quinta-feira, 3 de agosto de 2023

A força do exemplo

 


José do Espírito Santo, modesto espírita de Nilópolis, Estado do Rio, falava à porta do Centro, a pequeno grupo de amigos:

— Sim, meus irmãos, a caridade é a maior bênção.


Nisso, passam dois estudantes, ouvem breves trechos da palestra e avançam conversando:

— Você ouviu? Todo espírita é só “fachada”!

— Realmente. Fazem as coisas “para inglês ver”.

Logo depois, os rapazes deparam com infeliz mendigo. Pálido e doente. Sem paletó. Camisa em frangalhos. Pele à mostra.

A tiritar de frio, estende-lhes a mão magra.

Um dos estudantes dá-lhe alguns centavos.

Notam, então, que José do Espírito Santo vem vindo sozinho, pela rua. E um deles diz:

— Olhe! Lá vem o “tal”! Aposto que não dará nada a esse homem.

— Sim. Vamos ver. Afastemos um pouco, senão ele vai querer “fazer cartaz”.

Os dois jovens ficaram escondidos na esquina, um pouco adiante.

O pedinte roga auxílio.

José chega junto dele e o abraça, fraterno.

Em seguida, apalpa os bolsos e exclama:

— Infelizmente, meu amigo, estou sem um níquel…

Os jovens entreolham-se, rindo… Um deles recorda:

— Não lhe disse?…

O espírita condoeu-se, vendo a nudez do homem que tremia de frio. Deitou um olhar em torno para ver se estava sendo observado. Sentiu a rua deserta.

Num gesto espontâneo, tirou o paletó. Dependurou a peça num portão de residência próxima, arrancou a camisa felpuda e, seminu, vestiu-a no companheiro boquiaberto, mas encantado.

A seguir, após recobrir, à pressa, o busto nu com o paletó, disse com simplicidade:

— Meu amigo, é só isso que tenho hoje. Volte aqui mesmo amanhã.

E estugou o passo para a frente, enquanto o necessitado sorria, feliz.

No outro dia, os dois estudantes estavam no templo espírita, ouvindo a pregação.

 


Hilário Silva / Waldo Vieira – Livro: Almas em desfile

*Imagens retiradas do blog Aulas para Evangelização Infantil


quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Oração dos servos

 


Senhor!…

Auxilia-nos a entender:

que não nos ouvirás unicamente pelas palavras que pronunciemos, mas, acima de tudo, por intermédio dos sentimentos que nos nasçam do coração;

que não te compreenderemos tão só, através dos preceitos que venhamos a expender em torno de teus ensinos, mas, sobretudo, pela aceitação do que somos e tais quais somos, como nos permites ser, para que se realize o rendimento do bem comum;

que não nos testemunharás confiança, exclusivamente, pelos protestos verbais de veneração que te revelemos, e sim, além de tudo, pelo trabalho e pelo modo de servir no criterioso emprego das possibilidades que nos emprestas;

que não nos entenderás tão somente pelas petições que te enderecemos e pela maneira determinada de articulá-las, mas, em particular, pelas tarefas, com que te responderemos a generosidade, distribuindo o bem e a paz em teu nome, e pela forma desinteressada com que nos empenhemos a fazê-lo.

Observamos, sim, que a palavra e a instrução, o culto da oração e o trabalho da fé viva são sempre muito importantes e que não nos cabe descurar de semelhantes valores ao servir-te; entretanto, Senhor, faze-nos reconhecer que não valemos tanto pelo que sintamos, pensemos, falemos ou façamos, mas sim pelo que já possas sentir, pensar, falar e fazer em nós e por nós, hoje e sempre.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Recados da vida

 

Palestras CEJG - Agosto/2023

 


Com Cristo

 

Irmãos: ide e pregai, com a palavra e com a vida,

A lição de Jesus renovadora e bela…

O mundo é mar revolto, onde a angústia revela

A torva escravidão à sombra indefinida.

 

A civilização é nau espavorida

Ao sinistro Aquilão* de indômita procela*;

Sigamos com Jesus, no amor que se desvela,

Desfazendo os grilhões da Terra envilecida.

 

Em quase toda parte, a treva brande o açoite;

Penetremos, servindo, os cárceres da morte

E acendamos a luz no pélago* profundo…

 

Porque somente em Cristo a vida se levanta,

Renovada e feliz, regenerada e santa,

No reinado de paz da redenção do mundo.

 

José do Patrocínio/ Chico Xavier

Livro: Relicário de luz


* Aquilão: Vento Norte;

Procela: Forte tempestade no mar (agitação);

Pélago: abismo oceânico (abismo).


sábado, 29 de julho de 2023

Mais Luz - Edição 641 - 30/07/2023

 

E nesta edição refletimos sobre:

 

Fidelidade – Batuíra

Ante o Evangelho: O dever

Guardemos lealdade – Fonte Viva 115

Poema: O bem agora – Casimiro Cunha

Oração da Tarefa

 

Clique e confira: https://mailchi.mp/9bbfd42ff000/fidelidade 


Fidelidade

 


Sem dúvida, não nos pede o Senhor votos reluzentes na boca, nem promessas brilhantes.

Jesus não necessita nem mesmo das nossas afirmações labiais de fé, nem tampouco de manifestações adorativas.

Conta, sim, com a nossa fidelidade, sejam quais forem as circunstâncias.

Se o dia resplende o céu azul, tenhamos a coragem de romper com todas as sugestões de conforto próprio, avançando à frente…

Se a tempestade relampeia no teto do mundo, cultivemos bastante abnegação para sofrer o granizo e o vento, demandando o horizonte que nos cabe atingir.

De todos os lados, invariavelmente, chegarão apelos que nos convidam à deserção. Elogios e injúrias, pedrada e incenso aparecerão, decerto, como procurando entorpecer-nos a consciência, no entanto, a cavaleiro de uns e outros, é imperioso recordar o Divino Mestre, na pessoa do próximo, e buscá-lo sem pausa, através do bem incessante.

Somos poucos; no entanto, com Ele no coração, teremos o suficiente para executar as obrigações com que fomos honrados.

Saibamos conservar a fidelidade, como quem alça ininterruptamente a luz nas trevas, pois que, em muitos lances da vida, precisamos muito mais de lealdade no Espírito que de pão para o corpo.

Para que semelhante vitória nos coroe o caminho, tanta vez solitário e espinhoso, o segredo é suportar, e o lema é servir.

Batuíra / Chico Xavier – Livro: Paz e renovação


Guardemos lealdade

 

“Além disso, requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel.” — Paulo. (1 Coríntios, 4:2)

 

Vivamos cada dia fazendo o melhor ao nosso alcance.

Se administras, sê justo na distribuição do trabalho.

Se legislas, sê fiel ao bem de todos.

Se espalhas os dons da fé, não te descuides das almas que te rodeiam.

Se ensinas, sê claro na lição.

Se te devotas à arte, não corrompas a inspiração divina.

Se curas, não menosprezes o doente.

Se constróis, atende à segurança.

Se aras o solo, faze-o com alegria.

Se cooperas na limpeza pública, abraça na higiene o teu sacerdócio.

Se edificaste um lar, sublima-o para as bênçãos de amor e luz, ainda mesmo que isso te custe aflição e sacrifício.

Não te inquietes por mudanças inesperadas, nem te impressione a vitória aparente daqueles que cuidam de múltiplos interesses, com exceção dos que lhes dizem respeito.

Recorda o Olhar Vigilante da Divina Providência que nos observa todos os passos.

Lembra-te de que vives, onde te encontras, por iniciativa do Poder Maior que nos supervisiona os destinos e guardemos lealdade às obrigações que nos cercam. E, agindo incessantemente na extensão do bem, no campo de luta que a vida nos confia, esperemos por novas decisões da Lei a nosso respeito, porque a própria Lei nos elevará de Plano e nos sublimará as atividades no momento oportuno.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Fonte Viva – Cap. 115


Oração da Tarefa

 


Senhor Jesus!

Compadece-te de nós, a fim de que nos esqueçamos para servir aos nossos semelhantes.

Nas sugestões do egoísmo, não nos permitas mergulhar o coração nos próprios interesses com indiferença por aqueles companheiros que nos deste a zelar.

Abençoa-nos para que de nosso pouco venhamos a fazer o muito da boa vontade, de modo a realizarmos algo do que te devemos na pessoa do próximo.

Ampara-nos as mãos a fim de que se abram ao trabalho, ofertando a migalha de nossas possibilidades para a construção do bem onde estivermos.

Senhor, enquanto o mundo se agita na incompreensão, dá-nos o necessário entendimento de nossos deveres com a precisa força para cumpri-los.

Não nos permitas o apego às sobras de nossos recursos ou de nosso tempo, auxiliando-nos a investi-las no bem dos outros.

E dá, Senhor, que a nossa fé se traduza em caridade para que possamos servir-Te na pessoa de nossos irmãos da Humanidade, hoje, agora e sempre.

 

Emmanuel / Chico Xavier – Livro: Uma vida de amor e caridade


O bem agora

 

Felicidade é viver
De serviço posto à mão,
Entre horários na cabeça
E Cristo no coração.

 

Reclamas que o tempo é curto,
Dormindo e sonhando embora,
Mas o tempo cria tempo
Se fazes o bem agora.

 

Afirmas que, em toda parte,
É a provação que te escora;
No entanto, a dor é lição
Se fazes o bem agora.

 

Alegas que a vida é sombra
De angústia que não melhora.
A vida, porém, é luz
Se fazes o bem agora.

 

Trazes no peito oprimido
Coração que clama e chora,
Mas luta é acesso ao conforto
Se fazes o bem agora.

 

Não te dês ao pessimismo,
Na mágoa que te devora.
Sofrimento aperfeiçoa
Se fazes o bem agora.

 

Olvida pedras e ofensas
Na senda que te aprimora.
Perdão é campo à grandeza
Se fazes o bem agora.

 

Trabalha constantemente,
Servindo e amando, hora a hora.
Ação é Força Divina
Se fazes o bem agora.

 

Sê bondade e entendimento,
Onde estejas, mundo afora.
Todo passo leva a Deus
Se fazes o bem agora.

 

“Faze o bem quanto puderes.”
— Pede a Vida andando à frente.
Diz a Morte, à retaguarda:
— “Olha o tempo, minha gente!”

 

 

Casimiro Cunha / Chico Xavier

Livro: Caridade

 

quarta-feira, 26 de julho de 2023

Oração (Bezerra de Menezes)

 


Senhor Jesus:

Conserva-nos em tua simplicidade, para que te possamos atender aos desígnios.

Faze-nos compreender que todos na Terra — Espíritos encarnados ou desencarnados — somos irmãos em teu Infinito Amor.

Não nos consintas olvidar a prestação de serviço que devemos a todos aqueles que se encarceram nas indagações da inteligência, mas não nos deixes afastados de quantos se sustentam na fé pura, buscando-te no trabalho e na restauração de si mesmos, nas vias da humildade e do sofrimento.

Quantas vezes, Senhor, o ânimo se nos aflige, ante os labirintos que se formam, diante de nós, com os pensamentos obscuros dos que se inclinam para a ilusão e quantas vezes tomados pela fome de teus ensinos, ansiamos por mais luz para desfazer as sombras que se adensam nos caminhos!…

É por isto, amado Jesus, que te pedimos a bênção da paz, aquela paz que o mundo não possui ainda para dar e que receberemos, por enquanto, unicamente de ti.

Orienta-nos os corações para o bem aos nossos semelhantes e não nos permitas senão entender para auxiliar, a fim de que a vaidade ou o desequilíbrio não nos dominem os corações.

Ajuda-nos a sermos nós mesmos, com as nossas esperanças e necessidades, tarefas regeneradoras e provas educativas, sendo tutelados de teu Amor, sem a pretensão de substituir-te no comando de nossas vidas.

 

Senhor!

Despede-nos em paz e abençoa-nos!

E que a tua Bondade nos faça simples de coração, a fim de conseguirmos acompanhar-te e obedecer-te, hoje e sempre.

Assim seja.

 

Bezerra de Menezes / Chico Xavier – Livro: Recados da vida