engrandece.
O próprio sacrifício também tem suas alegrias; feito
com amor, transforma as lágrimas em sorrisos, faz nascer em nós alegrias
desconhecidas do egoísta e do mau. Para aquele que sabe amar, as coisas mais
vulgares são de interesse; tudo parece iluminar-se; mil sensações novas
despertam nele.
São necessários à sabedoria e à Ciência longos
esforços, lenta e penosa ascensão para conduzir-nos às altas regiões do pensamento.
O amor e o sacrifício lá chegam de um só pulo, com um único bater de asas. Na
sua impulsão conquistam a paciência, a coragem, a benevolência, todas as
virtudes fortes e suaves. O amor depura a inteligência, engrandece o coração e
é pela soma de amor acumulada em nós que podemos avaliar o caminho que temos
percorrido até Deus.
Léon Denis - O
problema do ser, do destino e da dor – capítulo 25
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