No desdobramento das atividades espiritistas, observamos os temperamentos
combativos que, a pretexto de combaterem antigos dogmas, outra coisa não
efetuam senão divulgar novas expressões dogmáticas de suas convicções
apaixonadas.
É indispensável que a mente dos estudiosos esteja em guarda sobre si
mesma, neste momento difícil do mundo, em que o barco dos princípios não pode
dispensar a bússola da verdadeira segurança.
Excedem-se as discussões, enquanto a edificação real aguarda os testemunhos
edificantes e sinceros.
Então, entre todas essas teses que provocam o atrito das opiniões, uma
se encontra de interesse palpitante para a compreensão definitiva do assunto.
Referimo-nos à de Espiritismo e Evangelho, para concluir que os novos
trabalhadores da Verdade muito se movimentam nesse setor, quando deveriam
observar o mais elevado ideal da união em tal sentido.
Do conceito de Espiritismo abusam todos os temperamentos apaixonados; do
conceito de Evangelho todos os espíritos cristalizados ou arbitrários, à
paixão sem rumo e à arbitrariedade orgulhosa produzem os dogmas modernos que
se combatem, mutuamente, oferecendo aos corações sinceros o espetáculo
doloroso de uma luta pela esterilidade.
De nossa parte consideramos, como está escrito, há vinte séculos, que
não é o discípulo maior que o seu mestre para reconhecermos que todas as
plataformas espiritistas, desde os primórdios da arregimentação doutrinária,
não podem prescindir da substância evangélica, nas suas mais insignificantes
afirmativas.
É necessário compreender-se que a Codificação inteira, para erguer-se no
mundo, socorreu-se dos espíritos evangelizados, na sua esfera de ação fora da
Terra.
Ela constitui a estrutura humana do edifício doutrinário, mas todo o
material da construção é do Cristo.
Poder-se-á objetar que o Espiritismo para triunfar precisa manter-se
numa linha exclusiva de movimento científico ou filosófico, entre as forças
morais que governam o mundo. Mas a hora presente é um desmentido ao conceito
de superioridade absoluta da Ciência e da Filosofia.
A atualidade está repleta de exemplos que desnorteiam os espíritos mais
avisados.
Há cientistas que só encontram motivo para detestarem o bem da vida e
filósofos que, no emaranhado dos raciocínios, acabam sem saber se eles
próprios são personalidades reais.
Os primeiros são doentes que não acreditam na saúde, os segundos são
enfermos inquietos que, à força de experimentarem os medicamentos mais
contraditórios, acabam intoxicados em suas energias vitais.
É por essa razão que o Cristo será sempre o Mestre, porque n’Ele repousa
o fundamento da elevação da vida.
De Sua exemplificação e Seus ensinos decorrem todos os motivos
substanciais da grande edificação, que os discípulos novos vêm efetuando, na
atualidade, junto às forças do mundo.
Claro está que, no desenvolvimento das realizações doutrinárias, todas
as experiências nobres devem ser cultivadas, salientando-se a Codificação
Kardequiana, aberta no Planeta como um elevado caminho para o luminoso horizonte
da Verdade Infinita.
Mas a nossa palavra nestas singelas apreciações possuem um outro
objetivo.
Não podemos discutir os triunfos mundanos da Doutrina, porque também as
religiões literatistas tiveram numerosos triunfos em todos os tempos, mas afirmamos
que, para que o Espiritismo esclareça, não pode em circunstância alguma
dispensar a sua característica Divina de Consolador prometido por Jesus à
humanidade, porque somente com o Evangelho poder-se-á edificar sobre a rocha
dos sentimentos puros e profundos.
É por esse motivo que o
discípulo novo precisa perguntar, em cada dia, não se está mais sério, mas se
está efetivamente melhor.
Aprende a sorrir para a dificuldade, envolvendo aqueles que a provocam em tua mensagem de simpatia. |
Emmanuel
/ Chico Xavier – Livro: Mentores e Seareiros
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