O Evangelho
segundo o Espiritismo — Cap. XVI — Item 15.
Por muito
aspire o homem ao isolamento pertencerá ele à coletividade que lhe plasmou o
berço, da qual recebe influência e sobre a qual exerce influência a seu modo.
Alguém pode,
sem dúvida, retirar-se da atividade cotidiana com o pretexto de garantir-se
contra os erros do mundo, mas enquanto respira no mundo, ainda que o não
deseje, prossegue consumindo os recursos dele para viver.
Qualquer
pessoa, dessa forma, deixa ao desencarnar, a herança que lhe é própria.
No que se
refere às posses materiais, há no mundo testamentos privados, públicos,
conjuntivos, nuncupativos, entretanto, as leis divinas escrituram igualmente
aqueles de que as leis humanas não cogitam, os testamentos naturais que o
espírito reencarnado lega aos seus contemporâneos através dos exemplos.
Aliás, é
preciso recordar que não se sabe, a rigor, de nenhum testamento dos
miliardários do passado que ficasse no respeito e na memória do povo, enquanto
que determinados gestos de criaturas desconsideradas em seu tempo são
religiosamente guardados na lembrança comum.
Apesar do
caráter semilendário que lhes marcam as personalidades, vale anotar que ninguém
sabe para onde teriam ido os tesouros de Creso, o rei, ao passo que as fábulas
de Esopo, o escravo, são relidas até hoje, com encantamento e interesse, quase
trinta séculos depois de ideadas.
A terra que
mudou de dono várias vezes não é conhecida pelos inventários que lhe
assinalaram a partilha e sim pelas searas que produz.
Ninguém pode
esquecer, notadamente o espírita, que, pela morte do corpo, toda criatura deixa
a herança do que fez na coletividade em que viveu, herança que, em algumas
circunstâncias, se expressa por amargas obsessões e débitos constringentes para
o futuro.
Viva cada um,
de tal maneira que os dias porvindouros lhe bendigam a passagem. Queira ou não
queira, cada criatura reencarnada, nasceu entre dois corações que se encontram
por sua vez ligados à certa família — família que é célula da comunidade. Cada
um de nós responde, mecanicamente, pelo que fez à Humanidade na pessoa dos
outros.
Melhoremos
tudo aquilo que possamos melhorar em nós e fora de nós. Nosso testamento fica
sempre — e sempre que o mal lhe orienta os caracteres é imperioso recomeçar o
trabalho a fim de corrigi-lo.
Ninguém
procure sonegar a realidade, dizendo que os homens são como as areias da praia,
uniformes e impessoais, agitadas pelo vento do destino.
A comunidade
existe sempre e a pessoa humana é uma consciência atuante dentro dela. Até
Jesus obedeceu a semelhante dispositivo da vida. Espírito identificado com o
Universo, quando no mundo, nasceu na Palestina e na Palestina teve a pátria de
onde nos legou o Evangelho por Testamento Divino.
André Luiz / Waldo Vieira
Livro: Opinião espírita
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