(...)
Enquanto os Espíritos Sábios e Benevolentes trazem a visão celeste, alargando o
campo das esperanças humanas, todos os companheiros encarnados nos ouvem,
extáticos, venturosos. É a consolação sublime. O conforto desejado.
Congregam–se os corações para receber as mensagens do céu. Mas, se os
emissários do plano superior revelam alguns ângulos da vida espiritual,
falando–lhes do trabalho, do esforço próprio, da responsabilidade pessoal, da
luta edificante, do estudo necessário, do autoaperfeiçoamento, não ocultam a
desagradável impressão.
Contrariamente
às suposições da primeira hora, não enxergam o céu das facilidades, nem a
região dos favores, não divisam acontecimentos milagrosos nem observam a
beatitude repousante. Ao invés do paraíso próximo, sentem–se nas vizinhanças de
uma oficina incansável, onde o trabalhador não se elevará pela mão beijada do
protecionismo e sim à custa de si mesmo, para que deva à própria consciência a
vitória ou a derrota. Percebem a lei imperecível que estabelece o controle da
vida, em nome do Eterno, sem falsos julgamentos.
Compreendem
que as praias de beleza divina e os palácios encantados da paz aguardam o
Espírito noutros continentes vibratórios do Universo, reconhecendo, no entanto,
que lhes compete suar e lutar, esforçar–se e aprimorar–se por alcançá–los,
bracejando no imenso mar das experiências.
A
maioria espanta–se e tenta o recuo. Pretende um céu fácil, depois da morte do
corpo, que seja conquistado por meras afirmativas doutrinais.
Ninguém,
contudo, perturbará a lei divina; a verdade vencerá sempre e a vida eterna
continuará ensinando, devagarzinho, com paciência maternal.
Ao
Espiritismo cristão cabe, atualmente, no mundo, grandiosa e sublime tarefa. Não
basta definir–lhe as características veneráveis de Consolador da Humanidade, é
preciso também lhe revelar a feição de movimento libertador de consciências e
corações.
A
morte física não é o fim. É pura mudança de capítulo no livro da evolução e do
aperfeiçoamento. Ao seu influxo, ninguém deve esperar soluções finais e
definitivas, quando sabemos que cem anos de atividade no mundo representa uma
fração relativamente curta de tempo para qualquer edificação na vida eterna.
Infinito
campo de serviço aguarda a dedicação dos trabalhadores da verdade e do bem.
Problemas gigantescos desafiam os Espíritos valorosos, encarnados na época
presente, com a gloriosa missão de preparar a nova era, contribuindo na
restauração da fé viva e na extensão do entendimento humano.
Urge
socorrer a Religião, sepultada nos arquivos teológicos dos templos de pedra, e
amparar a Ciência, transformada em gênio satânico da destruição. A
espiritualidade vitoriosa percorre o mundo, regenerando–lhe as fontes morais,
despertando a criatura no quadro realista de suas aquisições. Há chamamentos
novos para o homem descrente, do século XX, indicando–lhe horizontes mais
vastos, a demonstrar–lhe que o Espírito vive acima das civilizações que a
guerra transforma ou consome na sua voracidade de dragão multimilenário.
Ante
os tempos novos e considerando o esforço grandioso da renovação, requisita–se o
concurso de todos os servidores fiéis da verdade e do bem para que, antes de
tudo, vivam a nova fé, melhorando–se e elevando–se cada um, a caminho do mundo
melhor, a fim de que a edificação do Cristo prevaleça sobre as meras palavras
das ideologias brilhantes.
Na
consecução da tarefa superior, congregam–se encarnados e desencarnados de boa
vontade, construindo a ponte de luz, através da qual a Humanidade transporá o
abismo da ignorância e da morte.
(...)
André Luiz vem, uma vez mais, ao teu encontro (...), esclarecendo que o homem é
um Espírito Eterno habitando temporariamente o templo vivo da carne terrestre,
que o períspirito não é um corpo de vaga neblina e sim organização viva a que
se amoldam as células materiais; que a alma, em qualquer parte, recebe segundo
as suas criações individuais; que os laços do amor e do ódio nos acompanham em
qualquer círculo da vida; que outras atividades são desempenhadas pela consciência
encarnada, além da luta vulgar de cada dia; que a reencarnação é orientada por sublimes
ascendentes espirituais e que, além do sepulcro, a alma continua lutando e
aprendendo, aperfeiçoando–se e servindo aos desígnios do Senhor, crescendo
sempre para a glória imortal a que o Pai nos destinou.
(...)
recorre à oração e agradece ao Senhor o aprendizado, pedindo–lhe te esclareça e
ilumine, para que a ilusão não te retenha em suas malhas. Lembra–te de que a
revelação da verdade é progressiva e, rogando o socorro divino para o teu
coração, atende aos sagrados deveres que a Terra te designou para cada dia,
consciente de que a morte do corpo não te conduzirá à estagnação e sim a novos
campos de aperfeiçoamento e trabalho, de renovação e luta bendita, onde viverás
muito mais, e mais intensamente.
Emmanuel
/ Chico Xavier – Livro: Missionários da Luz
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