Senhor!...
Através de pincéis e
tintas, cores e telas, concedeste-me o trabalho de que se me honorifica a
existência.
Obtenho os recursos que
se me fazem necessários, criando imagens com que influencio o espírito alheio. Deste-me,
porém, tanta facilidade para exteriorizar a minha própria imaginação que, às
vezes, receio descambar para figurações menos felizes, capazes de conturbar
quem as vê, simplesmente pela sede de popularidade ou dinheiro fácil.
Ensina-me, Senhor, a
compreender a harmonia com que distribuíste sabidamente as cores nos quadros da
natureza, no orbe que nos emprestaste para viver.
Tingiste o firmamento de
azul e a vegetação de verde, as cores repousantes que nos tranquilizam o campo
mental, mas, imprimiste ao sangue o vermelho alarmante e agressivo para que, ao
menor sinal de perigo, venhamos a defender prontamente a vida corpórea.
Situaste as cores resplendentes
do Sol, de cima para baixo, como dar-nos a ideia da marcha que a todos nos
compele da sombra para a luz.
Entretanto, não puseste
cor alguma no ar, a fim de que ninguém possa criar o mínimo traço de privilégio
ou separatividade na distribuição do agente essencial à sustentação de todas as
criaturas da Terra.
Coloriste a verdade com
o realismo que lhe é próprio, mas não desprezaste a beleza e o sonho inventando
para o nosso olhar as maravilhas do arco-íris que não existe como elemento
substancial e, sim, como inspiração de paz e harmonia que nos sublime os
impulsos.
Senhor!...
Ensina-me equilíbrio e o
respeito aos outros para que eu apenas crie formas do bem e para o bem, a fim
de que eu possa cooperar na segurança e na ordem, na serenidade e na alegria
permanentes de tua obra, hoje e sempre.
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