sábado, 11 de setembro de 2021

Suicídio sem dor

 


Lutar por vencer as vicissitudes é inevitável, desde que a própria injunção biológica é uma constante faina, em que nascimento, morte, transformação e ressurgimento se dão por automatismos na maquinaria fisiológica, ensinando à consciência a técnica do esforço para a preservação da Vida.

O pretenso suicida, que consumou a trágica fuga da responsabilidade, jamais se libera, como é natural, dos resultados nefários do seu gesto, sempre tresloucado, por ferir, na agressão furiosa, o mecanismo do instinto de conservação da Vida, que governa a existência animal e o possui como fator para sua preservação.

Orgulhoso ou pusilânime, irresponsável ou vão, o suicida não se evade de si mesmo, da sua consciência; torna-se, aliás, o seu próprio algoz cujas penas o gesto lhe impõe e que resgatará em injunções mil vezes mais afligentes do que na forma em que ora se apresentam.

A burla que se permite, por supostos meios indolores para sofrer a desencarnação, hiberna-o por algum tempo, em espírito, até o momento em que desperta mais vilipendiado e agônico, vivo, estuante de vitalidade, padecendo as camarteladas que a superlativa imprudência provocou.

É óbvio que ninguém ludibria a Consciência cósmica, que se expressa na harmonia do Universo e vige, pulsante, na consciência humana individual.

Necessário que o homem assuma as responsabilidades da Vida e instrua-se nas leis que lhe regem a existência, aprimorando-se e reunindo valores de que possa dispor nos momentos-desafio, a fim de superá-los e reorganizar-se para os futuros cometimentos até o instante em que se lhe encerre o ciclo biológico.

Estará, então, liberado da matéria, mas mantido na Vida...

Nas aparentes mortes sem dor, provocadas pelos que desejam fugir ou esquecer, o sofrimento moral tem início quando se elabora o programa da evasão e jamais se pode prever quando terminará.

A consciência humana é indestrutível, portanto, o suicídio de qualquer espécie é arrematada loucura, um salto no desconhecido abismo da imprevisível desesperação”.

 

Manoel Philomeno de Miranda / Divaldo Franco – Livro: Temas da vida e da Morte

 

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