Jesus promete outro consolador: o
Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o
compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para
relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de
vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele
vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal
compreendido.
O Espiritismo vem, na época predita,
cumprir a promessa do Cristo: preside ao seu advento o Espírito de Verdade. Ele
chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas fazendo
compreender o que Jesus só disse por parábolas. Advertiu o Cristo: “Ouçam os
que têm ouvidos para ouvir.” O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos,
porquanto fala sem figuras, nem alegorias; levanta o véu intencionalmente
lançado sobre certos mistérios. Vem, finalmente, trazer a consolação suprema
aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, atribuindo causa justa e fim
útil a todas as dores.
Disse o Cristo: “Bem-aventurados os
aflitos, pois que serão consolados”. Mas como há de alguém sentir-se ditoso por
sofrer, se não sabe por que sofre? O Espiritismo mostra a causa dos sofrimentos
nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia o seu
passado. Mostra o objetivo dos sofrimentos, apontando-os como crises salutares
que produzem a cura e como meio de depuração que garante a felicidade nas existências
futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha justo o sofrimento. Sabe
que este lhe auxilia o adiantamento e o aceita sem murmurar, como o obreiro
aceita o trabalho que lhe assegurará o salário. O Espiritismo lhe dá fé
inabalável no futuro e a dúvida pungente não mais se lhe apossa da alma.
Dando-lhe a ver do alto as coisas, a importância das vicissitudes terrenas
some-se no vasto e esplêndido horizonte que ele o faz descortinar, e a
perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a
coragem de ir até o termo do caminho.
Assim, o Espiritismo realiza o que
Jesus disse do Consolador Prometido: conhecimento das coisas, fazendo que o
homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra; atrai para os
verdadeiros princípios da Lei de Deus e consola pela fé e pela esperança. (Allan Kardec)
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo VI – O Cristo consolador – item 4
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