segunda-feira, 1 de junho de 2020
sexta-feira, 29 de maio de 2020
Ante as crises do mundo
Tema – Comportamento
individual perante as crises da sociedade humana.
As crises, as dificuldades, os
desregramentos do mundo!...
De modo habitual, referimo-nos às provações
terrestres, mormente nas épocas de transição, como se nos regozijássemos em ser
folha inerte nas convulsões da torrente.
Em verdade, o mundo se encontra em renovação
incessante, qual sucede a nós próprios, e, nas horas de transformações
essenciais, é compreensível que a Terra pareça uma casa em reforma,
temporariamente atormentada pela transposição de linhas e reajustamento de
valores tradicionais. Tudo em reexame, a fim de que se revalidem os recursos
autênticos da civilização, escoimados da ganga dos falsos conceitos de progresso,
dos quais a vida se despoja para seguir adiante, mais livre e mais simples, conquanto
mais responsável e mais culta.
Natural que a existência em si mesma, nessas
ocasiões, se nos afigure como sendo um painel torturado de paixões à solta.
Costumamos olvidar, porém, que o mundo é o
mundo e nós somos nós.
Entre o passageiro e o comboio que o
transporta, há singulares e inconfundíveis diferenças. Se o veículo ameaça
desastre, é possível que o viajante, dentro dele, se converta em ponto de
calma, irradiando reequilíbrio.
Assim também, no Planeta. Somos todos
capazes de fazer cessar em nós qualquer indução à indisciplina ou à desordem.
Cada qual pode assumir as rédeas do comando íntimo e estabelecer com a própria
consciência o encardo de calafetar com a bênção do serviço e da prece todas as
brechas da alma, de modo a impedir a invasão da sombra no barco de nossos
interesses espirituais, preservando-nos contra o mergulho no caos, tanto quanto
auxiliando aqueles que renteiam conosco na viagem de evolução e de elevação.
Faze-te, pois, onde estiveres, um ponto
assim de tranquilidade e socorro.
O deserto é, por vezes, imenso; no entanto,
bastam algumas fontes isoladas entre si para garantirem a jornada segura
através dele. Na ausência do Sol, uma vela consegue acender milhares de outras,
removendo o assédio da escuridão.
Que o mundo se encontra em conflitos
dolorosos, à maneira de cadinho gigantesco em ebulição para depurar os valores
humanos, é mais que razoável, é necessário. Entretanto, acima de tudo, importa
considerar que devemos ser, não obstante as nossas imperfeições, um ponto de
luz nas trevas, em que a inspiração do Senhor possa brilhar.
Chico
Xavier / Emmanuel – Encontro marcado
Consciência
“Guardando o mistério
da fé numa consciência pura.” Paulo (I
Timóteo, 3:9)
Curiosidade ou sofrimento oferecem portas à
fé, mas não representam o vaso divino destinado à sua manutenção.
Em todos os lugares, observamos pessoas que,
em seguida a grandes calamidades da sorte, correm pressurosas aos templos ou
aos oráculos novos, manifestando esperança no remédio das palavras.
O fenômeno, entretanto, muitas vezes, é
apenas verbal. O que lhes vibra no coração é o capricho insatisfeito ou ferido
pelos azorragues de experiências cruéis...
Claro que semelhante recurso pode constituir
um caminho para a edificação da confiança, sem ser, contudo, a providência
ideal.
Paulo de Tarso, em suas recomendações a
Timóteo, esclarece o problema com traço firme.
É imprescindível guardar a fé e a crença em
sentimentos puros.
Sem isso, o homem oscilará, na
intranquilidade, pela insegurança do mundo íntimo.
A consciência obscura ou tisnada inclina-se,
invariavelmente, para as retificações dolorosas, em cujo serviço podem nascer
novos débitos, quando a criatura se caracteriza pela vontade frágil e
enfermiça.
Os aprendizes do Evangelho devem recordar o
conselho paulino que se reveste de profunda importância para todas as escolas
do Cristianismo.
O divino mistério da fé viva é problema de
consciência cristalina.
Trabalhemos, portanto, por apresentarmos ao
Pai a retidão e a pureza dos pensamentos.
Chico
Xavier / Emmanuel – Vinha de Luz – cap.131
Fundamentos da ordem social
Eis que vos reunis para ver o Espiritismo em
sua fonte, a fim de olhar de frente esta ideia e de apreciar as grandes ondas
do amor que ela prodigaliza aos que a conhecem.
O Espiritismo é o progresso moral; é a
elevação do Espírito na estrada que conduz a Deus. O progresso é a fraternidade
em seu nascedouro, porque a fraternidade completa, tal qual pode o Espírito
imaginá-la, é a perfeição. A fraternidade pura é um perfume do alto, uma emanação
do infinito, um átomo da inteligência celeste; é a base de todas as
instituições morais e o único meio de elevar um estado social que possa
subsistir e produzir efeitos dignos da grande causa pela qual combateis.
Sede, pois, irmãos, se quiserdes que o germe
lançado entre vós se desenvolva e se torne a árvore que buscais. A união é a
força soberana que baixa à Terra; a fraternidade é a simpatia na união; é a
poesia, o encanto, o ideal no positivo.
Precisais ser unidos para serdes fortes e
ser fortes para fundar uma instituição que repouse unicamente na verdade,
tornada tão comovente e tão admirável, tão simples e tão sublime. Divididas, as
forças se aniquilam; reunidas, são cada vez mais fortes.
Se considerarmos o progresso moral de cada
criatura, se refletirmos no amor e na caridade que brota de cada coração, a diferença
será muito maior. Sob o sublime influxo desse sopro inefável, os laços de
família se apertam, mas os laços sociais, tão vagamente definidos, se esboçam,
se aproximam e acabam formando um único feixe de todos esses pensamentos, de
todos esses desejos, de todos esses objetivos de natureza diversa.
O que é que vedes sem a fraternidade? O
egoísmo, a ambição. Cada um tem o seu objetivo e por seu lado cada um o persegue;
cada um marcha a seu modo e todos são fatalmente arrastados para o abismo em
que se evaporam, há séculos, todos os esforços humanos. Com a união apenas há
um objetivo, porquanto há um só pensamento, um só desejo, um só coração.
Uni-vos, pois, meus amigos: é o que incessantemente
vos repete a voz de nosso mundo. Uni-vos e chegareis muito mais depressa ao vosso
objetivo.
É principalmente nessa reunião tão simpática
que deveis tomar a resolução irrevogável de serdes unidos pelo pensamento comum
a todos os Espíritos da Terra, para oferecerdes o preito do vosso
reconhecimento àquele que vos abriu o caminho do bem supremo, que trouxe a
felicidade às vossas cabeças e aos vossos corações, e a fé em vossos Espíritos.
Vosso reconhecimento é a recompensa atual;
não a recuseis e, oferecendo-a de um só fôlego, dareis o primeiro exemplo da
verdadeira fraternidade.
Émile
V... / Léon
de Muriane, Espírito protetor– Revista Espírita – novembro/1862
sexta-feira, 22 de maio de 2020
Formação online para o Evangelizador Espírita
A transmissão no YouTube será restrita apenas às pessoas devidamente inscritas
Inscrições pelo link: www.amebh.com.br
No domingo, até as 14h, o link será enviado através do seu e-mail, com todas as informações para o acesso.
As inscrições se encerram no domingo às 11h.
Inscrições pelo link: www.amebh.com.br
No domingo, até as 14h, o link será enviado através do seu e-mail, com todas as informações para o acesso.
As inscrições se encerram no domingo às 11h.
Amar a nós mesmos
Amar a nós mesmos não é consagrarmos a vida
à exaltação absoluta do corpo de carne que o homem serve de veículo provisório
na luta redentora da Terra.
Certo, tanto quanto devemos atenção e
assistência a qualquer máquina útil, não podemos relaxar no cuidado que nos
merece a vestimenta física, entretanto, não nos cabe centralizar todos os
objetivos da existência naquilo que, no fundo, seria a preservação da animalidade.
Amarmo-nos, então, será atendermos ao justo
imperativo de nossa habilitação espiritual para a vida eterna.
Nesse sentido, é indispensável aproveitarmos
o concurso valioso e eficiente da dor e da luta, do trabalho e do sacrifício,
na aquisição de nossas melhores experiências para os círculos mais altos.
A pedra que fugisse ao buril e o vaso que se
desviasse do clima asfixiante do forno jamais seriam arrancados do primitivismo
agreste aos espetáculos da beleza e da utilidade.
Claro, portanto, que se realmente amamos a
nós mesmos, não podemos perder a nossa oportunidade de elevação, através das
provas e dos sofrimentos que o estágio curto na Terra nos oferece.
Renúncia é sublimação.
Obstáculo é auxílio.
Trabalho é posse de competência.
Disciplina é sementeira de altos valores
espontâneos.
Obediência ao bem é construção do progresso
comum.
Escravidão aos deveres da reta consciência é
acesso à Vida Superior.
Silêncio é porta para a humildade.
Serviço de hoje aos semelhantes é influência
divina amanhã.
Dificuldades bem superadas são bênçãos.
Se buscarmos, desse modo, amar a nós mesmos,
saibamos desprezar o contentamento efêmero de algumas horas na carne escura e
frágil, valorizando o nosso ensejo de aprender e crescer, com os entraves e
sombras, com as dores e aflições do caminho terrestre, porque, purificando a
nós mesmos, no sacrifício pelo bem dos outros, mais cedo alcançaremos a áurea
da imperecível felicidade.
Chico
Xavier / Emmanuel – Construções do amor
Amai-vos
“Não amemos de
palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade.” João (I João, 3:18)
Por
norma de fraternidade pura e sincera, recomenda a Palavra Divina: “Amai-vos uns
aos outros.”
Não determina seleções.
Não exalta conveniências.
Não impõe condicionais.
Não desfavorece os infelizes.
Não menoscaba os fracos.
Não faz privilégios.
Não pede o afastamento dos maus.
Não desconsidera os filhos do lar alheio.
Não destaca a parentela consanguínea.
Não menospreza os adversários.
E o apóstolo acrescenta: “Não amemos de
palavra, mas através das obras, com todo o fervor do coração.”
O Universo é o nosso domicílio.
A Humanidade é a nossa família.
Aproximemo-nos dos piores, para ajudar.
Aproximemo-nos dos melhores, para aprender.
Amarmo-nos, servindo uns aos outros, não de
boca, mas de coração, constitui para nós todos o glorioso caminho de ascensão.
Chico
Xavier / Emmanuel – Vinha de Luz – cap.130
O Espiritismo obriga
Espiritismo é uma ciência
essencialmente moral.
Desde logo, os que se dizem
seus adeptos não podem, sem cometer uma grave inconsequência, subtrair-se às
obrigações que ele impõe.
Essas obrigações são de duas
sortes: A primeira concerne ao indivíduo que, ajudado pelas claridades
intelectuais que a doutrina espalha, pode compreender melhor o valor de cada um
de seus atos, sondar melhor todos os refolhos de sua consciência, apreciar
melhor a infinita bondade de Deus, que não quer a morte do pecador, mas que se
converta e viva; e, para lhe deixar a possibilidade de erguer-se de suas
quedas, deu-lhe uma longa série de existências sucessivas, em cada uma das
quais, levando a pena de suas faltas passadas, pode adquirir novos conhecimentos
e novas forças, fazendo-o evitar o mal e praticar o que é conforme à justiça, à
caridade. Que dizer daquele que, esclarecido quanto aos seus deveres para com
Deus, para com seus irmãos, permanece orgulhoso, cúpido e egoísta? Não parece
que a luz o tenha enceguecido, porque não estava preparado para recebê-la?
Desde então marcha nas trevas,
não obstante em meio à luz; só é espírita de nome. A caridade fraterna dos que
veem realmente deve esforçar-se por curá-lo dessa cegueira intelectual; mas,
para muitos dos que se lhe assemelham, será preciso a luz que o túmulo traz,
porque seu coração está muito preso aos gozos materiais e seu espírito não está
maduro para receber a verdade. Em uma nova encarnação eles compreenderão que os
planetas inferiores como a Terra não passam de uma espécie de escola mútua,
onde a alma começa a desenvolver suas faculdades, suas aptidões, para em seguida
as aplicar ao estudo dos grandes princípios de ordem, de justiça, de amor e de
harmonia, que regem as relações das almas entre si, e as funções que
desempenham na direção do Universo; eles sentirão que, chamada a uma tão alta
dignidade, qual a de se tornar mensageira do Altíssimo, a alma humana não deve
aviltar-se, degradar-se ao contato dos prazeres imundos da volúpia, das ignóbeis
cobiças da avareza, que subtrai de alguns filhos de Deus o gozo dos bens que
deu a todos; compreenderão que o egoísmo, nascido do orgulho, cega a alma e a
faz violar os direitos da justiça, da Humanidade, desde que gera todos os males
que fazem da Terra uma estação de dores e de expiações. Instruídos pelas duras
lições da adversidade, seu espírito será amadurecido pela reflexão, e seu coração,
depois de ter sido massacrado pela dor, tornar-se-á bom e caridoso. É assim que
o que vos parece um mal por vezes é necessário para reconduzir os endurecidos.
Esses pobres retardatários, regenerados pelo sofrimento, esclarecidos por esta luz
interior, que se pode chamar o batismo do Espírito, velarão com cuidado sobre
si mesmos, isto é, sobre os movimentos de seu coração e o emprego de suas
faculdades, para os dirigir conforme as leis da justiça e da fraternidade.
Compreenderão não apenas que eles próprios são obrigados a melhorar-se, cálculo
egoísta que impede atingir o objetivo visado por Deus, mas que a segunda ordem
de obrigações do espírita, decorrendo necessariamente da primeira e a
completando, é a do exemplo, que é o melhor dos meios de propagação e de
renovação.
Com efeito, aquele que está
convencido da excelência dos princípios que lhe são ensinados, e a eles
conformar a sua conduta, princípios que lhe devem proporcionar uma felicidade duradoura,
não pode, se estiver verdadeiramente animado desta caridade fraterna, que está
na essência mesma do Espiritismo, senão desejar que sejam compreendidos por
todos os homens. Daí a obrigação moral de conformar sua conduta com sua crença
e ser um exemplo vivo, um modelo, como o Cristo o foi para a Humanidade.
Vós, frágeis centelhas
partidas do eterno foco do amor divino, certamente não podeis pretender uma tão
vasta irradiação quanto à do Verbo de Deus encarnado na Terra, mas, na vossa esfera
de ação, podeis espalhar os benefícios do bom exemplo.
Podeis fazer amar a virtude,
cercando-a do charme dessa benevolência constante, que atrai, cativa e mostra,
enfim, que a prática do bem é coisa fácil, promove a felicidade íntima da consciência
que se colocou sob sua lei, pois ela é a realização da vontade divina, que nos
fez dizer por seu Cristo: Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial.
Ora, o Espiritismo é a
verdadeira aplicação dos princípios da moral ensinada por Jesus, e é apenas com
o objetivo de fazê-la por todos compreendida, a fim de que, por ela, todos progridam
mais rapidamente, que Deus permite esta universal manifestação do Espírito,
vindo explicar o que vos parecia obscuro e vos explicar toda a verdade. Vem,
como o Cristianismo bem compreendido, mostrar ao homem a absoluta necessidade
de sua renovação interior pelas consequências mesmas que resultam de cada um de
seus atos, de cada um de seus pensamentos; porque nenhuma emanação fluídica,
boa ou má, escapa do coração ou do cérebro do homem sem deixar uma marca em
algum lugar. O mundo invisível que vos cerca é para vós esse Livro de Vida,
onde tudo se inscreve com uma incrível fidelidade, e a balança da Justiça Divina
não é senão uma figura, a exprimir que cada um de vossos atos, de vossos
sentimentos, é, de certo modo, o peso que carrega vossa alma e a impede de se
elevar, ou o que traz o equilíbrio entre o bem e o mal.
Feliz aquele cujos sentimentos
partem de um coração puro; espalha em seu redor como uma suave atmosfera, que
faz amar a virtude e atrai os Espíritos bons; seu poder de irradiação é tanto
maior quanto mais humilde for, isto é, mais desprendido das influências materiais
que atraem a alma e a impedem de progredir.
As obrigações que impõe o
Espiritismo são, pois, de natureza essencialmente moral; são uma consequência
da crença; cada um é juiz e parte em sua própria causa; mas as claridades intelectuais
a quem realmente quer conhecer-se a si mesmo e trabalhar em sua melhoria são
tais que amedrontam os pusilânimes, razão por que é rejeitado por tão grande
número. Outros tratam de conciliar a reforma que sua razão lhes demonstra ser
uma necessidade, com as exigências da sociedade atual. Daí uma mistura heterogênea,
uma falta de unidade, que faz da época atual um estado transitório. É muito
difícil à vossa pobre natureza corporal despojar-se de suas imperfeições para
revestir o homem novo, isto é, o homem que vive segundo os princípios de
justiça e de harmonia determinados por Deus; não obstante, com esforços perseverantes
lá chegareis, porque as obrigações impostas à consciência, quando estiver
suficientemente esclarecida, têm mais força do que jamais terão as leis humanas,
baseadas no constrangimento de um obscurantismo religioso que não suporta o exame.
Mas se, graças às luzes do alto, fordes mais instruídos e compreenderdes mais,
também deveis ser mais tolerantes e não empregar, como meio de propagação,
senão o raciocínio, pois toda crença sincera é respeitável. Se vossa vida for
um belo modelo, em que cada um possa encontrar bons exemplos e sólidas
virtudes, onde a dignidade se alia a uma graciosa amenidade, regozijai-vos, porque
tereis, em parte, compreendido a que obriga o Espiritismo.
Luís de França –
Revista Espírita – maio/1866
sábado, 16 de maio de 2020
O Santuário sublime
Noutro tempo, as nações
admiravam como maravilhas o Colosso de Rodes, os Jardins Suspensos da
Babilônia, o Túmulo de Mausolo, e, hoje, não há quem fuja ao assombro, diante
das obras surpreendentes da engenharia moderna, quais sejam a Catedral de Milão,
a Torre Eiffel ou os arranha céus de Nova Iorque.
Raros estudiosos, no entanto,
se recordam dos prodígios do corpo humano, realização paciente da Sabedoria Divina,
nos milênios, templo da alma, em temporário aprendizado na Terra.
Por mais se nos agigante a
inteligência, até agora não conseguimos explicar, em toda a sua harmoniosa
complexidade, o milagre do cérebro, com o coeficiente de bilhões de células; o
aparelho elétrico do sistema nervoso, com os gânglios à maneira de interruptores
e células sensíveis por receptores em circuito especializado, com os neurônios
sensitivos, motores e intermediários, que ajudam a graduar as impressões necessárias
ao progresso da mente encarnada, dando passagem à corrente nervosa, com a
velocidade aproximada de setenta metros por segundo; a câmara ocular, onde as imagens
viajam, da retina para os recônditos do cérebro, em cuja intimidade se incorporam
às telas da memória, como patrimônio inalienável do espírito; o parque da audição,
com os seus complicados recursos para o registro dos sons e para fixação deles nos
recessos da alma, que seleciona ruídos e palavras, definindo-os e
catalogando-os na situação e no conceito que lhes são próprios; o centro da
fala; a sede miraculosa do gosto, nas papilas da língua, com um potencial de
corpúsculos gustativos que ultrapassa o número de 2.000; as admiráveis
revelações do esqueleto ósseo; as fibras musculares; o aparelho digestivo; o
tubo intestinal; o motor do coração; a fábrica de sucos do fígado; o vaso de
fermentos do pâncreas; o caprichoso sistema sanguíneo, com os seus milhões de
vidas microscópicas e com as suas artérias vigorosas, que suportam a pressão de
várias atmosferas; o avançado laboratório dos pulmões; o precioso serviço de
seleção dos rins; a epiderme com os seus segredos dificilmente abordáveis; os
órgãos veneráveis da atividade genésica e os fulcros elétricos e magnéticos das
glândulas no sistema endocrínico.
No corpo humano, temos na
Terra o mais sublime dos santuários e uma das supermaravilhas da Obra Divina.
Da cabeça aos pés, sentimos a
glória do Supremo Idealizador que, pouco a pouco, no curso incessante dos
milênios, organizou para o espírito em crescimento o domicílio de carne em que
alma se manifesta. Maravilhosa cidade estruturada com vidas microscópicas quase
imensuráveis, por meio dela a mente se desenvolve e purifica, ensaiando-se nas
lutas naturais e nos serviços regulares do mundo, para altos encargos nos
círculos superiores.
A bênção de um corpo, ainda
que mutilado ou disforme, na Terra, é como preciosa oportunidade de
aperfeiçoamento espiritual, o maior de todos os dons que o nosso Planeta pode
oferecer.
Até agora, de modo geral, o
homem não tem sabido colaborar na preservação e na sublimação do castelo
físico. Enquanto jovem, estraga-lhe as possibilidades, de fora para dentro,
desperdiçando-as impensadamente, e, tão logo se vê prejudicado por si mesmo ou
prematuramente envelhecido, confia-se à rebelião, destruindo-o de dentro para
fora, a golpes mentais de revolta injustificável e desespero inútil.
Dia surge, porém, no qual o
homem reconhece a grandeza do templo vivo em que se demora no mundo e suplica o
retorno a ele, como trabalhador faminto de renovação, que necessita de adequado
instrumento à conquista do abençoado salário do progresso moral para a
suspirada ascensão às Esferas Divinas.
Chico Xavier / Emmanuel – Livro: Roteiro - cap.3
Serviço de salvação
“E
acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Atos,
2:21)
Os espíritos mais renitentes
no crime serão salvos das garras do mal, se invocarem verdadeiramente o amparo
do Senhor.
E é forçoso observar que chega
sempre um instante, na experiência individual, em que somos constrangidos a
recorrer ao que possuímos de mais precioso, no terreno da crença.
Os próprios materialistas não
escapam a semelhante impositivo da luta humana; qual ocorre aos demais, nas
contingências dilacerantes requisitam o socorro do dinheiro, da ciência
provisória, das posições convencionalistas, que, aliás, em boa tese, auxiliam
mas não salvam.
Indispensável se torna
recorrer a Jesus para a solução de nossas questões fundamentais.
Invoquemos a compaixão d’Ele e
não nos faltará recurso adequado. Não bastará, contudo, tão somente
aprender a rogar. Estudemos também a arte de receber.
Às vezes, surgem diferenças
superficiais entre pedido e suprimento. O trabalho salvador do Céu
virá ao nosso encontro, mas não obedecerá, em grande número de ocasiões, à
expectativa de nossa visão imperfeita. Em muitos casos, a Providência Divina
nos visita em forma de doença, escassez e contrariedade...
A miopia terrena, todavia, de
modo geral, só interpreta a palavra “salvação” por “vantagem imediata” e, por
isso, um leve desgosto ou uma desilusão útil provocam torrentes de lamentações
improdutivas. Apesar de tudo, porém, o Cristo nunca deixa de socorrer e aliviar
e o Seu sublime esforço de redenção assume
variados aspectos tanto quanto são diversas as necessidades de cada um.
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