A epidemia que vem dizimar o mundo em certos
momentos, e que conviestes chamar cólera, fere de novo e por golpes redobrados
a Humanidade; seus efeitos são prontos e sua ação rápida. Sem nenhum aviso, o
homem passa da vida à morte, e aqueles, mais privilegiados, poupados por sua
mão fulminante, ficam estupefatos, trêmulos, ante as espantosas consequências
de um mal desconhecido em suas causas, e cujo remédio se ignora completamente.
Nesses tristes momentos, o medo se apodera
dos que apenas encaram a ação da morte, sem pensar no além, e que, só por este
fato, com mais facilidade oferecem o flanco ao mal. Mas como a hora de cada um
de nós está marcada, há que partir, a despeito de tudo, se ela tiver soado. A
hora está marcada para bom número dos habitantes do universo terrestre; partem
todos os dias; pouco a pouco o flagelo se espalha e vai estender-se sobre toda
a superfície do globo.
Este mal é desconhecido e talvez o seja mais
ainda hoje, porque, à sua constituição própria, juntam-se diariamente outros elementos
que confundem o saber humano e impedem de achar o remédio necessário para deter
a sua marcha. Assim, a despeito de sua ciência, os homens devem sofrer as suas consequências,
e esse flagelo destruidor é muito simplesmente um dos meios para ativar a
renovação humanitária, que se deve realizar.
Mas não vos inquieteis; para vós espíritas,
que sabeis que morrer é renascer, se fordes atingidos e partirdes, não ireis à felicidade?
Se, ao contrário, fordes poupados, agradecei-o a Deus, que assim vos permitirá
aumentar a soma dos vossos sofrimentos e pagar mais pela prova.
De um lado como de outro, quer a morte vos
fira, quer vos poupe, só tendes a ganhar; ou, então, não vos digais espíritas.
Dr.
Demeure / Sr. Morin – Revista Espírita – outubro/1867
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