Indagas, muita
vez, alma querida e boa,
Como recuperar
a fé perdida,
Quando alguém
te vergasta o coração e a vida,
A ofender e
ferir, espancar e humilhar…
Sai de ti
mesmo e fita o mundo em torno,
Todas as
forças lutam, entretanto,
A Natureza
pede em cada canto:
Renovar, renovar…
A noite
envolve a Terra em longa faixa,
Mas a Terra em
silêncio espera o dia
E o Sol
dissipa a névoa espessa e fria,
Simplesmente a
brilhar…
Alteia-se a
manhã, o trabalho enxameia…
Do pó ao
firmamento em novo brilho,
Ouve-se, em
toda parte, o sagrado estribilho:
Renovar,
renovar…
A semente
lançada ao barro agreste
Sofre o
assalto do lodo que a devora,
Mas o embrião
resiste, luta e aflora,
No anseio de
ser pão e alegria no lar…
A princípio, é
um rebento pobre e frágil,
Tolera praga e
temporal violento,
Faz-se árvore
linda e canta entre as notas do vento:
Renovar,
renovar…
Arrebatada a pedra ao chão da furna
Quer descanso,
sem garbos de obra-prima,
Contudo, o
artista chega, corta e lima
A brunir e a
sonhar…
Ei-la que
escala os topos da escultura
E, estátua em
que se estampa a essência da beleza,
Diz à vida que
a busca, encantada e surpresa:
Renovar,
renovar…
Assim também, alma querida e boa,
Se alguém te
impôs olvido, abandono e amargura,
Segue, serve e
perdoa o golpe que te apura,
Esquecendo o
desprezo e procurando amar…
E ouvirás
claramente, entre ascensões mais belas,
Ante a fé no
porvir luminoso e risonho,
A própria voz
do Céu, ao restaurar-te o sonho:
Renovar,
renovar…
Maria Dolores/
Chico Xavier
Livro: Encontro
de paz
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