A vida morre ou se
desestrutura nas moléculas que a expressam para logo depois renascer. Tudo se
decompõe e volta a reconstituir-se.
O incessante fenômeno da
transformação molecular é inerente à condição de transitoriedade de todas as
formas e coisas. Morre uma expressão e surge outra. O movimento vida-morte-vida
obedece ao fluxo ininterrupto da imortalidade.
Somente eterno é o Espírito,
que transita entre uma e outra aparência orgânica para atingir a excelsa
destinação que lhe está reservada.
Essa é a fatalidade
estabelecida pelo Pai Criador para todas as expressões sencientes do Universo.
Mediante os renascimentos em diferentes etapas, o princípio espiritual
desenvolve a consciência adormecida e todos os conteúdos da imagem e semelhança
de Deus.
A semente, que possui o germe
da vida, a fim de fazê-la desabrochar em plenitude, necessita ser sepultada no
solo para morrer, quando então desperta e faz-se exuberante.
Também para o Espírito,
torna-se indispensável envolver-se na indumentária material, propiciando-se a
renovação de energias para desatar a divindade que nele dorme e que o convida a
ininterrupto crescimento.
Cada existência orgânica
constitui uma etapa através da qual os valores internos fixam-se na
consciência, facultando novos investimentos-luz para a viagem de sublimação.
Libertando-se das camadas mais
toscas e grosseiras do primarismo por onde inicia a jornada evolutiva, alcança
os patamares do sentimento e da razão, programando-se a conquista da angelitude
que poderá desfrutar desde o momento que se lhe imponham as intenções de autossuperação.
Renascer da carne e do
Espírito, conforme acentuou Jesus no seu momentoso diálogo com o doutor da Lei,
Nicodemos, significa sim a imantação nas moléculas constitutivas da germinação
que se encarrega de construir o zigoto, depois o feto e, por fim, o ser humano.
Condensando a água que
vitaliza com energia a forma física, nela imprime os equipamentos que lhe são
necessários, graças às experiências transatas que lhe facultaram aquisição de
implementos morais e vivenciais para atingir a meta.
Renasce a planta após a
devastação da tormenta. Renascem os rios e fontes depois do ardor do verão sob
as bênçãos da chuva.
Renascem os sentimentos
passadas as ocorrências dilaceradoras.
Renasce a vida em todos os
fenômenos conhecidos ou não.
Renasce o Espírito no corpo
físico buscando a grande luz.
A experiência evolutiva começa
na noite do minério e ruma para a claridade estelar da arcangelitude. É
necessário nascer, morrer e renascer, conquistando níveis de sabedoria nos
quais o amor e o conhecimento confraternizem em clima de libertação.
Somente através dos
instrumentos que facultam o renascimento do corpo, lapida-se o Espírito que faz
desabrochar todas as potencialidades adormecidas para cuja finalidade
encontra-se no processo de evolução da felicidade.
Necessário desalgemar-se das
imperfeições, a fim de unir os sentimentos na construção da felicidade.
Há muita paisagem bela pelo
caminho esperando contemplação.
No entanto, é necessário
seguir adiante e vencer as muitas milhas que estão aguardando na estrada do
progresso.
Quem se detém, seja por qual
motivo for, transfere a oportunidade de conquistar o infinito. O hoje
desempenha papel de fundamental importância na aquisição do futuro. Torna-se,
portanto, indispensável investir em luz o que se possui em sombra, que deve ser
transformada em claridade de amor e misericórdia.
São o amor e a misericórdia do
Pai que facultam ao endividado resgatar o débito e ao calceta, o ensejo de
reparar o delito. Da mesma maneira, cabe ao ser humano repartir a esperança,
conceder ensejo de reparação, ampliar o perdão, a fim de que o seu próximo na
retaguarda tenha acesso a outros patamares da emoção e da cultura, para saber,
para discernir e para amar sem preconceito nem limitação.
O renascimento surge na árvore
vergastada pela poda rude, abrindo-se em verdor, flores e frutos.
Sem qualquer ressentimento
pelas ocorrências destrutivas que, em realidade, são apenas ocasiões
transformadoras, a vida ressurge do pântano pela drenagem, do deserto pela
fertilização, abençoando o mundo e todos os seres.
Morrer, desse modo, é
conquistar novo campo vibratório para fortalecer as resistências e renascer
crescendo na direção de Deus.
Nunca temas, nem a morte, nem
a vida.
Renascerás após o trânsito
espiritual conduzindo os tesouros que acumulaste na Terra e no mundo
extracorpóreo, que te facultarão melhores investimentos em benefício próprio e
da humanidade.
Todo renascimento é festa de
compaixão pelo trânsfuga do dever. Renascendo, a paisagem está sempre rica de
cor, de alimentos, de vida.
O renascimento na carne é a
reconciliação do Espírito consigo mesmo, facultando-se ensejo novo para
aprender e para viver melhor.
Quando a noite moral te
envolver em sofrimentos inesperados e deixar-te em expectativas mais
inquietadoras, não olvides que a semente que não morrer, não viverá, conforme
acentuou Jesus.
Assim, todo aquele que não
passar pela porta estreita do testemunho, não poderá contemplar a madrugada
exuberante da imortalidade.
Jamais deixes que a esperança
desapareça dos teus sentimentos.
Quando morram determinados
objetivos, permanece no bem e renascerão todos eles em forma de novos desafios
para o teu crescimento.
Divaldo Franco / Joanna de Ângelis – Livro: Nascente de Bênçãos
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