Obsessor, em sinonímia
correta, quer dizer “aquele que importuna”.
E “aquele que
importuna” é, quase sempre, alguém que nos participou a convivência profunda,
no caminho do erro, a voltar-se contra nós, quando estejamos procurando a
retificação necessária.
No procedimento de
semelhante criatura, a antipatia com que nos segue é semelhante ao vinho do
aplauso convertido no vinagre da crítica.
Daí a necessidade de
paciência constante para que se lhe regenerem as atitudes.
Considerando, desse
modo, que o presente continua o pretérito, encontramos obsessores
reencarnados, na experiência mais íntima.
Muitas vezes, estão
rotulados com belos nomes.
Vestem roupa carnal e
chamam-se pai ou mãe, esposo ou esposa, filhos ou companheiros familiares na
lareira doméstica.
Em algumas ocasiões,
surgem para os outros na apresentação de santos, sendo para nós benemerentes
verdugos.
Sorriem e ajudam na
presença de estranhos e, a sós conosco, dilaceram e pisam, atendendo, sem
perceberem, ao nosso burilamento.
E, na mesma pauta,
surpreendemos desafetos desencarnados que nos partilham a faixa mental,
induzindo-nos à criminalidade em que ainda persistem.
Espreitam-nos a
estrada, à feição de cúmplices do mal, inconformados com o nosso anseio de
reajuste, recompondo, de mil modos diferentes, as ciladas de sombra em que
venhamos a cair, para reabsorver-lhes a ilusão ou a loucura.
Recebe, pois, os irmãos
do desalinho moral de ontem com espírito de paz e de entendimento.
Acusá-los seria o mesmo
que alargar-lhes a ulceração com novos golpes.
Crivá-los de
reprimendas expressaria indução lamentável a que se desmereçam ainda mais.
Revidar-lhes a
crueldade significaria comprometer-nos em culpas maiores.
Condená-los é o mesmo
que amaldiçoar a nós mesmos, de vez que nos acompanham os passos, atraídos
pelas nossas imperfeições.
Aceita-lhes injúria e
remoque, violência e desprezo, de ânimo sereno, silenciando e servindo.
Nem brasa de censura,
nem fel de reprovação.
Obsessores visíveis e
invisíveis são nossas próprias obras, espinheiros plantados por nossas mãos.
Endereça-lhes, assim, a
boa palavra ou o bom pensamento, sempre que preciso, mas não lhes negues
paciência e trabalho, amor e sacrifício, porque só a força do exemplo nobre
levanta e reedifica, ante o Sol do futuro.
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Emmanuel/Chico Xavier –
Livro: Seara dos Médiuns
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